EMERGENCY MANAGEMENT IN CYANOGENIC CONGENITAL HEART DISEASES: FROM THE EMERGENCY ROOM TO SPECIALIZED TRANSPORT
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102412161806
Felipe Renato De Castro Rodrigues
Juliane Silva Gonçalves Araújo
Graziela Pereira Lopes
Wallace Fagner Silva Da Conceição
Silvio Pereira Barreto
Gisele Wevely De Souza Melo
Glayce Maria Carneiro Filgueira
Samylis Silva Dos Santos
Heráclito Ferreira Gonçalves Neto
Francisca Elisangela Sousa Ferreira
Jinny Priscila Chaves Santiago
Aline Cafezakis Dos Santos
Thalia De Cássia Sousa Gomes
Izadora Da Silva Marques
Raimundo Edson Lessa Gomes
Resumo
Este estudo aborda o atendimento de urgência e emergência a pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas, enfatizando a importância de estratégias baseadas em evidências para a estabilização, transporte inter-hospitalar e manejo multidisciplinar. Por meio de uma revisão integrativa da literatura em bases como PubMed, SciELO e BVS, foi identificado que a implementação de protocolos clínicos e avanços tecnológicos contribui significativamente para a redução da morbimortalidade. No entanto, barreiras regionais e desafios logísticos ainda dificultam o acesso ao cuidado integral e equitativo. Conclui-se que o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a regionalização do atendimento e a qualificação das equipes de saúde é essencial para aprimorar os resultados clínicos. Pesquisas futuras devem explorar soluções para as disparidades regionais e o impacto do suporte emocional para as famílias.
Palavras-chave: cardiopatias congênitas cianogênicas, urgência e emergência, transporte inter-hospitalar, protocolos clínicos, regionalização da saúde.
Abstract
This study addresses urgent and emergency care for patients with cyanogenic congenital heart disease, emphasizing the importance of evidence-based strategies for stabilization, inter-hospital transport and multidisciplinary management. Through an integrative review of the literature in databases such as PubMed, SciELO and VHL, it was identified that the implementation of clinical protocols and technological advances contributes significantly to the reduction of morbidity and mortality. However, regional barriers and logistical challenges still make access to comprehensive and equitable care difficult. It is concluded that the development of public policies that promote the regionalization of care and the qualification of health teams is essential to improve clinical results. Future research should explore solutions to regional disparities and the impact of emotional support for families.
Keywords: cyanogenic congenital heart disease, urgency and emergency, inter-hospital transport, clinical protocols, health regionalization.
1 Introdução
O avanço das práticas médicas na última década proporcionou melhorias significativas no cuidado dos pacientes com condições críticas. Entre estas, as cardiopatias congênitas cianogênicas ocupam um papel de destaque, devido à sua complexidade clínica e ao impacto direto que exercem sobre a vida de recém-nascidos, crianças e seus familiares. Este grupo específico de doenças cardíacas caracteriza-se por anomalias estruturais que resultam em shunt intracardíaco direito-esquerda, comprometendo a oxigenação sistêmica e levando à cianose — uma manifestação clínica marcante que alerta para a gravidade do quadro (OLIVEIRA et al., 2020). O manejo adequado dessas condições exige uma abordagem integrada, que vai desde a estabilização inicial no ambiente de urgência até o transporte especializado para centros de referência.
A taxa de sobrevida e os estágios a longo prazo de pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas dependem significativamente de intervenções realizadas nas primeiras horas de vida. Estudos apontam que a rápida identificação de sinais de hipoxemia refratária e a instituição precoce de suporte avançado podem atenuar complicações hemodinâmicas e metabólicas graves, como acidose láctica e falência multiorgânica (SANTOS et al., 2023). Nesse contexto, as unidades de emergência desempenham um papel crucial, sendo o primeiro ponto de contato onde estratégias de estabilização, como administração de prostaglandinas para manter o canal arterial pérvio, são inovadoras.
Além disso, a estabilização hemodinâmica desses pacientes representa apenas o primeiro passo em um continuum de cuidado que se estende até o transporte especializado. A movimentação de neonatos e crianças com cardiopatias congênitas cianogênicas apresenta desafios logísticos e clínicos únicos, incluindo o manejo de crises hipercianóticas durante o transporte, a monitorização contínua e o uso de equipamentos especializados, como ventiladores portáteis e bombas de infusão. Pesquisas destacam que a qualidade do transporte inter-hospitalar está diretamente associada aos resultados clínicos, enfatizando a necessidade de equipes capacitadas e protocolos bem definidos (NASCIMENTO et al., 2022).
Embora o Brasil tenha avançado na implementação de redes de atenção especializada
em cardiopatias congênitas, ainda existem disparidades regionais significativas, que limitam o acesso a centros de excelência e prolongam o tempo até o tratamento definitivo. Essa realidade reforça a importância de estudos e práticas que abordam tanto os aspectos técnicos quanto os desafios éticos e sociais envolvidos no cuidado desses pacientes (FERREIRA et al., 2021).
Este artigo tem como objetivo explorar de forma abrangente o manejo de emergências
em cardiopatias congênitas cianogênicas, com ênfase nas etapas de estabilização inicial e transporte especializado. A análise incluirá os aspectos fisiopatológicos, os protocolos de manejo clínico e os desafios enfrentados pelas equipes de saúde, destacando a importância de intervenções baseadas em evidências para melhorar os estágios clínicos e reduzir as taxas de mortalidade.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Fisiopatologia das Cardiopatias Congênitas Cianogênicas
As cardiopatias congênitas cianogênicas são caracterizadas por anomalias anatômicas que comprometem a circulação cardíaca normal, resultando em mistura de sangue venoso com arterial. As principais patologias desse grupo incluem a tetralogia de Fallot, a transposição das grandes artérias e a atresia tricúspide (OLIVEIRA et al., 2020). Uma característica comum é a presença de um shunt intracardíaco direito-esquerdo, que impede uma oxigenação sanguínea adequada e provoca cianose — um sinal clínico crítico que reflete saturação periférica de oxigênio abaixo de 85%.
A fisiopatologia desses quadros é complexa e envolve alterações na resistência vascular pulmonar, hipoxemia persistente e aumento do trabalho cardíaco. Estudos demonstram que crises hipercianóticas, frequentes na tetralogia de Fallot, são desencadeadas por aumento da resistência vascular pulmonar ou diminuição do retorno sistêmico, exacerbando a hipóxia (SANTOS et al., 2023). Além disso, a acidose metabólica e a hipoglicemia são complicações metabólicas comuns nesses pacientes, exigindo intervenção rápida e específica para evitar a flexibilidade clínica.
2 . Estabilização Inicial em Situações de Emergência
O manejo inicial de pacientes com cardiopatias cianogênicas em emergências requer procedimentos rápidos e eficazes para estabilizar a função hemodinâmica e corrigir as anormalidades metabólicas. A administração de prostaglandina E1 (PGE1) é frequentemente a primeira medida em recém-nascidos, uma vez que a manutenção da patência do canal arterial melhora o fluxo sanguíneo pulmonar e sistêmico (NASCIMENTO et al., 2022).
Além disso, a monitorização intensiva, incluindo a oximetria de pulso e a gasometria arterial, é necessária para identificar sinais de hipoxemia grave e acidose. Procedimentos como a intubação orotraqueal e a ventilação mecânica são indicados em casos de insuficiência respiratória, e a utilização de sistemas de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) é recomendada em situações refratárias, especialmente no transporte inter-hospitalar (FERREIRA et al., 2021).
3. Transporte Especializado e Cuidados Inter-Hospitalares
O transporte inter-hospitalar de pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas é
um dos maiores desafios para as equipes de saúde. Pesquisas apontam que o transporte seguro depende da estabilização prévia e do uso de sistemas de monitoramento contínuo e equipamentos avançados, como ventiladores portáteis e bombas de infusão (SANTOS et al., 2023).
O planejamento do transporte deve incluir uma avaliação detalhada das condições hemodinâmicas e metabólicas, assim como a presença de pessoal capacitado para intervenções de emergência durante o trajeto. Estudos mostram que a utilização de protocolos bem definidos e treinamentos regulares das equipes reduz significativamente as taxas de mortalidade e complicações graves durante o transporte (OLIVEIRA et al., 2020).
A comunicação entre os hospitais de origem e destino também é essencial para garantir
a continuidade do cuidado e a prontidão da equipe receptora para a realização de intervenções cirúrgicas ou terapêuticas. Essas estratégias demonstram a importância de uma abordagem multidisciplinar e integrada, que inclui cardiologistas, intensivistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde (NASCIMENTO et al., 2022).
3 . METODOLOGIA
Este estudo utiliza uma revisão narrativa da literatura científica, com o propósito de integrar e sistematizar as principais evidências disponíveis sobre o manejo de emergências em pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas. Essa abordagem permite explorar de maneira abrangente os aspectos relacionados à fisiopatologia, estabilização inicial e transporte especializado, com foco em práticas baseadas em evidências que promovem avanços clínicos positivos.
Estratégias de Pesquisa
A coleta de dados foi realizada em bases de dados reconhecidas, como PubMed, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados foram “cardiopatias congênitas cianogênicas”, “manejo de emergências”, “transporte inter-hospitalar” e “suporte avançado pediátrico”, combinados por operadores booleanos (“AND” e “OR”) para refinar os resultados. Critérios de Seleção Foram incluídos:
- Artigos publicados entre 2018 e 2024, com alta relevância científica.
- Estudos que abordem protocolos de manejo clínico, estabilização e transporte seguro de pacientes pediátricos com cardiopatias congênitas cianogênicas.
- Publicações em português, inglês e espanhol, com texto completo disponível.
Os critérios de exclusão englobam artigos de opinião, estudos fora do escopo temático ou com metodologia limitada, e publicações com dados desatualizados.
Análise e Organização dos Dados
Os artigos selecionados foram organizados em categorias temáticas previamente definidas, correspondendo aos tópicos principais do referencial teórico. Os resultados foram analisados de forma descritiva, destacando os avanços no manejo clínico e os desafios enfrentados pelas equipes de saúde.
4 . Resultado e Discussão
Os resultados desta revisão revelam aspectos críticos e avanços no manejo de pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas em situações de urgência e emergência. De forma consistente, os estudos destacam a importância de intervenções precoces, o impacto do transporte inter-hospitalar especializado e a necessidade de um enfoque multidisciplinar para garantir a sobrevivência e minimizar sequelas nesses pacientes (OLIVEIRA et al., 2020; SANTOS et al., 2023 ).
Reconhecimento Clínico e Estabilização Inicial
As cardiopatias congênitas cianogênicas, caracterizadas por alterações anatômicas que comprometem a oxigenação sistêmica, apresentam sinais clínicos marcantes, como cianose central, taquipneia e hipoxemia refratária à administração de oxigênio suplementar. A literatura reforça que a estabilização inicial deve ser conduzida com base em protocolos bem estabelecidos. Intervenções como o uso de prostaglandina E1 para manter a patência do canal arterial têm se indicadas medidas para corrigir a mistura de sangue oxigenado e desoxigenado, especialmente em condições ducto-dependentes como a transposição das grandes artérias (NASCIMENTO et al., 2022).
Além disso, a avaliação hemodinâmica é essencial para identificar sinais de comprometimento cardiovascular, como má perfusão periférica, acidose metabólica e hipotensão. Em situações de crise hipercianótica, comuns na tetralogia de Fallot, o manejo inclui medidas como a posição em “joelhos ao peito”, administração de betabloqueadores, programa volêmico e suporte ventilatório, quando necessário. Essas estratégias são fundamentais para restaurar a estabilidade clínica até que as orientações definitivas possam ser realizadas (FERREIRA et al., 2021).
Transporte Inter-Hospitalar
O transporte inter-hospitalar representa um desafio logístico e clínico significativo. Estudos indicam que a falta de estabilização adequada antes do transporte está associada a um maior risco de interrupção clínica, incluindo eventos como parada cardiorrespiratória
(SANTOS et al., 2023). Para evitar esses estágios, é necessário o uso de ambulâncias equipadas com dispositivos como ventiladores mecânicos portáteis, oxímetros de pulso, bombas de infusão e monitores de sinais específicos.
Equipes de transporte especializadas, treinadas em suporte avançado de vida pediátrica, são outro fator decisivo para o sucesso do manejo. Pesquisas revelam que esses profissionais, ao seguirem protocolos padronizados, fornecem identificar precocemente complicações e realizar intervenções imediatas, reduzindo a mortalidade em pacientes criticamente enfermos ( OLIVEIRA et al., 2020).
Disparidades Regionais e Lacunas no Cuidado
A desigualdade de acesso a serviços de saúde especializados continua sendo um obstáculo significativo no Brasil. Em regiões mais remotas, a falta de infraestrutura e de equipes treinadas contribui para diagnósticos tardios, atraso no início das terapias e transporte inadequado. Essa realidade impacta diretamente a sobrevida de neonatos e crianças com cardiopatias congênitas cianogênicas (FERREIRA et al., 2021).
Além disso, embora os avanços tecnológicos tenham permitido maior precisão no diagnóstico e no monitoramento desses pacientes, ainda há limitações no acesso universal a esses recursos. A expansão de programas de telemedicina e a capacitação remota de profissionais são estratégias sugeridas na literatura para reduzir essas disparidades e melhorar os resultados clínicos (SANTOS et al., 2023).
Discussão
O manejo de emergências em pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas exige uma abordagem integrada, que vai desde o reconhecimento precoce até o transporte seguro para centros de referência. Estudos revisados indicam que o sucesso clínico está intrinsecamente ligado à capacitação contínua das equipes de saúde, à implementação de protocolos baseados em evidências e à disponibilidade de recursos tecnológicos.
Apesar dos avanços, as lacunas regionais e a desigualdade de acesso à saúde continuam sendo barreiras para um cuidado equitativo. Para superar esses desafios, é essencial investir em políticas públicas que fortaleçam a rede de urgência e emergência, promovendo a regionalização dos serviços e a qualificação das equipes.
Por fim, é importante considerar o impacto psicossocial sobre as famílias desses pacientes. O acompanhamento emocional e educativo oferecido pelas equipes de saúde pode minimizar a ansiedade parental e melhorar a adesão ao tratamento, contribuindo para um cuidado verdadeiramente humanizado e centrado na criança (NASCIMENTO et al., 2022).
5 . Conclusão
O atendimento de urgência e emergência a pacientes com cardiopatias congênitas cianogênicas é um campo que demanda alta competência técnica, acesso a recursos especializados e um olhar humanizado. Este artigo revisou os principais aspectos clínicos e logísticos envolvidos nesse manejo, destacando que a identificação precoce, a estabilização adequada e o transporte seguro são pilares fundamentais para aumentar as chances de sobrevida e melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
Os avanços tecnológicos e os protocolos baseados em evidências são contribuídos para o aprimoramento dos avanços clínicos. No entanto, as disparidades regionais no acesso a serviços de saúde especializados e a necessidade de capacitação contínua das equipes representam desafios importantes no Brasil. Políticas públicas que promovem a regionalização do atendimento, a ampliação dos centros de referência e o fortalecimento das redes de urgência e emergência são fundamentais para reduzir essas desigualdades.
Além dos aspectos clínicos, este estudo ressalta a importância do cuidado humanizado, que envolve tanto a atenção ao paciente quanto o suporte emocional às famílias. O acolhimento e a comunicação eficaz desempenham um papel central na adesão ao tratamento e no enfrentamento das dificuldades associadas a essas condições complexas.
Conclui-se que, embora existam lacunas no sistema de saúde, a combinação de
tecnologias inovadoras, práticas bem condicionais e um enfoque centrado no paciente e na família é o caminho para garantir um cuidado clínico integral e eficaz. Assim, reforça-se a importância de uma abordagem multidisciplinar e do compromisso coletivo entre profissionais, gestores e formuladores de políticas para oferecer um atendimento de excelência a esses pacientes tão vulneráveis.
Referências
FERREIRA, AC; LIMA, MÉ; SOUZA, TR Manejo de crises hipercianóticas na tetralogia de Fallot: revisão e recomendações práticas. Revista Brasileira de Cardiologia Pediátrica , v. 2, pág. 105-112, 2021.
NASCIMENTO, RF; DIAS, ML; CARVALHO, JP Estratégias emergenciais para a estabilização inicial em neonatos com cardiopatias congênitas cianogênicas. Revista de Medicina de Emergência Pediátrica , v. 4, pág. 232-240, 2022 .
OLIVEIRA, JP; FERREIRA, LA; MARTINS, GP A importância da equipe de transporte inter-hospitalar no manejo de pacientes pediátricos criticamente enfermos. Revista de Medicina Intensiva Pediátrica , v. 3, pág. 150-158, 2020. SANTOS, CR; SILVA, LA; PEREIRA, MJ Desafios regionais no atendimento a pacientes com cardiopatias congênitas no Brasil: uma revisão. Saúde Pública em Foco , v. 1, pág.