PUBLIC MEASURES ADOPTED FOR THE PREVENTION AND TREATMENT OF CHAGAS DISEASE IN BRAZIL
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10127693
Andressa Vilar Torres do Nascimento Pires1;
Anna Beatriz Silvinio dos Reis2.
RESUMO
- FUNDAMENTOS: A doença de Chagas humana (DHC) é uma doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente por insetos triatomíneos. A doença é endêmica em 21 países da América Latina, afetando cerca de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é uma das principais áreas endêmicas, com acentuadas dificuldades na prevenção da doença.
- OBJETIVO: Investigar políticas públicas no Brasil, relacionadas a prevenção e tratamento da Doença de Chagas.
- MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, sobre a doença de chagas, e as medidas públicas adotadas no Brasil, na prevenção e tratamento da doença. Foram considerados artigos completos, publicados nos últimos dez anos, que retratam sobre o assunto.
- RESULTADOS: O protozoário Trypanosoma cruzi vive no sangue periférico e nas fibras musculares, mais especificamente nas fibras cardíacas e digestivas. A doença tem duas fases, uma aguda e outra crônica. Na fase aguda, 95% dos infectados não apresentam sintomas, os que apresentam não possuem quadro clínico indefinido. A doença atinge principalmente populações de baixa renda, devido ao precário acesso a saneamento básico e assistência médica. Em razão disso, a DCH não recebe atenção adequada dos órgãos de saúde e das indústrias farmacêuticas. No Brasil, a prevenção de doenças é realizada por meio de campanhas de saúde, principalmente em regiões vulneráveis à doença. O Sistema Único de Saúde (SUS), para o tratamento da população diagnosticada com a doença em sua fase aguda, disponibiliza gratuitamente o medicamento benzonidazol.
- CONCLUSÕES: A doença de Chagas humana prolifera em áreas rurais suscetíveis e em comunidades com falta de saneamento e higiene adequados. É notória a necessidade de medidas públicas mais assertivas quanto à prevenção e tratamento da doença. O tratamento utilizado atualmente está ultrapassado, não proporcionando qualidade de vida aos pacientes, por falta de investimentos na área de medicamentos.
Palavras-chave: Doença de Chagas, epidemiologia, políticas públicas para doença de chagas.
ABSTRACT
- BACKGROUND: Human Chagas disease (HCD) is a disease caused by the protozoan Trypanosoma cruzi, primarily transmitted by triatomine insects. The disease is endemic in 21 Latin American countries, affecting approximately 6 to 7 million people worldwide. Brazil is one of the main endemic areas, facing significant challenges in disease prevention.
- OBJECTIVE: Investigate public policies in Brazil related to the prevention and treatment of Chagas disease.
- METHODS: This is a bibliographic research on Chagas disease and the public measures adopted in Brazil for disease prevention and treatment. Full articles published in the last ten years addressing the topic were considered.
- RESULTS: The protozoan Trypanosoma cruzi lives in peripheral blood and muscle fibers, specifically cardiac and digestive fibers. The disease has two phases, acute and chronic. In the acute phase, 95% of infected individuals do not show symptoms, and those who do have an undefined clinical picture. The disease mainly affects low-income populations due to poor access to basic sanitation and medical care. As a result, HCD does not receive adequate attention from health authorities and pharmaceutical industries. In Brazil, disease prevention is carried out through health campaigns, particularly in regions vulnerable to the disease. The Unified Health System (SUS), for the treatment of individuals diagnosed with the disease in the acute phase, provides the medication benznidazole free of charge.
- CONCLUSIONS: Human Chagas disease proliferates in susceptible rural areas and communities with inadequate sanitation and hygiene. There is a clear need for more effective public measures regarding disease prevention and treatment. The currently used treatment is outdated and does not provide a good quality of life for patients, due to a lack of investment in the field of medications.
Keywords: Chagas disease, epidemiology, public policies for Chagas disease.
INTRODUÇÃO
A Doença de Chagas Humana (DCH) é uma doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido principalmente por insetos triatomíneos, conhecidos como barbeiros (Ministério da Saúde, 2021). A doença possui duas fases clínicas, a aguda apresentada no estágio inicial da doença, a qual pode apresentar sinais de infecção, e a fase crônica, que pode permanecer assintomática por anos, ou sintomática apresentando complicações nos sistemas cardiovascular e digestivo (Cavalcante et al., 2019).
A doença é endêmica em 21 países da América Latina, afetando cerca de 6 a 7 milhões de pessoas em todo o mundo (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2022), sendo o Brasil uma das principais áreas endêmicas, com acentuadas dificuldades na prevenção da doença (II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2015), tornando-se um problema de saúde pública no país. Essa doença tropical é considerada negligenciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em razão de afetar principalmente as populações de baixa renda, que vivem em áreas rurais suscetíveis e em comunidades, e indivíduos com acesso precário aos serviços de saúde.
Dessa forma, o objetivo desta revisão literária foi investigar as medidas públicas adotadas na prevenção e tratamento da doença de chagas no Brasil, a fim de contribuir com o conhecimento científico das ações realizadas no país, para traçar ações epidemiológicas que auxiliem na diminuição dos casos da doença. Ressalta-se a importância da abordagem do Estado, em ações preventivas, de tratamento e de educação em saúde, bem como na atuação multidisciplinar na prevenção e tratamento da doença.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, sobre a doença de chagas, e as medidas públicas adotadas no Brasil, na prevenção e tratamento da doença. Utilizou-se pesquisa bibliográfica, nas bases de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO) com utilização dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Doença de Chagas, epidemiologia, políticas públicas para doença de chagas, aspectos clínicos, prevenção da doença de chagas, tratamento para doença de chagas. Foram considerados artigos completos, publicados nos últimos dez anos, no idioma português e inglês, que retratam sobre políticas públicas na prevenção e tratamento da doença de chagas, além de dados epidemiológicos da doença no Brasil. A coleta de dados ocorreu em junho de 2023.
REVISÃO E DISCUSSÃO
Características Epidemiológicas
A DCH é uma doença parasitária, a qual o protozoário Trypanosoma cruzi vive no sangue periférico e nas fibras musculares, mais especificamente as cardíacas e digestivas (Ministério da Saúde, 2021). A doença possui duas fases, uma aguda e outra crônica. A fase aguda, 95% dos infectados não possuem sintomas, os que apresentam não possuem aspectos clínicos definidos, podendo ser facilmente confundidos com uma síndrome gripal leve (Correia et al., 2021). Já a fase crônica da doença, é a evolução da fase aguda, quando há continuação do parasita em baixo grau, com uma contínua inflamação de baixo grau principalmente nas fibras musculares, podendo evoluir para graves complicações cardíacas e digestivas (Simões et al., 2016).
A transmissão ocorre principalmente por via oral, na ingestão de alimentos contaminados com fezes infectados pelo parasito, e pela via vetorial clássica, que se trata da liberação do parasito através de fezes infectadas dos triatomíneos e após, o repasto sanguíneo (Nascimento et al., 2021). Consoante ao boletim epidemiológico da DCH de 2021, a provável forma de transmissão da doença em 2020 foi distribuída, sendo, 75,34% via oral, 6,85% via vetorial, 15,07% as vias foram ignoradas e 2,74% outras formas.
O acometimento da doença é principalmente nas populações de baixa renda, em decorrência do precário acesso ao saneamento básico, água potável e assistência médica, além de geralmente, esses obterem moradias próximas a animais e vetores da doença. Em razão disso, a DCH não recebe atenção adequada dos órgãos de saúde e das indústrias farmacêuticas (Meurer et al., 2022). Em virtude dessa indiligência, a OMS declarou a doença sendo do grupo de doenças negligenciadas.
O diagnóstico da doença é dado através de exames laboratoriais, nos casos de suspeita da doença, sendo realizados principalmente na fase crônica da doença, devido à falta de atenção da DCH nos serviços de saúde. Quanto ao tratamento, na fase aguda da doença, é utilizado o medicamento benzonidazol, o qual é o utilizado há pelo menos 50 anos, por falta de investimento e interesse das indústrias farmacêuticas e do governo, não sendo eficaz na fase crônica da doença (Silva et al., 2021). Ainda não há nenhum medicamento eficaz para a fase crônica da doença.
Políticas Públicas no Brasil
No Brasil, a prevenção da doença é realizada por meio de campanhas sanitárias, principalmente nas regiões vulneráveis à doença, através de visitas domiciliares, avaliando o interior e exterior das casas locais que podem ser encontrados vetores da doença, além da orientação aos moradores de como prevenir. Nos casos de achados, o inseto é encaminhado para análise, a fim de identificar se estão contaminados pelo parasita (Lima et al., 2019).
O Sistema Único de Saúde (SUS), para o tratamento da população com diagnóstico da doença em sua fase aguda, fornece o medicamento benzonidazol gratuitamente. E na fase crônica da doença, o tratamento deve ser avaliado pelo profissional da saúde, levando em consideração os sintomas e danos apresentados (Ministério da Saúde, 2023).
O Brasil é um dos países com maior prevalência de pacientes portadores da doença (Silva et al., 2021), há uma lacuna de estudos epidemiológicos e escassez de investimentos por parte dos governantes e das indústrias farmacêuticas, como citado durante o artigo, visando a diminuição da doença, bem como formas mais eficazes de tratamento. Esse déficit gera consequências negativas na saúde brasileira, contabilizando cerca de 4.500 mortes por ano (BRASIL, 2023).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração os aspectos mencionados no artigo, ainda é extremamente preocupante que a Doença de Chagas Humana (DCH) afete de forma desproporcional as comunidades rurais de baixa renda, mesmo que vivam em condições de saneamento inadequadas. Condições socioeconômicas e ambientais inadequadas fazem com que a Doença de Chagas Humana se torne uma doença negligenciada pelas autoridades de saúde pública responsáveis.
A falta de políticas públicas efetivas para o controle ou combate da DCH nessas regiões desfavorecidas é ainda um grande desafio que requer tempo, interesse e bastante estudo por parte dos governantes e organizações de saúde. É extremamente importante o investimento em pesquisas, educação, medidas preventivas e tratamento moderno para assim tentar reduzir o impacto da DCH em comunidades vulneráveis.
Também é notório que apesar de já existirem tratamentos e prevenção para a doença, os infectados necessitam de medidas modernas e assertivas. A prevenção realizada pelos serviços de saúde, não tem sido colocada em prática de forma eficiente, para que assim fosse possível eliminar as moradas dos vetores da doença, além de o tratamento atualmente utilizado ser ultrapassado, não provendo aos doentes qualidade de vida, por falta de investimentos na área de medicamentos, seja para fase aguda da doença, seja para sua fase crônica.
Além de investir em políticas públicas adequadas e modernas, é extremamente importante haver a conscientização da população residente em áreas rurais sobre a doença, suas formas de prevenção individual e coletiva, seus sintomas e modos de transmissão, para que assim as pessoas possam buscar cuidados médicos de forma precoce.
Para deixar de negligenciar a doença de chagas humana, os órgãos de saúde responsáveis poderiam sair em busca de parcerias entre instituições públicas e privadas para que juntas possam achar o caminho mais eficaz contra essa doença que ainda assombra muitas famílias independente de sua fase.
REFERÊNCIAS
Brasil61. (10 de Maio de 2023). Doença de Chagas: Brasil contabiliza cerca de 4.500 mortos por ano.
Correia, J. R., Ribeiro, S. C. S., Araújo, L. V. F de., Santos, M. C., Rocha, T. R., Viana, E. A. S., … Caires, P. T. P. R. C., & CARVALHO, l. C. de. (2021) Doença de Chagas: aspectos clínicos, epidemiológicos e fisiopatológicos. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 13, 2178 – 2091.
Dias, J. C. P. (2001). Doença de Chagas, Ambiente, Participação e Estado. Cadernos de Saúde Pública, 17, 165-169,2001.
Dias, J. C. P., Ramos Jr, A. N., Gontijo, E. D., Louquetti, A., Shikanal-Yasuda, M. A., Couro, J. R., … Almeida, E. A., & Alves, R. V. (2015). 2° Congresso Brasileiro em Doença de Chagas. Epidemiologia. Serv. Saúde, 25, 2237-9622.
Fiocruz. (Data desconhecida). Doença de Chagas.
Lima, G. B. de., Simioni, P. U., Amaral, M. A. R. de., Oliveira, R. C., & Berro, E. (2019). Métodos de Prevenções e Tratamentos para a Doença de Chagas. Revista Ciência & Inovação – FAM. 4, 1.
Meurer, I. R., & Coimbra, E. S. (2022). Doenças Tropicais Negligenciadas e o seu Contexto no Brasil. Revista HU Revista, 48, 123 – 142.
Ministério da Saúde. (2021, de abril). Boletim Especial de Doença de Chagas (Número Especial).
Ministério da Saúde. (2022, de abril). Boletim Especial de Doença de Chagas (Número Especial).
Ministério da Saúde. (Data desconhecida). Doença de Chagas.
Morais Reis, A. C. S. de., Borges, D. P. L., D’ Ávila, V. G. de F. C., Barbosa, M. S., Ternes, Y. M. F., Santiago, S. B., & Santos, R. da S. (2016) O Cenário de Políticas Públicas do Brasil Diante das Doenças Negligenciadas. SAÚDE E CIÊNCIA EM AÇÃO – Revista Acadêmica do Instituto de Ciências e Súde, 3, 1, 2447-9330.
Nascimento, J. I. A. (2021). Aspectos Gerais Sobre a Doença de Chagas. Doenças Infecciosas e Parasitárias no Contexto Brasileiro (105-113). Campina Grande, PB: Editora Ampla.
Santos, A. M. da S. Almeida, J. C., & Villa-Verde, D. M. S. (2021). Doença de Chagas Transmitida por Via Oral no Brasil. Rev. Episteme Transversalis, 12, 2, 246-275.
Silva, P.L.N. (2021). Impacto do Déficit de Investimentos para o Tratamento da Doença de Chagas no Brasil: Revisão Narrativa. Revista Nursing, 24, 5514 – 5521.
Silva, P. L. N., Barbosa, F. J. O., Soares, V. H. M., Miranda, F. B., Galvão, A. P. F. C., & Alves, C. dos r. (2021). Impacto do Déficit de Investimentos para o Tratamento da Doença de Chagas no Brasil: revisão narrativa. 24, 5514 – 5529.
Simões, M. V., Schmidt, A., & Tanaka, D. M. (2016). Aspectos imunológicos da Infecção por Trypanosoma Cruzi – persistência do parasita e autoimunidade. Ver. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, 26, 240- 245.
1Centro Universitário Mauá de Brasília. Núcleo de Ciências da Saúde. Brasília, DF, Brasil. Quadra 2, conjunto A, n° 18, Gama, Brasília – DF, Brasil, 72415-101. 61 98548-7403. andressatorrees@gmail.com.
2Centro Universitário Mauá de Brasília. Núcleo de Ciências da Saúde. Brasília, DF, Brasil.