LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS INSERVÍVEIS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA LOJA DE PNEUS EM LINHARES-ES

REVERSE LOGISTICS OF UNSERVICEABLE TIRES: A CASE STUDY IN A TIRE SHOP IN LINHARES-ES

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11359540


Lucas de Oliveira Durão1
Murilo Santana Coelho2
Prof. Msc. Luciano Pimenta Valadares3


Resumo

Este artigo aborda a questão da logística reversa de pneus, com foco na gestão de pneus inservíveis em lojas de pneus. O contexto atual destaca a importância da sustentabilidade ambiental e da responsabilidade das organizações em minimizar seu impacto no meio ambiente. A pesquisa utiliza uma abordagem de estudo de caso para analisar de forma minuciosa e aprofundada os processos de armazenamento e destinação de pneus inservíveis em uma loja de pneus. A metodologia combina abordagens qualitativas e quantitativas, incluindo entrevistas com entidades de estabelecimentos e análise de dados numéricos. O estudo tem como objetivo final entender como a logística reversa pode direcionar pneus usados para destinos mais sustentáveis, como reciclagem e remoldagem, de modo a enriquecer a literatura existente sobre logística reversa por meio de insights atualizados sobre o tema.

Palavras-chave: Logística reversa; pneus inservíveis; sustentabilidade econômica.

Abstract

This article adresses tire reverse logistics, focusing on the management of unserviceable tire on tire shops. The current context highlights the importance of environmental sustainability and the companies’ responsibility to minimize their impact on the environment. The research utilizes a case study approach to analyze thoroughly and deeply the storage and destination processes of unserviceable tires in a tire shop. The methodology combines qualitative and quantitative approaches, including interviews with numerical data and establishment entities. The final goal of the study is to understand how reverse logistics can direct used tires to more sustainable destinations, such as recycling and remolding, in order to enrich the existing literature about reverse logistics through updated insights about the theme.

Keywords: Reverse logistics; unserviceable tires; economic sustainability.

1. Introdução

Nos dias atuais, as pessoas estão tendo cada vez mais consciência da importância da preservação do meio ambiente. A crescente degradação ambiental, causada pela ação humana, tem gerado um sentimento de urgência na necessidade de preservação. Porém, reduzir a dívida existente com o planeta não deve ser papel apenas de pessoas físicas, mas também das organizações, maiores responsáveis pela extração de recursos naturais e degradação do meio ambiente. Logo, surge a sustentabilidade econômica como meio de reduzir o passivo ambiental que existe, utilizando-se da conscientização e participação sustentável das empresas. Não basta apenas promover, mas sim, agir.

A indústria de pneus faz parte de um mercado que tem um impacto bastante significativo nas questões ambientais, uma vez que para produção de pneus se faz necessário a utilização de recursos naturais, como petróleo, gás natural e água. Além disso, o pneu, quando considerado inservível, ou seja, não pode mais ser utilizado para seu uso principal, na maioria das vezes tem seu descarte inadequado, contribuindo com a poluição urbana, quando descartado inadequadamente, ou com a poluição dos ares, quando queimado.

Enquanto a logística responsabiliza-se com o abastecimento da cadeia de suprimentos, da matéria prima até o consumidor final, a logística reversa concentra-se no inverso, em tentar dar um destino mais adequado ao produto após sua utilização.

Desta forma, este presente estudo tem como objetivo principal analisar como uma loja de pneus administra os pneus inservíveis, através de um estudo de caso. Como objetivos específicos, o artigo busca coletar e avaliar dados sobre processos de armazenagem e destinação de pneus inservíveis, praticados pelo estabelecimento, utilizando de pressupostos da logística reversa e sustentabilidade.

Ao final deste estudo, espera-se que tenha sido realizada uma análise abrangente a respeito da gestão de pneus inservíveis em uma loja de pneus, fornecendo informações valiosas sobre as práticas atuais e servindo como uma fonte  de conhecimento que agregue a literatura já existente sobre o tema abordado.

2. Revisão da Literatura

2.1 Mercado e sustentabilidade

O cenário em que as organizações se encontram atualmente é marcado pela intensa aceleração da globalização e avanços tecnológicos. É inegável as vantagens e benefícios que esses aspectos trazem para o mercado em geral, da mesma forma é importante debater os problemas que são resultados desses avanços, sendo o maior deles, a degradação do meio ambiente.

A cada dia que passa, a necessidade por recursos naturais para suprir o mercado cresce, aumentando para a escassez dos mesmos, e contribuindo com a desflorestação, a destruição de ecossistemas e a perda de biodiversidade (GLOBALIZATION […], 2019, tradução nossa). Além de debater sobre esses impactos, é de suma importância que as empresas e organizações adotem medidas sustentáveis.

O SEBRAE aponta a necessidade das empresas em promover a chamada sustentabilidade econômica, que envolve um conjunto de práticas econômicas, financeiras e administrativas com o objetivo de atingir o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que promovem a preservação do meio ambiente, para asseguram a disponibilidade de recursos naturais para as gerações futuras (RAMOS, 2017).

2.2.   Mercado de pneus no Brasil

Apesar de uma leve queda de 0,2% no ano de 2022, registrando um valor de mais de 56 milhões de unidades vendidas em todo território nacional (INDUSTRIA […], 2023), o mercado de pneumáticos segue crescendo. Segundo a mesma fonte (VENDAS […], 2023), as vendas em território nacional registraram um aumento de 11,4% no mês de agosto, em relação ao mês anterior. Esses dados revelam uma reação do mercado no ano de 2023.

Esse mercado é abastecido por 20 parques fabris espalhados em 4 regiões do Brasil, contando com a presença de marcas importantes como Michelin, Continental, Bridgestone, Pirelli e Goodyear; além de fabricantes de menor porte, chegando a uma média de 40 milhões de unidades produzidas por ano, (ANIP, 2021). Além da fabricação nacional, o mercado também é abastecido por produtos importados, registrando um número de 432 mil unidades (ANIP, 2022).

2.3.   Logística reversa

A logística desempenha um papel fundamental nas operações comerciais e industriais, envolvendo o planejamento, implementação e controle do fluxo de bens, serviços e informações, desde a sua concepção até ao consumo. Essa abordagem tem como principal objetivo atender às necessidades do cliente, tornando-se uma parte crucial das operações de qualquer organização (NOVAES, 2007).

Ballou (2006) destaca que a logística compreende uma série de atividades funcionais que ocorrem repetidamente ao longo do canal de suprimentos, desde a transformação de matérias-primas em produtos acabados até a adição de valor aos olhos dos consumidores.

Uma logística eficiente pode resultar na redução de custos operacionais, aumento da produtividade e, em última análise, na melhoria da satisfação do cliente. Isso se traduz em um ambiente de negócios mais competitivo e bem- sucedido.

A logística reversa, por sua vez, concentra-se no movimento inverso, tendo grande relevância no contexto da sustentabilidade e da gestão de resíduos.

NOVAES (2007, p53) destaca que “A Logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou de disposição final”

Em resumo, tanto a logística tradicional quanto a logística reversa desempenham papéis cruciais nas operações das organizações e têm um impacto significativo na eficiência, na sustentabilidade e na satisfação do cliente.

A compreensão e a aplicação adequada desses conceitos são fundamentais para o sucesso e a competitividade das empresas nos dias de hoje.

2.4.   Ciclo de vida do pneu

O ciclo de vida de produtos é um conceito amplamente utilizado na gestão ambiental, descrevendo as diferentes etapas pelas quais um produto passa desde a extração de matérias-primas até o seu descarte final. Todo produto tem um ciclo de vida. A NBR ISO14040 dispõe de normas e diretrizes para a gestão ambiental de resíduos, dentre elas, a ACV (Avaliação de Ciclo de Vida), metodologia que tem como objetivo fazer a avaliação do impacto ambiental de um produto longo de seu ciclo de vida completo, desde a extração de matérias-primas até o descarte final (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).

Em relação a pneumáticos, quando o produto atinge a fase final do seu ciclo de vida, onde não pode ser mais aproveitado para sua utilização inicial, recebe o nome de pneu inservível. Vale ressaltar que quando atingida essa etapa do seu ciclo de vida, o pneu é considerado um resíduo sólido (BRASIL, 2010). Diante disso, é de extrema importância dar uma destinação adequada a este ativo e entender como ocorre o ciclo de vida dos pneus, como esboça a figura 1.

Figura 1: Ciclo de vida do Pneu

Fonte: (PNEUS […], 2020)

  • Indústria: O ciclo de vida do pneu começa na fábrica, onde são usados materiais como borracha, aço, tecido e produtos químicos para produzir o pneu, além de recursos como água e energia.
  • Lojas: Os pneus são comercializados em lojas e instalados em estabelecimentos como borracharias e auto centers, onde os consumidores podem escolher o tipo e o tamanho adequados para seus veículos.
  • Uso: O pneu é usado até que sua vida útil seja atingida, que depende de fatores como a quilometragem, o desgaste, a pressão, a temperatura e as condições da estrada.
  • Troca: O pneu, após a troca, são coletados por empresas especializadas, onde dependendo do seu estado, podem ser utilizados para a fabricação de novos pneusreformados, reiniciando seu ciclo, ou triturados para serem reciclados.

2.5.   Legislação

A classificação dos pneus como resíduos sólidos é uma medida importante para lidar com o problema ambiental associado à disposição inadequada de pneus usados. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos:

“São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes” (BRASIL, 2010)

No Brasil, a legislação que trata desse assunto inclui a Resolução nº 416/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). De acordo com essa resolução, os pneus inservíveis são considerados resíduos sólidos e, portanto, sujeitos a regulamentações específicas para o seu manejo e destinação final. A resolução estabelece diretrizes para a coleta, armazenamento, transporte, reciclagem e disposição final adequada de pneus usados, com o objetivo de reduzir impactos ambientais negativos, promovendo a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.

Além disso, a Resolução do CONAMA também estimula a criação de programas de logística reversa e a promoção da reciclagem de pneus usados. Essas medidas contribuem para reduzir a quantidade de resíduos sólidos gerados, minimizar os impactos ambientais negativos e fomentar a economia circular ao reaproveitar materiais presentes nos pneus, como a borracha, contribuindo para a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável (CONAMA, 2009).

As consequências para quem não cumprir as regulamentações incluem sanções administrativas e legais, que podem variar de acordo com a gravidade da infração e a legislação estadual e municipal aplicável. Além disso, os infratores podem ser obrigados a arcar com os custos de remoção e destinação adequada dos pneus descartados de maneira irregular.

2.6.   Reciclagem de pneus

A reciclagem é uma prática fundamental para promover a sustentabilidade ambiental, reduzindo a quantidade de resíduos que vão parar em aterros sanitários. No contexto específico dos pneus, sua reciclagem desempenha um papel crucial na minimização dos impactos ambientais, evitando a liberação de substâncias tóxicas e ocupação desnecessária de espaço.

Desta forma, se faz necessário conhecer os principais usos através da reciclagem para os pneus inservíveis, como destacado a seguir (RECICLANIP, 2019):

  • Coprocessamento: Aproximadamente 70% dos pneus sem utilidade são empregados como combustível alternativo em fornos de cimenteiras devido ao seuelevado poder calorífico.
  • Artefatos de borracha: A borracha extraída dos pneus sem uso é transformada em uma variedade de produtos, incluindo tapetes automotivos, pisos industriais e revestimentos para quadras poliesportivas.
  • Asfalto-borracha: Consiste na adição de pó de borracha, proveniente da trituração de pneus sem uso, à massa asfáltica. O asfalto-borracha oferece uma vida útil prolongada, reduzindo o nível de ruído e proporcionando maior segurança aos usuários de rodovias.
  • Laminação: Neste processo, os pneus não-radiais são cortados em lâminas,que são utilizadas na fabricação de percintas para indústrias moveleiras, solas decalçados, dutos de águas pluviais, entre outros produtos.

3. Metodologia

Para alcançar os objetivos propostos pelo estudo, é crucial estabelecer métodos e abordagens adequadas, visto que estes guirão a pesquisa de forma segura e eficiente. Estas escolhas devem ser feitas de maneira criteriosa, levando em consideração as características do problema, os recursos disponíveis e o tempo previsto para o estudo.

Um método é composto por atividades sistemáticas e racionais que visam atingir o objetivo de produzir conhecimentos válidos e verdadeiros de forma mais segura e econômica. Ele também auxilia na definição do caminho a ser seguido na pesquisa, de modo a minimizar erros (LAKATOS; MARCONI, 2003). Ainda de acordo com os autores, a definição de uma metodologia específica é importante para delimitar o estudo e guiá-lo de acordo com os objetivos do estudo.

Diante disso, o estudo utilizou-se do método de estudo de caso para descrever e caracterizar os processos e atividades da loja em relação a armazenagem e destinação de pneus inservíveis. Um estudo de caso é caracterizado por ser uma metodologia que se utiliza de investigação minuciosa e aprofundada de poucos elementos, às vezes até mesmo de apenas um, oferecendo um entendimento profundo YIN (2001).

Em relação a abordagem, a pesquisa combina aspectos qualitativos e quantitativos, uma vez que se utilizou de entrevista com o proprietário do estabelecimento. A entrevista é uma técnica de coleta de dados frequentemente empregada em pesquisas científicas, especialmente em estudos de caso, como destacado por BOGDAN E BIKLEN (1994). Logo, ela nos permitiu coletar informações qualitativas, como percepções, opiniões e práticas do estabelecimento, e como a empresa de coleta que presta serviços ao estabelecimento estudado realiza a destinação dos pneus. Em sequência, os dados levantados serão quantificados, para melhor entendimento das informações.

De acordo com NARDI e SANTOS (2003) abordagem qualitativa é baseada na coleta e análise de dados não-numéricos, procurando compreender o significado de fenômenos, enquanto a abordagem quantitativa é baseada na coleta e análise de dados numéricos, para a realização de quantificação de fenômenos, que permite que seja possível atingir alguns objetivos específicos do estudo, além de chegar a conclusões a respeito do tema proposto.

Tal estudo de caso servirá para fornecer uma análise detalhada e abrangente dos processos e práticas relacionados à armazenagem e destinação de pneus inservíveis praticados pelo estabelecimento, bem como a destinação final, realizada por uma empresa de coleta.

Isso permitirá que sejamos capazes de identificar possíveis desafios, oportunidades e melhores práticas associadas a esse aspecto da gestão de resíduos, servindo como base para futuras pesquisas no que se refere ao tema proposto.

4. Resultados e Discussão

4.1 Caracterização da empresa:

A empresa em questão, é de médio porte, caracterizada como auto center, onde além de serviços automotivos trabalha com a venda de pneus. Os pneus comercializados são em sua totalidade novos, onde tendo em vista sua persona opta por não trabalhar com pneus reformados. Mensalmente são comercializados em média setecentos pneus entre nacionais e importados nesta única loja e a grande maioria dos pneus retirados, no fim de sua vida útil, são abandonados pelos donos no próprio estabelecimento, legando a responsabilidade ambiental do armazenamento e destinação correta a empresa.

Considerando o destino dado neste caso aos pneus, nossa problemática ganha sentido, pois compreender a eficiência ou não da logística reversa contribui tanto para uma melhor destinação destes resíduos, quanto ao aperfeiçoamento do processo de logística reversa.

4.2.   Desafios atuais na logística reversa de pneus e impactos ambientais

Com base nos dados coletados através da entrevista com o proprietário, foi possível observar que o estabelecimento realiza a troca de aproximadamente 35 pneus por dia, o que nos leva a uma média de 700 pneus por mês, tendo em vista que o atendimento do estabelecimento ocorre de segunda-feira a sexta-feira. Essa informação é relevante, pois demonstra a quantidade de pneus usados que são administrados pelo estabelecimento.

Porém, nem todos os pneus trocados ficam à disposição da empresa. O proprietário destacou que quando um cliente é atendido, há três opções para lidar com os pneus trocados. Os clientes podem optar por vender os pneus usados ao estabelecimento, retê-los consigo para destinação pessoal ou escolher doá-los de volta ao estabelecimento. De modo a quantificar essa prática, foi revelado que 80% dos pneus trocados no estabelecimento são retidos. Essas opções refletem a flexibilidade e a consciência ambiental dos clientes.

De acordo com a entrevista, o estabelecimento promove a coleta dos pneus de forma periódica, uma vez por semana, realizada por uma empresa especializada em coleta de pneus inservíveis que os prestam serviço, contratada para realizar este tipo de serviço.

O proprietário também relatou que existe uma capacidade máxima para armazenagem dos pneus trocados no estabelecimento, sendo de 300 pneus no espaço destinado exclusivamente para os produtos trocados.

Dadas as informações coletadas com o proprietário, observou-se a necessidade de realizar também uma entrevista com o responsável pela empresa de coleta de pneus, uma vez que tal empresa é a responsável pela destinação final dos pneus. De acordo com essa entrevista realizada via contato telefônico, o responsável alegou que a empresa realiza a destinação desses pneus de duas formas, a depender do estado do pneu.

A empresa de coleta avalia o estado dos pneus antes de determinar sua destinação. Quando um pneu é considerado inservível devido ao desgaste excessivo ou danos irreparáveis, ele é encaminhado para empresas de reciclagem especializadas, onde pneus são triturados, resultando em um material granulado que pode ser utilizado de diversas formas. Esse material reciclado proveniente dos pneus pode ser aplicado em: pisos emborrachados para parques infantis e áreas esportivas, fabricação de asfalto modificado, componentes de borracha em produtos como tapetes, solados de sapatos e tapetes de carro, isolamento acústico e térmico em construções e combustível em fábricas de cimento.

Quando um pneu apresenta desgaste, porém sua estrutura interna permanece íntegra, ele é encaminhado a fábricas especializadas em pneus reformados. Nestas fábricas, o pneu passa por um processo de renovação, no qual uma nova camada de borracha é aplicada na banda de rodagem. Isso resulta em uma revitalização do pneu, permitindo que ele seja reutilizado com eficiência. Essa prática contribui para a redução do desperdício de pneus e promove a sustentabilidade, possibilitando o reaproveitamento desses produtos em diversas aplicações.

No entanto, surge um desafio significativo no cenário atual da pesquisa. A empresa de coleta de pneus, crucial para a gestão adequada desses resíduos, está enfrentando dificuldades para continuar suas operações normais. O responsável pela empresa revelou que a recusa em recolher os pneus nas revendas é uma consequência direta da queda na demanda por pneus reformados. A principal fonte de soluções econômicas para uma empresa de coleta era a venda desses pneus inservíveis para as reformadoras, uma prática que atualmente não é mais sustentável.

A baixa demanda por pneus reformados faz com que as reformadoras não compreendam esses produtos, ou que por sua vez levem uma empresa de coleta a não realizar as coletas nas revendas. Esse impasse cria uma situação desafiadora para as lojas de pneus, pois a capacidade de armazenamento está sendo ultrapassada, aumentando o risco de descarte inadequado de pneus e, consequentemente, agravando as questões ambientais envolvidas nessa prática. Essa conjuntura destaca a urgência de encontrar soluções viáveis e sustentáveis para a gestão de pneus inservíveis, considerando a interdependência entre as diferentes partes envolvidas no ciclo de vida desses produtos.

5. Conclusão

O estudo em questão proporcionou uma análise aprofundada sobre a gestão de pneus inservíveis em uma loja de médio porte, destacando a importância da logística reversa e da sustentabilidade nesse contexto. Ao examinar a realidade do estabelecimento e da empresa de coleta, identificamos desafios importantes que permitirão entender eficiência da política de logística reversa de pneus praticada pelo estabelecimento e os impactos ambientais associados.

Os resultados revelaram que a loja lida com uma quantidade específica de pneus usados, aproximadamente 700 por mês. A retenção de 80% desses pneus evidencia a liberdade e consciência ambiental dos clientes, porém, impõe desafios adicionais de armazenamento. Além disso, a parceria com a empresa de coleta, responsável pela destinação final, esclareceu as complexidades enfrentadas pela indústria.

A dificuldade da empresa de coleta em manter suas operações normais, derivada da queda na demanda por pneus reformados, é um ponto crucial. A recusa dos consumidores em usar esses pneus, coloca em risco a gestão adequada desses resíduos, aumentando a possibilidade de descarte inadequado.

Para concluir, é fundamental destacar a cultura arraigada no Brasil de usar pneus além do limite permitido, muitas vezes chegando à malha de aço, inviabilizando a reforma. Uma razão razoável reside na elevada despesa associada aos pneus, agravada por onerosos encargos tributários que, por vezes, tornam-se impeditivos para aquisição. Paralelamente, a ausência de conscientização sobre os perigos inerentes à continuidade do uso de pneus após atingir o limite recomendado é notória. Torna-se questionável a conclusão, sustentada pelas entrevistas, de que a maioria específica dos consumidores não possui uma compreensão plena da extensão dos riscos que os pneus desgastados apresentam, refletindo na dificuldade de coleta eficiente e na saturação da capacidade de armazenamento das lojas.

A persistência do preconceito em relação aos pneus reformados também se destaca como um obstáculo significativo. Embora tenha avanços tecnológicos que garantam qualidade e durabilidade, o estigma persistente influencia as qualidades da demanda, identificado na frequência reduzida de aquisições de pneus reformados, esse cenário resultou na diminuição da aquisição de insumos, impactando diretamente o interesse das empresas especializadas na revenda. Essa dinâmica configura-se como um ciclo negativo, desencadeando uma série de efeitos já citados, e exacerbando os problemas específicos na logística reversa.

Em vista dessas conclusões, torna-se evidente a urgência de encontrar soluções sustentáveis para a gestão de pneus inservíveis. Educação ambiental, conscientização sobre os impactos da utilização prolongada de pneus e a promoção da qualidade dos pneus reformados são aspectos cruciais. A interdependência entre consumidores, vendedores, e empresas de coleta ressalta a necessidade de uma abordagem colaborativa para enfrentar esses desafios e promover uma gestão mais eficaz e sustentável dos pneus inservíveis no Brasil.

6. Referencias

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1Graduando em Administração, Faculdade de Ensino Superior de Linhares, Brasil
E-mail: eulucasdurao@gmail.com
2Graduando em Administração, Faculdade de Ensino Superior de Linhares, Brasil
E-mail: murilo_coelho_@hotmail.com
3Professor Orientador, Faculdade de Ensino Superior de Linhares, Brasil
E-mail: luciano.valadares@faceli.edu.br