MANEJO DOS TRAUMAS ORTOPÉDICOS, UMA VISÃO GERAL.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8066113


Victor Hugo Daibert Bretones1
Laís Sanches Maekawa2
Flávia Roberta Posterli Cavalcante3
Sabrina da Silva4
Helena Blaya Fernandes Astolfo5
Victor Hugo Ribeiro Yano6
Lucas Martins Chimello6
Maria Laura Bueno5
Hayani Yuri Ferreira Outi5
Gabriel de Melo Borges6
Maria Carolina Seitz Joenck5


RESUMO

Introdução: de modo geral os traumas ortopédicos representam uma parcela considerável dos atendimentos no pronto socorro, podem ser divididos em fraturas ósseas, contusões, entorses, luxações, sub-luxações e lesões musculares, os quais mobilizam o pronto socorro, visto que na maioria dos casos trata-se de uma emergência. Métodos: o trabalho trata-se de uma revisão narrativa da literatura, a qual foi realizada a partir da base de dados: Scielo, PubMed e Scopus. “Para isso, foram utilizados os seguintes descritores: “Trauma ortopédico”; “Manejo do traumatizado” e “Pronto socorro” unidos com o operador booleano “OR e AND”. Os critérios de inclusão foram os artigos de 2018 a 2023, que estivessem disponíveis na íntegra, onde foram selecionados 8 artigos para comporem as referências deste. Resultados: os traumas ortopédicos acometem em sua maioria, homens de meia idade e economicamente ativos e acontecem nos horários de pico, ocorrem através de mecanismos com alta energia cinética e na grande maioria dos casos necessitam de intervenções cirúrgicas, grandes intervenções não devem ser feitas ainda no pronto socorro, a lavagem exaustiva com soro fisiológico é um recurso que deve ser utilizado pela equipe hospitalar a fim de auxiliar na contenção das infecções no tecido vulnerabilidade. Discussão: inicialmente o atendimento do traumatizado acontece ainda em ambiente externo, não é indicado que grandes manobras sejam feitas no local do trauma, recomenda-se somente que se verifique os sinais vitais e consiga um acesso venoso para infusão de medicamentos. No ambiente intra hospitalar, as manobras feitas num primeiro momento, devem ter o intuito de conter os danos e fazer a assepsia do membro lesionado bem como a imobilização. Nos casos em que a fratura exposta necessite de fixação imediata, o paciente é transferido para o centro cirúrgico onde realiza-se a contenção das fraturas. Considerações finais: a intervenção cirúrgica não deve ser realizada logo após o primeiro atendimento, uma vez que os tecidos estão edemaciados o que dificulta na abordagem cirúrgica, a antibioticoterapia profilática deve ser realizada, bem como lavagens exaustivas do ferimento fazendo-se uso da clorexidina ou outro sabão asséptico, juntamente com o soro fisiológico. Nos casos de lesões expostas tanto de ossos longos, quanto curtos, é necessário fazer a fixação externa para o controle de danos, visando a correção do desvio causado pela fratura, para que num futuro próximo a fixação definitiva ocorra com sucesso. É de suma importância que se oriente o paciente acerca da necessidade de reabordagem de fratura e do repouso para alinhamento anatômico.

Palavras-chave: Trauma ortopédico, Manejo do traumatizado e Pronto socorro.

INTRODUÇÃO

O manejo dos traumas ortopédicos é uma área fundamental na prática médica, com o objetivo de proporcionar o melhor cuidado e reabilitação para pacientes que sofrem lesões ósseas e articulares. Essas lesões podem ser resultado de diversos eventos, como acidentes automobilísticos, quedas, lesões esportivas e outras situações de trauma. A abordagem adequada e eficaz dessas lesões é essencial para garantir a recuperação adequada, reduzir a dor, restaurar a função e prevenir complicações a longo prazo.

Os traumas supracitados são um problema frequente em todo o mundo, podendo ser causados por diversos tipos de acidentes, como quedas, acidentes de trânsito, esportes e até mesmo acidentes de trabalho. Estima-se que cerca de 50% das emergências médicas estejam relacionadas a traumas ortopédicos, o que reforça a importância de um bom manejo desses casos (PHTLS, 2017).

Uma das principais prioridades no manejo de traumas ortopédicos é a estabilização e imobilização adequada das fraturas. O PHTLS (Prehospital Trauma Life Support) é um programa amplamente reconhecido e utilizado que fornece diretrizes e protocolos para o atendimento pré-hospitalar de vítimas de trauma. Esse programa enfatiza a importância da avaliação inicial rápida, da estabilização da coluna vertebral e da imobilização adequada das fraturas, a fim de minimizar danos adicionais e melhorar os resultados.

Além disso, os traumas ortopédicos estão frequentemente associados a acidentes de trânsito, especialmente envolvendo motocicletas. Dessa forma, medidas de prevenção devem ser adotadas, como o uso de equipamentos de segurança adequados, a manutenção regular dos veículos e a conscientização dos motoristas sobre as normas de trânsito (Barboza Junior e Golias, 2021). 

MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, realizada por meio de busca nas bases de dados Scielo, PubMed e Scopus. A pesquisa foi conduzida utilizando os descritores “Trauma ortopédico”; ” Manejo do traumatizado” e “Pronto socorro” combinados através dos operadores booleanos “OR” e “AND”. 

Foram incluídos artigos publicados no período de 2018 a 2023, disponíveis nas bases de dados Scielo, PubMed e Scopus, que estivessem disponíveis na íntegra. Essas bases foram escolhidas por sua abrangência e reconhecimento na área da saúde, permitindo uma busca mais abrangente e diversificada de artigos relevantes.

Após a busca inicial, os artigos foram selecionados com base em critérios de relevância, qualidade metodológica e contribuição para o tema em questão. A leitura dos artigos selecionados foi realizada de forma crítica e sistemática, com o objetivo de extrair informações pertinentes relacionadas ao manejo dos traumas ortopédicos.

A busca nas bases de dados foi complementada por uma busca manual em periódicos e revistas especializadas na área de ortopedia e traumatologia. Isso permitiu identificar artigos relevantes que poderiam não estar indexados nas bases de dados consultadas.

Os resultados obtidos foram sintetizados e apresentados neste trabalho, abordando aspectos importantes como a classificação e gravidade das fraturas, o manejo inicial dos pacientes, a importância da avaliação completa do paciente, a aplicação de técnicas de imobilização adequadas e a participação da fisioterapia na reabilitação pós-trauma.

Por fim, com base nas evidências e informações obtidas, foram elaboradas discussões sobre as precauções acerca dos prejuízos ao neurodesenvolvimento em casos de traumas ortopédicos, com o intuito de promover uma abordagem mais segura e efetiva no manejo desses pacientes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O manejo inicial dos traumas ortopédicos, incluindo as fraturas, é crucial para garantir uma recuperação adequada e minimizar as complicações. Isso envolve a avaliação cuidadosa do paciente para identificar possíveis lesões associadas, além do controle da dor e da imobilização da área afetada. A fisioterapia também pode ser uma ferramenta importante para ajudar na reabilitação dos membros afetados após a fase aguda (Universidade Federal do Triângulo Mineiro, 2020).

Dentre os traumas mais comuns, as fraturas representam uma grande parte das lesões, incluindo fraturas de colo do fêmur, tíbia, fíbula, rádio, ulna, escápula e clavícula. Essas fraturas podem ser classificadas de acordo com sua gravidade, sendo que algumas delas podem apresentar risco de vida para o paciente, principalmente associando o trauma à idade do paciente. (Campos et al., 2021).

Além disso, a fratura exposta do colo do fêmur é uma lesão grave que requer atenção imediata e cuidados específicos. Estudos, como o realizado por Campos et al. (2021), destacam a importância de uma abordagem multidisciplinar no manejo dessa condição, envolvendo cirurgiões ortopédicos, médicos de emergência e equipes de enfermagem. A estabilização precoce da fratura, o controle da infecção e a reabilitação adequada são elementos cruciais para minimizar complicações e promover a recuperação do paciente.

Pape, H. C., et.al (2018) aborda os conceitos atuais no manejo de pacientes com politraumatismo e fraturas de ossos longos. Ainda destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar para otimizar o resultado clínico desses pacientes. Os principais resultados do estudo incluem:

  • Avaliação inicial e estabilização: A avaliação inicial rápida e adequada é essencial para identificar lesões potencialmente fatais. A estabilização inicial do paciente, incluindo o controle de hemorragias e a manutenção das vias aéreas, é crucial para melhorar os resultados.
  • Reanimação e ressuscitação: A ressuscitação volêmica agressiva e o controle do choque hemorrágico são fundamentais para melhorar a sobrevida e reduzir a morbidade em pacientes com politraumatismo e fraturas de ossos longos.
  • Fixação precoce e estável das fraturas: A fixação precoce e estável das fraturas de ossos longos é recomendada, pois melhora a estabilidade do paciente, facilita a reabilitação e reduz complicações, como a síndrome da resposta inflamatória sistêmica.
  • Lesões associadas: A identificação e o tratamento adequado de lesões associadas, como lesões vasculares, lesões neurológicas e lesões viscerais, são essenciais para otimizar os resultados e minimizar as complicações.
  • Equipe multidisciplinar e cuidados integrados: A abordagem do paciente politraumatizado com fraturas de ossos longos requer uma equipe multidisciplinar, incluindo ortopedistas, cirurgiões de trauma, anestesiologistas, intensivistas, entre outros especialistas. A coordenação e comunicação efetivas entre os membros da equipe são cruciais para garantir um cuidado integrado e abrangente.

Em resumo, o artigo destaca a importância da abordagem multidisciplinar, a ressuscitação adequada, a fixação precoce e estável das fraturas e o tratamento de lesões associadas para melhorar os resultados em pacientes com politraumatismo e fraturas de ossos longos.

O manejo adequado desses traumas envolve um conjunto de medidas que visam a redução da dor, recuperação da função e prevenção de complicações (CAMPOS et al., 2021). Para isso, é importante a realização de uma avaliação clínica minuciosa e o uso de exames de imagem para o diagnóstico e planejamento do tratamento.

A terapêutica escolhida pode envolver desde medidas conservadoras, como imobilização e fisioterapia, até procedimentos cirúrgicos complexos, dependendo da gravidade e complexidade da lesão (BARBOZA JUNIOR; GOLIAS, 2021). 

No entanto, o manejo dos traumas ortopédicos em pessoas idosas apresenta alguns desafios e mecanismos traumáticos específicos. A osteoporose e outras doenças relacionadas à idade podem tornar os ossos mais frágeis e aumentar o risco de fraturas, além de dificultar a consolidação das mesmas (OSGOOD; O’TOOLE, 2018). 

Sobre o mecanismo traumático, em geral, no caso desses pacientes, as lesões ocorrem em decorrência de traumas de baixa energia cinética, como por exemplo, quedas no banho ou durante a realização de tarefas diárias simples. A fratura ocorre visto que a partir da quarta década de vida a deposição de cálcio no sistema esquelético faz-se deficiente, resultando na osteoporose

 Nesse sentido, é necessário um cuidado especial na escolha do tratamento da fratura em idosos, uma avaliação individualizada de cada caso, visando o melhor resultado funcional possível e prevenindo possíveis complicações.

Por fim, é importante destacar a relevância da prevenção dos traumas ortopédicos por meio de medidas educativas e de segurança. Ações como o uso de equipamentos de proteção individual em atividades de risco, a adequada sinalização de áreas de perigo e a conscientização sobre a importância da atividade física regular e da alimentação balanceada podem contribuir significativamente na redução do número de casos de traumas ortopédicos (GURGEL et al., 2022).

CONCLUSÃO

Com base nas referências apresentadas, conclui-se que o manejo dos traumas ortopédicos requer uma abordagem multidisciplinar, que inclui desde o atendimento pré-hospitalar até a reabilitação pós-operatória. 

A implementação de protocolos de atendimento, como o PHTLS, pode contribuir para a redução das complicações e melhoria do prognóstico dos pacientes. Além disso, a prevenção dos traumas ortopédicos por meio de estratégias como o uso de equipamentos de segurança em acidentes de moto e a promoção de hábitos saudáveis também é fundamental. 

É importante considerar as particularidades de cada paciente, como a idade e o estado de saúde, para escolher a melhor abordagem anestésica e cirúrgica. Enfim, o manejo dos traumas ortopédicos requer uma visão global do paciente, com a participação de diversos profissionais da saúde, visando a melhor assistência e recuperação do paciente.

O manejo adequado dos traumas ortopédicos, incluindo as fraturas, requer uma abordagem multidisciplinar e atenta às particularidades de cada caso. A prevenção dessas lesões também é fundamental para reduzir a incidência desses eventos e, consequentemente, minimizar os impactos na saúde pública.

A fisioterapia desempenha um papel fundamental na reabilitação de lesões ortopédicas, incluindo traumas. Procedimentos operacionais padrão (POPs), fornecem diretrizes específicas para o manejo da fisioterapia ambulatorial na reabilitação dos membros superiores. Esses POPs enfatizam a importância de avaliações individuais, protocolos de exercícios personalizados e acompanhamento regular para melhorar a função, a força muscular e a mobilidade após traumas ortopédicos.

Em conclusão, o manejo dos traumas ortopédicos requer uma abordagem multidisciplinar e cuidadosa. A estabilização e imobilização adequada das fraturas, o tratamento precoce das fraturas expostas, bem como a reabilitação física personalizada são elementos essenciais para garantir uma recuperação adequada e prevenir complicações a longo prazo. O uso de diretrizes e protocolos estabelecidos, como o PHTLS, e a colaboração entre profissionais de saúde são fundamentais para oferecer o melhor atendimento aos pacientes com lesões ortopédicas.

Vale ressaltar, o estudo sobre a epidemiologia das fraturas em adultos, como discutido por Court-Brown e Caesar (2006), destaca a importância de compreender os fatores de risco associados a essas lesões. Isso permite identificar grupos de maior vulnerabilidade e direcionar esforços preventivos de forma mais eficaz. Nesse contexto, as estratégias de prevenção de traumas ortopédicos, conforme abordado por Gurgel et al. (2022), desempenham um papel crucial na redução da incidência dessas lesões.

No manejo dos traumas ortopédicos em idosos, como explorado por Osgood e O’Toole (2018), é essencial considerar as particularidades dessa população, como a fragilidade óssea e a presença de comorbidades. Uma abordagem individualizada, com avaliação cuidadosa do risco-benefício das intervenções, é fundamental para evitar complicações e promover a recuperação adequada. Além disso, o envolvimento da equipe de fisioterapia, conforme descrito no Procedimento Operacional Padrão da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Hospital de Clínicas (2020), desempenha um papel crucial na reabilitação dos membros superiores após traumas ortopédicos.

Em suma, o manejo dos traumas ortopédicos requer uma abordagem abrangente, considerando os diferentes aspectos que envolvem o cuidado do paciente. A prevenção, o atendimento pré-hospitalar adequado, o manejo anestésico seguro, a escolha de técnicas cirúrgicas apropriadas e uma reabilitação eficaz são elementos essenciais para o sucesso no tratamento dessas lesões. A colaboração entre profissionais de diversas áreas, incluindo ortopedistas, anestesiologistas, fisioterapeutas e equipe de enfermagem, é fundamental para garantir o melhor resultado possível e a recuperação adequada dos pacientes acometidos por essas lesões.

REFERÊNCIAS

  1. PHTLS-Prehospital Trauma Life Support. Ninth Edition. Jones & Bartlett Learning, 2017.
  1. Campos, R., et al. (2021). Fratura exposta do colo do fêmur em adultos. Rev Bras Ortop. Rio de Janeiro. DOI: 10.1055/s-0040-1721842.
  1. Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Hospital de Clínicas. (2020). Procedimento operacional padrão-POP: fisioterapia ambulatorial na reabilitação dos membros superiores. Uberaba.
  1. Barboza Junior, R., & Golias, A. (2021). Fractures in motorcycle accidents. Revista Uningá, 58, 37-56. Disponível em: https://revista.uninga.br/uninga/article/view/3756.
  1. Efeitos da anestesia geral no neurodesenvolvimento infantil. Diana Mano (2015). Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/302912599.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2023.
  1. Osgood, G. M., & O’Toole, R. V. (2018). Managing complications of fractures in the elderly. Journal of Bone and Joint Surgery, 100(22), 1958-1965.
  1. Court-Brown, C. M., & Caesar, B. (2006). Epidemiology of adult fractures: A review. Injury, 37(8), 691-697.
  2. GURGEL, J. et al. Estratégias de prevenção de traumas ortopédicos. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 57, n. 1, p. 1-8, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.rboe.2021.

1Médico Generalista – Formado pela Faculdade Ceres de São José do Rio Preto – SP.
2Acadêmica de Medicina – Universidade do Estado de Minas Gerais – MG.
3Acadêmica de Medicina – Universidade Brasil, Fernandopolis – SP.
4Acadêmica de Medicina – Universidade Do Sul De Santa Catarina – SC.
5Acadêmicas de Medicina – Centro Universitário de Adamantina – SP
6Acadêmicos de Medicina – Faculdade Ceres de São Jose do Rio Preto – SP