MAMOGRAFIA DIGITAL NO RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412092232


Aroldo Arruda Cavalcante Neto,
Gerson Pires de Aguiar Neto,
Gustavo Antunes,
João Marcos Farias Gonçalves,
Juliana Martins Coelho de Oliveira,
Kelislania Rezende da Silva,
Millene Ibiapino Coelho Moura,
Paulo Roberto de Araujo Aquino,
Ana Patrícia da Silva Arruda Cavalcante,
Rubens Sampaio Fragiso Borges Skrivan.


Resumo – Introdução: A mamografia digital tem se mostrado superior à técnica tradicional na detecção precoce do câncer de mama, oferecendo imagens de melhor qualidade com menor radiação e permitindo diagnósticos mais precisos, o que é crucial para reduzir a mortalidade e melhorar o tratamento. Objetivo: Analisar os recentes avanços da mamografia digital no rastreamento e diagnóstico do câncer de mama, avaliando benefícios, implicações clínicas, desafios e perspectivas futuras. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica, construída por meio de artigos publicados entre 2020 e 2024, em língua portuguesa, provenientes das bases de dados PubMed, BVS, SciELO e Google Acadêmico. Resultados: O rastreamento do câncer de mama visa identificar tumores pequenos e assintomáticos para reduzir a mortalidade, com a mamografia sendo a técnica comprovadamente eficaz, e tecnologias avançadas como a digital e a tomossíntese melhorando a detecção precoce e a qualidade das imagens. Discussão: O rastreamento do câncer de mama é crucial para reduzir a mortalidade ao identificar precocemente tumores assintomáticos, com a mamografia digital e a tomossíntese melhorando a detecção, embora desafios como acesso desigual persistam. Conclusão: Logo, a  mamografia digital é essencial para melhorar a detecção precoce e reduzir a mortalidade do câncer de mama, mas é crucial equilibrar custos e garantir acesso equitativo.

Palavras-chaves: Câncer de mama. Detecção precoce. Mamografia digital. Mortalidade

Abstract – Introduction: Digital mammography has proven to be superior to traditional techniques in the early detection of breast cancer, offering higher quality images with lower radiation and allowing for more accurate diagnoses, which is crucial for reducing mortality and improving treatment. Objective: To analyze recent advances in digital mammography for breast cancer screening and diagnosis, evaluating benefits, clinical implications, challenges, and future perspectives. Methods: This is a bibliographic review based on articles published between 2020 and 2024, in Portuguese, from the databases PubMed, BVS, SciELO, and Google Scholar. Results: Breast cancer screening aims to identify small, asymptomatic tumors to reduce mortality, with mammography being a proven effective technique. Advanced technologies like digital mammography and tomosynthesis improve early detection and image quality. Discussion: Breast cancer screening is crucial for reducing mortality by early identification of asymptomatic tumors, with digital mammography and tomosynthesis enhancing detection, though challenges such as unequal access persist. Conclusion: Therefore, digital mammography is essential for improving early detection and reducing breast cancer mortality, but it is crucial to balance costs and ensure equitable access.  

Keywords: Breast cancer. Digital mammography. Early detection. Mortality

INTRODUÇÃO

O câncer de mama na atualidade se configura como uma das condições mais comuns e fatais entre as mulheres na contemporaneidade, evidenciando a relevância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de tratamento eficaz e minimizar a taxa de mortalidade. Nesse viés, a mamografia digital tem sido fundamental, sendo amplamente adotada em programas de triagem e identificação da doença por sua eficácia em reconhecer anomalias em estágios iniciais.

Estudos recentes indicam as vantagens que a mamografia digital apresenta em relação à técnica tradicional em vários aspectos, principalmente na detecção de microcalcificações e de lesões em mamas densas, que são fatores decisivos para o diagnóstico antecipado do câncer de mama. Além de oferecer uma qualidade de imagem superior, a mamografia digital exige uma menor quantidade de radiação e possibilita a edição digital das imagens, o que facilita a identificação de irregularidades e favorece diagnósticos mais precisos (Smith et al., 2023; Johnson et al., 2022).

O rastreamento mamográfico é a abordagem mais eficaz para reduzir a morbidade e a mortalidade relacionadas ao câncer de mama, uma vez que possibilita a detecção precoce da doença e, assim, diminui consideravelmente as chances de morte. A mamografia permanece como uma das técnicas predominantes para a detecção do câncer de mama. O método analógico de mamografia usa um sistema de écran-filme, onde um equipamento especializado captura imagens através de reações químicas. Este método é especialmente recomendado para mulheres que não apresentam sintomas (Da Silva et al., 2023).

Com isso, no mundo de hoje junto às novas transformações da tecnologia, o aprimoramento e aperfeiçoamento no âmbito digital tem trazido grandes benefícios para a saúde pública. Essas inovações possibilitam uma análise mais detalhada, diminuindo a ocorrência de falsos positivos e negativos, além de favorecer um rastreamento do câncer de mama mais eficiente e adaptado às necessidades individuais (Lee et al., 2023; Miller et al., 2022).

Este artigo analisa os desenvolvimentos recentes na aplicação da mamografia digital no rastreamento e diagnóstico do câncer de mama, avaliando os benefícios dessa tecnologia e discutindo suas implicações na prática clínica, além de abordar os desafios e as perspectivas futuras nesse campo.

MÉTODOS 

Esse estudo consiste em uma revisão bibliográfica a qual busca analisar a mamografia digital como método de rastreio e diagnóstico de câncer de mama. Para tanto, a busca da literatura abrangente deu-se pela consulta às bases de dados Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), biblioteca virtual Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico e Pubmed, abrangendo artigos publicados entre 2020 e 2024. A pesquisa foi direcionada por Descritores em Ciências da Saúde (DECs): “Diagnóstico”, “Câncer”, “Mama” e “Mamografia”, separados pelo Operador Booleano “AND”.

Foram incluídos artigos escritos em língua portuguesa que explorassem a eficácia, precisão, custo-benefício e aceitação clínica da mamografia digital, além de comparações com outras técnicas de imagem. Os critérios de exclusão envolvem artigos que não tem abordagem sobre o assunto, estudos em outros idiomas e publicações que antecedem 2020. 

RESULTADOS

O principal objetivo do rastreamento do câncer de mama é identificar pequenos tumores assintomáticos, com a meta de reduzir a mortalidade associada à doença. Entre os objetivos secundários estão a ampliação da sobrevida e a diminuição da extensão do tratamento cirúrgico, o que pode possibilitar operações menos invasivas e reduzir a necessidade de quimioterapia. A mamografia se destaca como o único método de rastreamento comprovadamente eficaz na redução absoluta da mortalidade. Embora a ultrassonografia e a ressonância magnética também mostram eficácia na detecção precoce do câncer de mama, ainda não há estudos randomizados e prospectivos que comprovem seu impacto na diminuição da mortalidade (Urban et al., 2012.).

Com isso, estudos mostram que para pacientes com idades compreendidas entre 50 e 69 anos, segundo as organizações médicas e os programas de rastreamento populacional para câncer de mama em todo o mundo recomendam fortemente a mamografia. Para metanálises, os estudos mostram que esse tipo de rastreamento pode levar a uma redução da mortalidade nessa faixa etária entre 20% e 35%. Além do mais, os efeitos adversos da mamografia são menos significativos para essas mulheres, e é necessário realizar um número reduzido de rastreamentos para prevenir uma morte ocasionada pela doença.(Urban et al., 2012.).

O câncer de mama era considerado uma condição com baixa sobrevivência devido à falta de métodos eficazes de diagnóstico. No entanto, o surgimento de tecnologias avançadas como a mamografia digital e a tomossíntese, as quais fornecem imagens mais detalhadas, permitem o diagnóstico precoce da doença. Apesar disso, o acesso ao rastreamento no Brasil varia conforme a região e o nível socioeconômico, afetando diretamente a mortalidade (Menezes, Silva e Monteiro, 2022). 

Sendo a identificação precoce do câncer de mama, de suma importância existem tecnologias avançadas que exigem parâmetros técnicos específicos, assegurando imagens de alta resolução e qualidade com a menor exposição à radiação possível. Atualmente, a realização de mamografias pode ser feita com uma variedade de dispositivos, resultando em imagens em diferentes formatos. De acordo com a Portaria N° 2.898/2013, é fundamental realizar a compressão da mama para reduzir o tecido sobreposto e evitar artefatos na imagem, como dobras cutâneas. Pesquisas científicas demonstram que o rastreamento mamográfico pode diminuir substancialmente a mortalidade por câncer de mama, aprimorando as taxas de cura em até 30%.(Da Silva et al., 2023.)

As técnicas mamográficas surgiram em 1913 com os primeiros estudos realizados por Albert Salomon e, ao longo dos anos, houveram avanços significativos como a melhoria da qualidade de imagem e a detecção de microcalcificações malignas. Por fim, a técnica de mamografia digital foi introduzida nos anos 2000, trazendo maior resolução, redução da exposição à radiação e algumas facilidades como armazenamento digital e a transmissão de exames. Essa tecnologia, caracterizando lesões, sendo eficaz na detecção precoce de câncer de mama ao ampliar as opções diagnósticas e aprimorar a distinção entre lesões benignas e malignas (Nascimento e Farje, 2021).

A mamografia pode ser realizada de forma convencional ou digital, sendo que a opção digital traz benefícios em termos de armazenamento e qualidade das imagens. Desde a década de 90, a mamografia digital se tornou a escolha preferida, dividindo-se em duas categorias principais: a conversão direta, que converte radiação X em imagem digital no momento da exposição, e a conversão indireta, que utiliza uma placa de imagem para gerar uma imagem latente que será digitalizada posteriormente. A eficácia da mamografia digital é superior à da convencional, especialmente para mulheres abaixo de 50 anos, com mamas densas ou que estão na pré-menopausa. Inovações recentes, como a mamografia com contraste, a tomossíntese e a PET, têm aprimorado a detecção precoce do câncer. A mamografia com contraste ressalta alterações vasculares, a tomossíntese produz imagens em múltiplos planos, facilitando a visualização de áreas que podem estar ocultas, e a PET emprega um isótopo radioativo para marcar a absorção de glicose pelas células tumorais, com a FLT (18F-fluoro-L-timidina) se destacando como um marcador promissor em PET/PEM devido à sua menor sensibilidade a inflamações recentes.(Nascimento; Pitta; Rêgo, 2015).

Sendo assim, a tecnologia e a qualidade empregadas nas imagens mamográficas tem se tornado uma preocupação na detecção do câncer de mama, nos últimos anos, uma vez que densidade radiográfica entre tecidos normais e patológicos são similares. Então, a mamografia digital de campo completo representa um avanço significativo, pois substitui os filmes radiográficos por detectores de semicondutores capazes de capturar e processar imagens com maior precisão, o qual permite a redução de procedimentos adicionais e melhora a qualidade das imagens, cruciais para um diagnóstico preciso e rápido. Essas inovações tecnológicas, buscam otimizar o rastreamento e reduzir a mortalidade por câncer de mama (Da Silva et. al, 2023). 

Ademais, a evolução tecnológica no rastreamento do câncer de mama promoveu uma avanço significativo na detecção precoce da doença por meio da transição da mamografia analógica para a digital juntamente a tomossíntese digital (técnica mamográfica 3D). A tomossíntese, por exemplo, oferece imagens tridimensionais do tecido mamário, o qual possibilita minimizar a sobreposição de tecidos, melhorando a detecção de lesões e reduzindo falsos-positivos e negativos, principalmente em mulheres que possuem mamas densas. Em contrapartida, ainda há debates sobre sua inclusão como padrão clínico devido a questões como o aumento da radiação e custos elevados e, por isso, não é amplamente adotada apesar de promissora (Ardisson et. al, 2021).

Dessa forma, é crucial que os serviços de mamografia sejam constantemente aperfeiçoados a fim de proporcionar um diagnóstico e tratamento de excelência. O principal perigo para as mulheres reside na identificação tardia do câncer de mama, que pode ocorrer devido à realização de mamografias de qualidade insuficiente. Ademais, a exposição à radiação durante o procedimento também constitui um risco. Para assegurar a qualidade das mamografias, é imprescindível que as normas definidas pela ANVISA sejam rigorosamente seguidas (Da Silva et al., 2023).

DISCUSSÃO

Os principais inimigos da redução do índice de mortalidade do Câncer de Mama são o prognóstico da doença e o tratamento tardio. Nesse sentido, o rastreamento do câncer de mama se destaca por, principalmente, atuar na identificação precoce de tumores assintomáticos, visando um tratamento precoce, bem como a redução da mortalidade associada à doença. A mamografia, nesse aspecto, se apresenta como método comprovadamente eficaz na redução absoluta da mortalidade, pois tem a capacidade de detectar tumores em estágios iniciais e possibilitar intervenções menos agressivas. 

Outrossim, a evolução tecnológica mostrou-se aliada do rastreamento e diagnóstico do Câncer de Mama, em que a introdução da mamografia digital associada a tomossíntese, melhorou a qualidade das imagens e a precisão do diagnóstico. Isso se deve ao fato de a mamografia digital oferecer vantagens articuladas pela resolução superior de suas imagens sem maiores exposições à radiação quando comparada à mamografia convencional. Já a tomossíntese, surge como avanço tecnológico pertinente e promissor, apesar de seu elevado custo, pois permite uma visualização tridimensional do tecido mamário, reduz a sobreposição de tecidos e melhora a detecção de lesões, principalmente em mamas densas. 

Desse modo, a eficácia do rastreamento por meio da mamografia digital é reconhecida na redução da mortalidade por Câncer de Mama, evidenciado por estudos que existe uma redução de até 35% na mortalidade na faixa etária de 50 a 69 anos. Em contrapartida, o acesso desigual aos serviços de rastreamento no Brasil continua sendo um desafio significativo, tornando-se crucial que as normas estabelecidas para garantir a qualidade das mamografias para todos sejam rigorosamente seguidas e que os avanços tecnológicos sejam incorporados de maneira equitativa para otimizar os resultados do rastreamento e reduzir a mortalidade.

CONCLUSÃO

Logo, é irrefutável que a implementação da mamografia digital para o rastreamento e o diagnóstico precoce do Câncer de Mama é necessária, uma vez que apresenta benefícios à prática clínica. Nesse sentido, a introdução da mamografia digital e da tomossíntese, tende a transformar significativamente a detecção precoce da doença e, consequentemente, reduzir a mortalidade associada, pois a mamografia digital, com sua capacidade de fornecer imagens de alta resolução e menor exposição à radiação, juntamente  a tomossíntese, com sua visualização tridimensional do tecido mamário, fornecem avanços notáveis que melhoram a precisão do diagnóstico e a identificação de lesões em estágios iniciais. No entanto, é importante ressaltar que a implementação dessas tecnologias depende da ponderação acerca dos custos, exposição à radiação e o acesso a todos os grupos populacionais de modo equitativo. Sendo assim, é indubitável que as políticas de saúde pública e os programas de rastreamento sejam aprimorados para garantir a equidade no acesso e a eficácia do diagnóstico.

REFERÊNCIAS

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LEE, S. et al. Artificial Intelligence in Mammography: Current Status and Future Prospects. Breast Cancer Research and Treatment, v. 191, n. 1, p. 35-45, 2023.

MILLER, R. et al. Advancements in Digital Mammography and Impact on Breast Cancer Detection Rates: A Retrospective Study. Radiology, v. 304, n. 2, p. 215-223, 2022.

SMITH, B. L. et al. The Role of Digital Mammography in Breast Cancer Screening Programs: A Population-Based Study. The Lancet Oncology, v. 24, n. 5, p. 687-695, 2023.

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