ADVANCEMENT MENTOPLASTY FOR CORRECTION OF MANDIBULAR RETRUSION – CASE REPORT.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410311521
Caroline Gonçalves Ribeiro1
Stefany De Matos Rodrigues1
Rodrigo Jacon Jacob2
Resumo
O artigo aborda a mentoplastia de avanço como uma solução eficaz para a correção de retrusão mandibular, uma condição caracterizada pelo posicionamento posterior anormal da mandíbula, que acarreta consequências estéticas e funcionais significativas. Nesse sentido, objetivou-se a construção de um relato de caso clínico, em que se descreve todo o processo de planejamento e execução da cirurgia em uma paciente de 24 anos, que apresentava queixas estéticas devido à retrusão mandibular. A metodologia utilizada foi o relato de caso e a revisão de literatura, utilizando artigos publicados nos últimos 10 anos para corroborar ou refutar os achados clínicos. A intervenção cirúrgica envolveu uma incisão intraoral, osteotomia do mento e fixação com placa “Chin” com Avanço de 6mm – Sistema 2.0 (TRAUMEC®). Os resultados pós-operatórios indicaram uma melhora expressiva na harmonia facial, além de aumento da autoestima da paciente. O estudo discute a relevância de uma avaliação pré-operatória detalhada, enfatizando a importância de um planejamento cirúrgico personalizado para garantir a eficácia dos resultados. A literatura revisada corrobora os achados do estudo, destacando que a mentoplastia de avanço não apenas corrige a retrusão mandibular, mas também melhora a qualidade de vida dos pacientes ao restaurar a estética facial. A pesquisa contribui para a discussão sobre cirurgia ortognática, reforçando a mentoplastia de avanço como uma técnica segura e eficaz para a correção de anomalias mandibulares, ao combinar aspectos funcionais e estéticos em sua abordagem cirúrgica. Além disso, a utilização de tecnologia tridimensional no planejamento reforça a precisão e a personalização do tratamento, garantindo resultados duradouros e esteticamente satisfatórios.
Palavras-chave: Autoestima. Mentoplastia. Osteotomia. Mandíbula.
Abstract
The article addresses advancement mentoplasty as an effective solution for the correction of mandibular retrusion, a condition characterized by abnormal posterior positioning of the mandible, which has significant aesthetic and functional consequences. In this sense, the objective of this study was to construct a clinical case report, which describes the entire process of planning and performing the surgery in a 24-year-old patient who presented aesthetic complaints due to mandibular retrusion. The methodology used was case report and literature review, using articles published in the last 10 years to corroborate or refute the clinical findings. The surgical intervention involved an intraoral incision, chin osteotomy and fixation with a “Chin” plate with 6mm Advancement – System 2.0 (TRAUMEC).® The postoperative results indicated a significant improvement in facial harmony, in addition to an increase in the patient’s self-esteem. The study discusses the relevance of a detailed preoperative evaluation, emphasizing the importance of personalized surgical planning to ensure the effectiveness of the results. The reviewed literature corroborates the findings of the study, highlighting that advancement mentoplasty not only corrects mandibular retrusion but also improves patients’ quality of life by restoring facial aesthetics. The research contributes to the discussion on orthognathic surgery, reinforcing advancement mentoplasty as a safe and effective technique for the correction of mandibular anomalies, by combining functional and aesthetic aspects in its surgical approach. In addition, the use of three-dimensional technology in planning reinforces the precision and personalization of the treatment, ensuring long-lasting and aesthetically satisfactory results.
Keywords: Self-esteem. Genioplasty. Osteotomy. Mandible.
1 INTRODUÇÃO
A retrusão mandibular, caracterizada por uma posição posterior anormal da mandíbula, pode resultar em significativas consequências funcionais e estéticas para o indivíduo afetado. Além de impactar a eficiência mastigatória e a fonação, essa condição frequentemente compromete a harmonia facial, influenciando diretamente a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes (Kaya et al., 2019). Dentro do espectro de intervenções disponíveis para a correção dessa anomalia, a mentoplastia de avanço emerge como uma técnica cirúrgica eficaz, capaz de restaurar o equilíbrio estético facial através do reposicionamento anterior do mento (Harris; Raggio, 2020).
A retrusão não apenas compromete funções básicas, como a mastigação e a fala, mas também implica desafios estéticos que podem afetar profundamente o bem-estar psicológico dos pacientes. A relação entre a estética facial e a autoestima é bem documentada na literatura, com estudos indicando que a percepção de uma aparência facial desarmônica está diretamente associada a menores níveis de satisfação com a vida e maior incidência de problemas psicossociais (Alencar; Freitas; Melo, 2023).
Diante deste contexto, a mentoplastia ou genioplastia óssea apresenta-se como um recurso valioso. Este procedimento, especificamente, visa o avanço do mento (parte da mandíbula que forma o queixo), uma técnica que não só melhora o perfil facial, mas também pode influenciar positivamente a dinâmica da mordida e a função das vias aéreas (Rocha et al., 2020). A correção efetiva da retrusão mandibular através da mentoplastia de avanço não só restabelece a harmonia facial, mas também promove um alinhamento mais favorável entre os maxilares, potencialmente mitigando problemas funcionais associados a uma má oclusão (Garcia y Sanchéz et al., 2022).
A escolha deste tratamento baseia-se em uma avaliação detalhada das características anatômicas e das expectativas do paciente, garantindo que o resultado seja não apenas funcionalmente satisfatório, mas também esteticamente agradável. Portanto, a mentoplastia não é meramente uma intervenção cosmética, mas uma abordagem cirúrgica integral que envolve as complexidades funcionais e estéticas da retrusão mandibular, fundamentando-se em uma compreensão profunda da anatomia facial e das técnicas cirúrgicas avançadas (Bach, 2024).
Em face dessas afirmações, objetivou-se a construção de um relato de caso clínico, em que se descreve todo o processo de planejamento e execução da cirurgia em uma paciente de 24 anos, que apresentava queixas estéticas devido à retrusão mandibular. O objetivo deste artigo é relatar o caso de uma paciente submetida à mentoplastia, detalhando a avaliação pré-operatória, a técnica cirúrgica empregada, o acompanhamento pós-operatório e os resultados obtidos. A escolha desta modalidade de tratamento foi motivada pela necessidade de correção da retrusão mandibular acentuada do paciente, com o objetivo de alcançar melhorias estéticas. Através deste relato, busca-se contribuir para o conhecimento científico sobre a aplicabilidade e os desfechos da mentoplastia de avanço.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Estrutura da mandíbula
A mandíbula é o maior e mais robusto osso da face, desempenhando um papel essencial na mastigação e na articulação temporomandibular. Suas características anatômicas são cruciais para o planejamento e execução da mentoplastia. Estruturalmente, a mandíbula consiste em um corpo central e dois ramos ascendentes, que se conectam às articulações temporomandibulares. O corpo da mandíbula é a porção horizontal que suporta os dentes inferiores e fornece ancoragem para vários músculos faciais e da mastigação (Abbud; Pereira; Figueiredo, 2021).
O corpo mandibular é a parte horizontal onde estão localizadas as arcadas dentárias inferiores. A região anterior forma o mento, cuja posição é crucial na estética facial. Os ramos mandibulares são estruturas verticais que se estendem para cima a partir do corpo mandibular e se conectam ao crânio através das articulações temporomandibulares. A junção entre o corpo e o ramo, conhecida como ângulo da mandíbula, influencia a definição do contorno facial, sendo um ponto de referência importante na avaliação estética e funcional da face (Abbud; Pereira; Figueiredo, 2021).
O mento, ou queixo, é a porção anterior e inferior da mandíbula. Sua projeção ou retração afeta significativamente a aparência do perfil facial. A mentoplastia de avanço visa corrigir a posição do mento, reposicionando-o anteriormente para melhorar a harmonia facial. Esta intervenção não só tem implicações estéticas, mas também pode melhorar a dinâmica funcional da mandíbula, como a mastigação e a fala (Pacheco et al., 2010; Ramalho et al., 2017).
Além disso, a mandíbula possui estruturas ósseas adjacentes importantes, como o forame mentual, localizado no corpo da mandíbula, permitindo a passagem do nervo e vasos sanguíneos mentuais. Durante a cirurgia, é essencial evitar danos a essa estrutura para prevenir complicações neurológicas. A sínfise mandibular, a linha média da mandíbula, também pode ser um local de abordagem durante osteotomias, sendo um ponto crítico na técnica cirúrgica (Ramalho et al., 2017).
2.2 Deformidades mandibulares
A retrusão mandibular é uma condição em que a mandíbula está posicionada mais para trás do que o normal em relação à maxila e ao crânio. Isso resulta em uma discrepância esquelética que pode afetar tanto a estética facial quanto a função mastigatória e respiratória. Esta condição é geralmente diagnosticada durante a infância ou adolescência, mas pode persistir na vida adulta se não tratada. A retrusão mandibular pode ser causada por fatores genéticos, hábitos orais prejudiciais durante a infância (como o uso prolongado de chupetas), ou condições médicas que afetam o crescimento ósseo (Galassi et al., 2023).
As deformidades mandibulares, incluindo a retrusão, podem ser classificadas de várias maneiras, dependendo da gravidade, etiologia e implicações funcionais e estéticas. A classificação mais comum é baseada na análise cefalométrica, que mede a posição da mandíbula em relação ao crânio e à maxila. Algumas classificações importantes incluem a Classificação de Angle: Classe I) A relação molar é normal, mas pode haver desalinhamento dos dentes ou outros problemas estéticos; Classe II) A mandíbula está retruída em relação à maxila, com uma aparência de “overbite”. Esta classe é frequentemente subdividida em divisão 1, protrusão dos incisivos superiores, e divisão 2, Incisivos superiores inclinados para trás; Classe III) A mandíbula está projetada para frente em relação à maxila (prognatismo mandibular) (Alencar; Freitas; Melo, 2023).
A Classificação de McNamara foca na relação sagital entre a maxila e a mandíbula, usando pontos de referência craniofaciais específicos. É particularmente útil para planejar intervenções cirúrgicas como a mentoplastia. A Classificação por Análise Funcional avalia a função mastigatória, respiratória e da fala. Pode incluir exames como a polissonografia para avaliar problemas respiratórios associados à retrusão mandibular (Souza et al., 2022).
A retrusão mandibular tem impactos significativos tanto funcionais quanto estéticos. Funcionalmente, a posição retruída da mandíbula pode levar a uma mastigação ineficiente, problemas de fonação e dificuldades respiratórias, especialmente durante o sono, contribuindo para condições como a apneia obstrutiva do sono. A má oclusão resultante pode causar dor na articulação temporomandibular (ATM) e desgaste irregular dos dentes (Schimunda et al., 2019).
Esteticamente, a retrusão mandibular pode causar um perfil facial desarmônico, com o queixo recuado, o que acentua a proeminência do nariz e da maxila. Isso pode levar a problemas de autoestima e satisfação com a aparência, impactando negativamente a qualidade de vida do indivíduo (Schimunda et al., 2019). A relação entre a estética facial e a autoestima é bem documentada, com estudos mostrando que uma aparência facial desarmônica está associada a menores níveis de satisfação com a vida e maior incidência de problemas psicossociais (Oliveira et al, 2020).
2.3 Técnicas de correção
A correção da retrusão mandibular, através de procedimentos como a mentoplastia de avanço, visa restaurar o equilíbrio estético facial e melhorar a função mastigatória e respiratória. O sucesso do tratamento depende de uma avaliação pré-operatória detalhada, planejamento cirúrgico preciso e acompanhamento pós-operatório adequado (Bell, 2018).
A mentoplastia de avanço é uma intervenção cirúrgica que visa corrigir a retrusão mandibular reposicionando o mento (queixo) para uma posição mais anterior, melhorando assim a harmonia facial e a função mastigatória (Rocha et al., 2020). Diversas técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas para alcançar esses objetivos, cada uma com suas particularidades, vantagens e desvantagens (Pacheco et al., 2010; Stevão, 2012; Nóia et al., 2016; Ramalho et al., 2017).
Outra técnica é a mentoplastia com uso de enxertos ósseos. Neste caso, além da osteotomia, são utilizados enxertos ósseos autógenos (do próprio paciente) ou alógenos (de doadores) para preencher o espaço e suportar o novo posicionamento do mento. Esta abordagem pode ser particularmente útil em casos de retração mandibular severa, onde o avanço necessário é maior e requer suporte adicional para manter a estabilidade e a estética desejada (Lobato, 2022).
A abordagem minimamente invasiva, como o uso de dispositivos de distração osteogênica, também tem ganhado popularidade. Nesta técnica, dispositivos são instalados para gradualmente alongar o osso mandibular, promovendo a formação de novo tecido ósseo à medida que o mento é avançado. Esta técnica permite um controle mais gradual e preciso do avanço, reduzindo o risco de complicações e promovendo uma cicatrização mais natural (Dultra, 2020).
Além das técnicas específicas de osteotomia, a escolha do método de fixação é crucial para o sucesso da mentoplastia de avanço. Placas e parafusos de titânio são amplamente utilizados devido à sua resistência e biocompatibilidade. No entanto, novas tecnologias como placas reabsorvíveis e materiais compósitos também estão sendo exploradas para reduzir a necessidade de uma segunda cirurgia para a remoção do material de fixação (Dultra, 2020).
O planejamento cirúrgico é outro aspecto fundamental para a eficácia da mentoplastia de avanço. A utilização de software de planejamento tridimensional permite simular os resultados esperados e ajustar a técnica cirúrgica de acordo com as necessidades anatômicas específicas de cada paciente. Este planejamento inclui a análise cefalométrica para determinar o grau exato de retrusão e o avanço necessário, garantindo que os resultados sejam tanto estéticos quanto funcionais.
3 CASO CLÍNICO
Paciente G.R.S, sexo feminino, 24 anos, chegou ao consultório com queixa de desconforto da própria aparência. Segundo ela, era visível seu queixo retraído, o que a incomodava havia muito tempo.
Antes da realização do procedimento cirúrgico, foi conduzida uma avaliação das características anatômicas da paciente e suas expectativas em relação aos resultados do procedimento. O processo de avaliação começou com uma consulta inicial onde foi coletado um histórico médico e odontológico. Durante essa consulta, foram discutidas queixas estéticas e funcionais da paciente, com foco na aparência do queixo e na função mastigatória.
O exame físico incluiu uma avaliação clínica da face e da mandíbula, observando a simetria facial, a posição do mento e a oclusão dentária. Foram realizadas fotografias faciais em diferentes ângulos para documentação e planejamento cirúrgico (Figura 1).
Figura 1 – Perfil da paciente e Região intraoral
Fonte: Autoras (2024)
Além disso, foram solicitadas imagens diagnósticas, incluindo radiografias laterais e panorâmicas da face, para avaliar a estrutura óssea e a relação entre maxila e mandíbula (Figura 2).
Uma análise cefalométrica de Mcnamara (Figura 2) foi realizada para determinar o grau de retrusão mandibular e planejar o avanço necessário do mento. Utilizou-se software de planejamento cirúrgico para simular os resultados esperados e discutir as opções com a paciente, garantindo uma compreensão clara do procedimento.
Figura 2 – Análise cefalométrica de Mcnamara
Fonte: Autoras (2024)
Após análise dos exames de imagem e da visualização de como ficaria o resultado, foram oferecidas opções de tratamento para a paciente, plano A: cirurgia ortognática de avanço mandibular e plano B, mentoplastia de avanço; por questões financeiras e menor tempo de tratamento, escolheu a segunda opção.
A técnica cirúrgica utilizada para a mentoplastia de avanço foi planejada com base nos dados obtidos durante a avaliação pré-operatória. Foi feita uma incisão intraoral na mucosa labial do mento (Figuras 3 e 4), evitando cicatrizes visíveis. Em seguida, foi realizada a osteotomia do mento e o avanço da porção óssea para a posição planejada (Figura 5), fixando a porção avançada com placa de avanço de mento de 6 mm -TRAUMEC® (Figura 6 e 7). A incisão foi fechada com suturas reabsorvíveis.
Figura 3 – Incisão na gengiva inferior
Figura 4 – Vista da estrutura óssea do mento
Figura 5 – Realização da osteotomia e fratura cirúrgica do mento
Figura 6 – Placa CHIN de avanço de 6mm – TRAUMEC®
Figura 7 – Fixação com placa e parafusos de titânio
O acompanhamento pós-operatório incluiu cuidados imediatos, monitorando a paciente na sala de recuperação até a alta hospitalar, que ocorreu no mesmo dia (Figura 8). Foi prescrita uma medicação adequada, incluindo analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios, para controle da dor e prevenção de infecções. Além disso, avaliação e acompanhando com fisioterapeuta para realizar drenagem linfática.
Figura 8 – Pós-operatório de 1 dia da paciente
Revisões regulares foram agendadas. Durante essas consultas, foram realizados exames físicos e novas fotografias (Figura 9) para documentar a progressão do tratamento. Foi realizada também uma telerradiografia lateral (Figura 10), para melhor avaliação do resultado pós operatório.
Figura 9 – Resultado após 2 meses da realização da cirurgia
Figura 10 – Tele lateral PO
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para embasar teoricamente o estudo e compreender a eficácia da mentoplastia de avanço na correção da retrusão mandibular, foi realizada uma revisão de literatura abrangente. A busca foi conduzida nas bases de dados PubMed, Scielo, Lilacs e Google Scholar, abrangendo artigos publicados entre os anos de 2014 e 2024, últimos 10 anos. Foram utilizados descritores em saúde como “mentoplastia”, “retração mandibular”, “correção cirúrgica”, “avaliação cefalométrica” e “harmonia facial”.
Os estudos selecionados incluíram revisões sistemáticas, ensaios clínicos, estudos de coorte e relatos de caso que discutiam tanto os aspectos estéticos quanto funcionais da mentoplastia de avanço. A análise crítica dos artigos permitiu a identificação das principais técnicas cirúrgicas, resultados estéticos e funcionais, complicações e satisfação dos pacientes.
Além da revisão de literatura, este estudo incluiu o relato de um caso clínico específico. A paciente, do sexo feminino, de 24 anos, apresentava queixa de retrusão mandibular com má-oclusão Classe II. O processo de avaliação pré-operatória incluiu uma consulta inicial, coleta de histórico médico e odontológico, exame físico detalhado da face e mandíbula, fotografias faciais em diferentes ângulos, radiografias laterais e panorâmicas. A análise cefalométrica de McNamara foi utilizada para determinar o grau de retrusão mandibular e planejar o avanço necessário do mento. A técnica cirúrgica empregada envolveu uma incisão intraoral, osteotomia do mento e fixação com placas e parafusos de titânio.
5 DISCUSSÃO
A mentoplastia de avanço é uma técnica amplamente utilizada na correção da retrusão mandibular por sua capacidade de melhorar tanto a estética facial quanto as funções mastigatória e respiratória (Razmara et al., 2024). Esse procedimento envolve a osteotomia do mento, seguida de seu avanço e fixação com placas e parafusos de titânio. Entre as técnicas disponíveis para a correção da retrusão mandibular, a mentoplastia de avanço destaca-se por sua eficácia, previsibilidade e relativa simplicidade quando comparada a abordagens mais complexas, como a cirurgia ortognática total (Degala; Choudhary, 2024).
Os resultados obtidos com a mentoplastia de avanço para correção de retrusão mandibular na paciente em questão foram satisfatórios, tanto do ponto de vista estético quanto funcional. A escolha da mentoplastia de avanço, neste caso específico, foi motivada por diversos fatores. Primeiramente, a paciente apresentava uma retrusão moderada que não demandava grandes correções ósseas, o que tornou essa técnica a mais adequada em termos de risco-benefício. Além disso, o procedimento permite a realização de uma incisão intraoral, evitando cicatrizes visíveis, o que é uma vantagem estética significativa. A fixação com placas e parafusos de titânio também oferece grande estabilidade, reduzindo o risco de recidivas e garantindo resultados duradouros.
A paciente relatou uma significativa melhora na aparência facial, com o mento em uma posição mais harmônica, o que contribuiu para um aumento na autoestima e na satisfação com sua imagem corporal. Estes achados estão em consonância com a literatura existente, onde Alencar, Freitas e Melo (2023) documentam que a correção da retrusão mandibular não só melhora a estética facial, mas também tem impactos positivos na função mastigatória e na qualidade de vida dos pacientes.
Comparando com outros estudos, os resultados são consistentes com aqueles relatados por Rocha et al. (2020), que observaram melhorias significativas na dinâmica da mordida e na função das vias aéreas após a mentoplastia de avanço. Além disso, os resultados estéticos positivos observados neste estudo são corroborados por Harris e Raggio (2020), que destacam a importância da técnica na restauração do equilíbrio facial e na melhoria da satisfação psicossocial dos pacientes.
Além da mentoplastia de avanço, existem outras opções cirúrgicas, como o uso de implantes para aumento do mento. O uso de implantes de silicone ou outros materiais aloplásticos oferece uma solução menos invasiva, mas apresenta riscos como rejeição, infecção e deslocamento do implante (Tabrizi et al., 2024).
Ademais, o preenchimento de mento com ácido hialurônico é uma técnica minimamente invasiva que envolve a injeção de substâncias para aumentar o volume e melhorar a definição do mento. Esse procedimento é rápido, apresenta recuperação imediata e os resultados são imediatos, o que o torna atraente para pacientes que buscam melhorias sutis e temporárias. No entanto, a durabilidade é limitada, com resultados que duram entre 12 e 18 meses, exigindo retoques periódicos (Mendonça et al., 2022).
A análise cefalométrica pós-operatória demonstrou um alinhamento adequado dos maxilares, e a fixação com placas e parafusos de titânio mostrou-se eficiente, sem complicações durante o período de recuperação. Estes achados reforçam as conclusões de Kaya et al. (2019) sobre a eficácia da análise cefalométrica e da utilização de técnicas avançadas de fixação para garantir a estabilidade dos resultados cirúrgicos.
Entre as vantagens da mentoplastia de avanço, destacam-se a precisão na correção do perfil facial e a melhoria funcional imediata, com recuperação relativamente rápida. Contudo, essa técnica não é isenta de desvantagens. Entre os possíveis riscos estão a assimetria residual, complicações neurológicas devido à proximidade do forame mentual e a necessidade de revisão cirúrgica em casos de instabilidade da fixação (Degala; Choudhary, 2024). Além disso, o sucesso da cirurgia depende de um planejamento pré-operatório detalhado e da correta execução técnica, sendo fundamental a utilização de softwares de planejamento tridimensional para prever o resultado final (Ma et al., 2024; Suenaga et al., 2024).
Os resultados deste caso clínico não só confirmam a eficácia da mentoplastia de avanço na correção de retrusão mandibular, como também estão alinhados com os dados disponíveis na literatura, consolidando esta técnica como uma opção viável e benéfica para pacientes que apresentam esta condição. A melhora estética e funcional observada sublinha a importância de uma abordagem cirúrgica bem planejada e personalizada, fundamentada em uma compreensão detalhada da anatomia facial e das necessidades individuais dos pacientes.
6 CONCLUSÃO
A mentoplastia de avanço demonstrou ser uma intervenção cirúrgica eficaz para a correção da retrusão mandibular, proporcionando resultados estéticos significativos. Através de uma avaliação pré-operatória detalhada e do planejamento cirúrgico, foi possível alcançar um reposicionamento adequado do mento, melhorando a harmonia facial e a autoestima da paciente, além de otimizar a função mastigatória e a fonação. Os resultados deste estudo corroboram os achados da literatura existente, que destacam a importância da mentoplastia de avanço na correção de anomalias mandibulares.
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1Acadêmica do curso de Odontologia do Centro Universitário São Lucas – Porto Velho. Artigo apresentado a IES como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO 2024. E-mail: carol13ribeiro.goncalves@gmail.com;
1Acadêmica do curso de Odontologia do Centro Universitário São Lucas – Porto Velho. Artigo apresentado a IES como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO 2024. E-mail: stefany_maro@outlook.com;
2Orientador e Professor do Centro Universitário São Lucas – Porto Velho, Cirurgião Bucomaxilofacial da Secretaria de Saúde do Governo de Rondônia. E-mail: rodrigo.jacob@saolucas.edu.br.