MEDICINA COMPLEMENTAR COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DO CÂNCER

COMPLEMENTARY MEDICINE AS AN ALTERNATIVE IN THE TREATMENT OF CÂNCER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7741906


Francisca Teles Fortaleza1
Mariana Vieira de Melo Bezerra2
Mairla Pitombeira da Franca Alencar3
Davi Oliveira Bizerril4
Ana Elizângela do Monte Almeida5
Eveline Lima Maia6
Mirena Maria de Noronha Viana7
Diana Monte Coelho Aguiar8
Sanmara Farias de Vasconcelos9
Luiza Josilei Farias Santiago Paiva10
Germana Alves dos Santos11
Mary Anne Medeiros Bandeira12


RESUMO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define planta medicinal como sendo todo e qualquer vegetal que possui substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos.  Como nos casos do câncer, em sua grande maioria, é considerado como um dos problemas mais desafiadores da medicina, sendo uma das alternativas o uso de plantas medicinais, como por exemplo o Pau D’Arco (Handroanthus avellanedae (Lorentz Ex Griseb) Mattos), também muito conhecida como Ipê Roxo. Esta espécie tem como principais constituintes as naftoquinonas lapachol e β-lapachona, com atividade antineoplásica, sendo que nos ensaios de avaliação farmacológica de atividade antitumoral, as preparações feitas com o extrato da planta (complexo fitoterápico) se mostraram mais eficazes do que aquelas feitas com qualquer de seus princípios ativos, isoladamente, indicando a existência de uma ação sinérgica entre seus componentes. Foi realizada revisão de escopo, onde pode verificar que a medicina complementar enfatizando o uso de plantas medicinais são comprovadas cientificamente na sua eficácia contra a neoplasia e na diminuição da sintomatologia do tratamento agressivo, porém é necessário que os pacientes sejam acompanhados para correto uso desses medicamentos fitoterápicos.

Palavras-chave: plantas medicinais; neoplasias; pau d’arco; ipê roxo; neoplasia.

ABSTRACT

The World Health Organization (WHO) defines a medicinal plant as any plant that has substances that can be used for therapeutic purposes. As in most cases of cancer, it is considered one of the most challenging problems in medicine, one of the alternatives being the use of medicinal plants, such as Pau D’Arco (Handroanthus avellanedae (Lorentz Ex Griseb) Mattos) , also known as Ipê Roxo. This species has as main constituents the naphthoquinones lapachol and β-lapachone, with antineoplastic activity, and in the tests of pharmacological evaluation of antitumor activity, the preparations made with the extract of the plant (phytotherapeutic complex) proved to be more effective than those made with any of its active principles, separately, indicating the existence of a synergistic action between its components. A scope review was carried out, where it was possible to verify that complementary medicine emphasizing the use of medicinal plants are scientifically proven in their effectiveness against neoplasia and in reducing the symptoms of aggressive treatment, but it is necessary that patients are monitored for the correct use of these drugs. herbal medicines.

Keywords: medicinal plants; neoplasms; pau d’arco; purple IPE; neoplasm.

INTRODUÇÃO

O câncer é considerado um problema de saúde pública e uma patologia que ainda continua sem a certeza de cura, adquirindo assim o estigma de terminalidade (VANINI, 2011). As neoplasias referem-se ao crescimento anômalo de células teciduais, que culminam no aparecimento de tecidos tumorais, em qualquer parte do corpo humano. Pode ser entendida como proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma; na qual, células reduzem a capacidade de diferenciação, em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celular. Estudos vêm demonstrando que a utilização de plantas, pode estimular células e atuar como forma alternativa no tratamento de certas doenças, como o câncer (HIGA, 2007).

Sabe-se que a quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia, a imunoterapia e a intervenção cirúrgica são as formas terapêuticas mais promissoras no tratamento do câncer. Mas além desses tratamentos convencionais, no Brasil, há uma forte tendência à utilização de tratamentos alternativos paralelos aos tratamentos convencionais. Uma dessas alternativas é o uso da planta medicinal Pau D’arco, também muito conhecida popularmente como Ipê Roxo (HIGA, 2007).

As três espécies sul-americanas frequentes no Brasil, recebem no Nordeste a denominação comum de Pau d’Arco, adjetivada conforme a cor de suas flores pelas designações de Pau d’Arco roxo, Pau d’Arco amarelo e Pau d’Arco rosa. São conhecidos como Ipês, principalmente nos estados sulinos (MATOS, 2007). 

O Pau d’Arco roxo (Ipê-roxo) é tido como poderoso auxiliar no combate a determinados tipos de tumores cancerígenos. É usado também como analgésico, anti-inflamatório, antifúngico e antibiótico e como auxiliar no tratamento de doenças estomacais e da pele. Como princípios ativos, destacam-se as quinonas, naftoquinonas (lapachol, β-lapachona), taninos e flavonoides, com reconhecida ação anti-inflamatória, analgésica, antibiótica e antineoplásica.  Segundo a literatura, diversos compostos fenólicos demonstram a possibilidade de inibição de oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), assim como também apresentam capacidade de capturar radicais como hidroxila, peroxila, superóxido, óxido nítrico e DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (10). Os efeitos protetores dos flavonoides em sistemas biológicos são descritos pela sua capacidade de transferir elétrons dos radicais livres, quelar metais, ativar enzimas antioxidantes e inibir oxidases (OLIVEIRA, 2022).

O uso do lapachol no Brasil conta com uma longa história, culminando no seu uso como anticâncer através do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE).  O lapachol é uma naftoquinona isolada de uma fonte natural, o cerne do lenho de árvores da família do ipê (Tabebuia spp., Bignoniaceae), com um rendimento variado entre 1 e 7% em massa, dependendo da espécie e de outros fatores como a região e a sazonalidade.2 O conhecimento deste produto natural data de 1858 e seu estudo químico possui notório volume de publicações devido aos trabalhos pioneiros de S. C. Hooker bem como publicações póstumas feitas por L. F. Fieser, apresentando uma série de artigos contendo resultados de trabalhos de Hooker (BARBOSA, 2013). 

O objetivo deste estudo foi identificar a importância da medicina complementar e do ipê roxo como tratamento para o câncer.

METODOLOGIA

A revisão de escopo consolidou-se por meio da coleta e seleção de artigos científicos encontrados nas bases de dados eletrônicos Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Cochrane, literatura cinzenta: Google Acadêmico, no período dos últimos cinco anos (2017 a 2022). A estratégia de busca adotada em cada base de dados, descritores/palavras-chave utilizados e as referências selecionadas estão descritas no (Quadro 1). 

As bases de dados utilizadas foram: SciELO, Cochrane e o portal Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nos últimos 05 anos onde foram usadas na pesquisa os descritores do DeCS/MeSH/Palavras-chave: plantas medicinais; medicina alternativa e neoplasias; com o conector AND, para dar mais ênfase a pesquisa. 

Foram escolhidos como critério de inclusão: trabalhos que tivessem no período de 2017 a 2022, idiomas em inglês e português que fossem publicados na íntegra. Os critérios de exclusão foram: que não estivessem no tema objetivo de estudo, trabalhos que não estivessem a domínio público e estudos que fossem TCC, monografia, dissertações, resumos, cartas e teses.

As equações de busca estão descritas no Quadro 1, no qual constam como Base de Dados o Google Acadêmico, BVS e Cochrane com suas respectivas equações e número de estudos.

Quadro 1- Equações de busca

Fonte: próprio autor, 2022.

Após as buscas serem realizadas, obteve-se os seguintes resultados:  inicialmente foram encontrados 489 estudos. Aplicados os critérios de inclusão, foram excluídos 366 que não atendiam os critérios de inclusão, restando assim 123 estudos para serem avaliados inicialmente pelo título. Desses 123 estudos, foram excluídos 96 artigos, onde não estavam dentro do tema proposto e após lido os resumos, restaram 16 estudos, que foram incluídos na revisão de escopo. O processo de seleção dos estudos está descrito no fluxograma (Figura 1).

Posteriormente foi feita uma descrição analítica, a qual diz respeito ao corpus (qualquer material textual coletado) submetido ao estudo aprofundado de acordo com o tema do objeto de estudo, orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos juntamente com os dados obtidos através da análise quantitativa realizada para associação e aprofundamento temático. 

Figura 1- Fluxograma Prisma adaptado para Revisão de Escopo

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os 14 artigos selecionados para fazer parte desta revisão de escopo foram mapeados por meio de um quadro (Quadro 2) com as seguintes informações: autor/ano de publicação; título; revista de publicação; tipo de estudo; objetivo.

Quanto ao tipo de estudo, verificou-se uma prevalência maior de estudos como revisão de literatura. Os artigos estão disponíveis em inglês e português, em um período de 2017-2022. Observou-se também que a maioria dos estudos incluídos nessa revisão foram publicados mais recentemente.

Quadro 2- Principais dados dos estudos incluídos na Revisão de Escopo

Autor/AnoTítulo RevistaTipo de EstudoObjetivo
Luo e Asher (2017)Complementary and Alternative Medicine Use at a Comprehensive Cancer Center.                  Integr Cancer TherPesquisa Transversal quanti.Definir o uso de CAM por pacientes com câncer e investigar fatores que possam influenciar as mudanças no uso de CAM em relação ao diagnóstico de câncer.
Souza (2017)Avaliação da atividade antimicrobiana do extrato de ipê roxo (Handroanthus impetiginosus) em Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.Dissertação/UNBEstudo clínico.Avaliar a atividade antibacteriana in vitro do extrato de Ipê Roxo (Handroanthus impetiginosus) frente às bactérias Staphylococcus aureus ATCC 29213 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853.
Guinátios (2018)O uso de plantas medicinais na comunidade de Catuné-MG.Repositório UFFEntrevistas/análise quali. O presente trabalho teve como objetivo o conhecimento da utilização de plantas medicinais no distrito do Catuné, que está localizado na área da Zona da Mata Mineira no município de Tombos-MG. 
Nunes et al. (2019)Avaliação da Atividade Antitumoral do |Ipê roxo: uma Revisão. Congresso Internacional em saúde. Revisão de Literatura.Avaliar os potenciais efeitos terapêuticos e colaterais do Ipê-roxo no tratamento de câncer.
Dantas et al. (2019)Relatos de experiências sobre o uso de plantas antitumorais na comunidade de Servos de Maria do Bom Jesus. Revista AJESRelato de experiência.Estudar plantas antitumorais e viabilizar uma orientação segura e gratuita a pessoas portadoras de câncer e a população em geral, quanto ao uso adequado das plantas, tendo em vista as propriedades medicinais e tóxicas das mesmas. 
Zardeto-Sabec et al. (2019)Plantas medicinais com alternativa no tratamento do câncer.Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR.Revisão de literatura.Relatar o uso de plantas, como terapia complementar no tratamento de cânceres, sendo o mesmo relevante devido ao grande número de pessoas que são acometidas por variados tipos de neoplasias.
Silva (20200O uso de plantas medicinais por pacientes em tratamento oncológico.Repositório UNIUBERevisão de literatura.O objetivo deste estudo é fazer uma revisão bibliográfica para avaliar o uso de plantas medicinais associada ao tratamento convencional em pacientes oncológicos.
Labid et al. (2020)Use of complementary and alternative medicine in cancer: A Tunisian single-center experience.Bull CancerEstudo observacional.Explorar o uso de medicina complementar e alternativa (CAM) e identificar seus efeitos colaterais, quando usados em pacientes com câncer
Neto et al. (2020)Plantas Arbóreas do Semiárido Utilizadas como alternativa terapêutica em Nova Palmeira-PB.Congresso Internacional da Universidade do Semiárido.Relato de experiência/Revisão integrativa.Apresentar a experiência da Oficina de Remédios Caseiros Irmã Consuelo do Centro de Educação Popular em Nova Palmeira PB, com a utilização de plantas medicinais nativas do semiárido paraibano como alternativa terapêutica.
Hubner et al. (2021)Complementary Medicine in the Treatment of Cancer Patients.Dtsch Arztebl IntRevisão Sistemática.Identificar quais os tipos de medicina alternativa que mais são usadas no tratamento do câncer.
Feitosa, Terra e Grasseli (2021)Plantas Medicinais e seus Compostos com Potencial Terapêutico no Tratamento do Câncer: Revisão IntegrativaRev. bras. cancerolRevisão Integrativa.Identificar as plantas medicinais e os compostos com possível ação no processo de tratamento do câncer.
Brito et al. (2021)Anti-inflammatory and cicatrizing properties of the Tabebuia genus: A review.RSDRevisão de literatura.O objetivo do presente estudo foi reunir artigos sobre as propriedades cicatrizantes e terapêuticas de espécies pertencentes ao gênero Tabebuia spp.
Sachez-Aguirre et al. (2021)Bioethical considerations for scientific research on medicinal plants against cancer in Mexico.Rev. latinoam. bioétGuia de prática clínica/ revisão de literatura.Revisar aspectos bioéticos em estudos científicos de plantas usadas na medicina tradicional para o tratamento do câncer no México.
Wolf et al. (2022)Complementary and alternative medicine (CAM) supplements in cancer outpatients: analyses of usage and of interaction risks with cancer treatment..J Cancer Res Clin OncolAnálise quanti/ estudo prognóstico.O objetivo do estudo foi analisar o uso de suplementos de medicina complementar e alternativa (CAM), identificar possíveis preditores e analisar e compilar possíveis interações de suplementos de CAM com a terapia convencional do câncer.

Fonte: autoria própria, 2022.

Apesar do uso significativo de Medicina Complementar Alternativa (CAM) entre pacientes com câncer, as evidências da eficácia permanecem limitadas. Estudos de alta qualidade demonstram que algumas terapias CAM, como as práticas de meditação, yoga, acupuntura e terapia de ervas, podem ter alguns benefícios em pacientes com câncer, mas os estudos sobre o uso de CAM em pacientes com câncer ainda são limitados. Além disso, há pouca informação sobre a segurança do uso de CAM em pacientes com câncer; portanto, é importante que os pacientes conversem com seus médicos antes de começar qualquer terapia alternativa (LUO; ASHER, 2016).

Os resultados desde um estudo realizado por Wolf, sugerem que o uso de suplementos de CAM entre pacientes com câncer é comum e que existe uma conexão entre o uso de suplementos de CAM e potenciais interações com o tratamento convencional do câncer. Os médicos devem abordar os riscos de interações na comunicação médico-paciente, documentar o uso de suplementos MCA nos registros dos pacientes e verificar as interações para aumentar a segurança do paciente (WOLF et al., 2021).

A pesquisa sobre novos agentes antimicrobianos baseada em extratos vegetais é de extrema importância para o desenvolvimento de novas terapias capazes de controlar a resistência bacteriana. O extrato de Ipê Roxo (Handroanthus impetiginosus) mostrou possuir ação microbiana distinta sobre as bactérias Staphylococcus aureus ATCC 29213 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, sendo que a concentração de 4 mg/mL pelo método de maceração, demonstrou ser a mais eficaz. Estes resultados podem ser úteis para o desenvolvimento de novos tratamentos para infecções bacterianas resistentes aos fármacos existentes atualmente (SOUSA, 2017).

O Ministério da Saúde tem incentivado a realização de estudos com plantas medicinais, visando ao desenvolvimento de novas fórmulas farmacêuticas que possam ser usadas para o tratamento de doenças, a partir da identificação de suas propriedades medicinais, bem como a validação de seus resultados. Esses estudos são realizados por meio de pesquisas e experimentações em laboratórios, que avaliam os resultados obtidos a partir da administração de substâncias ativas presentes nas plantas medicinais. A etnofarmacologia, que é a ciência que estuda as propriedades medicinais das plantas, tem sido usada para desenvolver novas formulações farmacêuticas, a partir do conhecimento adquirido sobre as plantas medicinais (GUINATIOS, 2018).

Os resultados dos estudos sugerem que a β-lapachona e o lapachol têm um efeito inibitório significativo na proliferação de células cancerígenas. Os estudos realizados com o Ipê-roxo demonstram que os metabólitos secundários da planta possuem propriedades antitumorais promissoras. Embora os mecanismos exatos de ação ainda não estejam bem estabelecidos, alguns estudos sugerem que os metabólitos podem atuar inibindo a enzima ciclooxigenasa (COX) e inibindo a síntese de prostaglandinas, o que pode levar à inibição da proliferação de células cancerígenas. Outros estudos sugerem que os metabólitos do Ipê-roxo também podem atuar induzindo a morte celular (NUNES et al., 2019; BRITO et al., 2021).

Outro exemplo importante é o ácido elágico, extraído da casca do fruto da amora-preta (Rubus fruticosus). O ácido elágico é um agente anti-inflamatório, antioxidante, anticancerígeno, antienvelhecimento e antialérgico que foi usado para tratar câncer de mama, câncer de próstata, leucemia e melanoma. O ácido elágico também tem sido usado como um agente preventivo contra o câncer. O óleo de prímula (Oenothera biennis) também tem efeitos anticancerígenos. Ele contém ácidos graxos essenciais como ácido linoleico (ômega-6) e ácido linolênico (ômega-3) (FEITOSA; TERRA; GRASSELI, 2021; ZARDETO-SABEC et al., 2019).

Além do fitofármaco Taxol (paclitaxel), alcalóide diterpênico, isolado originalmente da casca do Teixo (Taxus bevifolia) outros alcalóides são usados no tratamento do câncer, como a camptotecina e a topotecana, que são quimioterápicos usados para tratar diversos tipos de câncer, como leucemia, linfoma e tumores sólidos. Estes dois fitofármacos são biossintetizados pela planta Camptotheca acuminata, conhecida como árvore da felicidade. Eles são usados para destruir células cancerígenas e impedir o crescimento de novos tumores. Outros dois alcalóides (alcalóides da Vinca), vimblastina e vincristina, isolados de planta Catharanthus roseus são usados na oncologia como anticancerígenos. A vimblastina é mais efetiva no tratamento de câncer de testículos, bexiga, linfoma, mama ou sarcoma de Kaposi e cérvico-uterino. A vincristina é indicada para linfomas não-Hodgkin, linfoma Hodgkin, leucemia aguda, e como coadjuvante no tratamento de rabdomiossarcoma, neuroblastoma e nefroblastoma. (ZARDETO-SABEC et al., 2019).

Desta maneira, o ipê-roxo como recurso medicinal é amplamente empregado para o tratamento de inflamações, cicatrizações, doenças parasitárias e neoplasias. O lapachol é o princípio ativo mais estudado desta espécie, tendo se mostrado eficaz para o tratamento de tumores e infecções respiratórias como bronquite, alergias, sinusites e asma (SANCHEZ-AGUIRRE et al., 2021). Além das naftoquinonas, outros metabólitos secundários presentes na espécie apresentam eficácia terapêutica como as quinonas, flavonóides, alcalóides e terpenóides. Portanto, o ipê-roxo possui grande importância como recurso medicinal natural, pois possui compostos ativos com potencial para o tratamento de diversos tipos de doenças (NETO et al., 2020).

Alguns estudos relatam sobre o uso de várias outras plantas medicinais. Um estudo realizado por Silva e colaboradores (2020), mostra a relação do uso das plantas medicinais com o câncer (Figura 3).

Figura 3- Relação de plantas medicinais com o câncer

Fonte: Silva, 2020, p. 22

Portanto, é necessário que a comunidade científica identifique e valide as plantas medicinais, para que elas possam ser usadas de forma adequada no tratamento do câncer. Ao mesmo tempo, as pessoas envolvidas nesses estudos devem observar os princípios básicos da bioética, que incluem autonomia, não-maleficência, beneficência e justiça. O cumprimento desses princípios é importante para garantir que os estudos científicos sejam realizados de maneira ética e que os resultados obtidos sejam usados da melhor maneira possível para o tratamento do câncer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fitoterapia, ou seja, o uso de plantas medicinais para tratar doenças, é uma técnica que vem sendo utilizada há muitos séculos e tem demonstrado ser uma opção eficaz para o tratamento do câncer. Algumas plantas têm sido usadas para prevenir e tratar o câncer, pois elas contêm substâncias ativas que combatem as células cancerosas. A fitoterapia pode ser usada como tratamento complementar ao tratamento convencional, aumentando a eficácia do tratamento e minimizando os efeitos colaterais. Por esta razão, ela tem sido cada vez mais utilizada como forma de tratar o câncer.

Uma das principais vantagens do uso de plantas medicinais em tratamentos de câncer é o fato de que elas são menos agressivas para o organismo, apresentando menos possíveis efeitos colaterais que as terapias convencionais. Além disso, as plantas medicinais são naturalmente ricas em nutrientes que podem ajudar no combate ao câncer, como antioxidantes e fitoquímicos.

Outra vantagem que destaca a fitoterapia é a capacidade de combinar a ação de algumas plantas medicinais para tratar os efeitos do câncer e também os efeitos colaterais de outros tratamentos.

REFERÊNCIAS

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FEITOZA, Lais Quelen; DE SOUZA TERRA, Fábio; GRASSELLI, Cristiane da Silva Marciano. Plantas Medicinais e seus Compostos com Potencial Terapêutico no Tratamento do Câncer: Revisão Integrativa. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 67, n. 1, 2021.

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1Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4708-194X
Universidade Federal do Ceará
2Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9125-182X
Universidade Estadual do Ceará
3Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1903-9234
UNIASSELVI
4Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4547-4130
Universidade de Fortaleza
5Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4099-587X
Universidade Estadual do Ceará
6Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1730-2094
Universidade Estadual do Ceará
7Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6269-1204
Universidade Estadual do Ceará
8Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7080-5109
Universidade Vale do Acaraú
9Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1568-8103
Universidade Vale do Acaraú
10Orcid: https://orcid.org/0009-0009-2931-1690
Universidade Estadual do Ceará
11Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0688-8197
Universidade Estadual do Ceará
12Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4301-4739
Universidade Federal do Ceará