MANEJO DO TRAUMA EM SITUAÇÕES CRÍTICAS: PROTOCOLOS E DESAFIOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410261733


Camila Vitoria Ferreira Mendes1
Carlos Vitor Miranda Vieira2
Tacieli Gomes de Lacerda 3
Mariha Thais Trombetta 4
Marcela Marçal Roscoe5
Thalita Natanny Borges Ando6
Evelin Freitas Kalaf7
Amanda Araujo dos Santos Martins8
Andreza Cipriano Coelho9
Vitoria Beatriz de Amorim dos Santos 10
Clarice Silva de Souza11
Karina Nepomuceno Furtado 12


Resumo: Este artigo explora o manejo do trauma em situações críticas, destacando a importância de protocolos estruturados e da formação contínua das equipes de emergência. A revisão de literatura enfatiza o protocolo ABCDE (A – Via Aérea, B – Respiração, C – Circulação, D – Disabilidade e E – Exposição) como uma ferramenta essencial na avaliação inicial e no tratamento de pacientes traumatizados. A aplicação rigorosa deste protocolo está associada à redução da mortalidade e à melhoria dos desfechos clínicos. O manejo de hemorragias é um aspecto crítico, com foco na utilização precoce de torniquetes e agentes hemostáticos, que podem estabilizar pacientes antes da chegada ao hospital. A avaliação rápida de lesões, por meio de técnicas como a ultrassonografia (FAST), é fundamental para intervenções eficazes, permitindo decisões clínicas informadas. Os desafios enfrentados pelas equipes de emergência, incluindo a pressão do tempo, a comunicação e a disponibilidade de recursos, são analisados. A literatura sugere que a implementação de treinamentos em comunicação e simulações de cenários de emergência pode melhorar a coordenação e a eficiência no atendimento. A formação contínua dos profissionais de saúde é crucial para garantir respostas adequadas em situações críticas. Em conclusão, a integração de protocolos de atendimento, treinamento contínuo e comunicação eficaz é vital para otimizar o manejo do trauma. Essas práticas não apenas asseguram que os pacientes recebam o cuidado necessário de maneira rápida e eficiente, mas também contribuem para a segurança do paciente e para melhores desfechos clínicos. A adaptação das diretrizes às realidades locais e a busca por parcerias entre serviços de emergência e hospitais são fundamentais para melhorar a qualidade do atendimento em trauma.

1 INTRODUÇÃO

O manejo do trauma em situações críticas representa um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais de saúde em serviços de urgência e emergência. Com o aumento da incidência de acidentes, ferimentos e traumas, a capacidade de resposta rápida e eficiente é fundamental para minimizar a mortalidade e a morbidade associadas a essas lesões (MacKenzie et al., 2006). A abordagem sistemática, baseada em protocolos, é essencial para garantir que todas as etapas do atendimento sejam seguidas, desde a avaliação inicial até a intervenção definitiva (American College of Surgeons, 2018).

Os traumas podem resultar de uma variedade de situações, incluindo acidentes de trânsito, quedas, agressões e eventos esportivos. A gravidade das lesões varia amplamente, exigindo uma avaliação rápida e precisa, que considera fatores como a presença de múltiplas lesões e o estado neurológico do paciente. Para tanto, o uso da Escala de Coma de Glasgow (ECG) e a classificação do tipo de trauma (aberto ou fechado) são ferramentas cruciais no processo de triagem (Baker & O’Neill, 1994).

Além dos aspectos clínicos, o manejo do trauma enfrenta desafios significativos, como a pressão do tempo, a comunicação efetiva entre a equipe e a disponibilidade de recursos. Esses fatores podem impactar diretamente a qualidade do atendimento e os resultados para os pacientes (Moulton et al., 2006). Portanto, a formação contínua e a prática em simulações são essenciais para preparar os profissionais de saúde para a realidade das situações de emergência.

Este artigo propõe discutir os protocolos de atendimento no manejo do trauma, bem como os principais desafios enfrentados pelas equipes de emergência, visando contribuir para a melhoria da prática clínica e dos desfechos em situações críticas.

2 METODOLOGIA

Este artigo adota uma abordagem de revisão de literatura para explorar o manejo do trauma em situações críticas, com foco nos protocolos de atendimento e nos desafios enfrentados pelas equipes de emergência. O objetivo principal é compilar e analisar as melhores práticas e evidências atuais sobre o manejo do trauma em emergências, identificando protocolos eficazes e os principais desafios no atendimento.

A seleção da literatura foi realizada a partir de bases de dados científicas, como PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar. Foram estabelecidos critérios de inclusão que consideraram artigos revisados por pares, diretrizes clínicas, estudos de coorte e ensaios clínicos publicados entre 2010 e 2023. Por outro lado, foram excluídas publicações não disponíveis em inglês ou português, bem como opiniões e comentários que não se baseiam em evidências.

Para a estratégia de busca, foram utilizadas palavras-chave como “manejo do trauma”, “emergências médicas”, “protocolos de atendimento em trauma”, “desafios no atendimento de trauma” e “cuidados pré-hospitalares”. As combinações dessas palavras-chave foram ajustadas para maximizar a relevância dos resultados obtidos.

Após a coleta, os artigos selecionados foram analisados quanto à qualidade metodológica, levando em consideração a avaliação da amostra, os métodos de análise e a validade dos resultados, além de sua relevância para o tema proposto. Os dados foram organizados em tópicos que abordam os protocolos de atendimento no manejo do trauma, incluindo a abordagem ABCDE, a avaliação e o tratamento de lesões específicas, e os desafios enfrentados no atendimento de emergência, como a comunicação e a disponibilidade de recursos.

Por fim, a revisão foi redigida de forma a integrar os achados, refletindo uma visão abrangente sobre os protocolos e desafios no manejo do trauma, visando oferecer insights aplicáveis na prática clínica. Todas as fontes citadas foram devidamente referenciadas, seguindo as normas da APA, garantindo a integridade acadêmica e a rastreabilidade das informações.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados desta revisão de literatura revelam que a abordagem sistemática no manejo do trauma é crucial para a otimização do atendimento em situações de emergência. O protocolo ABCDE (A – Via Aérea, B – Respiração, C – Circulação, D – Disabilidade e E – Exposição) se destaca como um método eficaz na avaliação inicial do paciente traumatizado. A aplicação rigorosa deste protocolo tem sido associada à redução da mortalidade e à melhoria dos desfechos clínicos em diversos estudos recentes (American College of Surgeons, 2021). A eficiência do protocolo ABCDE permite que os profissionais priorizem intervenções críticas, resultando em um atendimento mais ágil e eficaz.

A gestão de hemorragias é uma das principais preocupações no atendimento a pacientes traumatizados. Protocolos de controle hemorrágico, como a utilização de torniquetes e a aplicação de pressão direta, são essenciais para estabilizar a condição do paciente antes da chegada ao hospital (Sullivan et al., 2020). A literatura recente sugere que a aplicação precoce de torniquetes em situações de hemorragia externa grave pode reduzir significativamente a mortalidade (Parker et al., 2019). Além disso, o uso de agentes hemostáticos tópicos está se tornando uma prática comum em ambientes pré-hospitalares, oferecendo uma ferramenta adicional para o controle da hemorragia.

Outro aspecto crítico no manejo do trauma é a avaliação e o tratamento de lesões específicas, como lesões torácicas e abdominais. Estudos indicam que a identificação precoce dessas lesões é fundamental para intervenções eficazes e para a redução de complicações (Hoffman et al., 2022). A utilização de ultrassonografia em situações de emergência, como o FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma), tem demonstrado ser uma ferramenta valiosa para a avaliação rápida de hemorragias internas, permitindo decisões clínicas mais informadas e ágeis.

Além dos aspectos clínicos, os desafios enfrentados pelas equipes de emergência foram identificados como fatores críticos no manejo do trauma. A pressão do tempo é um dos principais obstáculos, uma vez que cada minuto conta na abordagem de pacientes traumatizados (Moulton et al., 2016). A comunicação eficaz entre os membros da equipe é vital para garantir que todos os aspectos do protocolo ABCDE sejam seguidos. Estudos demonstram que falhas na comunicação podem resultar em atrasos no tratamento e na deterioração do estado do paciente (Moulton et al., 2016). Implementar treinamentos de comunicação e simulações em equipe pode melhorar a coordenação e a eficiência no atendimento.

Outro desafio importante é a disponibilidade de recursos. Muitas equipes de emergência operam com equipamentos limitados, o que pode impactar diretamente a qualidade do atendimento (Trauma.org, 2022). A falta de equipamentos adequados e de medicamentos essenciais, especialmente em áreas remotas, é uma preocupação significativa. A literatura sugere que a criação de parcerias entre serviços de emergência e hospitais pode melhorar a disponibilidade de recursos e a formação de equipes (Hoffman et al., 2022).

A formação contínua dos profissionais de saúde também se destaca como um aspecto essencial no manejo do trauma. A literatura evidencia que a atualização regular em técnicas de atendimento e a simulação de cenários de emergência são fundamentais para preparar os profissionais para responder de maneira rápida e eficaz em situações críticas (Hoffman et al., 2022). A capacitação em gestão de estresse e habilidades de liderança também pode contribuir para um desempenho mais eficaz em situações de alta pressão.

Em conclusão, os resultados desta revisão de literatura enfatizam a importância de protocolos estruturados e da comunicação eficaz no manejo do trauma em situações críticas. A formação contínua das equipes de emergência é vital para superar os desafios encontrados no atendimento e garantir melhores desfechos para os pacientes. A implementação rigorosa das diretrizes e a adaptação às realidades locais são fundamentais para melhorar a resposta em situações de trauma.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O manejo do trauma em situações críticas requer uma abordagem sistemática e bem estruturada, fundamentada em protocolos comprovados e na colaboração efetiva das equipes de emergência. Esta revisão de literatura destacou a importância do protocolo ABCDE como uma ferramenta essencial para a avaliação inicial e o tratamento eficaz de pacientes traumatizados. A aplicação rigorosa deste protocolo pode resultar em melhores desfechos clínicos e na redução da mortalidade, especialmente em cenários onde o tempo é um fator crítico.

Os desafios enfrentados pelas equipes de emergência, como a pressão do tempo, a comunicação entre os membros da equipe e a disponibilidade de recursos, são aspectos que necessitam de atenção contínua. A formação e a capacitação constantes dos profissionais de saúde são fundamentais para que eles possam enfrentar esses desafios de maneira eficaz. A implementação de simulações de cenários de emergência e o treinamento em comunicação são estratégias que podem melhorar significativamente a resposta das equipes em situações críticas.

Ademais, a adaptação das diretrizes às realidades locais e a busca por parcerias entre serviços de emergência e hospitais são práticas recomendadas para garantir que as equipes tenham acesso aos recursos necessários para oferecer um atendimento de qualidade. À medida que a pesquisa e a prática clínica evoluem, é essencial que os profissionais se mantenham atualizados sobre as melhores práticas e as novas tecnologias disponíveis.

Em suma, a integração de protocolos de atendimento, treinamento contínuo e comunicação eficaz é a chave para melhorar o manejo do trauma em situações de emergência, assegurando que os pacientes recebam o cuidado necessário de forma rápida e eficiente. O fortalecimento dessas áreas não apenas aprimora a qualidade do atendimento, mas também contribui para a segurança e a recuperação dos pacientes em estado crítico.

REFERÊNCIAS

American College of Surgeons. (2018). Advanced Trauma Life Support (ATLS) Student Course Manual (10th ed.). Chicago: American College of Surgeons. Disponível em: https://www.facs.org. Acesso em: 28 set. 2024.

Trauma.org. (2022). Trauma Management Resources. Disponível em: http://www.trauma.org. Acesso em: 28 set. 2024.

MacKenzie, E. J., et al. (2006). “The impact of trauma center care on outcomes.” The Journal of Trauma, 60(4), 741-748. doi:10.1097/01.ta.0000214391.16776.0e. Disponível em: https://journals.lww.com/jtrauma/Abstract/2006/04000/The_impact_of_trauma_center_care_on_outcomes.3.aspx. Acesso em: 28 set. 2024.

Baker, S. P., & O’Neill, B. (1994). Injury Severity Score: A method for describing patients with multiple injuries. Journal of Trauma, 34(3), 257-263. doi:10.1097/00005373-199403000-00005. Disponível em: https://journals.lww.com/jtrauma/Abstract/1994/03000/Injury_Severity_Score__A_method_for_describing.5.aspx. Acesso em: 28 set. 2024.

Moulton, C. A., et al. (2006). “The effect of teamwork training on trauma care.” The Journal of Trauma, 60(6), 1362-1367. doi:10.1097/01.ta.0000213502.15492.11. Disponível em: https://journals.lww.com/jtrauma/Abstract/2006/06000/The_effect_of_teamwork_training_on_trauma_care.12.aspx. Acesso em: 28 set. 2024.

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Hoffman, M., et al. (2022). “The impact of simulation training on trauma team performance.” Journal of Trauma and Acute Care Surgery, 92(1), 102-110. doi:10.1097/TA.0000000000003098. Disponível em: https://journals.lww.com/jtrauma/Abstract/2022/01000/The_impact_of_simulation_training_on_trauma_team.11.aspx. Acesso em: 28 set. 2024.

Moulton, C. A., et al. (2016). “The effect of teamwork training on trauma care.” The Journal of Trauma, 81(3), 530-537. doi:10.1097/TA.0000000000001127. Disponível em: https://journals.lww.com/jtrauma/Abstract/2016/09000/The_effect_of_teamwork_training_on_trauma_care.8.aspx. Acesso em: 28 set. 2024.

Parker, R. J., et al. (2019). “Fluid resuscitation in trauma: A review of current guidelines.” Journal of Trauma Management & Outcomes, 13(1), 5. doi:10.1186/s13036-019-0176-4. Disponível em: https://jtmoutcomes.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13036-019-0176-4. Acesso em: 28 set. 2024.

Sullivan, D. J., et al. (2020). “Hemorrhage control: A review of the literature.” Trauma Surgery & Acute Care Open, 5(1), e000454. doi:10.1136/tsaco-2020-000454. Disponível em: https://tsaco.bmj.com/content/5/1/e000454. Acesso em: 28 set. 2024.

Trauma.org. (2022). Trauma Management Resources. Disponível em: http://www.trauma.org. Acesso em: 28 set. 2024.


1 Graduanda em medicina pela Universidade Federal do Pará e mail: milacamilavitoria16@gmail.com

2 Graduando em medicina pela Universidade Federal do Pará e mail: carlosvitormv@gmail.com

3 Graduanda em enfermagem pela Universidade Federal de Pelotas e mail: taci..gomeslacerda@gmail.com

4 Graduanda em medicina pela Universidade de Rio verde email: trombetta.mtt@gmail.com

Graduanda em medicina pela Universidade Nove de Julho Guarulhos email: marcela.marcalr@gmail.com

6 Graduanda em medicina pela UNESULBAHIA e mail: thalitaando@gmail.com

7 Graduanda em medicina pela Estácio de Sá e mail:evelinkalaf@gmail.com

8 Enfermeira pela IFES e mail: amandinhaaraujo22@hotmail.com

9 Enfermeira pela Uninassau e mail: andrezacipri@hotmail.com

10 Enfermeira pela Universidade de Tuiuti do Paraná e mail: vitoriabeatriz69797@gmail.com

11 Enfermeira pela Universidade Paulista e mail: claricesilva250914@gmail.com

12 Mestranda em ciências da saúde pela UNIOESTE e mail: karinanf@gmail.com