MANEJO DA SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

MANAGEMENT OF ACUTE RESPIRATORY DISTRESS SYNDROME IN PREMATURE INFANTS: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7867717


Carine Vitória Lemes Ferreira1
Gleison Lucas Santos do Nascimento2
Vitória Oliveira Souza3
Darlene Andrade Oliveira4
Daislaine de Jesus Lima5
Edinho Pereira Pardin6
Luana Lopes Iria7
Guilherme Sell de Mendonça e Silva8
Gleise Santos Salgueiro9
Eduardo de Mendonça Carvalho10
Walisson da Silva Vieira11
Amanda Meira dos Santos12
Mirian Santos Silva Conceição13
Dominique de Sousa Almeida14
Vagner de Santana Jesus15
Cristiane Bahia dos Santos16


RESUMO

Introdução: A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é ocasionada por imaturidade pulmonar em decorrência da deficiência primária do surfactante alveolar, agravada por vários fatores de risco, que afetam, sobretudo, os recém-nascidos pré-termo (RNPT). Objetivo: Revisar as evidências clínicas disponíveis relacionadas ao manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo em recém-nascidos prematuros, a fim de fornecer recomendações clínicas baseadas em evidências e experiências para o tratamento de pacientes com SDRA. Metodologia: A pesquisa trata-se de uma revisão integrativa sobre o manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo em recém-nascidos prematuros. Resultados: O gerenciamento moderno da SDRA visa, por meio de protocolos e diretrizes, maximizar a sobrevida de bebês prematuros e, ao mesmo tempo, minimizar complicações derivadas da SDRA. As diretrizes americanas e europeias recomendam a aplicação precoce de ventilação não invasiva (VNI) para tratar doenças respiratórias em prematuros para obter resultados ideais. A terapia de suporte respiratório ainda é uma das principais medidas de tratamento para SDRA em recém-nascidos prematuros, vale ressaltar também que a administração de surfactante exógeno tem contribuído para a sobrevida desses bebês. Conclusão: Em suma, questões importantes precisam ser abordadas para melhorar o manejo e os resultados da SDRA em prematuros. A terapia com surfactante melhora a sobrevida e reduz o pneumotórax e, portanto, desempenha um papel essencial no manejo da SDRA. 

Palavras-chave: Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo; Recém-Nascido Prematuro; Doenças do Prematuro.

ABSTRACT

Introduction: The Acute Respiratory Distress Syndrome (ARDS) is caused by pulmonary immaturity due to the primary deficiency of alveolar surfactant, aggravated by several risk factors, which caused, above all, preterm newborns (PTNB). Objective: To review the clinical evidence related to the management of acute symptomatology syndrome in premature newborns, in order to provide experimental clinical recommendations and experiences for the management of patients with ARDS. Methodology: The research is an integrative review on the management of the acute symptom syndrome in premature newborns. Results: The modern management of ARDS aims, through protocols and guidelines, to maximize the survival of premature babies and, at the same time, complications derived from ARDS. US and European guidelines recommend the early application of non-invasive ventilation (NIV) to treat respiratory diseases in preterm infants for optimal outcomes. Supportive therapy is still one of the main treatment measures for ARDS in premature newborns, it is also worth mentioning that the administration of exogenous surfactant has contributed to the survival of these babies. Conclusion: In summary, important issues need to be addressed to improve the management and outcomes of ARDS in preterm infants. Surfactant therapy improves survival and reduces pneumothorax and therefore plays an essential role in the management of ARDS.

Keywords: Acute respiratory distress syndrome; Infant Premature; Infant Premature Diseases.

1 INTRODUÇÃO

O parto prematuro é a principal causa global de mortalidade infantil. No ranking mundial dos países com mais nascimentos prematuros, o Brasil ocupa o 10º lugar. No Brasil, 320 mil bebês nascem de maneira prematura a cada ano, o equivalente a 877 por dia, 37 por hora ou seis prematuros a cada 10 minutos. Dados dos sistemas de informações do Sistema Único de Saúde (SUS) informam que, em 2019, 11% dos nascidos vivos no Brasil foram prematuros; em 2020, 11,31%; e, em 2021, 12,19%. São considerados prematuros (ou pré-termos), os bebês que vêm ao mundo antes de completar 37 semanas de gestação (BRASIL, 2021). 

Segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2012) definiu como extremamente prematuro: menos de 28 semanas de gestação; muito prematuro: 28 a 32 semanas de gestação; prematuro moderado a tardio: 32 a 37 semanas de gestação.

A prematuridade traz inúmeras complicações para o recém-nascido e, entre elas, ressalta-se a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) ou também conhecida como Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) é problema de saúde grave recorrente em bebês prematuros nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal com alta taxa de mortalidade e muitas complicações, manifestada como esforço respiratório precoce e excessivo em recém-nascidos, que pode se agravar para a insuficiência respiratória logo após o nascimento (Fioretto e Carvalho, 2013). 

A SDRA é ocasionada por imaturidade pulmonar em decorrência da deficiência primária do surfactante alveolar, agravada por vários fatores de risco, que afetam, sobretudo, os recém-nascidos pré-termo (RNPT) (Sweet et al, 2022). 

O tratamento da síndrome do desconforto respiratório agudo está baseado em cuidados intensivos, manutenção do suporte hídrico, calórico e térmico, reposição de surfactante, suporte ventilatório (invasivo ou não invasivo) e prevenção e controle de processos infecciosos (Tarantino, 2007).

Os protocolos com abordagem de tratamento preventivo da SDRA com a administração do surfactante, com base avaliação clínica do trabalho respiratório e na necessidade de oxigênio inspirado, têm como objetivo evitar o agravamento da SDRA e impedir a exposição prolongada à ventilação mecânica, bem como adotar métodos ventilatórios menos invasivos o mais precoce possível – como a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) na sala de parto – levando a diminuição as taxas de lesão e doença pulmonar crônica, proporcionado um conforto maior ao recém-nascido (Haumont et al, 2020). 

Sendo assim, o presente estudo objetiva revisar as evidências clínicas disponíveis relacionadas ao manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo em recém-nascidos prematuros, a fim de fornecer recomendações clínicas baseadas em evidências e experiências para o tratamento de pacientes com SDRA.

2 METODOLOGIA

A pesquisa tratou-se de uma revisão integrativa sobre o manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo em recém-nascidos prematuros. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito da área temática. Além disso, possibilita a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica. Proporcionando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto e apontam lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos (Mendes et al, 2008).

Para a busca de artigos utilizou-se as seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Scientific Electronic Library Online (sciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Base de Dados em Enfermagem (BDENF- Enfermagem). Foram   utilizados   os   seguintes   Descritores   em   Ciências   da   Saúde (DeCS): “Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo/Acute respiratory distress syndrome”, “Recém-Nascido Prematuro/ Infant Premature” e “Doenças do Prematuro/Infant, Premature, Diseases”. Estes descritores foram combinados por meio dos operadores boleanos “E/OU”, AND/OR para obter resultados relevantes para a pesquisa (Santos, 2007; JBI, 2014).  

A busca pelas produções resultou em 105 estudos, após leitura exaustiva dos títulos e resumos dos artigos, 39 foram selecionados por preencherem os critérios de inclusão estabelecidos. Após leitura na íntegra, 23 foram excluídos por não contemplarem em sua totalidade a temática proposta, restando 16 artigos. Após análise das referências dos artigos selecionados, foram identificados 18 estudos relevantes que agregaram a pesquisa, desta forma, 34 artigos constituíram o corpus desta revisão. 

Dentre os critérios adotados para inclusão dos estudos foram ensaios clínicos randomizados ou quase randomizados, com abordagens quantitativa, qualitativa e/ou quantiqualitativa, disponíveis na íntegra, com acesso eletrônico livre, sem recorte temporal, nos idiomas inglês, espanhol e português. Para a exclusão dos artigos os critérios aplicados foram estudos que se distanciam da proposta do tema, produções científicas em formato de tese, monografia, relato de experiência e resumo. 

Ressalta-se que foi realizado a extração das principais informações sobre o manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo em recém-nascidos prematuros, levando em consideração a interpretação dos dados de forma fidedigna, respeitando os conceitos apresentados pelos autores, desse modo, a revisão e a análise dos estudos foram feitas de forma descritiva com a finalidade de sistematizar a revisão integrativa. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma condição clínica de insuficiência respiratória aguda grave, resultante do rompimento da barreira caracterizada pela membrana alvéolo-capilar, o que define o influxo de um edema rico em proteínas para dentro dos espaços alveolares. Paralelamente, a lesão do epitélio alveolar diminui a produção de surfactante e o próprio edema colabora para a inativação de parte dessa lipoproteína que ainda é sintetizada. A redução do surfactante facilita o colapso alveolar que, ligado ao edema, estabelece importante prejuízo nas trocas gasosas e na mecânica pulmonar (Ware et al, 2000).

A insuficiência respiratória é um problema comum em lactentes a termo e prematuros em unidades de terapia intensiva neonatal. Em prematuros, a causa mais comum de insuficiência respiratória é a SDRA (Malakian et al, 2021). Se manifesta clinicamente como um desconforto respiratório precoce em recém-nascidos pré-termo (RNPT) iniciado imediatamente após o parto devido a imaturidade respiratória, na maioria das vezes é decorrente da produção deficiente de surfactante, sendo responsável por uma das principais causas de morbimortalidade em bebês prematuros (Li Y et al, 2021).

Após o diagnóstico a SDRA pode ser classificada em leve, moderada e grave e se dá conforme o comprometimento da oxigenação apresentado pelo paciente. SDRA leve: 200 < PaO2/FiO2 ≤ 300 mmHg com Pressão positiva expiratória final (PEEP) ou CPAP  ≥ 5 cm H2O; SDRA moderada: 100 < PaO2/FiO2 ≤ 200 mmHg com PEEP ≥ 5 cm H2O; SDRA grave: PaO2/FiO2 ≤ 100 mmHg com PEEP ≥ 5 cm H2O (Fan; Brodie; Slutsky, 2018).

A SDRA se distingue por seu rápido início e rápida progressão, requer suporte respiratório imediato, tende a se agravar progressivamente nas primeiras horas de vida, pode atingir seu pico com 48 horas e inicia sua melhora com 72 horas, no entanto, quando não tratada adequadamente pode ser fatal. A SDRA é uma das principais causas de morte de recém-nascidos (Wang et al, 2023).

A grande maioria dos recém-nascidos com SDRA são prematuros com alta progressão de sinais de desconforto respiratório. Os sintomas são caracterizados pela taquipneia, observada pelos seguintes sinais: Batimento de asas de nariz (que reflete o uso de musculatura respiratória acessória); Gemido expiratório (que resulta da exalação de ar através de uma glote parcialmente fechada, a fim de dificultar a saída de ar dos pulmões, garantindo um volume expiratório final residual e impedindo o colabamento dos alvéolos); Retrações subcostais, intercostais e subesternal (que ocorrem devido à alta pressão intratorácica necessária durante a inspiração para expandir os pulmões); Cianose (devido ao shunt direito-esquerda a intra e extra pulmonar). Por fim, esses sintomas levam à insuficiência cardíaca se não for estabelecida expansão, ventilação e oxigenação pulmonar (Agarwal et al, 2008; Guyton & Hall, 2006).

A história natural da doença foi modificada por uma nova abordagem da SDRA com a introdução da terapia de reposição do surfactante exógeno, o surfactante tende a melhorar a função pulmonar, abreviando o curso clínico da doença e reduzindo a intensidade dos sintomas. Ademais, o uso da CPAP (Pressão Positiva Contínua de Vias Aéreas) também se mostrou eficiente e modificou o curso clínico da SDRA, mesmo nos casos em que os recém-nascidos não fizeram uso do surfactante exógeno (Polin & Carlo, 2014).

3.2 FISIOPATOLOGIA

A fisiopatologia da Doença da Membrana Hialina (DMH), ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDRA), envolve o colapso dos alvéolos (atelectasia pulmonar), edema e lesão celular, de modo progressivo provocando uma maior necessidade de oxigênio e estresse respiratório. Possui várias características específicas, sendo definida por infiltrações bilaterais na radiografia pulmonar, relação entre pressão parcial arterial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) < 200 mmHg e pressão capilar pulmonar (PCP) < 18 mmHg, sendo a forma mais grave da lesão pulmonar aguda (LPA) (Pinheiro; Lisboa; Holanda, 2011). 

Sua incidência e seriedade são inversamente equivalentes a idade gestacional e peso ao nascimento, comprometendo cerca de 60% dos menores de 28 semanas, 30% dos recém-nascidos prematuros com menos de 30 semanas e aproximadamente 5% dos pré-termos tardios (BRASIL, 2014).

O surfactante é uma substância produzida por pneumócitos tipo II. Surgem a partir da 24ª semana de gestação, na fase canalicular do desenvolvimento pulmonar. Só na fase sacular, a partir da 27ª semana, é que ocorre a maturação do sistema surfactante. A função do surfactante pulmonar é estabilizar os alvéolos e os bronquíolos respiratórios durante a fase expiratória, evitando o colapso de vias aéreas distais e a perda do volume pulmonar. A deficiência do surfactante causa instabilidade e atelectasia alveolar progressiva, levando a uma menor complacência pulmonar e uma menor capacidade residual funcional, além disso, gera alteração na relação ventilação/perfusão (relação V/Q), com o surgimento de hipoxemia, hipercapnia e acidose (Lyra, 2011; Miyoshi, 2001).

3.3 DIAGNÓSTICO

Para o diagnóstico da SDRA é necessário realização de uma radiografia de tórax e/ou tomografia   computadorizada   de   tórax, bem   como   a   avaliação   da   oximetria de pulso e da gasometria arterial (Santos et al., 2017). Os achados serão infiltrados radiológico pulmonar bilateral, e relação da pressão parcial arterial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) < 200   mmHg e pressão   capilar   pulmonar (PCP) < 18   mmHg (Silva; Queiroz; Filho, 2016).

O diagnóstico clínico de SDRA em recém-nascidos prematuros se manifesta por um aumento no esforço respiratório e pela necessidade de frações de oxigênio cada vez maiores para manter uma PaO2 entre 50 e 70mmHg, que evolui de forma progressiva nas primeiras horas após o parto (BRASIL, 2012). 

O diagnóstico da SDRA depende da apresentação clínica, incluindo o reconhecimento dos fatores de risco; gasometria revelando hipoxemia e hipercapnia; e radiografia de tórax. A radiografia de tórax mostra atelectasias difusas, classicamente descrita como tendo um aspecto de vidro fosco com broncogramas aéreos visíveis e baixa expansão pulmonar; a aparência se correlaciona vagamente com a gravidade clínica. Em relação ao diagnóstico diferencial podem incluir pneumonia por estreptococos do grupo B e sepse; taquipneia transitória do recém-nascido; hipertensão pulmonar persistente; aspiração; edema pulmonar e anomalias cardiopulmonares congênitas (Srinivasan, 2012). 

Segundo Brasil (2012) apesar do quadro clínico e radiológico ser bem definido, os erros diagnósticos ainda são comuns, principalmente nos casos mais leves. Deve-se considerar o diagnóstico de SDRA quando houver: Evidências de prematuridade e imaturidade pulmonar; Início do desconforto respiratório nas primeiras 3 horas de vida; Evidências de complacência pulmonar reduzida, capacidade residual funcional (CRF) diminuída e trabalho respiratório aumentado; Necessidade de oxigênio inalatório e/ou suporte ventilatório não invasivo ou invasivo por mais de 24 horas para manter os valores de gases sanguíneos dentro da normalidade.

Segundo Campos, Burns e Lopes (2014), a radiografia do recém-nascido com SDRA caracteriza-se por infiltrado reticulo granular difuso, em geral homogêneo e simétrico, determinado por atelectasia alveolar, embora possa haver componente de edema pulmonar associado. Pode haver broncogramas aéreos e, nos casos mais graves, opacidade pulmonar bilateral e aparecimento do contorno cardíaco. O padrão radiológico pode ser indistinguível de pneumonia neonatal.

3.4 TRATAMENTO

Historicamente, a síndrome do desconforto respiratório tem sido tratada com injeção intratraqueal de surfactante seguida de ventilação mecânica. Tendo em vista o risco de lesão pulmonar associada à ventilação mecânica e subsequente doença pulmonar crônica pulmonar, modalidades de tratamento menos invasivas têm sido sugeridas para reduzir as complicações pulmonares (Malakian et al, 2021).

O manejo possui como principal objetivo reduzir o máximo possível de quaisquer efeitos com potenciais nocivos da ventilação mecânica aos RNs prematuros com SDRA, garantindo concomitantemente a adequada troca gasosa (Chiumello et al, 2017). 

O gerenciamento moderno da SDRA visa, por meio de protocolos e diretrizes, maximizar a sobrevida de bebês prematuros e, ao mesmo tempo, minimizar complicações derivadas da SDRA. As diretrizes americanas e europeias recomendam a aplicação precoce de ventilação não invasiva (VNI) para tratar doenças respiratórias em prematuros para obter resultados ideais. A terapia de suporte respiratório ainda é uma das principais medidas de tratamento para SDRA em recém-nascidos prematuros, vale ressaltar também que a administração de surfactante exógeno tem contribuído para sobrevida desses bebês (Sweet et al, 2022).

O uso do surfactante similar ao produzido pelo organismo humano, o suporte ventilatório mecânico e o progresso de aprimoramento profissional de técnicas de estimulação pulmonar têm reduzido a mortalidade dos prematuros de alto risco, isso se deve, sobretudo, as melhorias e avanços na assistência à gestante de alto risco e no tratamento neonatal na atualidade. Mostrando-se importantes na elevação das taxas de sobrevida dos RNs acometidos pela SDRA, especialmente aqueles com baixo peso (Prigenzi et al., 2008; Andreani, Custodio & Crepaldi, 2006).

O uso do corticoide antenatal associado a CPAP de início precoce permite que bebês nascidos com 26-29 semanas de IG possam ser tratados sem intubação ou surfactante durante cerca de 50% do tempo, segundo estudos clínicos de grande porte (Sweet et al, 2022). Segundo dados europeus de 2014 a 2016 evidenciam que cerca de 50% de todos os bebês nascidos entre 22 e 32 semanas recebem surfactante, desse modo, o manejo adequado para administração de surfactante e ventilação mecânica (VM) é imprescindível para aumentar a sobrevida dos RNs (Haumont et al, 2020).

A ventilação mecânica pode resultar em muitas complicações como lesão por pressão, vazamento de ar pulmonar, infecção relacionada ao ventilador e assim por diante, e todos os quais comprometem a qualidade pulmonar de bebês prematuros a longo prazo. Em contrapartida, com o intuito de reduzir a taxa de displasia broncopulmonar, a ventilação mecânica invasiva (VMI) tem sido substituída pela VNI no tratamento da SDRA em recém-nascidos prematuros (Hua et al, 2020; Walter et al, 2018). A VNI, quando realizada corretamente, pode reduzir significativamente a necessidade de intubação endotraqueal convencional e ventilação mecânica. Para Behnke et al (2019) e Pan et al (2021) a VNI é uma importante medida salva-vidas para em RNs prematuros acometidos pela SDRA.

Um estudo controlado randomizado comparou a segurança e eficácia das aplicações de ventilação oscilatória de alta frequência não invasiva nasal (NHFV) e aplicações de dupla pressão positiva nas vias aéreas (DuoPAP) em bebês prematuros com SDRA, mostraram que ambas as modalidades podem ser consideradas modos de ventilação seguros e eficazes, tanto o NHFV quanto o DuoPAP evitaram a necessidade de intubação endotraqueal, reduziram efetivamente a retenção de CO2 em prematuros com SDRA e melhoraram os indicadores de gasometria sem aumentar a incidência de reações adversas (Wang et al, 2023). 

Segundo Li Y et al (2021) o NHFV tem uma baixa taxa de reintubação sem aumentar a taxa de complicações. Já o DuoPAP diminui a necessidade de ventilação mecânica invasiva e tem excelentes resultados no tratamento de prematuros com insuficiência respiratória (Solevåg et al, 2021; Chen et al, 2022).

Em estudo realizado com coorte retrospectivo mostrou que a ventilação nasal intermitente com pressão positiva (NIPPV) reduziu a necessidade de VMI em lactentes com SDRA que falharam pela via aérea positiva contínua nasal (NCPAP) e foi associada a melhores resultados (Ishigami et al, 2023). 

A Pressão positiva nasal de dois níveis nas vias aéreas (BiPAP) frequentemente usado no suporte respiratório não invasivo propicia dois níveis alternados de pressão de fundo, causando alterações na capacidade residual funcional (CRF) do RN. Ainda assim, possíveis benefícios incluem pequenas respirações reais fornecidas por uma pequena mudança na pressão e “desencadeamento” reflexo de respirações espontâneas por intermédio da estimulação. As pressões ligeiramente mais altas usadas também podem ajudar a prevenir a atelectasia, em comparação com o CPAP (Rong et al, 2016). 

Ademais, em estudo randomizado controlado demonstrou que não há diferença significativa entre o grupo BiPAP e o grupo CPAP em termos de taxa de reintubação em 72 horas de idade após o tratamento com intubação-surfactante-extubação (INSURE). Duração significativamente mais curtas (dias) de suporte PAP e suplementação de oxigênio foram encontradas no grupo BiPAP do que no grupo CPAP (Pan et al, 2021). 

A terapia com surfactante melhora a sobrevida e reduz o pneumotórax e, portanto, desempenha um papel essencial no manejo da SDRA. O método de administração do surfactante é realizado diretamente na traquéia e, na maioria dos primeiros ensaios, é administrado em bolus por meio de um tubo endotraqueal, distribuído por IPPV seguido de um período de desmame ventilatório. A técnica INSURE, envolvendo a administração de bolus de surfactante seguida de breve ventilação com bolsa e rápida extubação sem ventilação contínua, possivelmente reduz a lesão pulmonar (Stevens et al, 2007).

O método de administração de surfactante menos invasiva (LISA) ou administração de surfactante minimamente invasiva é o mais aceito, comprado a técnica INSURE, para administração do surfactante é necessário usar um cateter fino e evitar completamente o “ensaque”, permitindo que a criança mantenha a respiração espontânea no CPAP enquanto o surfactante é gradualmente instilado em pequenas alíquotas. Desse modo, resulta em menor necessidade de VM e redução no resultado combinado de morte ou displasia bronco pulmonar, bem como redução de Hemorragia Intraventricular (IVH) em comparação às diretas com INSURE em limiares de tratamento idênticos. A preferência em usar o método LISA tem como objetivo evitar VM, além da administração do surfactante o mais precoce possível no decorrer da SDRA (Abdel-Latif et al, 2021). 

3.5 PROGNÓSTICO

Com o tratamento, o prognóstico é excelente e a mortalidade < 10%. Apenas com suporte ventilatório adequado, eventualmente tem-se início à produção de surfactante e, uma vez iniciada, a SDRA costuma melhorar no prazo de 4 ou 5 dias. No entanto, sem tratamento que aumente os níveis de oxigênio no sangue, os recém-nascidos podem desenvolver insuficiência cardíaca, nesse meio tempo a hipoxemia grave pode levar à falência múltipla dos órgãos e morte. Maior prematuridade e o consequente tratamento prolongado está associada a maior risco de doença pulmonar crônica, displasia bronco pulmonar ou ambos (Balest, 2021).

4 CONCLUSÃO

Em suma, questões importantes precisam ser abordadas para melhorar o manejo e os resultados da SDRA em prematuros. O uso do surfactante similar ao produzido pelo organismo humano, o suporte ventilatório mecânico e o progresso e aprimoramento profissional de técnicas de estimulação pulmonar têm reduzido a mortalidade dos prematuros de alto risco, isso se deve, sobretudo, as melhorias e avanços na assistência à gestante de alto risco e no tratamento neonatal na atualidade. A terapia com surfactante melhora a sobrevida e reduz o pneumotórax e, portanto, desempenha um papel essencial no manejo da SDRA. O uso de corticoides antenatais pode ajudar na diminuição da incidência e gravidade da SDRA. O prognóstico desses RNs relaciona-se com a gravidade da SDRA, idade gestacional e se as técnicas terapêuticas usadas foram adequadas. A terapia de suporte respiratório ainda é uma das principais medidas de tratamento para SDRA em recém-nascidos prematuros, vale ressaltar também que a administração de surfactante exógeno tem contribuído para a sobrevida desses bebês. Pesquisas futuras são imprescindíveis para obter melhores desfechos ao manejo da SDRA em prematuros. 

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1Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0000-0002-9253-5162
E-mail: vitoria.ferreira@ftc.edu.br
Coautores:
2Enfermeiro Especialista em Urgência e Emergência
e Gestão hospitalar
Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA
https://orcid.org/0000-0002-5418-7136
E-mail: enfgleison@icloud.com
3Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0009-0000-2103-6342
E-mail: zvitoriaoliveira@outlook.com
4Graduanda em Enfermagem
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
https://orcid.org/0009-0003-1328-1622
E-mail: darlene_andrade2502@hotmail.com
5Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0009-0000-7096-8322
E-mail: limadaislaine@gmail.com
6Graduando em Medicina
Universidade do Contestado – UNC | Mafra – SC
https://orcid.org/
E-mail: edinhopardin@gmail.com
7Graduando em Medicina
Universidade do Contestado – UNC | Mafra – SC
https://orcid.org/
E-mail: luana_lopesiria@hotmail.com
8Graduando em Medicina
Universidade do Contestado – UNC | Mafra – SC
https://orcid.org/
E-mail: guilhermesellm@hotmail.com
9Fisioterapeuta Pós graduada em Terapia intensiva
https://orcid.org/0009-0007-0830-557X
E-mail: gleisesalgueiro@hotmail.com
10Graduando em Medicina
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO/ UNIGRANRIO AFYA
https://orcid.org/0009-0006-8443-1458
E-mail: mendonca.eduardo2500@gmail.com
11Enfermeiro Pós graduado em Enfermagem do Trabalho
Faculdade Holística – FAHOL
https://orcid.org/0000-0002-3291-2069
E-mail: walissonvieira.2010@gmail.com
12Médica
Universidad Nacional de La Rioja Unlar
Revalidada pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
https://orcid.org/0009-0000-6370-5583
E-mail: amandaaiza.meira@gmail.com
13Graduanda em Enfermagem
UNIFTC | Salvador – Bahia
https://orcid.org/0009-0002-9444-638X
E-mail: micavirtuosa@hotmail.com
14Graduanda em Enfermagem
UNEX | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0000-0002-9253-5162
E-mail: dominiquesousa02@gmail.com
15Graduando em Fármacia
UNIFACS | Feira de Santana – Bahia
https://orcid.org/0009-0006-3489-8404
E-mail: vagnerjesus50@gmail.com
16Graduanda em Enfermagem
UNIFTC | Salvador – Bahia
https://orcid.org/0009-0007-0325-7118
E-mail: bahiacristiane4@gmail.com