MALEFÍCIOS DO USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS EM USUÁRIOS ADOLESCENTES E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11979820


Bruna Stéphany Alves R. S.Cordeiro
André Alencar da Silva
Beatriz Saraiva de Araújo
Camila Araujo Coelho
Danilo Cardoso Mendes
Cristiano da Silva Granadier
Deyvid Freire Zangirolami
Fabrícia Amaral Gonçalves Pontes
Frederico Póvoa
Glaucia Gonçalves Pelizari
Juliana Martins Coêlho de Oliveira
Kelislania Rezende da Silva
Ludimila Rocha Leão
Marcia Ferreira Sales
Maria Eduarda F. Soethe
 Marina Duarte G. de Oliveira
Rosângela Barbosa Corrêa Nunes
Sabrina Rayssa Antonichen Piva
Sara Janai Corado Lopes


RESUMO

INTRODUÇÃO: O tabagismo, incluindo o uso de cigarros eletrônicos, é uma Doença uma Crônica Não Transmissível (DCNT) que causa dependência física, psicológica e comportamental. Ademais, o uso desses dispositivos entre adolescentes é um problema crescente de saúde pública no Brasil e, apesar de serem proibidos no país, são facilmente adquiridos, ornando explícita a relevância desse projeto, ao abordar ações educativas para coibir esse tipo de tabagismo entre esse público. OBJETIVO: Proporcionar aos adolescentes de uma escola estadual  conhecimentos sobre os principais malefícios do uso de cigarros eletrônicos e seu impacto à saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência feito por alunos do 3º período do curso de medicina, realizado em uma escola estadual de Porto Nacional-TO para 30 alunos do 2º ano do ensino médio, em que foi feita uma palestra acerca do tabagismo via cigarro eletrônico seguida de uma gincana. Para a construção teórica, fez-se uma revisão sistemática buscando artigos relacionados ao tema.  RESUTADOS: Após a pesquisa de campo, a ação ocorreu em maio de 2024 com uma palestra sobre a cultura do tabagismo, dessa forma, os estudantes puderam esclarecer dúvidas e fazer apontamentos sobre o tema. Em seguida, foi realizada uma dinâmica de perguntas e respostas em grupos. O grupo vencedor recebeu prêmios como incentivo. A ação foi bem recebida pelos alunos, demonstrando interesse e participação. Com isso, o projeto foi bem-sucedido, cumprindo seus objetivos de conscientização sobre os riscos do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes. CONCLUSÃO: Logo, o presente projeto conseguiu abordar o seu objetivo de forma integral, ratificando a importância do tema proposto.

Palavras-chave: Cigarro eletrônico; Jovens; Tabagismo.

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a dependência do tabaco como parte da Classificação Internacional de Doenças (CID). Consequentemente, cerca de 85% de todas as mortes relacionadas à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), especialmente bronquite crônica e enfisema pulmonar, são atribuíveis ao hábito de fumar. Além disso, em estudos realizados pela OMS, o ato de fumar aumenta o risco de mortalidade entre 20 e 30 vezes e os fumantes passivos também enfrentam as mesmas taxas elevadas (Malta et al., 2022).

Outrossim, ressalta-se que a prática cultural do tabagismo advém de um contexto histórico a qual era incentivado como uma prática atraente e sofisticada, propagada pelos meios de comunicação desde as décadas passadas. Sob esse ângulo, o tabagismo perdura na sociedade como uma prática cultural a qual, no contexto vigente, ganhou uma nova perspectiva com o surgimento do cigarro eletrônico (CE) que, apesar de ser “novidade”, apresenta-se como um risco à saúde da mesma forma que o convencional (Santos; De Jesus; Markus, 2022).

Essa “novidade” tem impacto direto no perfil do tabagista, já que o ato de fumar tem se tornado uma prática comum entre adolescentes – devido ao surgimento de novos produtos de tabaco, como narguilé e os cigarros eletrônicos – tornando-se uma preocupação à saúde pública. Assim sendo, uma pesquisa realizada em 143 países entre 2012 e 2018 mostrou que a prevalência global de tabagismo foi de 11,3% em meninos e de 6,1% em meninas de 13 a 15 anos (Ma et al., 2021).

Consoante a isso, enquanto a indústria do tabaco vê nesses cigarros eletrônicos (CE) uma fonte futura de renda, a popularização desse cigarro alternativo, principalmente por parte dos jovens e adolescentes, é mascarada por uma “inofensividade” que, na verdade, é 4 sequenciada por surtos de lesões pulmonares, evidenciando, dentre outras doenças, a E-ciagrette or Vaping product use-Associated Lung Injury (EVALI), uma doença nova, pouco esclarecida fisiopatologicamente E que apresenta sintomas como dispneia, dor torácica, tosse e febre (Percu et al., 2022).

Em vista disto, o público mais afetado por essa prática no século XXI – jovens e adolescentes – precisa ser alcançado. Nesse contexto, considerando que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sob a Lei nº 8.069/90, define a adolescência como uma fase de transição comportamental e da construção do pensamento crítico-reflexivo e por isso os fatores externos influenciam na formação do indivíduo, tanto em relação a questões lícitas, quanto ilícitas. Desse modo, o ambiente escolar apresenta-se de forma estratégica para intervir na faixa etária em relação à prevenção e combate do uso do tabaco (Lima et al., 2022).

Portanto, acredita-se que é possível evitar o hábito de fumar e, consequentemente, doenças pulmonares, por meio de esforços como: extensões universitárias, trabalhos científicos, publicações, pesquisas e programas de educação e sensibilização, especialmente voltados para jovens, o que propiciará a melhora na qualidade de vida e elevar a expectativa de vida. Desta maneira, o projeto objetiva descrever os malefícios do uso de dispositivos eletrônicos (DE) para usuários adolescentes e suas implicações à saúde aos alunos da Escola Estadual em Porto Nacional, de modo a promover o conhecimento acerca do uso de DE e prevenir o tabagismo, uma Doença Crônica Não Transmissível consequente do hábito de utilizar esses DE.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de natureza descritiva com abordagem qualitativa do tipo relato de experiencia, desenvolvido e realizado no primeiro semestre de 2024 por alunos do 3º período do curso de medicina de uma instituição privada, localizado em Porto Nacional- TO, como parte da avaliação da disciplina Práticas Interdisciplinares de Extensão, Pesquisa e Ensino (PIEPE) III. A realização da ação transcorreu-se em uma escola estadual , situada em Porto Nacional – TO, 77500-000, e teve como público-alvo 30 alunos do segundo ano do ensino médio.

A ação realizada foi feita dentro do eixo das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e teve como tema malefícios do uso de dispositivos eletrônicos em usuários adolescentes e suas implicações na saúde. Sob esse viés, buscou-se, por meio de uma forma interativa, explanar para os alunos sobre a fisiologia do sistema respiratório e os malefícios nele causados em decorrência do uso do cigarro eletrônico, além das possíveis doenças que se desenvolvem a partir da continuidade do uso dos dispositivos eletrônicos para fumar, a exemplo da E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury (EVALI). Os parceiros deste projeto são o pneumologista Dr. Frederico Póvoa e a Escola Estadual Marechal Artur da Costa e Silva, que, respectivamente, forneceu suporte teórico e cedeu o espaço para que fossem planejadas e executadas ações.

Este relato não exigiu submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), conforme estipulado na Resolução no 466 do Conselho Nacional de Saúde, com data de 12 de dezembro de 2012, e, adicionalmente, não se fez necessário obter assinaturas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Portanto, todas as questões éticas foram rigorosamente seguidas nesse relato de experiência, uma vez que a proteção dos direitos e da privacidade dos participantes foi garantida. Além disso, para a produção textual do projeto, foi realizado um levantamento de artigos utilizando os termos “cigarro eletrônico”, “adolescência”, “tabagismo” e “doenças crônicas não transmissíveis” em conjunto com o operador booleano “AND” em bases de dados científicos, como a Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), priorizando-se artigos em língua portuguesa publicados nos últimos cinco anos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Entre fevereiro e maio de 2024, estudantes de medicina do terceiro período do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), situado em Porto Nacional – TO, produziram um projeto de extensão relacionado à disciplina Práticas Interdisciplinares em Extensão, Pesquisa e Ensino (PIEPE) III. O projeto foi concebido em colaboração entre os acadêmicos e a professora orientadora e coordenadora geral da disciplina Fabrícia Amaral Gonçalves Pontes, com enfoque nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e sob o tema “Malefícios do uso de dispositivos eletrônicos em usuários adolescentes e suas implicações na saúde”.

Nesse sentido, no primeiro mês foram feitas reuniões para decidir o tema, local e público-alvo da ação, para que a metodologia utilizada fosse a melhor possível. Para a Organização Pan-Americana da saúde (2023), em todas as regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de dispositivos eletrônicos para fumar tem maior prevalência entre jovens de 13 a 15 anos do que entre adultos. Sob esse viés, optou-se por escolher a temática do uso de cigarros eletrônicos e seus malefícios para a saúde e, após estudos epidemiológicos, percebeu-se que há um aumento exponencial dessa prática entre o público jovem, principalmente no que tange aos adolescentes. Dessa forma, após realizar uma pesquisa de campo entre as escolas de Porto Nacional, cidade localizada no Tocantins, escolheu-se como objeto da ação uma turma do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Marechal Artur da Costa e Silva.

À vista disso, após a escrita e apresentação do projeto à banca examinadora, começou-se a pensar na execução da ação, que ocorreu no dia 23 de maio de 2024 no período matutino, entre 08 e 10 horas na escola supracitada. Sob esse panorama, o momento foi iniciado por uma palestra, em que foi abordado sobre cultura do tabagismo, uma vez que a tradição da cultura do tabaco tem sido cultivada desde o uso entre os indígenas, antes mesmo da colonização do Brasil, e ampliada com o aumento da produção no século XVII, a partir das grandes transformações mundiais na indústria.

Para Nascimento, Faria e Lima (2021), a adolescência e a juventude compreendem uma fase da vida em que o indivíduo passa por uma aprendizagem advinda, principalmente, da experimentação, em que é marcada por passatempos aventureiros, julgamentos críticos e resistência aos adultos, além de sofrerem uma forte influência midiática. Ademais, o surgimento de novidades relacionadas ao fumo, desperta uma curiosidade do jovem e adolescente que está em fase transitória. Para tanto, a criação dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) ou os cigarros eletrônicos (CE), juntamente a sua popularidade, geraram consequências quanto ao consumo da nicotina por essa faixa etária, uma vez que a manipulação da composição dos CE é um fator primordial que o torna a porta de entrada para o tabagismo (Pina et al., 2023). Desse modo, foi abordado também o perfil do novo fumante e o motivo de os adolescentes estarem aderindo cada vez mais ao hábito de fumar.

Por fim, para encerrar a palestra, explicou-se acerca dos malefícios do uso do cigarro eletrônico e as doenças associadas que essa prática traz consigo, dado que para Neugebauer (2020), além das doenças que afetam diretamente o trato respiratório, são constatados efeitos imunológicos e cardiovasculares sistêmicos relacionados à nicotina e com a sua capacidade de alteração hemodinâmica. Dessarte, é de fundamental importância apresentar esses dados para os jovens, com o fito de atenuar e até mesmo mitigar a prática de fumar dispositivos eletrônicos entre essa parcela populacional. Após a palestra, os estudantes puderam tirar suas dúvidas com os acadêmicos de medicina e fazer apontamentos sobre a temática.

Em seguida a esse momento, houve uma dinâmica em que os alunos foram divididos em dois grupos para realizarem um duelo entre si acerca dos conhecimentos adquiridos com a palestra. Foram feitas diversas perguntas, como por exemplo “O cigarro eletrônico é capaz de causar dependência?” e “Quais são os principais riscos para a saúde associados ao uso de cigarros eletrônicos?”, e cada uma delas possuía três alternativas a serem escolhidas. O grupo vencedor, como forma de incentivo, ganhou duas caixas de bombons de chocolate para serem repartidas entre os integrantes. Foi perceptível, durante toda a ação, o interesse dos alunos da escola na proposta apresentada, uma vez que eles demonstraram estar bastante atentos e participativos. Assim, é possível afirmar que essa extensão universitária pode ser considerada com êxito e de fundamental importância, visto que cumpriu com os objetivos previamente propostos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ação realizada teve como objetivo promover discussões sobre o malefício do uso de cigarros eletrônicos e seus impactos na qualidade de vida de adolescentes que frequentam a Escola Estadual Marechal Artur da Costa e Silva. Com isso, as atividades propostas visaram alcançar uma maior interação entre os adolescentes, ao desenvolver nesses indivíduos o conhecimento e informação sobre os principais riscos à saúde causados pelo uso do cigarro eletrônico, além de expor de forma interativa a fisiologia do sistema respiratório e as alterações morfofisiológicas do organismo após  utilização de aparelho eletrônico para fumar e conscientizar os jovens sobre os malefícios do cigarro eletrônico e seus impactos à sua saúde e em sua vida no geral.

Dessarte, a experiência relatada evidencia não apenas os desafios individuais, mas também os impactos sociais, educacionais e de saúde pública associados ao hábito de fumar. As narrativas pessoais ressaltam a importância do suporte emocional e profissional, bem como a necessidade de políticas públicas rigorosas que desencorajem o início do hábito e fiscalizem o contrabando desses produtos e, além disso, promovam a saúde coletiva. Dessa forma, a apresentação dos malefícios e riscos dos CE no organismo humano foi de fundamental importância, visto que grande parte dos problemas respiratórios são advindos da mesma origem. Através do compartilhamento de experiências, é possível inspirar outros a buscar ajuda e perseverar no caminho para uma vida livre dos dispositivos para fumar, atribuindo uma melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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MALTA, Deborah Carvalho et al. O uso de cigarro, narguilé, cigarro eletrônico e outros indicadores do tabaco entre escolares brasileiros: dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 25, p. e220014, 2022.

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NEUGEBAUER, Vinicius Rodrigues. Benefícios e Malefícios do Uso de Cigarro Eletrônico. 2020. Tese                      de         Doutorado.              Universidade     de      São Paulo. Disponível              em: https://bdta.abcd.usp.br/directbitstream/a68b52e5-b224-4783-bdc5-686f3d9066e1/3063103.pdf. Acesso em: 01 abr. 2024.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Medidas urgentes são necessárias para proteger as crianças e os jovens dos cigarros eletrônicos. 2023. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/14-12-2023-medidas-urgentes-sao-necessarias-para-proteger-criancas-e-os-jovens-dos#:~:text=O%20uso%20de%20cigarros%20eletr%C3%B4nicos,todas%20as%20regi%C3%B5es%20da%20OMS. Acesso em: 01 jun. 2024.

PERCU, Breno Silva et al. CIGARRO ELETRÔNICO E A DOENÇA EVALI (E- CIGARETTE OR VAPING PRODUCT USE-ASSOCIATED LUNG INJURY) EM ADOLESCENTES:  UMA REVISÃO DE LITERATURA SISTEMÁTICA. Revista Interdisciplinar Pensamento Científico, v.  7, n.  3, 2022.  Disponível em: http://reinpec.cc/index.php/reinpec/article/view/959/673. Acesso em: 19 mar. 24

PINA, Guilherme Cristovam et al. Uso do cigarro eletrônico pelos adolescentes: revisão da literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 5, p. 25636-25653, 2023.

SANTOS, Rutyelenn Alves; DE JESUS, Caroline Severo; MARKUS, Glaucya Wanderley Santos. A nova faceta do tabagismo: o uso do cigarro eletrônico no contexto da saúde pública. Research, Society and Development, v. 11, n. 12, p. e230111234484-e230111234484, 2022.