LIBERAÇÃO MIOFASCIAL NO TRATAMENTO DA DOR LOMBAR  INESPECÍFICA 

MYOFASCIAL RELEASE OF NON-SPECIFIC LUMBAR PAIN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7428462


Victor Hugo da Silva Barroncas1
Orientador (a): Esp. Jéssica Macedo2


Resumo 

Introdução: A dor lombar, que é um sintoma que pode ter causas específicas ou inespecíficas, sendo a  inespecífica a mais comum, que é uma dor sem causa ou motivo aparente, é umas das condições no  sistema musculoesquelético que mais afeta a população adulta no mundo. Devido a fáscia ter grande  relevância na lombar, a Liberação Miofascial é empregada como tratamento, ela é um conjunto de  diversas técnicas da terapia manual. Objetivo: Comparar a liberação miofascial à técnica de Mulligan,  Exercícios de estabilização do CORE associado a rolo de liberação, manipulação vertebral, e evidenciar  a eficácia da liberação. Materiais e métodos: Esta pesquisa foi feita por meio das bases de dados PEDro  e Bireme, realizada apenas com artigos de ensaio clínico randomizado. Resultados: Estudos existentes  mostraram que a liberação miofascial trás alívio da lombalgia, associada ou não a outro tratamento. Conclusão: O tratamento com a terapia manual da lombalgia demonstra ter resultados no alívio da dor  lombar. Esta terapia pode também ser aplicada como terapia associada ou de forma isolada. 

Palavras-chave: Liberação miofascial. Dor lombar inespecífica. Fáscia. 

Abstract 

Background: Low back pain, which is a symptom that can have specific or nonspecific causes,  the most common being the non-specific one, which is pain without apparent cause or reason,  is one of the conditions in the musculoskeletal system that most affects the adult population in  the world. Because the fascia has great relevance in the lumbar spine, Myofascial Release is  used as a treatment, it is a set of several techniques of manual therapy. Purpose: Compare  myofascial release to Mulligan’s technique, CORE stabilization exercises associated with  release roller, spinal manipulation, and evidence the effectiveness of the myofascial release. 

Methods: This search was made through the PEDro and Bireme databases, conducted only  with randomized clinical trial articles. Results: Existing studies have shown that myofascial  release brings relief from low back pain, associated or not with other treatments. Conclusion: Treatment with manual therapy for low back pain has been shown to have results in relieving  low back pain. This therapy can also be applied as an associated therapy or in isolation. 

Keywords: Myofascial release. Non-specific low back pain. Fascia. 

1. INTRODUÇÃO 

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), o conceito é uma  experiência desagradável, seja de origem sensitiva e emocional, de forma associada ou  semelhante a uma lesão tecidual real ou potencial (DESANTANA et al, 2020). 

Como consequência, a dor gera alterações no sistema nervoso central, periférico e  circulatório, impedindo que o sistema nervoso periférico tenha uma resposta efetiva com o  sistema nervoso central, as tensões do sistema miofascial e musculoesquelético alteram o fluxo  sanguíneo local, necessário para que o corpo possa eliminar as citocinas, os agentes agressores  e trazer nutrientes para recuperação celular (DA SILVA, 2022). 

Seguindo o conceito mais amplo da dor, entram em cena a dor lombar, que é um  sintoma que pode ter causas específicas ou inespecíficas, sendo a inespecífica a mais comum,  que é uma dor sem causa ou motivo aparente. Sua definição é dada pela localização da dor e/ou  desconforto, encontrada entre as bases das últimas costelas e as pregas glúteas, podendo ser  acompanhada de dor irradiada em uma ou ambas as pernas (MAHER et al, 2017). 

Além disso, a dor lombar é umas das condições no sistema musculoesquelético que  mais afeta a população adulta no mundo. Estima-se que grande parte da população foi ou será  exposta a dor lombar em algum ponto da vida (RUSSO et al, 2018).  

Uma parte importante na lombar é a fáscia, que é um tecido conjuntivo encontrado em músculos, inervações e órgãos. Tem por função realizar a transmissão da força e tensão, é uma  comunicação mecânica entre sistemas. Devido a possuir grande inervação e mecanorreceptores  que identificam pressões e estiramento, comumente está relacionada a queixas de algia  (OLIVEIRA et al, 2019). 

Devido a fáscia ter grande relevância na lombar, a Liberação Miofascial é empregada  como tratamento, ela é um conjunto de diversas técnicas da terapia manual, na qual se utilizam  as mãos, dedos, antebraço, cotovelos e alguns instrumentos específicos. Os instrumentos  utilizados na liberação miofascial possibilitam colocar uma pressão maior do que usando o  corpo do terapeuta. A técnica tem por objetivos minimizar restrições da fáscia, promovendo  relaxamento muscular, através da força mecânica aplicada, que gera uma isquemia local,  melhorando a perfusão sanguínea e consequentemente melhorar o deslizamento das fáscias,  diminuindo a dor e/ou desconforto (SILVA, 2020). 

Levando em conta que grande parte da população tem ou terá lombalgia em algum  momento da vida, a presente revisão de literatura se justifica como proposta para discutir sobre  o tratamento da lombalgia inespecífica e tem como objetivo promover e evidenciar a técnica de liberação utilizada sozinha e associada a outras técnicas (Mulligan, Manipulação vertebral, Exercícios de estabilização do CORE). 

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de uma revisão de literatura. Os artigos foram selecionados por meio das bases  de dados PEDro e Bireme, no período de setembro a outubro de 2022. 

Para a pesquisa e seleção de artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave em  inglês e português: myofascial release, non-specific low back pain, liberação miofascial, dor  lombar inespecífica. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão, revisões sistemáticas,  artigos duplicados, artigos que fugiam do tema proposto. Os critérios de inclusão foram artigos  dos últimos 10 anos, estudos de caso, ensaios clínicos randomizados e livros. 

3. RESULTADOS  

Utilizando as palavras chaves, foram encontrados 22 artigos, sendo 15 na plataforma  Bireme e 7 na plataforma PEDro. Aplicados os critérios de exclusão e inclusão, foram  selecionados 7 artigos para leitura e restam 4 para discussão. 

AUTOR/ANO TIPO DE  ESTUDOOBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS
BHAT, Vignesh  et al. 2021.Ensaio clínico randomizadoEstudar os  efeitos  comparativos  da liberação  miofascial e  Mulligan, na  dor,  incapacidade,  capacidade  funcional e  amplitude de  movimento  lombar.Um estudo de  grupos paralelos foi  realizado em  hospitais terciários.  Sessenta e cinco Pacientes com dor  lombar inespecífica  subagudos ou  crônicos foram  alocados para  receber exercícios  de fortalecimento juntamente com  liberação  miofascial (n=33)  ou Mulligan (n=32) para seis sessões de  tratamento em uma semana. Um  avaliador  independente  avaliou as medidas  de resultado, como  o Escala Visual  Analógica (EVA),  Escala de Função  Específica do  Paciente e  amplitude de  movimento,  imediata de  tratamento em uma semana. Um  avaliador independente  avaliou as medidas  de resultado, como  o Escala Visual  Analógica (EVA),  Escala de Função  Específica do  Paciente e  amplitude de  movimento,  imediata (após o 1º  tratamento) e a  curto prazo (após o  sexto dia da  intervenção). O índice modificado de  incapacidade de  Oswestry (MODI)  foi avaliado no  início e no curto  prazo.Análise  intragrupo  encontraram  clinicamente e  estatisticamente  significativas alterações na  escala visual  analógica de dor  e Escala de  Função  Específica do  Paciente no imediato e  em curto prazo  para ambos os  grupos. a  extensão lombar  também  apresentou  melhora imediata e em  curto prazo. A melhora na  flexão lombar  foi observada  apenas no grupo  Mulligan sobre o  curto prazo.
AUTOR/ANO TIPO DE  ESTUDOOBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS
OZSOY,  Gulsah et al.  2022.Ensaio clínico  randomizadoAvaliar os  efeitos da  Técnica de  Liberação  Miofascial  (LM) com rolo massageador  combinado  com exercícios  de  estabilização  do core (EEC)  em idosos com  dor lombar  inespecífica.Um total de  quarenta e cinco  participantes foram  divididos  aleatoriamente em  dois grupos (EEC e EEC + LM). Um  programa de  exercícios de  estabilização do  core foi aplicado  para os participantes do  grupo EEC durante  3 dias por semana  durante um total de  6 semanas. Em  adição foi realizado por 3 dias  por semana durante  6 semanas para os  participantes do  grupo EEC+LM. Os participantes  foram avaliados em  termos de dor,  incapacidade  lombar,  flexibilidade da parte inferior do  corpo, cinesiofobia,  resistência e estabilidade do  core, mobilidade da  coluna vertebral,  características da  marcha e qualidade  da vida pré e pós tratamento.Verificou-se que  a melhora na  resistência da  estabilidade do  core e da  Mobilidade da  coluna (no plano  sagital) foi  maior no grupo  EEC + LM em  comparação com o grupo EEC.  Não houve  diferença  significativa  entre os dois  grupos em  termos de dor, deficiência  lombar,  flexibilidade da  parte inferior do  corpo,  cinesiofobia, características  da marcha e  qualidade de vida.
AUTOR/ANO TIPO DE  ESTUDOOBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS
TAMARTASH,  Hassan et al.  2022.Ensaio clínico  randomizadoO objetivo  deste estudo  foi comparar o  efeito da  liberação  miofasciallombar e  eletroterapia  sobre os  resultados  clínicos de dor  lombar  inespecífica e  módulo de  elasticidade do  tecido miofascial  lombar.Após realizar um  estudo piloto em 10  participantes (5  participantes em  cada grupo) e  definir suas  divisões padrão no  software G-Power,  obtiveram-se 16  participantes para  cada grupo de  estudo. Trinta e  dois participantes  foram designados  para este estudo  (inclui 16 homens e 16 mulheres), e um  formulário de  consentimento  informado foi  preenchido antes do  início do estudo.  Todas as etapas do  estudo foram  realizadas seguindo  a Declaração de  Helsinque.Este estudo  mostrou que a  liberação  miofascial  lombar pode  reduzir a dor  lombar e  melhorar o  módulo de  elasticidade da  miofascial  lombar em  pessoas com dor  lombar crônica  não específica.  Esses resultados 
AUTOR/ANO TIPO DE  ESTUDOOBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS
BOFF, Taise  Angeli et al.  2019.Ensaio clínico  randomizadoInvestigar a  eficácia da  manipulação  vertebral  comparada a  manipulação  espinha  sozinha, em  indivíduos  com dor  lombar  inespecífica.Um Ensaio  Controlado  Randomizado foi  realizado no qual a  manipulação da  coluna mais liberação  miofascial foi  comparado à  manipulação  espinhal isolada em  indivíduos com dor  lombar crônica. As  intervenções  tiveram duração de  três semanas (duas  vezes por semana) com  acompanhamento  de três meses. O estudo foi  relatado de acordo  com as diretrizes  CONSORTNão foram encontradas diferenças significativas entre manipulação vertebral + liberação  miofascial vs  manipulação  vertebral  sozinha na dor, intensidade e  incapacidade  pós-intervenção no seguimento. Encontramos  uma diferença entre  os grupos para  incapacidade de  dor lombar  crônica, embora  este efeito não foi  clinicamente  importante,  exceto na  qualidade de vida.

4. DISCUSSÃO 

Segundo Bhat et al, na análise dos grupos encontraram significativas alterações na  escala visual analógica de dor no imediato e em curto prazo para os grupos Mulligan e  Liberação Miofascial, a extensão lombar também apresentou melhora imediata e a curto prazo.  A melhora na flexão lombar foi observada apenas no grupo Mulligan sobre o curto-prazo. A  análise não observou uma diferença significativa entre os grupos tanto no imediato quanto no  curto prazo. 

Quanto à dor e a função restrita, foi mostrado que podem ser melhorados o quadro  álgico usando Mulligan ou Liberação Miofascial, juntamente com exercícios de fortalecimento. Porém, para amplitude de movimento lombar, Mulligan têm um resultado melhor do  que Liberação Miofascial no curto prazo.  

De acordo com Ozsoy et al, foi constatado que a melhora na resistência da estabilidade  do core e da mobilidade da coluna foi maior no grupo Exercícios de Estabilização do core +  Liberação Miofascial (rolo de liberação) em comparação com o grupo que utilizou apenas  Exercícios de estabilização do core. Não houve diferença significativa entre os dois grupos em  termos de dor, flexibilidade da parte inferior do corpo, cinesiofobia, características da marcha  e qualidade de vida. 

Conforme Tamartash et al, este estudo mostrou que a liberação miofascial pode  reduzir a dor lombar e melhorar a elasticidade da fáscia lombar em pessoas com dor lombar não  específica. Esses resultados levantados pelo estudo também mostraram que a dor lombar está  diretamente relacionada à elasticidade da fáscia da região lombar. As descobertas mais  importantes levantadas foram que um tratamento apenas com liberação miofascial impactou a elasticidade da fáscia lombar, especialmente em participantes com dor lombar. Os resultados  mostraram que a MFR e a eletroterapia são eficazes na melhora da intensidade da dor. 

Segundo o estudo levantado por Boff et al, não foram encontradas diferenças significativas entre Manipulação da coluna + Liberação Miofascial vs Manipulação da coluna, na intensidade e incapacidade pós-intervenção e no seguimento. Encontraram uma diferença  entre os grupos para incapacidade da dor lombar embora este efeito não foi clinicamente  importante e não foi sustentado no seguimento.

5. CONCLUSÃO 

Por todos aspectos levantados, o resultado da presente revisão de literatura mostrou  que as técnicas de terapias manuais apresentam bons resultados se utilizados de forma associada  no plano de tratamento do paciente, as técnicas aplicadas se mostraram eficazes, porém de  forma isolada apresentam resultados apenas a curto prazo. 

O tema abordado na revisão evidenciou que se faz necessária mais pesquisas sobre  mecanismo de ação das técnicas e quais outros efeitos poderão ter. 

REFERÊNCIAS  

BHAT, Vignesh et al. Myofascial release versus Mulligan sustained natural  apophyseal glides’ immediate and short-term effects on pain, function, and mobility in  non-specific low back pain. PeerJ, v. 9, p. e10706, 2021. 

BOFF, Taise Angeli et al. Effectiveness of spinal manipulation and myofascial  release compared with spinal manipulation alone on health-related outcomes in  individuals with non-specific low back pain: randomized controlled trial. Physiotherapy,  v. 107, p. 71-80, 2020. 

DA SILVA, João Rafael Rocha. Terapia Manual no tratamento da dor: uma  revisão integrativa. Revista Neurociências, v. 30, p. 1-24, 2022. 

DESANTANA, Josimari Melo et al. Definição de dor revisada após quatro  décadas. BrJP, v. 3, p. 197-198, 2020. 

MAHER, Chris; UNDERWOOD, Martin; BUCHBINDER, Rachelle. Non-specific  low back pain. The Lancet, v. 389, n. 10070, p. 736-747, 2017. 

OLIVEIRA, Anna Paula Martins; PEREIRA, Kamilla Prado; FELICIO, Lilian  Ramiro. Evidências da técnica de liberação miofascial no tratamento fisioterapêutico:  revisão sistemática. Arquivos de Ciências do Esporte, v. 7, n. 1, 2019. 

RUSSO, Marc et al. Muscle control and non-specific chronic low back  pain. Neuromodulation: Technology at the Neural Interface, v. 21, n. 1, p. 1-9, 2018. SILVA, George Vila Verde. Liberação miofascial no tratamento da dor lombar. 2020. 

SILVA, George Vila Verde. Liberação miofascial no tratamento da dor lombar.  2020. 

TAMARTASH, Hassan et al. Comparative effect of lumbar myofascial release  with electrotherapy on the elastic modulus of lumbar fascia and pain in patients with non specific low back pain. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 29, p. 174-179,  2022.


1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE. Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.