Spanish Language as an Elective Subject for the New High School in the State of Rio de Janeiro: Challenges and Possibilities
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249111334
Andrea da Silva Oliveira Martins[1]
Resumo
O ensino de Língua Espanhola no estado do Rio de Janeiro, fornecido pelo sistema educacional público do Novo Ensino Médio, acontece semanalmente com apenas um tempo de aula, e este é um grande desafio para o professor desta disciplina, que além disso, é eletiva e tem mescla de alunos de duas ou mais turmas frequentando em mesmo horário. Por isso, este artigo vem mostrar que o modelo de ensino deste idioma está prejudicado pelo formato de aplicação e mostra algumas estratégias empíricas usadas pelo professor para superar os impasses criados pelo sistema pedagógico, dada a importância da Língua Espanhola para alunos brasileiros. Para comprovar o problema é apresentada a grade curricular indicada pela BNCC, e alguns trabalhos desta autora como fotos de lousa e um plano de aula, além de indicações de usos tecnológicos, analisando as dificuldades do trabalho do professor em sala de aula.
Palavras Chave: Novo Ensino Médio, tempo de aula, estratégias empíricas.
Abstract:
The teaching of Spanish in the state of Rio de Janeiro, provided by the public educational system of New High School, takes place weekly with only one class time, and this is a great challenge for the teacher of this subject, which, moreover, is elective and has a mix of students from two or more classes attending at the same time. Therefore, this article shows that the teaching model of this language is hampered by the application format and shows some empirical strategies used by the teacher to overcome the impasses created by the pedagogical system, given the importance of the Spanish language for Brazilian students. To prove the problem, the curricular grid indicated by the BNCC is presented, and some works by this author, such as blackboard photos and a lesson plan, as well as indications of technological uses, analyzing the difficulties of the teacher’s work in the classroom.
Keywords: New High School, class time, empirical strategies.
INTRODUÇÃO
O ensino de Língua Espanhola como língua estrangeira no Novo Ensino Médio, nas escolas públicas da rede estadual do Rio de Janeiro, é obrigatoriamente oferecido aos alunos, porém como disciplina eletiva, com um modelo em que o aluno escolhe se quer ou não se matricular na disciplina. Não tem processo avaliativo, mas a frequência é fator que influi na aprovação/retenção do nível médio. No entanto, como não há preparo dos adolescentes quanto ao entendimento do sistema de escolhas das disciplinas eletivas no primeiro ano escolar do NEM, por isso este modelo causa um desinteresse generalizado dos alunos com relação à aprendizagem de Língua Espanhola como segundo idioma estrangeiro.
Apesar de ser tão importante para o brasileiro, por estarmos cercados de países que o tem como primeiro idioma, se entende como fácil, por ser a Língua Espanhola de mesma raiz idiomática que a Língua Portuguesa. Os alunos a creem tão parecida, e que haja compreensão automática entre os falantes, que não se preocupam em aprendê-la, no entanto, no caso da Língua Inglesa, que sempre é cobrada no mercado profissional da maioria das categorias funcionais da região Sudeste, e por ser tão diferente do Português, há mais interesse na aprendizagem, e além disso, esta última é de cuprimento obrigatório na BNCC (Base Nacional de Conteúdo Curricular), e funciona com dois tempos de aula semanais.
Motivos que indiquem a importância da aprendizagem de Língua Espanhola para o brasileiro são muitos, porém a maioria dos jovens prefere não ter que estudar mais esta disciplina, considerando como um acréscimo do currículo escolar, apesar de que, o ensino de Língua Espanhola é indicado na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017 como segunda língua estrangeira ainda que opcional, nas escolas de ensino médio estaduais no Rio de Janeiro, como exposto no artigo abaixo:
§ 4o Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (BRASIL, 2017, p.1)
A diferença entre o ensino de Língua Inglesa e Língua Espanhola nas escolas do Estado do Rio de Janeiro é marcante no tempo de aula, com isso, a aprendizagem do idioma opcional estaria então comprometida? e obrigaria o professor a minimizar o currículo? É por isso, então, que os educadores de Língua Espanhola vem buscando estratégias de ensino que consigam atingir os objetivos específicos de aprendizagem linguística?.
O ensino de língua estrangeira é orientado por metodologias reconhecidas para garantir que em alguns anos de estudos se cumpra um nível de conhecimento para a comunicação entre pessoas de diferentes países. Essas metodologias recomendadas (método tradicional, construtivo e sociolinguístico, entre outros) agora também se anexam ao uso de TICs, com tecnologias digitais, apoiadas nas abordagens linguísticas aproximadas a realidade idiomática, ou seja, as metodologias ativas e os recursos do ensino híbrido para seguir os princípios expostos por Bauman, que “cabe ao indivíduo descobrir o que é capaz de fazer, esticar essa capacidade ao máximo e escolher os fins a que essa capacidade poderia melhor servir – isto é, com a máxima satisfação concebível.”(BAUMAN, 2001, p. 74)
O objetivo geral deste artigo é formalizar uma reclamação pelo tempo de aula destinado ao ensino de Língua Espanhola na Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, que é de apenas um tempo de aula por semana, frente ao ensino de Língua Inglesa, com dois tempos semanais. E ainda, este projeto seguirá os objetivos específicos de constatar a importância do ensino de Língua Espanhola no Brasil, analisar a aprendizagem do segundo idioma como disciplina eletiva nas escolas Estaduais do Rio de Janeiro recorrente, e por último, mostrar algumas abordagens de atividades curtas, com o ensino híbrido e metodologias ativas, utilizadas como recursos na aprendizagem no período de um tempo de aula semanal, e em acordo com a BNCC, trabalhadas pelo professor de Língua Espanhola para tentar cumprir a estrutura curricular básica do idioma, com o ensino da gramática, da oralidade e da literatura da Língua Espanhola.
O ensino de língua espanhola no NEM
O ensino de Língua Espanhola como segunda língua estrangeira para brasileiros é proposto pela Lei No 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, que faz a ampliação da extensão da grade curricular do Novo Ensino Médio (NEM), mudando a organização curricular e incluindo a segunda língua estrangeira opcional, como o que rege no Art. 35-A que diz:
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da Língua Inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o Espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (BRASIL, 2017.)
Apesar de ser a segunda língua opcional, a preferência pela Língua Espanhola se dá pela proximidade do Brasil com países que têm esse idioma como língua materna, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, com os quais também compartilhamos acordos políticos e econômicos provenientes do Bloco Mercosul, e onde também há a indicação de que esses países troquem a aprendizagem de idiomas nos seus sistemas educacionais de ensino médio. Ainda neste contexto, foram definidos princípios e objetivos da aplicação do ensino de Língua espanhola, que também foram considerados na implantação como disciplina na grade curricular do Rio de Janeiro, os quais figuram nos artigos a seguir:
Art. 3º São princípios para a oferta de Língua Espanhola no Ensino Médio: I – o reconhecimento do vínculo entre os processos de oficialização da Língua Portuguesa e da Língua Espanhola nos respectivos Estados da América Latina; II – o cumprimento do disposto na Lei nº 10.639, de 2003, atualizada pela Lei nº 11.645, de 2008, conforme o Art. 26-A da LDB e no Parecer CNE/CP nº 3, de 2004, e na Resolução CNE/CP nº 1, de 2004; e III – autonomia, protagonismo e autoria dos sujeitos nos processos de ensino aprendizado nas práticas linguísticas. Art. 4º São objetivos do ensino da Língua Espanhola no Ensino Médio: I – ser parte integrante da formação geral básica definida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); e II – figurar como opção nos itinerários formativos. Art. 5º O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) deve atender ao disposto nesta norma. (BRASIL, 2023, p.14)
Com base nesta lei, o Rio de Janeiro implementou e implantou o Novo Ensino Médio com a Língua Espanhol no modelo de disciplina opcional, do quadro das eletivas, sendo a eletiva 2, que reparte grupos de alunos e aula com a disciplina de Estudos Orientados, s, e o funcionamento ocorre em duas salas; mas antes disso, já fazia parte de seu currículo no inciso do artigo 12 da Deliberação CEE Nº 394, que diz que “XII – Língua Espanhola, nas escolas públicas do estado, nos termos da Lei Estadual 2.447, de 16 de outubro de 1995” (BRASIL, D.O.RJ nº 234, 2021.), porém, na implementação do Novo Ensino Médio, a Secretaria Estadual de educação do Rio de Janeiro publica a resolução que explicita:
Art. 8º – A Língua Inglesa configura-se como parte obrigatória da área de Linguagens e suas Tecnologias, tanto para o ensino Fundamental quanto para o Médio. A Língua Espanhola será ofertada como eletiva no Itinerário Formativo do Ensino Médio. No planejamento escolar, está definido como ação pedagógica com os estudantes não optantes pela Língua Espanhola, a oferta de Estudos Orientados em caráter optativo. (BRASIL, D.O.RJ, 2022.)
Os estudantes fazem a escolha pela disciplina eletiva no ato da matrícula ou na primeira semana de aula, em lista oferecida pela coordenação pedagógica escolar, que, em seguida, faz o registro de seus nomes no sistema interno de dados, gerando o diário escolar da turma, assim o professor se orienta quanto aos alunos que frequentarão sua aula. No quadro de horários das aulas é exposto o mesmo tempo de aula para duas turmas, porém com uma sala definida para cada disciplina, funcionando espanhol em uma e Estudos Orientados em outra, e os alunos inscritos devem se dirigir para a aula de sua escolha,seguindo a lista apresentada no quadro de avisos. Se não completarem o percurso anual com no mínimo 75% de presença, os alunos podem ficar retidos ao final do ano letivo, pois estas disciplinas não contêm sistema de avaliação, mas apenas computam a frequência.
Como este sistema é parte das regras do Novo Ensino Médio, alguns alunos ainda estão se adaptando, mas parecem ter criado uma visão de que há pouco compromisso com a disciplina e não se importam com a retidão, porém é possível que isto venha a mudar nos próximos anos. Então, se faz importante mostrar o quadro a seguir em que está expressa a matriz curricular na que há a informação de que esta implementação definiu a carga horária da disciplina Língua Estrangeira Optativa para 1 (um) tempo de aula semanal de 50 (cinquenta) minutos, nos três anos do curso de Ensino Médio, significando a metade da carga horária de Língua Inglesa, o que configura uma diferença entre o valor dos idiomas para o contexto educacional do estado do Rio de Janeiro, observe a informação nos itens finais da área de linguagens expresso na imagem abaixo:
Imagem 1 – Foto da Tabela que explica a Matriz Curricular do Ensino Médio do Rio de Janeiro, disponível em https://novoensinomedio.educacao.rj.gov.br/pdfs/resolucao-6035.pdf
A rapidez exigida pela sociedade para o conhecimento voltado à comunicação oral e escrita não pode ser alcançada na aprendizagem de idiomas estrangeiros com apenas um tempo de aula composto por 50 (cinquenta) minutos semanais de ensino, em que o aluno terá acesso somente a um temas exposto e nem sempre bem explicados. Contudo, vivemos em uma era de aprendizagem rápida, onde o que mais importa é o letramento do aluno no idioma estudado.No entanto, considerando que letramento se define, em Magda Soares, como:
…letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais. Em outras palavras, letramento não é pura e simplesmente um conjunto de habilidades individuais; é o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social.(SOARES, 1998, p.72)
Desse modo, o trabalho do professor é de ensinar as bases gramaticais envolvidas aos contextos linguísticos sociais em que o aluno possivelmente usará este idioma estrangeiro, o Espanhol, que seria para ambientes profissionais, viagens e ou avaliação em concursos públicos como no ENEM, buscando dar ao aluno práticas de leitura e escrita que o permita uma convivência em situações específicas do uso da língua. Dado que o Rio de Janeiro é uma cidade de turismo internacional, que recebe muitos visitantes hispano americanos, existe uma demanda por profissionais que tenham uma formação mínima no idioma espanhol para postos de trabalho em hotéis e aeroportos, além de empresas latinoamericanas inseridas no país, ou até indivíduos que pretendem ingressar no meio acadêmico e necessitarão de leitura do idioma.
Os fatores acima descritos são alguns dos que envolvem a necessidade do ensino de espanhol no estado do Rio de Janeiro, o que levou a implantação do ensino do idioma na rede de ensino médio para que os alunos tivessem este acesso pelo menos durante os três anos finais de escolarização básica, no entanto, essa implantação na grade curricular, sem mudanças no período parcial de aulas, manhã, tarde ou noite, do sistema regular de ensino, precisou ser de apenas um tempo de aula semanal, com 50 minutos de duração no máximo. As aulas de um tempo precisam ser muito bem elaboradas, já que o professor tem as mesmas obrigações básicas que os outros com dois ou três tempos, ou seja, ele coloca os alunos em sala, tarefa que ocorre nos momentos de troca de professor, faz chamada, e ainda tem uma lista de nomes diferenciada pois estão juntos os alunos que elegeram a disciplina e provém de salas diferentes; aplica o conteúdo, explica detalhes do tema, re-explica, atende os questionamentos e dúvidas dos alunos, e termina aplicando exercícios para prática e os corrigindo ao final.
Ou seja, o curto tempo tem que estar bem dividido e programado e não pode haver incidentes, como indisciplina dos alunos ou atrasos, o que é praticamente impossível de não acontecer em uma sala de aula com cerca de quarenta alunos. Assim que, o “professor-herói”, focado em seu labor, tem trabalhado em um ambiente desafiador e buscado cumprir sua função de ensino-aprendizagem do aluno como relata Freire:
Como professor crítico, sou um “aventureiro” responsável, predisposto à mudança, à aceitação diferente. Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo, radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo é a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento. (FREIRE, 1996, p.28,29)
O labor do professor é árduo para um sistema que exige aprendizagem em curto prazo, por isso, é preciso que sejam pensadas maneiras de aplicabilidade de atividades práticas efetivas, em que este professor, orientador e formador, no ensino médio, busque inovar-se e ter seu procedimento pedagógico reconhecido, uma ação que está cada vez menos reconhecida pelos alunos e a rede diretiva. Fazendo uso de suas competências ao dialogar no idioma ensinado, mesmo que os alunos estejam no 1º ano do ensino médio e ainda não tenha experiência com a Língua Espanhola, a oralidade pode ser apresentada pelo professor como um instrumento que gere a consideração,e ainda esta prática vai mostrar as diferenças entre o português e a língua espanhola, criando-se níveis de comparação auditiva em que o aluno percebe que o espanhol é outro idioma e não apenas um português mal falado.
Assim também, o professor garante valorização ao ensino, mostra que a perfeita capacidade de conversação pode ser alcançada por brasileiros, que por vezes despreza o idioma, apresenta as habilidades de articulação do aparelho fonológico na manipulação da boca e da língua para a fala do espanhol e acima de tudo, capacita a audição do aluno quanto ao costume de ouvir o idioma enquanto falado por um brasileiro, com modos lentos e precisos de articulação oral, além de levar o aluno a perceber que
Nesse sentido, esse professor está vinculado a um saber, que lhe permite dialogar com o auditório e conduzir o conteúdo em sala de aula, cumprindo assim os ofícios, os quais lhe foram instituídos pela sociedade vigente, dentro das normas da Escola Pública de sua atuação. (SANTOS, FERREIRA e SILVEIRA, orgs., 2023, p.20)
Assim, professores de Língua Espanhola tem buscado estratégias para que sejam melhor considerados e que os alunos tenham mais interesse pela disciplina, como o fato de construírem planejamentos com base na situação real da sala de aula. Por isso, adiante passamos a conhecer o trabalho realizado por professores de espanhol nas escolas de ensino médio da rede partindo da experiência desta autora e, além de mostra de algumas atividades que podem facilitar o labor do professor na práxis que exige conhecimento e habilidades especiais para resumos imediatos de conteúdos extensos sem a perda de efetividade no ensino aprendizagem..
O ensino aprendizagem nas práticas linguísticas imediatas
Apesar de ser um desafio, a construção de aulas interessantes pelo professor pode ser através das inovações com tecnologia ou materiais coloridos, mas a aprendizagem pode não ser tão efetiva para com a necessidade do aluno, o que obrigará o professor a reduzir o conteúdo a ser ministrado. Um indivíduo que precise de Língua Espanhola para complementar sua qualificação profissional, deverá buscar aulas que estejam de acordo com a realidade do contexto de sua necessidade, como por exemplo, situações de hotelaria, ou enfermagem. Assim , o professor precisa fazer suas considerações dos usos linguísticos, mas sempre deverá adequar sua aula ao contexto sociolinguístico do aluno, fazendo necessário que se crie um material de aula e da própria prática educativa direcionado.
Na busca de inovação o professor se arma de ferramentas como cartazes, panfletos e materiais originais provenientes de contextos linguísticos como de viagens a países do idioma ensinado. Além de vídeos turísticos, publicitários e informativos, para imergir o aluno no contexto linguístico apropriado ao seu aprendizado. Para adquirir estes materiais o professor precisa estar sempre em renovação de seus conhecimentos sociolinguísticos, adequando-os aos grupos sociais diversificados que se apresentem em questão de costumes do idioma e de seu povo nativo, considerando que Vygotsky coloca sobre a aprendizagem por instrumentos, como na afirmativa a seguir:
Em consonância com essa discussão, Vigotski afirma que o desenvolvimento humano se concretiza por meio da aprendizagem. A apropriação dos conhecimentos se relaciona com as situações culturais construídas pela humanidade, e as mudanças que ocorrem nas condutas humanas desde o nascimento, fazem-se através de vínculos sociais com o outro, tendo os signos como potencializadores de significados e sentidos dessa relação. (RIOS, 2006, p.70)
Desse modo, a aprendizagem será leve e interessante,mas o professor não tem acesso a estes recursos na escola em que atua, e, porque as aulas são curtas, os temas serão reduzidos, mas sem deixar de oferecer aprendizagem apropriada a clientela de jovens em idade de ingressar no mercado de trabalho e em busca de capacitação para novas habilidades e competências, sendo os conhecimentos linguísticos imprescindíveis para o momento de globalização e aberturas comerciais diversas. O uso de material didático do PNLD não precisa ser descartado, já que há uma literatura contemporânea adequada aos modelos de ensino como o híbrido e o EAD, e o livro didático oferece acesso a textos extensos mas atualizados. Assim, os livros didáticos são o recurso mais utilizado, principalmente apoiando o conhecimento de textos, incentivando práticas leitoras, evitando desperdícios e copiadoras.
Alguns livros didáticos podem ser bem divertidos quanto coloridos e com temas sociolinguísticos, mas é preciso uma escolha antecipada, prevendo atividades dinamizadas em sala de aula ou de reforço em casa. O aluno pode ainda usar atividades por sua conta e o professor se oferece para correções individualizadas e específicas, o que ainda valoriza e cria considerações do aluno pelo ofício do professor e seus cuidados para com a aprendizagem individual orientada. No entanto, não há tempo para agregar literatura e áudios disponíveis no material didático, que seriam importantes na prática e acrescentariam mais conhecimentos. E, ainda que as produções contemporâneas de livros didáticos estão se adequando ao uso de tecnologias e indicações sociolinguísticas, ainda assim, é importante considerar que
Trata-se de um material que , em geral, propõe uma série de instruções para o procedimento do professor, desconsiderando maiores especificidades envolvidas na questão do ensino-aprendizagem,como a região onde se localiza a escola, o perfil do aluno e do professor, as condições histórico-culturais que cercam e marcam a experiência com a linguagem, entre muitas outras. (MARTELOTTA [org.], 2011, p. 237)
Contudo, se o professor tiver um grande número de alunos matriculados em sua aula eletiva, e tiver que criar os conteúdos reduzidos, estes precisam ser expostos na lousa, pode ser com canetas coloridas e de efeitos, fazendo observações das principais diferenças entre o idioma nativo do aluno e o estudado, com mostra de o que é preciso ter mais atenção e guardar de imediato para efetivar a comunicação,mas tudo isso tem que ser pensado para uma aula de um tempo apenas. Agregado a estes materiais, ainda o professor deve adequar às concepções sociolinguísticas e não somente trabalhar a gramática da língua estrangeira, assim como relato a seguir:
Bakhtin (1992), ao refletir acerca do discurso direto, discurso indireto e suas variações, enfatiza que transpor palavra por palavra por procedimentos gramaticais, sem voltar-se para as variações estilísticas correspondentes, resulta em um método escolar de exercícios gramaticais, pedagogicamente mau e inadmissível. Isso porque “fere” a concepção que a língua vive nas relações interlocutivas entre os falantes de uma língua materna, e não num sistema abstrato de formas.(RIOS, 2006, p. 73)
Na busca de apreender conhecimentos sociolinguísticos para formular estratégias de aulas adequadas, o professor investirá em viagens de imersão a países de língua materna espanhol, ainda que com pouco salário isso seja difícil, mas assim ele adquire materiais originais e experiência na habilidade de oralidade do idioma. Além disso, o professor precisa estar sempre frequentando sites, blogs e redes sociais em espanhol, diversificando o conhecimento em variações linguísticas, principalmente no espanhol da América, priorizando os países que fazem fronteira com o Brasil, onde os alunos terão maior acesso a estar em negócios internacionais, dada as proximidades e as empresas brasileiras e desses países que possam oferecer oportunidades profissionais a estes jovens.
Contudo, para a busca pela inovação e adequação ao tempo de aula, o professor evita abordagens muito amplas, fazendo recortes nas temáticas como por áreas específicas de interesse de negócios, por exemplo, o acesso a compras no Paraguai, as ofertas de ensino presencial ou a distância na Argentina, as importações de vinho negociadas entre empresas brasileiras e chilenas ou uruguaias, as viagens turísticas ao México ou ao Peru, os embarques de petroleiros em plataformas norte-americanas (que exigem além do inglês, também o espanhol), a receptividade a venezuelanos imigrantes ao Brasil, principalmente para alunos interessados em trabalhos com as forças armadas ou a polícia federal em fronteiras e até mesmo, quanto ao espanhol da Espanha, sobre possibilidades de turismo ou emigração. Esse rol de conteúdos constitui o que chamamos de conhecimento sociolinguístico, e é indicado que esteja em programas de estudos idiomáticos da língua estrangeira para o Novo Ensino Médio, já que a aprendizagem de língua depende de se considerar língua como Marcuschi a considera:
Tomo a língua como um sistema de práticas cognitivas abertas, flexíveis, criativas e indeterminadas quanto à informação ou estruturas. De outro ponto de vista, pode-se dizer que a língua é um sistema de práticas sociais e históricas sensíveis à realidade sobre a qual atua, sendo-lhe parcialmente prévio e parcialmente dependente esse contexto em que se situa. Em suma, a língua é um sistema de práticas com o qual os falantes/ouvintes (escritores/leitores) agem e expressam suas intenções com ações adequadas aos objetivos em cada circunstância, mas não construindo tudo como se fosse uma pressão externa pura e simples. (MARCUSCHI, 2008, p. 61)
No intuito de adequar conteúdo sociolinguístico, o professor não conseguirá realizar atendimento individualizado, pois vai aproveitar o tempo que lhe aprouver para fazer uma avaliação prévia dos conhecimentos, interesses e contextos social dos alunos, possibilitando a construção de um plano de ação educativo, pensado na necessidade de redução para o tempo de aula, sem esquecer os roteiros de estudos integrados aos objetivos, como indicado na BNCC, por competências, que serão as mesmas ditas para a Língua Inglesa, como abaixo mostradas:
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza. (BRASIL, 2017, p 496)
Essa competência específica 4, que pertence ao documento da BNCC, relacionada ao ensino médio na área de linguagens e suas tecnologias, não se aplicará facilmente ao ensino Língua Espanhola, já que apresenta considerações que o professor deve seguir na construção do plano de aula, visando a abertura dos conhecimentos linguísticos como instrumento de atuação do indivíduo no contexto político social e cultural, enquanto participante em ações de leitura, escrita e fala de um idioma, no caso, da Língua Espanhola. Ou seja, o professor precisará levar o aluno a integrar-se neste contexto, atuando como leitor, escritor e falante do idioma ensinado, tornando-o um letrado nas situações socioculturais da língua, como por exemplo no caso de usar o idioma para fins profissionais.
Todas essas estratégias precisam que o professor se empenhe em conhecer o aluno, pois “Cabe ao professor perceber o que os alunos almejam com os estudos e com base nessa informação, ele deve construir uma prática para atender às diferentes necessidades de aprendizagem.” (BATISTA, FELTRIN e RIZZATTI, 2019, p. 22), para quem no caso do Ensino Médio Regular de Formação Geral, a Língua Espanhola será um diferencial no currículo e um apoio na avaliação do ENEM, mas, dependendo do ensino-aprendizagem feito com apenas um tempo semanal, o aluno não poderá alcançar um nível básico com conhecimento da leitura, gramática e oralidade do idioma.
Como tentativa de aplicar atividades rápidas, o professor pode usar para ambientalizar o aluno no contexto cultural de países que falam espanhol, se indica usar um mapa do mundo é uma opção viável, já que as escolas os têm para apoio nas aulas de geografia, e o professor pode iniciar mostrando quais países são os de Língua Espanhola como materna e os bilíngues, e até pode comentar dos que estudam Língua Espanhola como segunda língua para negócios ou viagens. Considerando que os alunos de ensino médio já tem alguma noção geográfica, o colorido do mapa é um instrumento que atrai a atenção da turma, e o professor ainda introduz na mesma aula adjetivos gentílicos como “venezolano”, “puertorriqueño” ou “argentino”, além disso, pode comentar suas próprias viagens e contar histórias inusitadas de suas vivências imersivas na língua espanhola, dada a importância de aprender palavras de uso frequente, como relata Baumann:
…São as palavras que dividem o mundo em classes de objetos nomeáveis e fazem surgir seu parentesco ou oposição, proximidade ou distância, afinidade ou estranhamento – e enquanto estiverem sozinhas no campo elevam todos esses artefatos ao nível de realidade, a única realidade que existe… (BAUMAN, 2001, p.237)
Também, com intuito de preparar o aluno para experiências reais com a língua, o professor propõe atividades com diálogos, partindo dos mais simples, como de saudações, apresentações individuais ou coletivas, como dar informações de dados pessoais exigidos em uma ficha de inscrição de curso ou entrada em um hotel, e conhecer pessoas, assim como as despedidas. Apesar do aluno estar em primeiro contato com a língua, estas instruções são interessantes e apreciáveis a eles, e o professor as explica por meio de comparações e traduções com a língua materna, principalmente ligadas a exercícios práticos orais, como apresentações com diálogos em duplas ou trios, incitando relações sociais.
Essas práticas, além de realizar um exercício fonológico, também são atividades mais divertidas ou lúdicas entre os alunos da educação básica, indicadas como modelo de jogo linguístico, que podem ser usadas para apreender a atenção dos discentes quanto à conversação no idioma ensinado e mostrar que não é tão complicada a tarefa de articulação linguística. Contudo, o professor apresenta diálogos com apresentações desde o início do 1º ano do ensino médio até o 3º ano, elevando os níveis de dificuldade das orações do básico ao avançado, mas por motivo do curto tempo de aula, só é possível realizar essas atividades apenas uma vez no bimestre, já que o período composto por cerca de 10 aulas permitiria uma aula de vídeo, uma aula de conversação, uma aula de produção, duas aulas de conhecimento gramatical, duas aulas de tradução, uma aula de cultura, e não necessariamente nesta ordem, mas de acordo com as pretensões de habilidades indicadas na BNCC de língua estrangeira, mesmo sendo estas referentes à Língua Inglesa, que funciona com dois tempos de aula de 50 minutos,a dificuldade de aplicação é bem maior na Língua Espanhola.
A adequação é possível, mas precisa ser visando minimizar cada atividade e conteúdo, e tentando aplicar os mesmos assuntos, restringindo a apresentação e as práticas em momentos mais curtos, com formatos que representem o conteúdo básico, por exemplo, se para uma aula de dois tempos, o professor faria exposição de um vídeo de 10 (dez) minutos, na aula de Língua Espanhola como disciplina eletiva os vídeos seriam de 2 (dois) minutos, e dos mesmos, o professor construíria pontes temáticas expressas em recortes de orações ditas pelos personagens do vídeo, frases curtas, palavras específicas e expressões indicadas, podendo ter relação com costumes hispanicos ou referencia em costumes brasileiros. Junto ao vídeo, seria importante que se apresentassem questionamentos interpretativos que levam o aluno a explicar a compreensão do contexto oral escutado, para que haja um aprendizado do costume de ouvir e entender o idioma, porém um tempo de aula não caberia a este momento, tendo que ser a mesma aula continuada em outra semana.
A partir deste formato de aula, se o professor de espanhol montar suas atividades orientadas para períodos curtos, estará criando um mini curso do idioma para o 1º, 2º e 3º ano do ensino médio,e não conseguiria cumprir as habilidades indicadas na BNCC na íntegra. Observe a fotografia de um quadro de aula de Língua espanhola para o 2º ano, e perceba a redução de conteúdo:
Imagem 2- Foto pessoal retirada em sala de aula em momento de aula de espanhol sobre Preposiciones turma de 2º ano do EM.
Na imagem é possível compreender que o tema era gramatical, sobre as preposições, comparadas ao uso em língua portuguesa, foram relacionadas as contrações com artigos, exemplos referentes e exercícios para completar em frases mais simples. O tema não foi explorado em texto e ainda faltaram algumas outras preposições e outras situações de contrações como “por este”, “por esto”, etc,ou seja, a redução de conteúdo pelo tempo de aula cria uma lacuna nos conhecimentos básicos dos idiomas. Segue abaixo outro modelo de aula de gramática, porém um pouco mais avançada:
Imagem 3 – Foto pessoal em aula de espanhol sobre Presente del Subjuntivo para turma de 3º ano do EM.
O uso de mapas mentais podem facilitar a redução de conteúdos nas mostras gramaticais, no quadro acima, é possível perceber que houve uma divisão da lousa em duas partes, juntando a teoria,os exemplos e os exercícios, que quase sempre são de completar espaços pois estes mostram as orações mais comuns para os casos de construção de fala. Não foi possível explorar mais exemplos ou modelos com textos, e o presente do indicativo foi citado oralmente, apesar de fazer parte do contexto de formação do subjuntivo.
Aulas de leitura e compreensão textual são tratadas com textos em cópias ou com uso do livro didático, para que não haja escrita de textos que levariam muito tempo da aula. Portanto, nestas aulas de análise textual é preciso que os alunos estejam avisados quanto ao uso do material ou que a coordenação pedagógica seja acionada para apoio de material do texto em cópia. Assim mesmo, o professor incita os alunos à leitura, mas a compreensão além de só pode ser feita com apenas quatro perguntas na lousa, principalmente sobre os elementos textuais como o quê, onde, com quem e quando se passa a narração ou qual o sentido dos argumentos apresentados no texto,nem todos os alunos teriam a experiência de tentar ler no idioma, pois em um tempo de aula isso seria impossível.
Textos argumentativos devem ser explorados quanto à construção textual, observando-se a semântica dos vocábulos, a estrutura da dissertação e das conclusões com sugestões, visando o preparo para o enem. Estas ações são normalmente simples, mas para profissionais do ensino de língua estrangeira que pretendem que o ensino seja mais detalhado e aprofundado, com a disposição temporal das disciplinas eletivas estão impossibilitadas de serem seguidas, afastando-os de um modelo de ensino de acordo com o que se comprometeram em suas formações, contudo, como relata FREIRE, “impedidos de atuar, de refletir, os homens encontram-se profundamente feridos em si mesmos, como seres do compromisso”(FREIRE, 2013, p. 12), e então com o tempo de ensino curto, o compromisso do profissional o fará buscar meios para completar sua função de ensinar, como com uso de tecnologias disponíveis ao aluno, indicando complementações através de atividades on-line, como seu próprio aparelho de celular, com uso de sites ou redes sociais, sobre este último é comprovada a eficiência no trabalho pedagógico, como relato de
O uso do Facebook oferece uma oportunidade ao aluno, que podemos dizer que é um nativo digital, pois tem intimidade com a tecnologia, de interagir com os colegas e com o professor enquanto amplia seus saberes em relação à língua inglesa. O Facebook é um espaço em que os alunos estão acostumados, e a maior parte dos alunos utiliza esse espaço diariamente para postar suas fotos, curtir comentários de amigos, postar seus pensamentos e até expor opiniões políticas e sociais. (COSTA e VIEIRA, apud em TAROUCA e ABREU,org., 2017, p.519)
O trecho acima faz parte de um estudo de autores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande Sul), sobre a Língua Inglesa, porém, pode ser ressignificado na aprendizagem de Língua Espanhola, que também seria uma estratégia para trabalhar textos multimodais contemporâneo que fazem parte da realidade do aluno e incitam o interesse quanto ao saber sociocultural dos estudos idiomáticos. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo professor de Língua Espanhola, suas aulas tem ocorrido,pois este professor buscou em suas habilidades cumprir seu compromisso de ensino aprendizagem, por isso, em seguida, apresentamos uma planilha com um exemplo de conteúdo, habilidade e estratégia para uma aula do ensino de Língua Espanhola como disciplina eletiva no ensino médio regular para o NEM, expondo o percurso que o professor tem escolhido para conseguir cumprir o período letivo .
O Plano de aula de um tempo e outras estratégias
Observe o roteiro abaixo, composto pelos procedimentos divididos em momentos do trabalho do professor para turmas de 1º ano do ensino médio da disciplina eletiva língua espanhola, acrescido das obrigações burocráticas do professor, sem especificação de conteúdo, mas com as habilidades propostas à aprendizagem e as estratégias com materiais de apoio ao ensino inclusos no roteiro dividido por momentos da aula, :
Procedimentos:
1º momento: Ao iniciar a aula o professor faz o registro de frequência e conteúdo no diário, para adiantar seus compromissos burocráticos;
2º momento: O professor se dirige à lousa e registra data, disciplina ensinada e seu nome, apresentando também o título da aula, que pode ser o conteúdo ensinado na ocasião; 3º momento: O professor inicia seu resumo de conteúdo, que pode ser um mapa conceitual, uma tabela de vocábulos ou de conjugação verbal, um infográfico, um pequeno texto informativo, um poema, frases representando o contexto oracional, um diálogo ou uma pergunta, iniciando a exposição e explicação do conteúdo gramatical planejado.
4º momento: Acrescenta um exemplo e logo, um pequeno exercício para a prática escrita, com modelo de complete ou relacione em orações livres, com relação com a oralidade. 5º momento: Após alguns instantes para que os alunos façam a tarefa, segue a corrigi-la, preferencialmente com caneta colorida (recurso material próprio do professor), dando ênfase ao uso do conteúdo ensinado no contexto aplicado.
6º momento: O professor pode inserir algumas informações não citadas no conteúdo aplicado, porém relacionadas ao mesmo, deixadas a propósito pelo tempo encurtado de aula, porém demonstra haver continuidade do tema indicando que o aluno deva pesquisá-lo adiante.
7º momento: Finaliza, sugerindo tarefa de casa com pesquisa ou prática oral em página de google sala de aula (classroom) para compor a integralidade do ensino-aprendizagem que falta no sistema presencial.
Contudo, o professor não pode deixar de interagir com os alunos na Língua Espanhola, pois sendo um idioma de compreensão auditiva simples para o aluno brasileiro, não haverá necessidade de tradução integral e, ao contrário, uma aprendizagem fonológica que gerará um costume auditivo no aluno, e ainda poder causar tanto o interesse deste aluno quanto a prática oral, como indicado “As atitudes dos professores definem o grau de seriedade, credibilidade e interesse do aluno.” (GODOY, 2008, p. 83). Além disso, este mesmo autor orienta que o professor use falas simples, sem oratória, “em tom de conversa”, podendo gesticular mas sem postura de nervosismo ou uso de gírias, pois quanto mais natural seu comportamento mais mostrará sua afinidade com o idioma e o conteúdo.
Os procedimentos do professor ainda podem ser relacionados a exemplificação da prática oral do idioma estrangeiro, através de materiais tecnológicos como vídeos que apresentem cenas de diálogos ou apenas áudios, cuidando sempre para que funcionem com clareza o volume e as imagens. Se houvesse tempo hábil no percurso da aula, estas apresentações poderiam substituir o rol de exemplos citados no 4º momento da aula, ou servir de acréscimo de conhecimentos no mesmo instante, ou após a correção dos exercícios. É sabido que o valor destas apresentações está diretamente ligado ao conhecer de estratégias sociolinguísticas na comunicação verbal e não-verbal considerado na relação discursiva, como explicado em
Outro construto seria a competência discursiva, entendida como habilidade para conectar frases e formar um todo significativo. Neste caso, trataríamos então do plano da linguística textual: a preocupação com os elementos de coerência e coesão na construção da relação entre as frases para formar um todo. (SOUZA, 2009, p. 45)
Para a aprendizagem de conteúdos da literatura espanhola e hispanoamericana é melhor buscar resumos em vídeo, filmes que mostrem a produção literária ou até mesmo criar mini projetos em sala de aula, como sarau de leitura de textos literários diversos,mas se faz impossível que no tempo de aula estabelecido de apenas cinquenta minutos haja o conhecimento da existência de uma produção literária, que é rica há séculos, com períodos demarcados e de suma importância para a representação da cultura linguística da Língua Espanhola e sua formação no contexto social universal. No caso de aplicar um mini projeto seria melhor em modelo de seminário ou roda de leitura, onde os alunos fariam a pesquisa e através da mesma estariam conhecendo os períodos literários, os quais trocariam informações durante momento de apresentação que poderia ser com material tecnológico para resumo em fichamento de dados apreendidos, mas no plano de curso anual este procedimento pedagógico gastaria cerca de duas ou três aulas do bimestre,algo difícil de instalar.
Os alunos seriam divididos em grupos grandes para distribuir os temas e o’sarau’ ou roda de leitura ocorreria em duas aulas, preferencialmente no final do bimestre, talvez pudesse ser utilizado como sistema avaliativo junto à prova de gramática. Esta estratégia também criaria mais interesse dos alunos, pois substitui o modelo de aula expositivo, e ainda pode haver nas rodas de leitura um momento de lanche coletivo organizado pelos alunos como uma forma de interação entre eles. Um momento assim diferente é abordagem metodológica sociocultural, pois as conversas da roda de leitura abrangem as temáticas culturais dos períodos da literatura nos países hispanoamericanos, aproximando os alunos das realidades sociais dos falantes nativos do idioma ensinado.
Ainda que as leituras realizadas em sarau ou roda sejam em Língua Espanhola, esta prática é muito valiosa para o ensino-aprendizagem do idioma, dado que possibilita saber detalhes do idioma de maneira mais rápida que apenas ouvir do professor em aulas expositivas, recebendo os conhecimentos relacionados a seguir:
No que diz respeito ao processo de aprendizagem de um idioma, a leitura é uma habilidade que traz muitas vantagens.Além de possibilitar o acesso a informação referente a diferentes áreas desinteresse, ler textos em uma língua estrangeira é um eficiente meio de expandir conhecimento vocabular e internalizar a maneira muito própria com que cada idioma se estrutura.(FERNANDES e REIS, 2007, p. 50)
Contudo, na impossibilidade de construir um projeto literário em aula,o professor prefere usar o material didático ofertado pelo sistema educacional da secretaria de educação do estado do rio de janeiro, em livros didáticos ou com apostilas conhecidas por OEs – Orientações de Estudos, formuladas desde 2020, período pandêmico, e distribuída em pdf, disponível no aplicativo Applique-se da rede SEEDUC RJ, na versão para alunos e para professores. O material contém também um rol de conteúdos relativos ao estudo dos gêneros textuais, vocabulários e gramática da Língua Espanhola, e pode ser considerado até bem elaborado pela rede Cecierj, por professores mestres e doutores da área de linguística como língua estrangeira. Contudo, cada ponto do conteúdo precisa ser dado em uma aula semanal, e mesmo assim, o professor ainda faz outras divisões no material, por sua conta, por motivo do curto tempo de aula, já que algumas atividades são um pouco extensas.
Como exemplo do uso das OEs, abaixo mostra-se um recorte de parte do material como uma imagem com o conteúdo de gênero textual e seu exercício referente, que talvez coubesse no tempo referido de aula:
Quadro 1- OE – Seeduc rj, 1º ano, 2º volume, p. 6 – 7
Observe, confirmando o citado acima, que o conteúdo é um pouco extenso para o tempo da aula, por isso, precisaria ser dividido e o melhor seria que fosse a explicação dos pontos 2, 2.1, 2.2 em uma aula expositiva, e 2.3 e 2.4 – os exercícios, em outra aula, contudo este procedimento levaria duas semanas. Sendo o bimestre com apenas 9 (nove) ou 10 (dez) aulas, se gastariam cerca de 6 (seis) aulas para conteúdo, 2 (duas) para trabalhos e 2 (duas) para avaliações. Cada proposta dos materiais didáticos, sejam livros ou apostilas, oferecidos pela rede precisarão de um planejamento feito com atenção ao tempo disponível do professor em sala de aula, pois o professor não poderá seguir um modelo de aula comum a cursos de idiomas, mas também não deverá abandonar as metodologias comunicativas necessárias para a aprendizagem de língua estrangeira,o que vai ocasionar numa construção de estratégias muito mais complicadas para o professor.
Assim, serão valorizadas as estratégias de ensino-aprendizagem de Língua Espanhola que couberem no curto de tempo de aula, mas poderão perder a qualidade que normalmente levaria o aluno ao nível básico completo de conhecimento do idioma. Por isso, o ensino de Língua Espanhola com apenas um tempo de aula composto por cinquenta minutos é deficiente frente ao nível de ensino aprendizagem do ensino de Língua Inglesa.
Conclusão
Por fim, tendo sido implantada a disciplina de Língua Espanhola em um curto tempo de aulas semanais, o professor regente precisará fazer um trabalho resumido no ensino-aprendizagem no sistema educativo da rede escolar SEEDUC RJ, pois além de ser uma disciplina eletiva, com escolha do aluno em matricular-se nela ou na disciplina de Estudos Orientados, ocorre em apenas um tempo de aula de cinquenta minutos, o que exige uma estratégia de aula rápida e sucinta quanto ao conteúdo de aprendizagem idiomática. Para isso, foram demonstradas neste artigo modelos de apresentação de conteúdo gramatical, em fotos de lousa branca, escrita com marcador colorido, com distribuição do tema trabalhado em partes curtas como relação de preposições e lista de conjugação verbal, que mostrou a falta de alguns itens do conhecimento do tema por haver redução, além de um modelo completo de plano de aula e a citação do material didático da rede SEEDUC RJ em apostila.
Também foram expostas algumas indicações de uso de tecnologias em sala de aula, estratégias pedagógicas para trabalhar gêneros literários, formas de avaliação diferenciadas que podem ocorrer através de eventos praticados no contexto de sala de aula, como rodas de leitura, mini seminários e encontros, que provocam o interesse do aluno num momento lúdico e descontraído. Todos estes procedimentos foram realizados na prática pedagógica da autora deste artigo, mas também seguidos por indicação do próprio sistema educativo através das coordenações pedagógicas escolares e de trocas de experiências com professores de espanhol da rede SEEDUC RJ, em integrações sociais livres nas salas de professores. Dadas as inconsistências das regras em relação às vivências no “chão da escola” e as necessidades de cumprir o compromisso de ensino aprendizagem tomado pelos professores em sua formação acadêmica e escolha pessoal pela disseminação do saber, conferimos que o ensino aprendizagem da Língua Espanhola perderá qualidade e haverá déficit de conteúdo quanto ao saber linguístico pelo curto tempo de aula semanal e bimestral .
Assim, revela-se que a criatividade do professor na construção de um planejamento para um curso rápido e anual, no âmbito do modelo escolar das disciplinas eletivas, com apenas um tempo de aula para levar a aprendizagem do idioma, que é falado em grande parte do mundo, será o motor para uma eficiente prática pedagógica na rede escolar SEEDUC RJ, mas custará muito mais a este professor que a professores de Língua Inglesa, fazendo diferença entre o trabalho em sala de aula.
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Listas
Imagem 1- Foto da Tabela que explica a Matriz Curricular do Ensino Médio do Rio de Janeiro,disponível em https://novoensinomedio.educacao.rj.gov.br/pdfs/resolucao-6035.pdf
Imagem 2 – Foto pessoal retirada em sala de aula em momento de aula de espanhol sobre Preposiciones turma de 2º ano do EM.
Imagem 3 – Foto pessoal em aula de espanhol sobre Presente del Subjuntivo para turma de 3º ano do EM.
Quadro 1– OE – Seeduc rj, 1º ano, 2º volume, p. 6 – 7
[1] Graduada em Letras pela Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO). Atualmente é Professora Docente I na Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC RJ), RJ, onde leciona Língua Espanhola para o Ensino Médio na cidade de Rio das Ostras, RJ, Brasil. E-mail: professorandrea@gmail.com