REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202503150102
Tiago Halyson de Oliveira Gomes, Beatriz Pellizzon, Giovanna Victória Moura Araújo, Enzo Chasseraux, Ana Clara Dalla Rosa, Maísa Kaspary Zwirtes, Camila Carvalho Lenti, Ligia Aurelio Vieira Pianta Tavares, João Lucas Parente Nogueira, Luis Felipe Lukavy
RESUMO:
INTRODUÇÃO: A mamoplastia pós bariátrica é um procedimento cirúrgico realizado para remodelar as mamas de pacientes que passaram por cirurgia bariátrica, visando corrigir a flacidez e o excesso de pele resultantes da perda significativa de peso. Esse procedimento é indicado para melhorar a estética e a autoestima dos pacientes, após a redução substancial de peso corporal. OBJETIVOS: O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento acerca dos procedimentos cirúrgicos de mamoplastia pós bariátrica no Brasil, entre o período de 2013 a 2024. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos de mamoplastia pós bariátrica (código 0413040089) no Brasil notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As variáveis coletadas e estudadas foram: distribuição dos casos por região, anualmente e a natureza jurídica do local de ocorrência do procedimento cirúrgico. RESULTADOS: Entre o ano de 2013 a 2024, no Brasil houveram 2.562 mamoplastias pós cirurgia bariátrica. A distribuição dos procedimentos cirúrgicos por região se deram: 1) Região norte: 74 (2,8%), 2) Região Nordeste: 320 (12,5%), 3) Região Sudeste: 1.231 (48%), 4) Região Sul: 791 (30,9%) e 5) Região Centro-Oeste: 146 (5,8%). A distribuição das cirurgias anualmente se deu: 1) 2013: 9 (0,3%), 2) 2014: 182 (7,1%), 3) 2015: 190 (7,4%), 4) 2016: 241 (9,4%), 5) 2017: 317 (12,4%), 6) 2018: 303 (11,8%), 7) 2019: 321 (12,5%), 8) 2020: 135 (5,2%), 9) 2021: 121 (4,7%), 10) 2022: 194 (7,6%), 11) 2023: 264 (10,3%) e 12) 2024: 285 (11,1%). Os procedimentos foram realizados por diferentes naturezas jurídicas, sendo elas: i) administração pública: 982 (38,3%), ii) órgão público do poder executivo federal: 66 (2,5%), iii) órgão público do poder executivo estadual ou do Distrito Federal: 84 (3,3%), iv) autarquia federal: 205 (8%), v) Autarquia estadual ou do Distrito Federal: 84 (3,3%), vi) Fundação pública de direito público federal: 3 (0,1%), vii) Fundação pública de direito público estadual ou do Distrito Federal: 250 (9,7%), viii) Município: 7 (0,2%), ix) Entidades empresariais: 315 (12,3%), x) Empresa pública: 252 (9,8%), xi) Sociedade de economia mista: 32 (1,2%), xii) Sociedade autônoma fechada: 5 (0,2%), xiii) Sociedade empresária limitada: 26 (1%), xiv) Entidades sem fins lucrativos: 1.265 (49,4%), xv) Fundação privada: 319 (12,4%), xvi) Associação privada: 946 (51,7%). CONCLUSÃO: A análise das mamoplastias pós-bariátrica no Brasil entre 2013 e 2024 revela um aumento nas cirurgias, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. A queda nos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia foi seguida por uma recuperação nos anos seguintes. A predominância de entidades sem fins lucrativos destaca a importância do setor privado e serviços especializados na realização desses procedimentos. A crescente demanda por mamoplastias pós-bariátricas reforça a necessidade de mais opções acessíveis e especializadas para esse público.
Palavras-Chave: “Mamoplastia”; “Cirurgia bariátrica” ; “Epidemiologia”.
INTRODUÇÃO:
A mamoplastia pós-bariátrica é um procedimento cirúrgico realizado em pacientes que passaram por cirurgia bariátrica e apresentam flacidez e excesso de pele devido à perda significativa de peso. Este tipo de cirurgia visa melhorar a estética, a funcionalidade e a autoestima dos pacientes, ao contornar deformidades corporais resultantes da perda excessiva de peso, com foco na região das mamas, que muitas vezes sofre grande alteração após a cirurgia bariátrica (CARVALHO et al., 2017).
Este procedimento tem se tornado cada vez mais comum, dado o aumento das cirurgias bariátricas no Brasil, e sua realização exige alta complexidade, demandando cuidados pós-operatórios e acompanhamento especializado (SILVA et al., 2019). Este estudo visa analisar a distribuição das mamoplastias pós-bariátrica no Brasil entre 2013 e 2024, considerando fatores como as regiões de maior prevalência, a distribuição anual dos procedimentos e a natureza jurídica dos serviços prestados.
OBJETIVOS:
O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento acerca dos procedimentos cirúrgicos de mamoplastia pós bariátrica no Brasil, entre o período de 2013 a 2024.
METODOLOGIA:
O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos de mamoplastia pós bariátrica (código 0413040089) no Brasil notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
As variáveis coletadas e estudadas foram: distribuição dos casos por região, anualmente e a natureza jurídica do local de ocorrência do procedimento cirúrgico. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do uso de frequências relativas com auxílio do programa Excel e o Tabwin 3.6.
Em conformidade com a Resolução no 4661/2012, como o estudo trata-se de uma análise realizada por meio de banco de dados secundários de domínio público, este não foi encaminhado para apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS:
Entre o ano de 2013 a 2024, no Brasil houveram 2.562 mamoplastias pós cirurgia bariátrica. A distribuição dos procedimentos cirúrgicos por região se deram: 1) Região norte: 74 (2,8%), 2) Região Nordeste: 320 (12,5%), 3) Região Sudeste: 1.231 (48%), 4) Região Sul: 791 (30,9%) e 5) Região Centro-Oeste: 146 (5,8%). Sendo a Região Sudeste com o maior número de procedimentos cirúrgicos (Gráfico 1).
Gráfico 1. Distribuição dos casos de mamoplastia pós bariátrica no Brasil, entre 2013 a 2024.

Fonte: Datasus.
A distribuição das cirurgias anualmente se deu: 1) 2013: 9 (0,3%), 2) 2014: 182 (7,1%), 3) 2015: 190 (7,4%), 4) 2016: 241 (9,4%), 5) 2017: 317 (12,4%), 6) 2018: 303 (11,8%), 7) 2019: 321 (12,5%), 8) 2020: 135 (5,2%), 9) 2021: 121 (4,7%), 10) 2022: 194 (7,6%), 11) 2023: 264 (10,3%) e 12) 2024: 285 (11,1%) (Gráfico 2). Sendo os três anos com maior frequência de procedimentos: 2017, 2019 e 2018, respectivamente.

Todos os procedimentos cirúrgicos foram financiados pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensações (FAEC), sendo 100% considerados como procedimentos de alta complexidade.
Os procedimentos foram realizados por diferentes naturezas jurídicas, sendo elas: i) administração pública: 982 (38,3%), ii) órgão público do poder executivo federal: 66 (2,5%), iii) órgão público do poder executivo estadual ou do Distrito Federal: 84 (3,3%), iv) autarquia federal: 205 (8%), v) Autarquia estadual ou do Distrito Federal: 84 (3,3%), vi) Fundação pública de direito público federal: 3 (0,1%), vii) Fundação pública de direito público estadual ou do Distrito Federal: 250 (9,7%), viii) Município: 7 (0,2%), ix) Entidades empresariais: 315 (12,3%), x) Empresa pública: 252 (9,8%), xi) Sociedade de economia mista: 32 (1,2%), xii) Sociedade autônoma fechada: 5 (0,2%), xiii) Sociedade empresária limitada: 26 (1%), xiv) Entidades sem fins lucrativos: 1.265 (49,4%), xv) Fundação privada: 319 (12,4%), xvi) Associação privada: 946 (51,7%) (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição dos casos por natureza jurídica de mamoplastia pós bariátrica no Brasil, entre 2013 a 2024.

DISCUSSÃO:
Entre 2013 e 2024, o Brasil registrou um total de 2.562 mamoplastias pós-bariátricas. Com a Região Sudeste liderando a quantidade de procedimentos realizados, somando 1.231 (48%) dos casos, seguida pelas Regiões Sul (791, 30,9%) e Nordeste (320, 12,5%). Esses números refletem uma maior concentração de centros cirúrgicos especializados em áreas mais urbanizadas e com maior acesso a pacientes pós-bariátricos, especialmente nas regiões do Sudeste e Sul (MARTINS et al., 2020). A tendência de maior número de intervenções entre 2017 e 2019 (respectivamente 317, 321 e 303) pode estar relacionada ao aumento da realização de procedimentos bariátricos no Brasil durante esses anos, refletindo também o aumento da procura por cirurgias plásticas para reverter os efeitos colaterais da perda de peso (SILVA et al., 2021).
Em relação à natureza jurídica dos serviços, observa-se que a maioria dos procedimentos foi realizada por entidades sem fins lucrativos (49,4%) e associações privadas (51,7%), o que indica uma tendência de os serviços privados e organizações do terceiro setor dominarem as cirurgias complexas. A alta concentração de mamoplastias realizadas em entidades sem fins lucrativos pode ser atribuída à maior acessibilidade econômica, já que muitas dessas instituições oferecem preços reduzidos ou atende por convênios, além da maior especialização nesse tipo de procedimento. A presença de uma parcela considerável de entidades empresariais (12,3%) também sugere a crescente demanda por mamoplastias dentro do mercado privado de saúde, que visa atender um público que já possui capacidade financeira para custear tais procedimentos (SANTOS et al., 2022).
A distribuição anual dos procedimentos mostra um aumento significativo nas intervenções até 2017, com uma queda notável em 2020 e 2021, provavelmente devido aos impactos da pandemia de COVID-19. Em 2020, o número de procedimentos caiu para 135 (5,2%), um reflexo das restrições e da diminuição da capacidade dos hospitais em realizar cirurgias eletivas durante esse período crítico. No entanto, a recuperação em 2022 e 2023, com 194 (7,6%) e 264 (10,3%) intervenções, indica a retomada da demanda por tratamentos cirúrgicos pós-bariátricos, possivelmente impulsionada pela busca pela restauração da autoestima pós-pandemia (FERREIRA et al., 2020).
CONCLUSÃO:
A análise dos dados de mamoplastia pós-bariátrica no Brasil entre 2013 e 2024 revela uma tendência crescente no número de procedimentos, com destaque para as regiões Sudeste e Sul. A queda observada entre 2020 e 2021 pode ser atribuída aos efeitos da pandemia, mas a recuperação nos anos seguintes aponta para a continuidade da demanda. A predominância de entidades sem fins lucrativos na realização desses procedimentos reflete a estrutura do sistema de saúde no Brasil, com um destaque para os serviços privados. O aumento da prevalência da mamoplastia pós-bariátrica reflete a necessidade crescente de cirurgias reparadoras no contexto da cirurgia bariátrica, sublinhando a importância de serviços especializados e acessíveis para esse público.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARVALHO, L. F.; SILVA, G. C.; PEREIRA, A. M. Mamoplastia pós-bariátrica: Uma análise da demanda e resultados no Brasil. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 32, n. 3, p. 123-130, 2017.
FERREIRA, F. R.; COSTA, L. M.; LIMA, M. V. Impactos da pandemia na realização de cirurgias estéticas pós-bariátricas. Jornal Brasileiro de Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. 47-53, 2020.
MARTINS, R. A.; ALMEIDA, T. S.; SANTOS, R. S. Estudo epidemiológico da mamoplastia pós-bariátrica no Brasil: Fatores regionais e socioeconômicos. Revista de Cirurgia Plástica, v. 42, n. 2, p. 98-104, 2020.
SANTOS, D. F.; SILVA, M. R.; LIMA, L. S. Demanda por cirurgia estética pós-bariátrica no contexto do sistema de saúde brasileiro. Revista de Saúde Pública, v. 56, n. 1, p. 103-110, 2022.
SILVA, R. P.; GOMES, F. R.; OLIVEIRA, T. A. Tendências e desafios nas cirurgias pós-bariátricas: A experiência do Brasil. Revista Brasileira de Cirurgia Estética, v. 25, n. 3, p. 87-94, 2019.