METHYLPHENIDATE: THE USE OF CENTRAL NERVOUS SYSTEM STIMULANTS BY TRUCK DRIVERS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10780883
Juliana Oliveira de Toledo1; Ana Letícia Follmann1; Carlos Paulo da Silva1; Edis Rodrigues Junior1; José Cícero Acássio3; José Mário Incutto Junior1; Leonardo de Oliveira Mussi4; Lyssandra Soares Figueiredo2; Vecentin Vinícius José de Oliveira Teodoro1; Kamila Vitor de Sousa5
RESUMO
Devido a fatores socioeconômicos, muitos caminhoneiros dirigem mais de 18 horas diariamente. Para que consigam se manter ativos, sem sono, o uso de substâncias estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC), conhecidas popularmente como “rebites”, pode estar associado à sua rotina de trabalho. O presente estudo tem por objetivo conhecer a autoadministração de derivados anfetamínicos por caminhoneiros que fazem longas viagens e apresentar possíveis consequências do uso irracional dessas substâncias, bem como, soluções para prevenir o uso inadequado das mesmas. O método aborda um estudo descritivo observacional, com a inclusão da aplicação de questionário estruturado, no qual os participantes relataram a utilização ou não de alguma substância para se manterem em estado de alerta durante as viagens, as formas de aquisição, efeitos adversos, entre outros. A análise estatística foi feita a partir da frequência de ocorrência registrados e os percentuais das variáveis e foi realizado teste Qui-quadrado de Pearson para avaliar a associação existente entre variáveis qualitativas. Verifica-se, nos resultados, que 59% dos caminhoneiros que participaram do estudo utilizam substâncias para se manterem acordados, tal como 43% dos entrevistados não conhecem o nome comercial do produto que utilizam. Os caminhoneiros mais jovens apresentaram consumo 30% maior de derivados anfetamínicos em comparação ao consumo por caminhoneiros com idade acima de 40 anos de idade. O uso indiscriminado frequente dessas substâncias pode gerar graves problemas de saúde pública, acarretando a necessidade de implantação de práticas assistenciais que promovam o uso racional de medicamentos e melhorias para a rotina de trabalho do profissional caminhoneiro. frequentemente, o que pode acarretar graves problemas de saúde pública fazendo-se necessário a implantação de práticas assistenciais que promovam o uso racional de medicamentos e melhorias para o profissional caminhoneiro.
DESCRITORES: Transportes. Metilfenidato. Anfetaminas. Drogas ilícitas. Efeitos Adversos.
ABSTRACT
OBJECTIVE: Describe the self-referred use of Methylphenidate by long-haul truck drivers and emphasize the increase of the adverse reactions due to drug abuse. METHODS: This was a descriptive observational study carried out with 200 truck drivers from the Federal District. Through the application of a structured questionnaire, the participants reported if they used Methylphenidate or any substance to stay awake during travels, as well as the form of acquisition, the indication, the frequency of use and side effects. The data were tabulated and presented in graphs and tables which were developed in Microsoft Excel (2010). The statistical analysis was done based on the frequency of occurrence and percentages of the variables. Pearson’s Chi-square test was performed to evaluate an association between the qualitative variables. RESULTS: 59% of the truck drivers interviewed claim that they use substances to stay awake. A part of them did not specify the names of the substances. On the other hand, among those who specified, “Nobesio” was reported by 31 of the interviewees. Younger truck drivers showed a 30% higher consumption of amphetamine derivatives compared to the consumption by truck drivers over 40 years age. In counterpoint, truckers over 40 make greater use of therapeutic drugs. DISCUSSION: Amphetamine derivatives are known by popular names as “rivet”. However, 43% of respondents do not know the commercial name of the product that they are using. Although methylphenidate is one of the most widely consumed amphetamines in the world, it was not mentioned by the interviewees, so it could be part of the 43%. The side effects of these substances are, among others, headaches and insomnia. Consumption is frequent, which can lead to serious problems for public health, making it necessary to implement welfare practices that promote the rational use of medicines and improvements for the professional truck driver.
DESCRIPTORS: Transport. Methylphenidate. Amphetamines. Illicit drugs. Adverse effects.
INTRODUÇÃO
O metilfenidato é um derivado anfetamínico estimulante do sistema nervoso central (SNC) proveniente da piperidina (composto orgânico encontrado em plantas)13. Ainda que seu mecanismo de ação não tenha sido totamente elucidadoa, estudos dizem que ele faz com que haja um aumento da concentração extracelular de dopamina (neurotransmissor responsável pela excitação do sistema nervoso central) e incrementa os mecanismos excitatórios do cérebro, o que resulta numa melhor concentração, coordenação motora e controle dos impulsos10,23.
No ano de 1944, na Suíça, Leandro Panizzon sintetizou pela primeira vez o metilfenidato, tendo início em 1954 os testes em humanos. Inicialmente, era indicado para o tratamento da narcolepsia (distúrbio crônico do sono que causa sonolência durante o dia). Posteriormente, em meados dos anos 60, estudos já ressaltavam os benefícios do metilfenidato em crianças hiperativas e com dificuldade de concentração. Pouco após, em 1998, o medicamento chegou ao Brasil com o nome Ritalina®2, sendo sua principal indicação terapêutica o tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)2,18,,
Uma vez que possui propriedades psicoestimulantes, o medicamento vem sendo utilizado sem prescrição médica, com fins não terapêuticos, com o objetivo de aumentar o rendimento intelectual, aumentar a atenção ou diminuir a sensação de cansaço1,4,8.
Importante ressaltar, por pertinente, que o uso de derivados anfetamínicos é comum entre os caminhoneiros para reduzir o sono e diminuir o cansaço em percursos de longa distância3,6,15,20. Muitos caminhoneiros rodam mais de 18 horas por dia, considerando fatores socioeconômicos, bem como, as exigências de entrega de cargas em curto prazo3. Deste modo, eles recorrem ao uso de anfetaminas para reduzir o sono e aliviar a ansiedade, respectivamente22.
A grande preocupação do uso de derivados anfetamínicos está relacionada ao uso irracional deles, que podem apresentar potentes efeitos adversos a curto prazo, como: dores gastrointestinais, redução de apetite, dores de cabeça, insônia, aumento da pressão sanguínea, depressão, desordens psiquiátricas entre outros não menos importantes; e, se usado de forma excessiva, poderá causar dependência11,17,III.
O uso de substâncias psicoestimulantes com finalidade não terapêutica implica um rígido controle pelos órgãos sanitários, justamente por serem muito consumidas no mundo5,9. Deste modo, o uso irracional acarreta graves problemas de saúde pública, levando em consideração que eles podem, em consequência, ocasionar violência e acidentes de trânsito21,22,24.
MÉTODOS
Foi realizado em 2016, um estudo epidemiológico do tipo descritivo observacional com 200 caminhoneiros. A fim de conhecer o uso do metilfenidato nos motoristas de longas viagens, que passam pela DF-150 localizada em Brasília no Distrito Federal.
A pesquisa foi realizada em pontos de concentração de caminhoneiros (postos de combustíveis, oficinas, estacionamentos, transportadoras e restaurantes) localizadas no entorno do Distrito Federal, sendo ponto de partida para a DF-150.
O critério de inclusão se aplicou a caminhoneiros que utilizam ou não o metilfenidato e o critério de exclusão se aplicou a caminhoneiros que possuem diagnóstico para TDAH, visto que o Metilfenidato possui indicação para este diagnóstico e o presente estudo é focado para o uso irracional.
Para realização da pesquisa foi solicitado a cada participante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após serem devidamente informados sobre o objetivo da pesquisa, respeitando aqueles que não aceitaram participar.
A coleta de dados foi realizada através de questionários aplicados aos caminhoneiros, respeitando o sigilo de cada participante entrevistado.
As variáveis coletadas referentes à população investigada foram: sexo, idade (entre 21 e 40 anos; acima de 40 anos), uso de algum medicamento com finalidade terapêutica, utilização ou não do metilfenidato ou alguma substância para se manter acordado durante as viagens, quem o indicou (médico; amigos; parentes; outros), forma de aquisição (farmácia sob prescrição médica ou outros meios), frequência de uso e efeitos colaterais.
Os dados foram registrados através de aplicação de um questionário estruturado, e tabulado, posteriormente apresentados em gráficos e tabelas elaboradas no programa Excel (2010). Depois os mesmos foram exportados para o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
A análise dos dados foi estatística feita a partir da frequência de ocorrência e os percentuais das variáveis. Complementarmente, foi realizado teste Qui-quadrado de Pearson, teste usado para avaliar a associação existente entre variáveis qualitativas e os dados analisados através do software estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for Windows versão 14.0. Inicialmente, foi utilizada a estatística descritiva para avaliar a frequência, com nível de significância χ2 = 3,984; df = 1; p = 0,046.
A pesquisa foi elaborada de acordo com os aspectos éticos requeridos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP quando se trata de pesquisas envolvendo seres humanos, segundo a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
RESULTADOS
Dos caminhoneiros entrevistados a maioria trabalha de forma autônoma ou presta serviços nas fábricas de cimento da cidade satélite Fercal, localizada no entorno do Distrito Federal, sendo ponto de partida para a DF-150. 56% dos caminhoneiros tem idade entre 21 e 40 anos, sendo que os outros 44% têm idade superior a 40 anos (Gráfico 1).
Gráfico1- Idade dos caminhoneiros
Foram entrevistados 200 caminhoneiros, sendo que 21% afirmaram usar medicamentos com finalidade terapêutica para hipertensão, diabetes, colesterol, dentre outras patologias relatadas. Já 79% não utilizam nenhum medicamento (Gráfico 2).
Gráfico 2- Uso de medicamento com finalidade terapêutica
No que concerne ao uso de derivados anfetamínicos, observou-se que 59%, ou seja, 117 caminhoneiros utilizam derivados anfetamínicos sem terem ciência dos seus respectivos nomes, enquanto que 41%, isto é, 83 caminhoneiros, não utilizam drogas dessa natureza (Gráfico 3).
Gráfico 3- Uso de derivados anfetamínicos sem ciência dos seus respectivos nomes
Dentro dos 59% dos caminhoneiros entrevistados que utilizam alguma substância, 51 relataram utilizar “rebites” (que como se verá mais adiante, trata-se, em verdade, de derivados anfetamínicos, dentre os quais se encontra o metilfenidato), 8 deles utilizavam o femproporex (DESOBESI-M®), 31 fazem uso do Nobésio (forte ou fraco), 7 cocaína e 20 utilizam cocaína associada à outras substâncias (Gráfico 4).
Gráfico 4- Uso, auto referido, de substâncias
O presente estudo mostrou que 71% dos caminhoneiros entrevistados afirmam ter notado algum efeito colateral, sendo a maior prevalência de insônia ou palpitações, os outros 29% não notaram nenhum efeito colateral (Gráfico 5).
Gráfico 5- Percepção de efeitos colaterais
Através do teste de qui x2 foram comparadas as proporções para o uso de medicamentos prescritos dentre caminhoneiros entre 21-39 anos e ≥40 anos (Tabela 1). Sendo que 87,6%, perfazendo em números absolutos 99 indivíduos entrevistados com faixa etária entre 21-39 anos não utilizam medicamentos e apenas 12,5% utilizam, ou seja 14 indivíduos. Já em relação aos caminhoneiros com faixa etária ≥40 anos, o uso de medicamentos se faz por 32,2%, sendo 28 indivíduos e 67,8% sendo 59 indivíduos, corresponde aos que não utilizam.
Tabela 1. Análise das proporções de consumo de medicamentos conforme faixas etárias analisadas, segundo teste de qui-quadrado de Pearson.
No total de 113 jovens, 40 não usam derivados anfetamínicos, contra 73 que usam alguma droga, segundo o questionário aplicado. Em relação aos mais velhos, 43 não usam, contra 44 que usam. Analisando os dados obtemos uma diferença entre os jovens e os acima de 40 anos, ou seja, 1/3 que equivale a aproximadamente 30% a mais de jovens usarem derivados anfetamínicos que adultos acima de 40 anos (Tabela 2).
Tabela 2. Análise das proporções de consumo de rebite conforme faixas etárias analisadas, segundo teste de qui-quadrado de Pearson.
DISCUSSÃO
O uso de derivados anfetaminas entre caminhoneiros está cada vez mais elevado, assim sendo objeto de estudo em diversos trabalhos. Souza et al22 apresenta prevalência de 11,1% de caminhoneiros brasileiros que utilizam anfetaminas.
O presente estudo mostrou que 59% dos caminhoneiros entrevistados utilizam alguma substância para manterem-se acordados durante as longas viagens. Os entrevistados relataram o uso frequente de derivados anfetamínicos e até mesmo cocaína.
Em 2012 Leyton12 fez um estudo a fim de rastrear as substâncias utilizadas pelos caminhoneiros. Foram feitos testes em laboratório para amostras de urina, sendo que 61,9% das amostras positivas indicaram as anfetaminas e 23.8% indicaram a cocaína. No presente estudo, que não envolveu teste de laboratório, 51 participantes afirmaram utilizar anfetaminas, sem especificar o nome, o que corresponde a aproximadamente 43% dos entrevistados. Apenas 27 afirmaram utilizar a cocaína (pura ou associada) o que corresponde a aproximadamente 23% dos entrevistados.
Os derivados anfetamínicos são conhecidos popularmente pelos caminhoneiros como “rebite” (ou “arrebite”), “pílula” (azul ou branca), entre outros nomes populares. Entretanto, 51 indivíduos entrevistados não conhecem o nome comercial do produto que está utilizando, visto que muitas vezes a substância é adquirida no mercado negro, sem embalagem informativa. Moreira e Gadani14, em seu estudo relata o femproporex (DESOBESI-M®) como medicamento mais frequente, já no presente estudo apenas 33% dos entrevistados especificaram o nome da anfetamina usada, o que corresponde a 39 dos entrevistados. Dentre elas, estão (DESOBESI-M®) e Nobésio. Nesse contexto, há várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas, com diferentes nomes “fantasia”, fabricadas por vários laboratórios clandestinos, sendo o Nobésio, um exemplo disso. Já o (DESOBESI-M®), é um medicamento controlado, indicado como anorexígeno no tratamento da obesidadeVIII. Os entrevistados relataram que ambas são adquiridas no mercado ilegal.
O metilfenidato é vendido comercialmente como (RITALINA®) ou (CONCERTA®), indicado para o TDAH, por ser capaz de diminuir a inquietação motora, aumentar a concentração, atenção e memóriaIII. Embora faça parte das anfetaminas mais consumidas no mundo9, o mesmo não foi especificado pelos entrevistados, podendo fazer parte dos 43% que utilizam rebites, auto referido, mas não conhecem seus respectivos nomes.
Tabela 3. Medicamentos considerados “rebite” segundo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo
* Medicamentos considerados “rebite” segundo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo-IMECS. Disponível em: http://www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/anfetami.htm
Todo medicamento devidamente registrado, que apresenta risco de abuso e dependência química, exige um controle especial. Desta forma, o uso de qualquer uma dessas substâncias sem finalidade terapêutica e sem conter prescrição médica, é caracterizado como ilegal,.
Devido ao modelo de questionário aplicado, o qual não é necessária identificação do caminhoneiro, eles se sentiram mais à vontade para responder as questões e conversar abertamente com os pesquisadores. Através de conversas informais, os caminhoneiros alegaram que fazem o uso dessas substâncias por apresentarem uma solução temporária aos problemas que enfrentam: o desgaste físico e mental relacionado à necessidade de entregarem as mercadorias em horários estipulados pelas empresas. Quando não obedecidos os horários, são abatidos na remuneração do motorista, da mesma forma que o aumento da remuneração implica no aumento da carga de trabalho. Isto ratifica que o uso de derivados anfetamínicos é uma prática comum entre caminhoneiros que visam diminuir o sono, amenizar o cansaço e a ansiedade em trajetos de longa distância, levando em consideração a entrega de carga em período pré-determinado e fatores socioeconômicos6,15,20.
De acordo com a lei nº 13.103, de 2 de março de 2015, a cada 24 horas trabalhadas, o caminhoneiro tem direito a 11 horas de descanso, sendo 8 delas ininterruptas, obrigatoriamente. As outras 3 horas de descanso podem ser realizadas depois desse intervalo. Quando o caminhoneiro realizar viagens que tenham prazo superior a 7 dias, ele terá direito a 24 horas de descanso, além das 11 horas diárias. Muitos disseram que na maioria das vezes não são obedecidas essas leis, ficando apenas no papel.
O acesso aos derivados anfetamínicos está cada vez mais fácil para os caminhoneiros. Através das conversas informais durante a coleta de dados, alguns caminhoneiros relataram que o “rebite” chamado Nobésio é fabricado em São Paulo e repassado para todo o Brasil nas fórmulas forte e fraca. Os caminhoneiros relatam que são vendidos nos valores entre R$25,00 a R$80,00 dependendo do estado onde vai ser vendido. A cocaína, segundo eles, está entre as substâncias mais baratas, custando R$5,00 em pequena quantidade.
Em relação aos entrevistados que alegaram utilizar cocaína pura ou associada a outras substâncias, os mesmos afirmam que além de ser considerada uma substância barata, o uso de “rebites” já não mostra tanta efetividade para eles. Deste modo, preferem partir para algo mais “forte”. Outros já rebatem, dizendo que o efeito dos “rebites” são eficazes e duradouros, principalmente utilizados juntamente com a cocaína. Houve relatos de que passaram até cinco dias seguidos viajando sem dormir.
Cada caminhoneiro contou sua própria “história”, alguns dizem que o efeito do “rebite“ pode ser cortado ao ingerir leite ou alguma bebida alcóolica. Dessa forma, quando necessitam de descanso, utilizam esses métodos. O critério utilizado por eles para avaliar a eficiência do “rebite” é a dormência na língua, provocada pela própria substância ao ser ingerida.
O uso de psicoestimulantes, como os derivados anfetamínicos, pode causar vários efeitos adversos em curto prazo, que são elas: dores gastrointestinais, dores de cabeça, redução de apetite, insônia, taquicardia, aumento da pressão sanguínea, depressão, desordens psiquiátricas entre outros não menos importantes e se usado de forma excessiva poderá causar dependência11,23. No presente estudo, a maioria dos entrevistados, 71% dos caminhoneiros, afirmam ter percebido esses efeitos colaterais, inclusive houve relatos de caminhoneiros que já não conseguem dirigir sem as substâncias.
Através das comparações baseadas no teste de qui x2, pode-se perceber o maior consumo de derivados anfetamínicos entre os caminhoneiros mais jovens, sendo que os mais velhos apresentam maior uso de medicamentos. Dos motoristas entrevistados, os mais velhos (com idade ≥40 anos) afirmaram utilizar medicamentos para algum problema de saúde, sendo mais frequentes para diabetes e hipertensão. Isto se dá pelo fato que conforme aumenta a idade, podem aumentar as patologias, aumentando assim o consumo de medicamentos sob prescrição médica. . Sabe-se que os psicoestimulantes são contraindicados para pacientes com distúrbios cardiovasculares, incluindo hipertensão, por serem substâncias cardiotônicas 23,III,.
Pelo estudo foi possível observar que o consumo de derivados anfetamínicos ocorre frequentemente, o que pode acarretar graves problemas de saúde pública, levando em consideração que eles podem, em consequência, ocasionar violência e acidentes de trânsito. Desta forma, faz-se necessária a implantação de práticas assistenciais que promovam o uso racional de medicamentos, sendo o principal papel do farmacêutico e do médico prescritor, prevenir que essa utilização inadequada aconteça, através da atenção e orientação farmacêutica. Não obstante, faz-se necessário também, melhoria nas condições de trabalho, principalmente partindo das empresas contratantes, bem como, programas de informação voltados para o consumo de álcool e drogas.
1Novartis. Ritalina®. Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/ BM/BM%5B26162-1-0%5D.PDF.
2Brasil. ANVISA. Prescrição e consumo de metilfenidato no Brasil: identificando riscos para o monitoramento e controle sanitário. Boletim de Farmacoepidemiologia, jul./dez. de 2012. Disponível em: www.portal.anvisa. gov.br/wps/wcm/connect/4038b 004e996487ada1af8a610f4177/ boletim_sngpc_2_2012+corrigido+2. pdf?MOD=AJPERES.
3Resolução nº 52, de 6 de outubro de 2011, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/anorexigenos/pdf/RDC%2052 2011%20DOU%2010%20de%20outubro%20de%202011.pdf.
4Portaria SVS/MS nº 344/1998 (Anexo I) Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
5Presidência da República. Lei Nº 13.103, de 2 de março de 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13103.htm.
6ACHÉ.Desobesi-M®. Disponível em: <http://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/desobesim.pdf>.
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1Alunos de medicina da Universidade Brasil. UB-São Paulo;
2Aluna de medicina da Unisul Tubarão- SC;
3Aluno de medicina da Universidade Autônoma de San Sebastian – UASS Paraguai;
4Aluno de medicina da Universidad Central Del Paraguay.UCP;
5Farmacêutica – Centro Universitário do Distrito Federal (UDF).