CLINICAL MANAGEMENT OF HYPOTHYREOIDISM: DIAGNOSIS AND TREATMENT IN DAILY PRACTICE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202502211126
Elaine Oliveira Araujo; Maria Clara Bandeira Ribas; Ana Luiza Rodrigues Araujo; Monyella Pedrosa Guarese; Elton Pessoa dos Santos; Sávio Nixon Passos Luz; Andressa Cristina Correa Machado Sousa; Ives Ribeiro Ponte;
Agesilau Coelho de Carvalho; Yago Lima Santiago; Cintia Marçal Castro; Bruna Gonçalves Dantas de Almeida; Aristóteles Passos Araújo Neto; Júlia Araújo Machado; Ana Julia Lima Pereira
Resumo
O hipotireoidismo é uma condição clínica comum, caracterizada pela deficiência na produção de hormônios pela glândula tireoide. Embora o diagnóstico seja geralmente simples, as questões envolvendo a interpretação dos resultados laboratoriais e as variações nos níveis de TSH ao longo do tempo podem gerar incertezas sobre a indicação de tratamento. Além disso, a avaliação de comorbidades e a resposta clínica do paciente ao tratamento são determinantes para o manejo adequado da doença. Diante desse cenário, o objetivo geral deste estudo é revisar o manejo clínico do hipotireoidismo, abordando as estratégias de diagnóstico e tratamento que devem ser aplicadas na prática diária. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, A pesquisa foi conduzida com os termos “Hipotireoidismo”, “Diagnóstico”, “Tratamento”, aplicando o operador booleano “AND”. A revisão bibliográfica sobre o manejo clínico do hipotireoidismo destacou os avanços significativos no diagnóstico e no tratamento da doença, com a reposição de levotiroxina sendo o pilar central da terapêutica. No entanto, apesar da eficácia do tratamento, os desafios relacionados à titulação da dose, à adesão do paciente e ao monitoramento a longo prazo continuam a ser questões centrais na prática clínica. A individualização do tratamento, considerando características como idade, comorbidades e fatores psicossociais, é crucial para otimizar os resultados terapêuticos e reduzir complicações associadas ao hipotireoidismo. Além disso, a implementação das diretrizes clínicas na prática diária ainda enfrenta obstáculos, como a falta de tempo para acompanhamento adequado e a necessidade de formação contínua dos profissionais de saúde. O uso de tecnologias para monitoramento remoto e estratégias de educação em saúde emergem como soluções promissoras para superar essas barreiras e melhorar o manejo da doença. É essencial que futuras pesquisas continuem a explorar abordagens mais personalizadas e eficazes, a fim de promover melhores resultados clínicos e qualidade de vida para os pacientes com hipotireoidismo.
Palavras-chave: Hipotireoidismo. Diagnóstico. Tratamento.
1 INTRODUÇÃO
O hipotireoidismo é uma condição clínica comum, caracterizada pela deficiência na produção de hormônios pela glândula tireoide. Essa disfunção pode afetar pacientes em diferentes faixas etárias, com destaque para mulheres em idade adulta e idosos. Os sintomas do hipotireoidismo são variados e podem incluir fadiga, ganho de peso, depressão, constipação e diminuição da capacidade de concentração, tornando o diagnóstico muitas vezes desafiador, especialmente em estágios iniciais ou em pacientes com sintomas inespecíficos. A detecção precoce é essencial para evitar complicações a longo prazo, como doenças cardiovasculares e danos ao sistema nervoso. (OLIVEIRA, MALDONADO, 2014).
O diagnóstico do hipotireoidismo envolve a avaliação clínica cuidadosa e exames laboratoriais, sendo a dosagem do hormônio estimulante da tireoide (TSH) e a dosagem de T4 livre os testes mais comuns. Embora o diagnóstico seja geralmente simples, as questões envolvendo a interpretação dos resultados laboratoriais e as variações nos níveis de TSH ao longo do tempo podem gerar incertezas sobre a indicação de tratamento. Além disso, a avaliação de comorbidades e a resposta clínica do paciente ao tratamento são determinantes para o manejo adequado da doença. (BEZERRA et al, 2023).
O tratamento do hipotireoidismo é centrado na reposição hormonal com levotiroxina, o que geralmente resulta em bons prognósticos. Contudo, o ajuste adequado da dose, levando em consideração as características individuais de cada paciente, pode ser desafiador, já que fatores como idade, comorbidades e a presença de outros medicamentos podem influenciar a absorção e a ação do hormônio. Além disso, a adesão ao tratamento e o monitoramento contínuo da função tireoidiana ao longo do tempo são aspectos críticos para garantir o sucesso terapêutico. (CASTRO, SOARES, 2014).
O objetivo deste artigo é revisar o manejo clínico do hipotireoidismo, abordando as estratégias de diagnóstico e tratamento que devem ser aplicadas na prática diária. Pretende-se analisar as diretrizes atuais, identificar desafios enfrentados pelos profissionais de saúde e fornecer recomendações para melhorar a qualidade do cuidado e a adesão dos pacientes ao tratamento, promovendo melhores resultados clínicos.
2 METODOLOGIA
A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).
Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram consideradas, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “Hipotireoidismo”, “Diagnóstico”, “Tratamento”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Hipotireoidismo” AND “Diagnóstico” AND “Tratamento”.
Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.
A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A revisão bibliográfica sobre o manejo clínico do hipotireoidismo revelou que o diagnóstico precoce é crucial para prevenir complicações a longo prazo. A maioria dos estudos aponta a dosagem do hormônio estimulante da tireoide (TSH) como o teste inicial mais eficaz para o diagnóstico. A combinação do TSH com a dosagem de T4 livre tem mostrado uma alta sensibilidade, sendo considerada a abordagem padrão na identificação da disfunção tireoidiana. No entanto, a literatura também aponta que a interpretação dos resultados deve ser cuidadosamente feita, considerando fatores como a idade do paciente e condições clínicas associadas. (CHAKER et al, 2018).
O tratamento do hipotireoidismo é amplamente orientado pela reposição de levotiroxina, que tem se mostrado eficaz na maioria dos casos. Estudos revisados indicam que a dosagem inicial de levotiroxina deve ser individualizada, com base no peso, na idade e nas condições de saúde do paciente. Além disso, a resposta ao tratamento deve ser monitorada regularmente, com ajustes nas doses de levotiroxina para atingir os níveis ideais de TSH e T4 livre. A literatura sugere que o controle adequado dos níveis hormonais reduz significativamente os sintomas associados à doença, como fadiga e ganho de peso. (HEGEDÜS et al, 2022).
Outro ponto discutido em diversos estudos é a importância do acompanhamento a longo prazo dos pacientes. O monitoramento regular dos níveis de TSH é essencial para garantir a eficácia do tratamento e evitar complicações associadas ao hipotireoidismo mal controlado. Em particular, o risco de doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca e hipertensão, é elevado em pacientes com hipotireoidismo não tratado ou mal tratado, o que reforça a necessidade de vigilância constante ao longo da vida do paciente. (UDOVCIC et al, 2017).
A revisão também evidenciou que, embora a reposição de levotiroxina seja eficaz, a titulação da dose pode ser um desafio em certos grupos de pacientes. Pacientes com comorbidades, como doenças cardíacas, ou em idosos, podem necessitar de ajustes mais cuidadosos, devido à possibilidade de efeitos adversos, como arritmias. Em alguns casos, os estudos sugerem que a substituição de levotiroxina por preparações mais naturais, como a dessecada, é uma alternativa, embora isso ainda seja debatido na literatura médica. (HUGHES, EASTMAN, 2021).
Além disso, a adesão ao tratamento continua sendo um grande desafio. A revisão de diversos estudos apontou que os pacientes frequentemente apresentam dificuldade em seguir corretamente a terapia, seja por falta de entendimento sobre a importância da medicação contínua, seja pelos efeitos colaterais associados à levotiroxina, como irritação gástrica ou sensação de “excesso de energia”. A educação em saúde e o acompanhamento médico próximo foram destacados como essenciais para melhorar a adesão ao tratamento. (SUE, LEUNG, 2020).
Outro achado relevante foi a influência de fatores psicossociais no manejo do hipotireoidismo. Pacientes com depressão ou ansiedade têm maior probabilidade de relatar uma pior qualidade de vida, o que pode influenciar negativamente o controle da doença. Vários estudos sugerem que abordagens terapêuticas integradas, que combinem o tratamento hormonal com o suporte psicológico, podem melhorar o bem-estar dos pacientes e contribuir para o controle mais efetivo da doença. (CHIOVATO, MAGRI, CARLÉ, 2019).
A literatura também revelou uma discrepância significativa entre as diretrizes clínicas e a prática cotidiana. Embora as recomendações de tratamento sejam bem estabelecidas, a implementação de protocolos em ambientes clínicos é frequentemente dificultada por fatores como falta de tempo para consultas e dificuldades no monitoramento adequado de pacientes. A revisão sugeriu que a capacitação contínua dos profissionais de saúde, bem como o uso de tecnologias de monitoramento remoto, pode ser uma solução para superar essas barreiras. (RIZZO, MANA, 2020).
Por fim, os estudos indicaram que, apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento do hipotireoidismo, ainda existem lacunas significativas em relação à personalização do manejo. Fatores como genética, ambiente e características individuais dos pacientes desempenham um papel importante na resposta ao tratamento, e a abordagem padronizada de “tamanho único” nem sempre é eficaz. A literatura recomenda mais estudos sobre o tratamento individualizado, que podem melhorar os resultados a longo prazo e reduzir o impacto da doença na qualidade de vida dos pacientes. (BIANCO, 2024).
4 CONCLUSÃO
A revisão bibliográfica sobre o manejo clínico do hipotireoidismo destacou os avanços significativos no diagnóstico e no tratamento da doença, com a reposição de levotiroxina sendo o pilar central da terapêutica. No entanto, apesar da eficácia do tratamento, os desafios relacionados à titulação da dose, à adesão do paciente e ao monitoramento a longo prazo continuam a ser questões centrais na prática clínica. A individualização do tratamento, considerando características como idade, comorbidades e fatores psicossociais, é crucial para otimizar os resultados terapêuticos e reduzir complicações associadas ao hipotireoidismo.
Além disso, a implementação das diretrizes clínicas na prática diária ainda enfrenta obstáculos, como a falta de tempo para acompanhamento adequado e a necessidade de formação contínua dos profissionais de saúde. O uso de tecnologias para monitoramento remoto e estratégias de educação em saúde emergem como soluções promissoras para superar essas barreiras e melhorar o manejo da doença. É essencial que futuras pesquisas continuem a explorar abordagens mais personalizadas e eficazes, a fim de promover melhores resultados clínicos e qualidade de vida para os pacientes com hipotireoidismo.
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Tatiane Silva Moreira et al. Hipotireoidismo: Uma breve revisão de literatura. Revista de Pesquisas Básicas e Clínicas, v. 1, n. 1, p. 1-9, 2023.
BIANCO, Antonio C. Emerging Therapies in Hypothyroidism. Annual review of medicine, v. 75, n. 1, p. 307-319, 2024.
BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.
CASTRO, Marcos de Paula Ramos; SOARES, João César Castro. Hipotireoidismo. RBM rev. bras. med, 2014.
CHAKER, Layal et al. Hypothyroidism and hypertension: fact or myth?–Authors’ reply. The Lancet, v. 391, n. 10115, p. 30, 2018.
CHIOVATO, Luca; MAGRI, Flavia; CARLÉ, Allan. Hypothyroidism in context: where we’ve been and where we’re going. Advances in therapy, v. 36, p. 47-58, 2019.
HEGEDÜS, Laszlo et al. Primary hypothyroidism and quality of life. Nature Reviews Endocrinology, v. 18, n. 4, p. 230-242, 2022.
HUGHES, Kiernan; EASTMAN, Creswell. Thyroid disease: Long-term management of hyperthyroidism and hypothyroidism. Australian journal of general practice, v. 50, n. 1/2, p. 36-42, 2021.
OLIVEIRA, Vanessa; MALDONADO, Rafael Resende. Hipotireoidismo e hipertireoidismo-Uma breve revisão sobre as disfunções tireoidianas. Interciência & Sociedade, v. 3, n. 2, p. 36-44, 2014.
RIZZO, Leonardo FL; MANA, Daniela L. Treatment of hypothyroidism in special situations. MEDICINA (Buenos Aires), v. 80, 2020.
SUE, Laura Y.; LEUNG, Angela M. Levothyroxine for the treatment of subclinical hypothyroidism and cardiovascular disease. Frontiers in endocrinology, v. 11, p. 591588, 2020.
UDOVCIC, Maja et al. Hypothyroidism and the heart. Methodist DeBakey cardiovascular journal, v. 13, n. 2, p. 55, 2017.