MATERNIDADE INFANTIL NA NUTRIÇÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501311527


Francisco Xavier Martins Bessa1


RESUMO 

A amamentação é central para a saúde e desenvolvimento dos bebês, oferecendo  benefícios nutricionais, imunológicos e psicossociais. O leite materno fornece todos  os nutrientes necessários para o crescimento nos primeiros meses de vida. Objetivou-se, com isso, averiguar a importância da nutrição adequada durante a gestação e a  primeira infância, destacando seu impacto no desenvolvimento saudável da criança e  na saúde materna. No eixo metodológico, aplicou-se uma revisão bibliográfica de  cunho qualitativo. Os resultados ressaltaram a importância da amamentação exclusiva  nos primeiros meses de vida para promover um desenvolvimento saudável, sobretudo  da fala e linguagem, além de oferecer benefícios significativos para a saúde materna  e infantil. Concluiu-se que a amamentação favorece o desenvolvimento adequado da  musculatura orofacial, melhorando a clareza da articulação da fala e a capacidade de  compreensão e produção de linguagem em crianças. Adicionalmente, enfatizou-se a  relevância da amamentação como uma prática essencial para a saúde e crescimento  infantil, ressaltando a responsabilidade do nutricionista no apoio a esse processo e na  promoção do sucesso na amamentação. 

Palavras-chave: Nutrição Materno-Infantil. Amamentação. Deficiências Nutricionais.  Desenvolvimento Infantil. Saúde Gestacional.

ABSTRACT 

Breastfeeding is essential for the health and development of babies, offering  nutritional, immunological and psychosocial benefits. Breast milk provides all the  nutrients necessary for growth in the first months of life. The aim of this study was to  assess the importance of adequate nutrition during pregnancy and early childhood,  highlighting its impact on the healthy development of the child and on maternal health.  In the methodological axis, a qualitative literature review was applied. The results  highlighted the importance of exclusive breastfeeding in the first months of life to  promote healthy development, especially of speech and language, in addition to  offering significant benefits for maternal and child health. It was concluded that  breastfeeding favors the adequate development of orofacial muscles, improving the  clarity of speech articulation and the ability to understand and produce language in  children. Additionally, the relevance of breastfeeding as an essential practice for child  health and growth was emphasized, highlighting the responsibility of the nutritionist in  supporting this process and promoting successful breastfeeding.

Keywords: Maternal and Child Nutrition. Breast-feeding. Nutritional Deficiencies.  Child Development. Gestational Health.

1. INTRODUÇÃO  

A amamentação é um dos pilares fundamentais para a saúde e o  desenvolvimento infantil, destacando-se como uma prática indispensável para o bem estar do recém-nascido. O ato de amamentar oferece uma gama de benefícios que  vão além da simples nutrição, abrangendo aspectos imunológicos, psicológicos e  sociais que são essenciais para o início da vida de uma criança. Seu impacto positivo  é amplamente reconhecido por profissionais de saúde e pela comunidade científica,  que destacam suas contribuições para a formação de uma base sólida de saúde para  as crianças. 

O leite materno é considerado o alimento ideal para os bebês, fornecendo, de  maneira equilibrada, todos os nutrientes necessários para o seu crescimento e  desenvolvimento nos primeiros meses de vida. Sua composição única e adaptada às  necessidades da criança proporciona não apenas uma nutrição completa, mas  também fortalece o sistema imunológico, protegendo contra diversas doenças e  infecções. O leite materno contém uma variedade de anticorpos e células de defesa  que ajudam a prevenir enfermidades, o que é particularmente importante nos  primeiros meses, quando o sistema imunológico do bebê ainda está em processo de  maturação (TANCREDI et al., 2022). 

Além dos benefícios nutricionais e imunológicos, a amamentação desempenha  um papel crucial no vínculo emocional entre mãe e filho. Esse contato físico durante  a amamentação favorece a criação de laços afetivos fortes e promove o  desenvolvimento emocional e psicológico da criança. A interação direta e o toque  constante contribuem para o conforto e segurança do bebê, proporcionando uma  sensação de proteção que é vital para seu desenvolvimento psicológico (DENUCCI;  MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

No paradigma psicossocial, a amamentação também exerce um impacto  significativo. Ela oferece um momento de intimidade e conexão entre mãe e filho,  fortalecendo a relação de confiança e afetividade. Este aspecto da amamentação vai além da nutrição, sendo um fator de apoio emocional para a criança, especialmente  nos primeiros meses de vida, quando o bebê se encontra mais dependente do cuidado  materno para o seu desenvolvimento integral (SILVA, 2021). 

Além de ser facilmente digerido, o leite materno contém uma combinação única  de proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais que são perfeitamente  balanceados para atender às necessidades do bebê. Esse equilíbrio nutricional  contribui para um desenvolvimento físico saudável e protege contra diversas doenças  (FRAGA, 2023). 

Do ponto de vista imunológico, a amamentação agrega uma proteção  significativa contra infecções e doenças. O leite materno contém anticorpos, células  imunológicas e outros componentes bioativos que ajudam a fortalecer o sistema  imunológico do bebê. Estudos têm mostrado que crianças amamentadas têm menores  incidências de infecções respiratórias, gastrointestinais e otites médias (SILVA, 2021). 

Além disso, a amamentação está associada a uma menor incidência de  doenças crônicas a longo prazo, como obesidade, diabetes tipo 1 e tipo 2, e certas  formas de câncer infantil (TANCREDI et al., 2022). Psicossocialmente, a  amamentação promove um vínculo estreito entre mãe e filho, essencial para o  desenvolvimento emocional e social do bebê. O contato pele a pele, o olhar e a  interação durante a amamentação favorecem o apego seguro, que é crucial para o  desenvolvimento emocional saudável (DENUCCI; MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

Este vínculo oferece conforto e segurança ao bebê, à medida que também  fortalece a confiança e a autoestima maternas, contribuindo para uma melhor saúde  mental da mãe. Inclusive, a amamentação exclusiva tem sido associada a melhores  resultados de saúde mental para a mãe, incluindo uma menor incidência de depressão  pós-parto (LAWDER et al., 2019).  

A escolha de investigar a relação entre a amamentação e o desenvolvimento  das crianças se justifica pela relevância progressiva que este tema tem adquirido nos  campos da saúde infantil e da nutrição. A amamentação é uma prática amplamente  recomendada por organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde  (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), devido aos seus  comprovados benefícios para a nutrição, o sistema imunológico e o vínculo afetivo  entre mãe e filho. Todavia, a literatura ainda apresenta lacunas no que diz respeito à  compreensão dos mecanismos pelos quais a amamentação pode influenciar o  desenvolvimento das habilidades das crianças.

O objetivo geral é averiguar a importância da nutrição adequada durante a  gestação e a primeira infância, destacando seu impacto no desenvolvimento saudável  da criança e na saúde materna. Quanto aos objetivos específicos, estimou-se  caracterizar a literatura científica existente sobre os benefícios da amamentação para  o desenvolvimento da fala e linguagem em crianças, identificando as principais teorias  e evidências empíricas, comparar os efeitos entre crianças amamentadas e não  amamentadas, para identificar possíveis correlações e diferenças significativas, e  explorar os mecanismos biológicos e psicossociais pelos quais a amamentação pode  influenciar o desenvolvimento das habilidades de comunicação, incluindo o  fortalecimento dos músculos orofaciais e a interação mãe-bebê, com ênfase na  nutrição nesta fase. 

De forma complementar a seguinte questão-problema norteia esta pesquisa:  Como a nutrição adequada durante a gestação e a primeira infância influencia o  desenvolvimento saudável da criança e a saúde materna, e quais são as principais  intervenções para prevenir deficiências nutricionais nesse período? 

2. MÉTODOS 

Este estudo incorpora uma abordagem metodológica qualitativa por meio de  uma revisão bibliográfica exploratória. A pesquisa foi conduzida com foco em  identificar e analisar obras publicadas nos últimos cinco anos, garantindo que os  dados analisados fossem atuais e relevantes ao tema proposto. 

Foram definidos critérios de inclusão e exclusão para a seleção dos materiais,  priorizando artigos e documentos disponíveis em português e inglês, com texto  completo e diretamente relacionados ao tema. Foram descartados materiais que não  apresentavam relação clara com o objeto de estudo, que estavam fora do recorte  temporal ou que não atendiam aos critérios linguísticos estabelecidos. 

A análise comparativa foi utilizada para identificar pontos de convergência e  divergência entre os materiais selecionados, permitindo a identificação de padrões e  lacunas no conhecimento atual. Essa abordagem possibilitou uma visão abrangente  das informações, contribuindo para uma análise detalhada e embasada do tema em  estudo. 

As fontes utilizadas foram predominantemente artigos científicos e documentos  acadêmicos obtidos em bases de dados como Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico. Os termos de busca incluíram palavras-chave como  “nutrição materno-infantil”, “amamentação”, “deficiências nutricionais”,  “desenvolvimento infantil” e “saúde gestacional”, garantindo a ampla cobertura dos  aspectos centrais relacionados ao tema. 

3. DESENVOLVIMENTO  

3.1 A Amamentação e seus Benefícios do Ponto de Vista Nutricional 

A amamentação, considerada uma das práticas mais importantes no cuidado  infantil, é o ato de alimentar um bebê com leite materno diretamente do seio da mãe.  Esse processo, que se estabelece nos primeiros momentos de vida do bebê, é muito  mais do que uma simples forma de nutrição, tratando-se de um momento de conexão  profunda entre mãe e filho, que proporciona inúmeros benefícios para a saúde e o  desenvolvimento de ambos (FRAGA, 2023). 

A notoriedade da amamentação para a saúde materna e infantil é amplamente  reconhecida pela comunidade médica e científica. Para os bebês, o leite materno é  uma fonte completa e balanceada de nutrientes, fornecendo todos os elementos  essenciais para um crescimento saudável nos primeiros meses de vida. Aliás, o leite  materno contém anticorpos e outros componentes imunológicos que ajudam a  proteger o bebê contra infecções e doenças, fortalecendo seu sistema imunológico de  forma única e incomparável (LAWDER et al., 2019). 

Para as mães, a amamentação também traz uma amplitude de pontos  benéficos para a saúde. Durante a amamentação, o organismo feminino libera  hormônios que promovem a contração do útero, auxiliando na recuperação pós-parto  e na redução do risco de hemorragia pós-parto. Não obstante, a amamentação  exclusiva pode ajudar na perda de peso pós-gravidez e na prevenção de doenças  como o câncer de mama. Ao mesmo tempo, o ato de amamentar fortalece o vínculo  emocional entre mãe e filho, proporcionando um momento íntimo de conexão e  carinho que contribui para o bem-estar emocional de ambos (AROCA, 2022). 

Outrossim, a amamentação é muito mais do que uma simples forma de  alimentação, tratando-se de um ato de amor e cuidado que proporciona uma série de  benefícios para a saúde e o desenvolvimento infantil, além de fortalecer o vínculo  emocional entre mãe e filho. Seus efeitos positivos se estendem para além dos primeiros meses de vida, contribuindo para a saúde e o bem-estar ao longo da vida.  Por isso, é demandando que sejam incentivadas práticas que apoiem e promovam a  amamentação como parte integrante do cuidado infantil (SILVA, 2021). 

Os benefícios nutricionais do leite materno são amplamente reconhecidos  como elementares para o crescimento e desenvolvimento saudável dos bebês nos  primeiros meses de vida. A composição do leite materno é adaptada às necessidades  específicas do bebê em diferentes estágios de desenvolvimento, fornecendo uma  combinação única de nutrientes essenciais que não pode ser completamente  replicada por fórmulas infantis (TANCREDI et al., 2022). 

Logo, o leite materno é um alimento extraordinariamente completo e  fundamental para o desenvolvimento inicial do bebê. Sua composição é rica em  proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais, todos essenciais para o  crescimento e amadurecimento das diversas funções fisiológicas do recém-nascido (NHANCALE, 2022). Segundo Denucci, Martins e Barcelos (2020), esses  componentes nutricionais desempenham um papel crucial no desenvolvimento do  sistema nervoso, imunológico, além de promoverem o fortalecimento dos ossos e  músculos do bebê. Esse conjunto de nutrientes é vital, pois oferece ao bebê tudo o  que ele precisa para crescer de forma saudável durante os primeiros meses de vida,  um período de rápido desenvolvimento. 

Além dos nutrientes essenciais, o leite materno contém uma variedade de  enzimas, hormônios e fatores de crescimento que são determinantes para a  maturação dos sistemas digestivo e imunológico do bebê. Esses elementos ajudam o  bebê a processar melhor os nutrientes, promovendo uma absorção eficiente e,  consequentemente, contribuindo para o seu fortalecimento geral. De acordo com os  autores citados, a presença desses componentes no leite materno desempenha um  papel importante na proteção do bebê contra infecções e doenças, fortalecendo seu  sistema imunológico e tornando-o mais resistente a diversos agentes patogênicos (NHANCALE, 2022). 

Em comparação com as fórmulas infantis, o leite materno apresenta vantagens  notáveis. Enquanto as fórmulas são produzidas de forma padronizada, com o intuito  de atender a uma gama ampla de necessidades nutricionais, o leite materno é um  alimento dinâmico e personalizado (NHANCALE, 2022). Como enfatiza Fraga (2023),  ele é produzido de maneira única para cada bebê, adaptando-se constantemente às  suas necessidades específicas de crescimento e desenvolvimento. Essa adaptação faz com que o leite materno seja a opção mais adequada para a nutrição do bebê,  pois reflete as mudanças no estágio de desenvolvimento da criança, oferecendo  exatamente o que ela precisa em cada fase. 

Outro aspecto primário do leite materno é sua digestibilidade. Ele é mais  facilmente digerido pelo bebê quando comparado às fórmulas infantis, o que resulta  em uma redução significativa de problemas gastrointestinais, como cólicas e  constipação, condições comuns em bebês alimentados com fórmulas. A fácil digestão  do leite materno também contribui para o bem-estar geral do bebê, proporcionando lhe proporciona uma alimentação mais confortável e eficiente, além de garantir o máximo  aproveitamento dos nutrientes ingeridos (NHANCALE, 2022). 

Isto posto, o leite materno se destaca não apenas como a melhor fonte de  nutrição, mas também como um alimento vital para o desenvolvimento saudável do  bebê, com uma série de benefícios que as fórmulas infantis não conseguem replicar  completamente. Ele é, sem dúvida, o alimento ideal para o recém-nascido, oferecendo  proteção, crescimento e desenvolvimento em todas as suas dimensões. 

Conforme evidenciado por Trubian et al. (2021). crianças amamentadas  tendem a ter menor incidência de doenças como infecções respiratórias,  gastrointestinais e alergias, em comparação com aquelas alimentadas com fórmulas  infantis. Aliás, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida está  associado a um menor risco de obesidade infantil e de desenvolvimento de doenças  crônicas, como diabetes tipo 1 e tipo 2 e hipertensão arterial. 

Nesta lógica, a composição única e os benefícios nutricionais do leite materno  destacam sua importância como a melhor fonte de alimentação para bebês nos  primeiros meses de vida. A promoção do aleitamento materno exclusivo é fidedigna  para garantir o crescimento e desenvolvimento saudáveis das crianças e para reduzir  o risco de doenças a longo prazo (AROCA, 2022). 

Os benefícios imunológicos do aleitamento materno são imprescindíveis e  dispõem de um papel fundamental na proteção dos bebês contra uma série de  infecções e doenças. Um dos principais mecanismos pelos quais o leite materno  fortalece o sistema imunológico do bebê é através da transferência de anticorpos de mãe para filho. Durante a amamentação, o leite materno contém uma variedade de  anticorpos específicos para as doenças às quais a mãe foi exposta ao longo da vida.  Esses anticorpos são transferidos para o bebê através do leite materno, fornecendo uma proteção imediata contra uma ampla gama de patógenos (MAGALHÃES;  JORGE, 2023). 

Esta transferência de anticorpos é particularmente importante nos primeiros  meses de vida, quando o sistema imunológico do bebê ainda está em  desenvolvimento e é mais vulnerável a infecções. Os anticorpos presentes no leite  materno ajudam a fortalecer a imunidade do bebê, proporcionando uma defesa  adicional contra infecções respiratórias, gastrointestinais e outras doenças comuns na  infância. Estudos têm demonstrado que crianças amamentadas possuem uma menor  incidência de infecções e um tempo de recuperação mais rápido em comparação com  aquelas alimentadas com fórmulas infantis (NHANCALE, 2022). 

Além da transferência de anticorpos, o leite materno contém uma gama de  outros componentes imunológicos, como células imunológicas, enzimas e fatores de  crescimento, que ajudam a fortalecer o sistema imunológico do bebê de várias  maneiras. Em exemplificação, algumas dessas células imunológicas têm a  capacidade de destruir patógenos diretamente, enquanto outras estimulam a  produção de anticorpos pelo próprio sistema imunológico do bebê. Esses mecanismos  combinados ajudam a proteger o bebê contra infecções e a promover um  desenvolvimento imunológico saudável (TANCREDI et al., 2022). 

Nesta conjectura, a transferência de anticorpos da mãe para o filho durante a  amamentação é apenas um dos muitos mecanismos pelos quais o leite materno  fortalece o sistema imunológico do bebê, proporcionando uma defesa natural e eficaz  contra patógenos. Para tanto, promover e apoiar o aleitamento materno exclusivo nos  primeiros meses de vida é essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos bebês  (LAWDER et al., 2019). 

Os benefícios psicossociais do aleitamento materno são igualmente  importantes, pois vão além da nutrição e da proteção contra doenças, influenciando  significativamente o vínculo emocional entre mãe e bebê e o bem-estar psicológico da  mãe. O ato de amamentar estabelece uma conexão profunda e íntima entre a mãe e  o bebê, promovendo um vínculo afetivo essencial para o desenvolvimento emocional  saudável da criança. Durante a amamentação, ocorre um contato físico próximo entre  mãe e filho, que proporciona conforto, segurança e calor emocional, contribuindo para  a formação de um apego seguro (AROCA, 2022). 

Essa conexão emocional estabelecida durante a amamentação é fundamental  para o desenvolvimento social e emocional do bebê, influenciando sua capacidade de formar relacionamentos interpessoais saudáveis e sua autoestima ao longo da vida  (DENUCCI; MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

Aroca (2022) indica que crianças que têm um vínculo seguro com suas mães  têm maior probabilidade de desenvolver habilidades sociais e emocionais positivas e  de enfrentar melhor os desafios da vida. Indo além dos benefícios para o bebê, o  aleitamento materno também tem um impacto significativo na saúde emocional e  psicológica da mãe. No processo da amamentação, o corpo feminino libera hormônios  como a ocitocina, que promovem uma sensação de calma, relaxamento e bem-estar.  Esses hormônios ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade da mãe, proporcionando  uma experiência de amamentação mais agradável e gratificante (TANCREDI et al.,  2022). 

Paulatinamente, a amamentação promove um sentimento de realização e  confiança na capacidade da mãe de nutrir e cuidar de seu filho, fortalecendo sua  autoestima e sua identidade como mãe. O apoio emocional e o vínculo estabelecido  durante a amamentação também ajudam a reduzir o risco de depressão pós-parto e  outros problemas de saúde mental relacionados à maternidade (DENUCCI;  MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

Isto posto, o estabelecimento de um vínculo afetivo durante a amamentação  promove um desenvolvimento emocional saudável da criança e fortalece a autoestima  e a confiança da mãe em seu papel materno. Portanto, promover e apoiar o  aleitamento materno exclusivo é essencial para garantir não apenas a saúde física,  mas também o bem-estar emocional e psicológico de mães e bebês (AROCA, 2022). 

3.2 Amamentação, Nutrição e Desenvolvimento Orofacial 

O desenvolvimento da fala em crianças se trata de um processo complexo que  passa por várias fases distintas, cada uma delas marcada por habilidades vocais  singulares e marcos de desenvolvimento. Uma das primeiras fases do  desenvolvimento vocal é o estágio pré-linguístico, que ocorre nos primeiros meses de  vida do bebê. Nesta fase, o bebê emite sons não intencionais, como choros,  resmungos e gritos, como forma de comunicação básica de suas necessidades. Esses  sons são reflexos naturais e não estão relacionados à linguagem propriamente dita  (MAGALHÃES; JORGE, 2023).

Conforme o bebê se desenvolve, ele entra na fase do balbucio, que geralmente  ocorre entre os quatro e os seis meses de idade. Durante essa fase, o bebê começa  a produzir uma variedade de sons consonantais e vogais, experimentando diferentes  combinações de sons em sua vocalização. O balbucio é considerado um marco  importante no desenvolvimento da fala, pois indica que o bebê está começando a  explorar e controlar os músculos da boca e da garganta necessários para a produção  de sons da fala (PAGNONCELLI et al., 2019).  

À medida que o bebê se aproxima do primeiro ano de vida, ele atinge o marco  das primeiras palavras, que geralmente ocorre entre os 10 e os 14 meses de idade.  Nesta fase, o bebê começa a associar sons específicos a objetos, pessoas ou eventos  em seu ambiente e a utilizá-los de forma intencional para se comunicar. As primeiras  palavras geralmente são simples e compreensíveis apenas para os cuidadores mais  próximos, mas representam um passo significativo no desenvolvimento da linguagem  (SOUZA; COSTA; MORAES, 2020).  

É válido notar que o desenvolvimento da fala é um processo gradual e contínuo,  e que cada criança progride em seu próprio ritmo. Enquanto alguns bebês podem  começar a balbuciar e a falar palavras mais cedo do que outros, é importante  estabelecer um ambiente estimulante e de apoio para o desenvolvimento da  linguagem em todas as fases. Isso inclui interações verbais frequentes, leitura de  livros, canto de músicas e jogos que estimulem a comunicação verbal e não verbal.  Com o reconhecimento e o apoio às diferentes fases do desenvolvimento da fala, os  cuidadores podem ajudar a promover uma comunicação saudável e eficaz desde os  primeiros meses de vida da criança (AROCA, 2022). 

O desenvolvimento da linguagem é, portanto, um processo robusto que envolve  várias fases distintas, cada uma delas marcada por habilidades específicas de  compreensão e produção linguística. Uma das primeiras habilidades linguísticas que  as crianças adquirem é a compreensão da linguagem, que começa desde o  nascimento (PEREIRA, 2019). 

Mesmo antes de começarem a falar, os bebês são capazes de entender e  responder a estímulos linguísticos, como a voz dos cuidadores, padrões de entonação  e expressões faciais. Essa capacidade de compreensão é essencial para o  desenvolvimento posterior da linguagem e da comunicação, tendo grandes  reverberações das medidas da nutrição (MAGALHÃES; JORGE, 2023).

O desenvolvimento das arcadas dentárias também está relacionado ao  desenvolvimento da fala e da linguagem. Os dentes são elementos cruciais na  produção de sons da fala, ajudando a moldar e direcionar o fluxo de ar da boca para  produzir diferentes fonemas. Ainda mais, a presença de dentes na boca afeta a  maneira como as crianças articulam os sons da fala e como percebem e interpretam  os sons produzidos pelos outros (SOUZA; COSTA; MORAES, 2020).  

Por consequência, a averiguação do desenvolvimento oral e facial dos bebês  nos primeiros estágios da vida depende da compreensão da anatomia orofacial deles.  Isso inclui a análise da estrutura e função dos músculos orofaciais, que são essenciais  para controlar os movimentos relacionados à alimentação, sucção, deglutição e fala  (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Inclusive, a formação das arcadas dentárias, que são essenciais para a  mastigação, fala e o desenvolvimento das estruturas faciais, também é importante.  Para apoiar o desenvolvimento saudável e funcional da fala e da linguagem dos  bebês, é essencial compreender esses elementos (DENUCCI; MARTINS;  BARCELLOS, 2020). 

O ato de sucção também é fundamental para a alimentação e para o  desenvolvimento orofacial dos bebês. Na amamentação, o bebê realiza a sucção ao  seio materno, um processo complexo que envolve uma série de movimentos  coordenados dos músculos orofaciais (PEREIRA, 2019). 

Esse mecanismo de sucção começa com a formação de um vácuo na boca do  bebê, que é criado quando ele fecha os lábios ao redor da aréola e forma um selo  apertado com a língua contra o palato. Em seguida, o bebê faz movimentos de sucção  rítmicos, utilizando a língua para extrair o leite materno dos ductos mamários da mãe  (FRAGA, 2023). 

A sucção ao seio materno é considerada o padrão basilar para alimentação  infantil, pois promove o desenvolvimento saudável dos músculos orofaciais e contribui  para a prevenção de problemas de alimentação, fala e respiração no futuro. Além  disso, a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida está associada a  uma série de benefícios para a saúde do bebê, incluindo uma menor incidência de  infecções, alergias e doenças crônicas (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Em comparação, a sucção em mamadeira envolve um mecanismo diferente e  pode não proporcionar os mesmos benefícios para o desenvolvimento orofacial do  bebê. Durante a alimentação com mamadeira, o bebê pode desenvolver hábitos de sucção não naturais, como a sucção não nutritiva ou a sucção em ritmo acelerado,  que podem afetar negativamente o desenvolvimento dos músculos orofaciais e a  formação adequada do palato. Porém, a amamentação com mamadeira pode resultar  em um maior risco de problemas de alimentação, como a ingestão inadequada de leite  e o refluxo gastroesofágico (PAGNONCELLI et al., 2019). 

É importante ressaltar que, embora a amamentação ao seio materno seja o  ideal para a saúde e o desenvolvimento orofacial dos bebês, nem todas as mães  podem ou optam por amamentar. Nesses casos, a alimentação com mamadeira pode  ser uma alternativa segura e eficaz, desde que seja feita de maneira adequada e  supervisionada por profissionais de saúde qualificados. Contudo, é importante estar  ciente dos possíveis impactos da alimentação com mamadeira no desenvolvimento  orofacial do bebê e tomar medidas para minimizar esses efeitos sempre que possível  (DENUCCI; MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

3.3 Nutrição Infantil e a Interação Mãe-Bebê 

A interação entre mãe e bebê durante a amamentação é um aspecto basilar do  processo de alimentação e dispõe de um papel significativo no desenvolvimento  emocional, social e cognitivo da criança. Uma parte importante dessa interação ocorre  por meio da comunicação não verbal, que inclui uma variedade de expressões faciais,  gestos, contato visual e toque físico (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Na etapa da amamentação, tanto a mãe quanto o bebê estão profundamente  envolvidos nesse intercâmbio de sinais não verbais, que serve para fortalecer o  vínculo afetivo entre eles e promover uma sensação de segurança e conforto para o  bebê (FRAGA, 2023). 

O contato visual é especialmente importante durante a amamentação, pois  permite que a mãe e o bebê estabeleçam e mantenham uma conexão emocional  enquanto se alimentam. O bebê busca naturalmente o olhar da mãe durante a  amamentação, procurando sinais de amor, aprovação e segurança em seus olhos.  Por sua vez, a mãe aproveita esse contato visual para transmitir afeto, tranquilidade e  confiança ao bebê, reforçando o vínculo emocional entre eles (MAGALHÃES; JORGE,  2023). 

Além da comunicação não verbal, a amamentação também garante uma  variedade de estímulos auditivos e visuais para o bebê. O som da voz da mãe, o batimento cardíaco, a respiração e os movimentos rítmicos do corpo durante a  amamentação proporcionam uma sensação de conforto e familiaridade para o bebê,  ajudando a acalmá-lo e a promover um estado de relaxamento. Em contraponto, o  bebê é exposto a estímulos visuais, como o rosto da mãe, seus gestos e expressões  faciais, que são importantes para o desenvolvimento da percepção visual e para a  formação de laços afetivos (DENUCCI; MARTINS; BARCELLOS, 2020). 

Essa interação mãe-bebê durante a amamentação é fundamental para o  desenvolvimento saudável da criança, pois promove uma sensação de segurança e  apego, fortalece o vínculo emocional entre mãe e filho e contribui para o  desenvolvimento social, emocional e cognitivo do bebê. Portanto, é verossímil  valorizar e apoiar essa interação durante a amamentação, proporcionando um  ambiente calmo, tranquilo e livre de distrações para que mãe e bebê possam desfrutar  desse momento especial juntos (FRAGA, 2023). 

A amamentação não é apenas um ato de nutrição, mas também uma  oportunidade valiosa para a estimulação verbal e o desenvolvimento da linguagem do  bebê. Na amamentação, a mãe tem a oportunidade de interagir verbalmente com o  bebê por meio de vocalizações, como conversas, cânticos suaves e murmúrios  (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Essas vocalizações maternas desempenham um papel crucial no  desenvolvimento da linguagem do bebê, pois expõem a criança a uma variedade de  sons, padrões rítmicos e entonações, que são importantes para o desenvolvimento da  percepção auditiva e da discriminação de sons (PEREIRA, 2019). 

As vocalizações maternas durante a amamentação também são uma forma de  comunicação afetiva entre mãe e bebê, ajudando a fortalecer o vínculo emocional  entre eles e a promover uma sensação de segurança e conforto para o bebê. Estudos  têm demonstrado que os bebês respondem de forma positiva às vocalizações  maternas durante a amamentação, mostrando maior atenção, alerta e engajamento  social em resposta às vozes de suas mães (PAGNONCELLI et al., 2019). 

Aliás, a interação verbal durante a amamentação dispõe de uma reverberação  importante no desenvolvimento comunicativo do bebê, estimulando a produção de  sons da fala e promovendo habilidades de comunicação precoce. Por exemplo, os  bebês podem começar a imitar os sons e padrões de fala de suas mães durante a  amamentação, o que é um precursor importante para o desenvolvimento da fala e da  linguagem (DENUCCI; MARTINS; BARCELLOS, 2020).

A resposta do bebê às vocalizações maternas durante a amamentação também  pode fornecer insights sobre seu desenvolvimento comunicativo e social. Bebês que  responde ativamente às vozes de suas mães durante a amamentação, em  exemplificação, demonstrando interesse e engajamento, podem estar demonstrando  sinais precoces de uma compreensão da linguagem e uma capacidade de se envolver  em interações sociais (PAGNONCELLI et al., 2019). 

Logo, as vocalizações maternas durante a amamentação são necessárias no  desenvolvimento da percepção auditiva, na promoção do vínculo emocional entre mãe  e bebê e no estímulo ao desenvolvimento comunicativo precoce da criança. Contudo,  é importante valorizar e apoiar essa interação verbal durante a amamentação,  proporcionando um ambiente calmo e tranquilo para que mãe e bebê possam  desfrutar desse momento especial juntos (PEREIRA, 2019).  

As diferenças na técnica de alimentação entre a amamentação e a alimentação  com mamadeira podem ter impactos substanciais no desenvolvimento orofacial e na  saúde do bebê. Os padrões de sucção e deglutição durante a amamentação e a  alimentação com mamadeira são distintos devido às diferenças na forma como o leite  é entregue ao bebê e nas habilidades motoras necessárias para a sucção e deglutição  eficazes (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Nesta fase da amamentação, o bebê precisa realizar movimentos coordenados  para extrair o leite materno dos ductos mamários da mãe, bem como a formação de  um vácuo na boca do bebê, seguido por movimentos de sucção rítmicos que permitem  a extração eficiente do leite. Além disso, durante a amamentação, o bebê também  precisa coordenar a respiração com a sucção e a deglutição, o que promove o  desenvolvimento de habilidades respiratórias saudáveis (PAGNONCELLI et al.,  2019). 

Em contraste, durante a alimentação com mamadeira, o leite é entregue ao  bebê por meio de um bico artificial, o que exige uma técnica de sucção e deglutição  diferente daquela necessária durante a amamentação. Neste enfoque, os bebês que  são alimentados com mamadeira podem desenvolver hábitos de sucção não naturais,  como a sucção não nutritiva, que pode afetar negativamente o desenvolvimento dos  músculos orofaciais e a formação adequada do palato (PEREIRA, 2019). 

As diferenças na técnica de alimentação entre a amamentação e a alimentação  com mamadeira também podem ter impacto no estímulo muscular e no  desenvolvimento orofacial do bebê. Durante a amamentação, os bebês precisam exercitar uma variedade de músculos orofaciais para realizar os movimentos de  sucção, deglutição e respiração necessários para extrair o leite materno. Isso ajuda a  fortalecer os músculos orofaciais e promover um desenvolvimento adequado da  estrutura facial (SOUZA; COSTA; MORAES, 2020).  

Contudo, na alimentação com mamadeira, os bebês podem não receber o  mesmo estímulo muscular e desenvolvimento orofacial devido às diferenças na  técnica de alimentação e na forma como o leite é entregue, resultando em um  desenvolvimento menos favorável da estrutura facial e em uma maior incidência de  problemas de fala, respiração e alimentação no futuro (PAGNONCELLI et al., 2019). 

Resumidamente, promover a amamentação exclusiva nos primeiros meses de  vida é fundamental para garantir o desenvolvimento saudável dos músculos orofaciais  e promover um desenvolvimento adequado da estrutura facial e das habilidades de  fala, respiração e alimentação em crianças (PEREIRA, 2019). 

3.4 Fatores Adversos e Desafios da Maternidade Infantil na Nutrição 

As disfunções orofaciais englobam uma variedade de problemas relacionados  à função dos músculos orofaciais, incluindo sucção e deglutição deficientes, que  podem ter um impacto significativo na saúde e no bem-estar das crianças. Problemas  de sucção podem se manifestar como dificuldades em criar e manter um vácuo  adequado na boca para extrair o leite durante a amamentação ou a alimentação com  mamadeira (FRAGA, 2023). 

Por outro lado, problemas de deglutição podem resultar em dificuldades para  mover o alimento da boca para o esôfago de forma eficaz, o que pode levar a  engasgos, aspiração de alimentos e problemas respiratórios (AROCA, 2022). 

As intervenções são evidentes no tratamento de disfunções orofaciais, com o  objetivo de melhorar a função dos músculos orofaciais e promover uma alimentação  segura e eficaz. Uma abordagem comum na intervenção para problemas de sucção e  deglutição é a terapia de alimentação, que envolve uma série de exercícios e técnicas  projetados para fortalecer os músculos orofaciais, melhorar a coordenação dos  movimentos de sucção e deglutição e promover uma alimentação efetiva (FRAGA,  2023).  

Esses exercícios consistem em técnicas de estimulação sensorial, exercícios  de fortalecimento muscular, práticas de posicionamento adequado durante a alimentação e modificação da consistência dos alimentos para facilitar a deglutição.  Além disso, os fonoaudiólogos podem fornecer orientações específicas para pais e  cuidadores, em conjunto com os nutricionistas, sobre estratégias de alimentação  segura e eficaz em casa, ajudando a garantir uma continuidade no tratamento fora do  consultório (NASCIMENTO et al., 2020).  

As condições médicas maternas e infantis são significativas na amamentação  do ponto de vista nutricional, podendo influenciar tanto a capacidade da mãe de  amamentar quanto a saúde e o bem-estar do bebê durante o processo de  amamentação. Doenças maternas, como diabetes gestacional, hipertensão, mastite e  depressão pós-parto, podem ter impactos variados na amamentação (NASCIMENTO  et al., 2020). 

Mulheres com diabetes gestacional frequentemente enfrentam desafios no  controle do açúcar no sangue durante a amamentação, o que pode interferir tanto na  produção quanto na qualidade do leite materno. Esse desequilíbrio glicêmico pode  impactar negativamente a capacidade do corpo da mãe de produzir leite em  quantidade e qualidade adequadas, afetando, assim, a nutrição do bebê. A regulação  inadequada da glicose pode causar dificuldades hormonais que influenciam o  processo de lactação, criando obstáculos adicionais para a mãe (SOUZA; COSTA;  MORAES, 2020).  

Além disso, a hipertensão materna tem sido associada a complicações na  lactação, principalmente devido a alterações na circulação sanguínea das glândulas  mamárias. Quando a pressão arterial está elevada, o fluxo sanguíneo para essas  glândulas pode ser comprometido, o que afeta diretamente a produção de leite (SOUZA; COSTA; MORAES, 2020).  

De acordo com Nascimento et al. (2020), essa condição pode dificultar a  quantidade e a eficiência da amamentação, além de aumentar o risco de outras  complicações relacionadas à saúde da mãe e do bebê. Assim, tanto a diabetes  gestacional quanto a hipertensão materna são fatores críticos que podem interferir no  processo de lactação e na saúde geral da mãe e do recém-nascido. 

Em contraponto, os problemas de saúde infantil também podem afetar a  amamentação. Bebês prematuros, por exemplo, podem apresentar dificuldades na  sucção e deglutição devido à imaturidade dos reflexos orais e à fraqueza muscular, o  que pode tornar a amamentação desafiadora (MAGALHÃES; JORGE, 2023).

Outrossim, os bebês com língua presa (ankyloglossia) ou fenda labial/palatina  podem enfrentar dificuldades na pega correta e na sucção eficaz durante a  amamentação, o que pode levar a problemas de alimentação e ganho de peso  insuficiente (FRAGA, 2023). 

É demandando que os profissionais de saúde, sobretudo os nutricionistas,  estejam cientes das condições médicas maternas e infantis que podem afetar a  amamentação e forneçam suporte e orientação adequados para garantir uma  experiência de amamentação bem-sucedida (FRAGA, 2023).  

Incluiu-se, assim, o monitoramento da saúde materna durante a gravidez e o  pós-parto para identificar potenciais complicações que possam afetar a  amamentação, bem como a avaliação e intervenção precoces para bebês com  condições médicas que possam interferir na amamentação (MAGALHÃES; JORGE,  2023). 

Para tanto, é fundamental fornecer apoio emocional e educacional para mães  que enfrentam desafios na amamentação devido a condições médicas maternas ou  infantis. Isso pode incluir o acesso a consultores de amamentação, grupos de apoio  para mães e cuidadores, e recursos educacionais sobre técnicas de amamentação  adaptadas às necessidades individuais da mãe e do bebê (AROCA, 2022). 

Resumidamente, as condições médicas maternas e infantis podem ter um  impacto robusto na amamentação, exigindo uma abordagem integrada e  multidisciplinar para garantir uma experiência de amamentação bem-sucedida e  promover a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê (BERNARDO et al.,  2021). 

O reconhecimento precoce e o manejo adequado dessas condições são  fundamentais para apoiar uma amamentação bem-sucedida e promover um  desenvolvimento saudável em crianças amamentadas (MAGALHÃES; JORGE,  2023). 

Tanto o suporte quanto a intervenção nutricional caracterizam-se como  elementares no estabelecimento e na manutenção da amamentação bem-sucedida,  além de contribuir para a resolução de problemas relacionados à alimentação e  comunicação em bebês e mães (BERNARDO et al., 2021). 

Quanto ao eixo da multidisciplinaridade, a influência do terapeuta da fala em  congruência com o nutricionista no tratamento de crianças de 0 a 2 anos com  desnutrição crônica é um tópico de grande importância na área da saúde infantil, visto que a desnutrição crônica pode ter impactos significativos no desenvolvimento físico,  cognitivo e linguístico dessas crianças. O terapeuta da fala atua, sobretudo, na  avaliação e intervenção das habilidades de comunicação e linguagem em crianças,  incluindo aquelas que enfrentam desafios devido à desnutrição crônica  (MAGALHÃES; JORGE, 2023). 

Em primeiro lugar, o terapeuta da fala tem a responsabilidade de realizar uma  avaliação abrangente das habilidades de comunicação e linguagem da criança  afetada pela desnutrição crônica. Incluiu-se, para tanto, a avaliação da compreensão  auditiva, expressão verbal, habilidades de articulação, vocabulário e uso de gestos e  linguagem corporal. Essa avaliação inicial é primordial para identificar quaisquer  dificuldades específicas que a criança possa estar enfrentando e desenvolver um  plano de intervenção individualizado (FRAGA, 2023).  

Partindo desta avaliação primária, o terapeuta da fala pode implementar  intervenções específicas destinadas a melhorar as habilidades de comunicação e  linguagem da criança, bem como o uso de técnicas de estimulação da linguagem,  jogos interativos, atividades de imitação, leitura compartilhada e modelagem de  linguagem para promover o desenvolvimento da fala e linguagem. Neste sentido, o  terapeuta da fala pode fornecer orientações e suporte aos pais e cuidadores sobre  estratégias de comunicação e linguagem que possam ser incorporadas à rotina diária  da criança (AROCA, 2022). 

Uma parte central da responsabilidade deste profissional em conjunto com o  nutricionista no tratamento de crianças com desnutrição crônica é a colaboração com  outros profissionais de saúde, como nutricionistas, pediatras e assistentes sociais.  Essa colaboração multidisciplinar permite uma abordagem integrada para o cuidado  da criança, abordando não apenas suas necessidades nutricionais, mas também suas  necessidades de comunicação e linguagem (TANCREDI et al., 2022). 

O terapeuta da fala pode fornecer imersões práticas ao nutricionista acerca  como a desnutrição crônica pode afetar o desenvolvimento da linguagem e como  intervenções específicas podem ajudar a mitigar esses efeitos (AROCA, 2022). Com  isso, o terapeuta da fala precisa ter atuação ativa no tratamento de crianças de 0 a 2  anos com desnutrição crônica, ajudando a melhorar suas habilidades de comunicação  e linguagem e promovendo um desenvolvimento saudável em todas as áreas (SOUZA; COSTA; MORAES, 2020). 

A avaliação precoce, intervenção personalizada e colaboração multidisciplinar  são fundamentais para garantir o melhor resultado possível para essas crianças,  fornecendo-lhes as ferramentas necessárias para alcançar seu potencial máximo de  comunicação e linguagem (LAWDER et al., 2019).  

Perante tais exposições, as perspectivas futuras e áreas de pesquisa no campo  da amamentação e do papel do nutricionista no suporte a esse processo são vastas.  Novas pesquisas e inovações em práticas clínicas e políticas públicas têm o potencial  de melhorar expressivamente a saúde e o bem-estar das mães e bebês em todo o  mundo, promovendo uma amamentação bem-sucedida e duradoura e garantindo um  desenvolvimento saudável nos primeiros anos de vida em conjunto com melhorias ao  longo prazo (TANCREDI et al., 2022).  

4. CONCLUSÃO 

À luz dos achados desta pesquisa, explorou-se a correlação entre a  amamentação e o desenvolvimento das crianças, destacando o papel central do  nutricionista no acompanhamento e suporte a esse processo crucial para a saúde  infantil.  

Ademais, foram abordados diversos aspectos relacionados à amamentação,  incluindo sua importância para a saúde materna e infantil, os benefícios nutricionais,  imunológicos, psicossociais e orofaciais, bem como o impacto no desenvolvimento da  fala e, sobretudo, da linguagem. 

Os principais achados desta revisão de literatura destacaram a importância da  amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida do bebê para promover um  desenvolvimento saudável da fala e linguagem, além de fornecer uma série de  benefícios significativos para a saúde materna e infantil. Foi evidenciado que a  amamentação está associada a um melhor desenvolvimento da musculatura orofacial,  maior clareza na articulação da fala e uma maior capacidade de compreensão e  produção de linguagem em crianças. 

Os objetivos estabelecidos para este estudo foram alcançados conforme  esperado, fornecendo uma visão abrangente e aprofundada sobre a relação entre a  amamentação e o desenvolvimento das crianças em suas primeiras fases da vida.  Com base nestas averiguações, algumas recomendações práticas foram feitas para  nutricionistas e profissionais de saúde, em especial quanto a promoção da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê, o suporte às mães  durante o processo de amamentação, a identificação precoce e intervenção em casos  de dificuldades de alimentação e comunicação, e a colaboração multidisciplinar para  garantir uma abordagem integrada e abrangente para o cuidado materno-infantil. 

Por fim, é fidedigno ressaltar a importância contínua da pesquisa e prática  clínica no campo da amamentação e nutrição, visando aprimorar o suporte à  amamentação e promover um desenvolvimento saudável destas crianças. Investir em  políticas públicas e práticas clínicas que promovam a amamentação exclusiva e  forneçam suporte adequado às mães é essencial para garantir o bem-estar das mães  e bebês e promover uma saúde infantil positiva.  

Ainda mais, reforçou-se a notoriedade da amamentação como uma prática  primária para a saúde e desenvolvimento infantil, destacando o papel efetivo do  nutricionista no suporte a esse processo e na promoção de uma amamentação bem sucedida. Ao continuar a pesquisa e prática clínica neste campo, espera-se alcançar  aperfeiçoamentos constantes na saúde e no bem-estar das futuras gerações.  

REFERÊNCIAS 

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1Formação acadêmica mais alta com a área: Mestrado em Nutrição – Instituição de formação: Uniasselvi. E-mail: bessa@expressalimentacao.com.br