MANAGEMENT OF POLYCYSTIC OVARY SYNDROME: A NARRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505211818
Maria Clara Dariva Arruda1
Millena Alves Coelho1
Giovanna Pinheiro da Silva1
Estela Karen Lima Silva1
Orientadora: Taynara Augusto Fernandes2
RESUMO: A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino- metabólico que afeta mulheres em idade reprodutiva, caracterizando-se por hiperandrogenismo, irregularidade menstrual e ovários policísticos à ultrassonografia. Este estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura com o objetivo de avaliar as estratégias de diagnóstico e tratamento da SOP. Foram consultadas bases de dados científicas como PubMed, SciELO, LILACS e Google Acadêmico, priorizando artigos publicados nos últimos cinco anos. Os resultados indicam que o diagnóstico da SOP envolve critérios clínicos e laboratoriais, sendo essencial diferenciar a condição de outras patologias endócrinas. O tratamento é individualizado e inclui mudanças no estilo de vida como primeira abordagem, seguidas por terapias farmacológicas, como anticoncepcionais hormonais combinados e metformina. A adoção de uma dieta balanceada e prática de exercícios físicos demonstrou impacto positivo na redução do hiperandrogenismo e na regulação dos ciclos menstruais. Além disso, a metformina tem se mostrado eficaz na melhora da resistência à insulina, redução dos níveis de testosterona e restauração da ovulação. O uso de anticoncepcionais hormonais auxilia na regulação do eixo hormonal e no controle dos sintomas clínicos. Conclui-se que a SOP requer uma abordagem multidisciplinar, considerando não apenas a melhora dos sintomas, mas também a redução do risco de complicações metabólicas a longo prazo. O acesso a serviços especializados e o acompanhamento contínuo são fundamentais para otimizar os desfechos clínicos e garantir qualidade de vida às pacientes diagnosticadas com SOP.
Palavras-chave: Síndrome dos Ovários Policísticos; Manejo da SOP; Tratamento da SOP.
ABSTRACT: Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) is an endocrine-metabolic disorder affecting women of reproductive age, characterized by hyperandrogenism, menstrual irregularities, and polycystic ovaries on ultrasound. This study is a narrative literature review aiming to evaluate diagnostic and treatment strategies for PCOS. Scientific databases such as PubMed, SciELO, LILACS, and Google Scholar were consulted, prioritizing articles published in the last five years. The results indicate that PCOS diagnosis involves clinical and laboratory criteria, making it essential to differentiate the condition from other endocrine disorders. Treatment is individualized, with lifestyle modifications as the first-line approach, followed by pharmacological therapies such as combined hormonal contraceptives and metformin. A balanced diet and regular physical exercise have shown positive effects in reducing hyperandrogenism and regulating menstrual cycles. Additionally, metformin has proven effective in improving insulin resistance, lowering testosterone levels, and restoring ovulation. Hormonal contraceptives help regulate the hormonal axis and control clinical symptoms. In conclusion, PCOS requires a multidisciplinary approach, considering not only symptom management but also the reduction of long-term metabolic complications. Access to specialized healthcare and continuous follow-up are essential to optimize clinical outcomes and improve the quality of life for patients diagnosed with PCOS.
Keywords: Polycystic Ovary Syndrome; PCOS Management; PCOS Treatment.
1 INTRODUÇÃO
Em 1935, dois pesquisadores americanos, Irving F. Stein e Michael L. Leventhal, publicaram um estudo pioneiro descrevendo um conjunto de sintomas comuns em mulheres jovens, incluindo amenorreia, infertilidade, obesidade, hirsutismo (excesso de pelos no corpo) e ovários com múltiplos cistos visíveis em ultrassonografias. Essa síndrome foi denominada “Síndrome de Stein-Leventhal” em homenagem aos seus descobridores, mais tarde denominada de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) (Deswal, 2020).
A fisiopatologia da SOP envolve uma combinação de fatores, incluindo hiperandrogenismo, resistência à insulina e inflamação crônica de baixo grau. O hiperandrogenismo, marcado por níveis elevados de hormônios masculinos como testosterona, contribui para sintomas como hirsutismo e acne. A resistência à insulina, onde as células tornam-se menos responsivas à insulina, leva à hiperinsulinemia compensatória e pode resultar em anormalidades metabólicas como obesidade e diabetes tipo 2 (Harada, 2022).
O diagnóstico da SOP é clínico, com foco em sintomas como irregularidade menstrual e hiperandrogenismo, além da presença de ovários policísticos em ultrassonografia. É crucial excluir outras condições que imitam a SOP, como hiperplasia adrenal congênita e tumores produtores de andrógenos. Os critérios diagnósticos do NIH e AE-PCOS são utilizados, com prevalência variando de 6% a 20%. Exames de ultrassonografia e Doppler são importantes para o diagnóstico (Huddleston e Dokras, 2022).
O tratamento é individualizado, com mudanças no estilo de vida priorizadas, especialmente em mulheres obesas, antes de iniciar a indução da ovulação ou tratamento de infertilidade. Estratégias específicas são adotadas em tratamentos de reprodução humana para minimizar complicações, como a síndrome de hiperestimulação ovariana, em mulheres com SOP submetidas à fertilização in vitro (Huddleston e Dokras, 2022).
Portanto, devido à sua prevalência significativa e às implicações que vão além do sistema reprodutivo, o diagnóstico preciso e o manejo adequado da SOP são cruciais para a prática clínica. O acesso a serviços de saúde especializados e o acompanhamento contínuo são fatores determinantes para garantir um diagnóstico adequado, tratamento eficaz e prevenção de complicações associadas à SOP, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e infertilidade.
2 METODOLOGIA
Este estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura com o objetivo de avaliar as estratégias de diagnóstico e tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). A pesquisa foi conduzida em bases de dados científicas, incluindo PubMed, SciELO, LILACS e Google Acadêmico. As palavras-chave utilizadas foram “Síndrome dos Ovários Policísticos”, “Manejo da SOP”, “Tratamento da SOP” e “Abordagens terapêuticas para SOP”, a fim de identificar estudos relevantes.
Foram incluídos na revisão artigos publicados nos últimos cinco anos que abordassem o diagnóstico e manejo da SOP, incluindo abordagens farmacológicas e não farmacológicas. Estudos que tratavam de diretrizes clínicas, terapias hormonais e mudanças no estilo de vida foram priorizados.
Os artigos selecionados foram analisados qualitativamente, com foco nos métodos de diagnóstico utilizados, nas estratégias terapêuticas adotadas e nos impactos do manejo na saúde das pacientes. Os dados extraídos foram organizados em tabelas, permitindo uma visualização estruturada das principais abordagens utilizadas no tratamento da SOP.
3 RESULTADOS
| Estudo | Tipo de produção/ano | Objetivo | Principais achados |
| Yela,2018 | Capítulo de livro obra coletiva-2018 | Enfatizar o diagnóstico e terapêutica da SOP na adolescência | O diagnóstico de SOP em adolescentes exige cautela, pois hiperandrogenismo e anovulação são comuns na puberdade. Além disso, 26% apresentam ovários policísticos na ultrassonografia sem necessariamente terem a síndrome. |
| Brugge; Mazur; Cavagnari, 2017 | Artigo original – 2017 | Analisar a associação entre SOP, estado nutricional e consumo alimentarem mulheres em idade fértil | Os critérios diagnósticos da SOP evoluíram desde o NIH (1990) até o Consenso de Rotterdam (2003). Atualmente, a Endocrine Society exclui o ultrassom nos primeiros oito anos após a menarca, priorizando anovulação persistente e hiperandrogenismo. |
| Medeiros et al., 2023 | Artigo de revisão – 2023 | Revisar as abordagens diagnósticas e terapêuticas da SOP | O diagnóstico laboratorial inclui dosagem de AMH, T/DHT e 17- hidroxiprogesterona sérica, excluindo outras condições. |
| Machado e Wichoski, 2022 | Artigo original – 2022 | Avaliar os principais sintomas e o estilo de vida de mulheres diagnosticadas com SOP | O tratamento não medicamentoso da SOP inclui dieta hipocalórica e balanceada para reduzir 5 a 10% do peso corporal, além de exercícios aeróbicos intensos pelo menos três vezes por semana. |
| Pena, 2022 | Artigo de revisão – 2022 | Analisar as características da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) por meio de uma revisão de literatura | Apesar de seus benefícios, é importante ressaltar que a metformina está associada a efeitos colaterais gastrointestinais. Além disso, é necessário um monitoramento regular da função renal. |
| Pereira et al., 2021 | Artigo científico – 2021 | Analisar opções de tratamento para mulheres inférteis com SOP | Os Anticoncepcionais Hormonais Orais Combinados (CHOC) ajudam a reduzir o hiperandrogenismo, acne e irregularidades menstruais em mulheres com SOP, além de tratar o hirsutismo ao regular o perfil hormonal. |
| Rodrigues et al., 2022 | Artigo científico – 2022 | Realizar uma revisão de literatura sobre o uso de metformina no tratamento de mulheres com SOP. | A metformina e os anticoncepcionais orais combinados ajudam a melhorar sintomas da SOP. |
4 DISCUSSÃO
O tratamento não medicamentoso da Síndrome desempenha um papel crucial no manejo eficaz da condição. Inicialmente, são recomendadas medidas simples relacionadas à dieta, como adotar uma alimentação hipocalórica e balanceada, com foco na redução de 5 a 10% do peso corporal. Associado a isso, são indicadas atividades físicas intensas e aeróbicas realizadas pelo menos três vezes por semana, com sessões de 60 minutos cada (Machado e Wichoski, 2022).
Essas mudanças não apenas contribuem para melhorar aspectos estéticos, como o hirsutismo e a acne, mas também promovem benefícios metabólicos ao combater a resistência à insulina e a dislipidemia, além de auxiliar na regularização dos padrões menstruais das pacientes com SOP. Além das intervenções dietéticas e exercícios físicos, é fundamental considerar o uso de drogas sensibilizadoras à insulina, como a metformina, como parte do tratamento não medicamentoso da SOP. A metformina, por exemplo, atua aumentando a utilização de glicose nos tecidos sensíveis à insulina e reduzindo a neoglicogênese hepática, o que resulta na queda dos níveis plasmáticos de insulina (Machado e Wichoski, 2022).
Apesar de seus benefícios, é importante ressaltar que a metformina está associada a efeitos colaterais gastrointestinais, como diarreia e náusea, sendo essencial a administração durante as refeições e o aumento gradual das doses para minimizar tais efeitos. Além disso, é necessário um monitoramento regular da função renal, pois a medicação pode estar associada a uma rara, mas grave, acidose lática em casos específicos (Pena, 2022).
3.6.2 Abordagem farmacológica
A terapia medicamentosa na SOP visa suprimir a produção androgênica exacerbada e corrigir suas consequências, como a irregularidade menstrual e os riscos de doenças a longo prazo. Uma das opções farmacológicas é a metformina, sensibilizador de insulina amplamente utilizada devido aos benefícios observados em pacientes com SOP. Estudos demonstram que a metformina regula o transtorno menstrual, trata o hirsutismo e induz a ovulação. Seu uso reduz a produção de testosterona, regulariza ciclos menstruais e aumenta a fertilidade, além de diminuir os riscos de diabetes gestacional e abortamentos espontâneos em pacientes que engravidam durante o tratamento (Pereira et al., 2021).
Outra opção terapêutica são os Anticoncepcionais Hormonais Orais Combinados (CHOC), que contêm estrogênio e progestogênio. Esses contraceptivos são indicados para reduzir o hiperandrogenismo, acne e irregularidades menstruais em mulheres com SOP que não desejam engravidar. Os CHOC diminuem a produção de andrógenos, aumentam a globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG) e suprimem a secreção de LH, levando a uma menor produção ovariana de andrógenos. Além disso, desempenham um papel importante no tratamento do hirsutismo, regulando o perfil hormonal e reduzindo o crescimento excessivo de pelos em pacientes hirsutas (Pereira et al., 2021).
Os benefícios da metformina e dos anticoncepcionais orais combinados incluem a melhora dos sintomas da SOP, como hiperandrogenismo, irregularidades menstruais e hirsutismo. Ambas as opções terapêuticas são fundamentais para o manejo da SOP e devem ser consideradas de acordo com as necessidades individuais e orientação médica especializada, visando uma abordagem abrangente e eficaz para o tratamento dessa condição endócrina-metabólica (Rodrigues et al., 2022).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem farmacológica no tratamento da SOP é crucial para um manejo eficaz da condição. A metformina e os anticoncepcionais hormonais orais combinados (CHOC) são as principais opções terapêuticas. A metformina tem se mostrado eficaz no controle da resistência à insulina, na redução da produção de andrógenos, na regularização dos ciclos menstruais e no aumento da fertilidade, além de ajudar a diminuir os riscos de complicações, como diabetes gestacional e abortamento espontâneo. Já os anticoncepcionais orais combinados são indicados para mulheres que não desejam engravidar e são eficazes na redução do hiperandrogenismo, acne e irregularidades menstruais, além de desempenharem um papel importante no tratamento do hirsutismo.
É fundamental que o tratamento da SOP seja personalizado, levando em consideração as características clínicas e as necessidades individuais de cada paciente. A combinação de mudanças no estilo de vida com terapias farmacológicas, como metformina e anticoncepcionais hormonais, tem mostrado ser uma estratégia eficaz para o manejo dessa condição, com benefícios significativos tanto na melhoria dos sintomas quanto na redução dos riscos a longo prazo.
REFERÊNCIAS
BRUGGE, Fabiula Aparecida; MAZUR, Caryna Eurich; CAVAGNARI, Mariana Abe Vicente. Associação entre diagnóstico de síndrome de ovários policísticos, estado nutricional e consumo alimentar em mulheres em idade fértil. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 11, n. 62, p. 117-124, 2017.
DA SILVA RODRIGUES, Antônia Eliene et al. Uma analogia no uso de metformina, citrato de clomifeno e letrozol: no tratamento da síndrome do ovário policístico. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento , v. 11, n. 13, pág. e275111335520- e275111335520, 2022.
DE SOUZA PENA, Victor et al. Uma análise sobre as características da síndrome dos ovários policísticos: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 4, p. e9996-e9996, 2022.
DESWAL, Ritu, et al. The prevalence of polycystic ovary syndrome: a brief systematic review. Journal of human reproductive sciences, 2020, 13.4: 261-271.
HARADA, Miyuki. Fisiopatologia da síndrome dos ovários policísticos revisitada: compreensão atual e perspectivas em relação a pesquisas futuras. Medicina reprodutiva e biologia , v. 21, n. 1, pág. e12487, 2022
HUDDLESTON, Heather G.; DOKRAS, Anuja. Diagnóstico e tratamento da síndrome dos ovários policísticos. Jama , v. 3, pág. 274-275, 2022.
MACHADO, Marcela Aparecida; WICHOSKI, Cleusa. Relação entre o estilo de vida e os sintomas de mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 38, n. especial, p. 183-198, 2022.
MEDEIROS, Anna Júlia Godoy et al. Abordagem do diagnóstico e tratamento da síndrome dos ovários policísticos. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 23, n. 8, p. e13503-e13503, 2023.
PEREIRA, Ana Elise de Souza Barros et al. Tratamento para mulheres inférteis com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 5, p. e6984-e6984, 2021.
YELA, Daniela Angerame. Particularidades do diagnóstico e da terapêutica da síndrome dos ovários policísticos na adolescência. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS, p. 16, 2018.
¹ Acadêmicas do Curso de Medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
² Taynara Augusto Fernandes, mestre em biodiversidade pela universidade federal do Tocantins –
Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos