LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS E FATORES RELACIONADOS À BULIMIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202503132227


Amanda Balbinot Benevides
Ana Paula Correia Farage


RESUMO 

A bulimia nervosa é um transtorno alimentar multifatorial que afeta a saúde física e  mental, influenciado por fatores psicológicos, sociais e genéticos. Baixa autoestima,  insatisfação corporal e pressão estética são fatores de risco, especialmente entre jovens e  adolescentes. Traumas emocionais e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e  depressão, também estão associados ao seu desenvolvimento. O transtorno se caracteriza  por compulsão alimentar seguida de comportamentos compensatórios inadequados, como  vômitos autoprovocados, uso de laxantes e exercícios excessivos. Suas complicações  incluem desequilíbrios eletrolíticos, problemas gastrointestinais, disfunções cardíacas e  erosão dentária. Este estudo revisa a literatura sobre fatores associados à bulimia, suas  causas, manifestações clínicas e abordagens terapêuticas. A pesquisa qualitativa baseia-se em artigos científicos, livros e diretrizes dos últimos 10 anos em bases como PubMed,  SciELO e LILACS. A literatura aponta que a bulimia tem origem multifatorial, sendo  influenciada por padrões estéticos, pressão social e predisposição genética. Os sintomas  mais comuns são episódios de compulsão alimentar seguidos por métodos  compensatórios inadequados. Além do impacto emocional, pode causar graves  complicações clínicas. O tratamento mais eficaz é multidisciplinar, combinando terapia  cognitivo-comportamental, suporte nutricional e, em alguns casos, medicamentos. A  detecção precoce e o acompanhamento adequado reduzem as taxas de recaída e melhoram  a qualidade de vida dos pacientes. 

Palavras-chaves: Auto comparação. Compulsão. Transtorno alimentar. Vômitos  autoinduzidos. 

ABSTRACT 

Bulimia nervosa is a multifactorial eating disorder that affects both physical and mental  health, influenced by psychological, social, and genetic factors. Low self-esteem, body  dissatisfaction, and aesthetic pressure are risk factors, especially among young people and  adolescents. Emotional trauma and psychiatric disorders, such as anxiety and depression,  are also associated with its development. The disorder is characterized by binge eating  followed by inappropriate compensatory behaviors, such as self-induced vomiting,  laxative use, and excessive exercise. Its complications include electrolyte imbalances,  gastrointestinal issues, cardiac dysfunctions, and dental erosion. This study reviews the  literature on factors associated with bulimia, its causes, clinical manifestations, and  therapeutic approaches. The qualitative research is based on scientific articles, books, and  guidelines from the last 10 years in databases such as PubMed, SciELO, and LILACS.  The literature indicates that bulimia has a multifactorial origin, influenced by aesthetic standards, social pressure, and genetic predisposition. The most common symptoms  include binge eating episodes followed by inappropriate compensatory methods. In  addition to its emotional impact, bulimia can cause severe clinical complications. The  most effective treatment is multidisciplinary, combining cognitive-behavioral therapy,  nutritional support, and, in some cases, medication. Early detection and proper follow-up  reduce relapse rates and improve patients’ quality of life. 

Keywords: Compulsion. Eating disorder. Self-comparison. Self-induced vomiting. 

1. INTRODUÇÃO 

A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por episódios  recorrentes de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios  inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes ou diuréticos, jejum ou  exercícios físicos excessivos. Durante esses episódios, os indivíduos perdem o controle  sobre a ingestão alimentar, consumindo grandes quantidades de alimentos em curto  período, geralmente em segredo. Esse transtorno está associado a diversos fatores  psicológicos, incluindo baixa autoestima, ansiedade, depressão e sentimentos de culpa  após os episódios de compulsão. 

Os sintomas da bulimia nervosa incluem preocupação excessiva com o peso e a  forma corporal, medo intenso de ganhar peso, isolamento social, depressão, ansiedade e,  em alguns casos, abuso de substâncias. A percepção de incompreensão e desamparo pode  levar ao distanciamento de vínculos afetivos, mesmo com familiares que oferecem apoio.  O convívio familiar frequentemente se torna um ambiente de conflito, intensificando o  sofrimento emocional do indivíduo afetado pelo transtorno alimentar. 

Os jovens e adolescentes são os mais vulneráveis à pressão estética, pois ainda estão  em fase de desenvolvimento psicológico e corporal. As redes sociais desempenham um  papel significativo na disseminação de padrões de beleza irreais, promovendo conteúdos  sobre emagrecimento que, muitas vezes, são divulgados por pessoas sem conhecimento  técnico adequado. Esse cenário pode incentivar comportamentos extremos e métodos  purgatórios, levando à associação equivocada entre magreza e saúde. 

O tratamento da bulimia nervosa requer uma abordagem multidisciplinar,  envolvendo terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia, acompanhamento  nutricional e, em alguns casos, o uso de medicamentos antidepressivos. A intervenção  precoce é fundamental para prevenir complicações graves, como desequilíbrios eletrolíticos, desidratação, inflamação da garganta e das glândulas salivares, problemas  gastrointestinais, danos dentários e disfunções cardiovasculares. 

A bulimia é um transtorno multifatorial, influenciado por fatores sociais, genéticos,  psicológicos e ambientais. Dessa forma, compreender suas causas, sintomas e tratamentos  é essencial para o aprimoramento das estratégias de diagnóstico, prevenção e intervenção,  visando minimizar seus impactos na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos afetados. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 BULIMIA NERVOSA 

A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por episódios  recorrentes de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios  inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso abusivo de laxantes ou diuréticos, jejuns  prolongados ou exercícios físicos excessivos (AMERICAN PSYCHIATRIC  ASSOCIATION, 2013). Esse transtorno está associado a uma preocupação excessiva com  o peso e a imagem corporal, além de uma avaliação distorcida do próprio corpo (AGRAS  et al., 2009). 

Para diagnosticar a bulimia nervosa, é necessário considerar os critérios  estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição  (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria. De acordo com o DSM-5, os critérios  para o diagnóstico de bulimia nervosa incluem a ocorrência de episódios de compulsão  alimentar pelo menos uma vez por semana durante três meses, juntamente com  comportamentos compensatórios inadequados e uma preocupação excessiva com a forma  e o peso corporal (APA, 2013). 

É importante destacar que a bulimia nervosa apresenta diferenças significativas  em relação a outros transtornos alimentares, como a anorexia nervosa e o transtorno de  compulsão alimentar periódica. A anorexia nervosa é caracterizada por uma restrição  alimentar extrema e uma preocupação intensa com o peso, resultando em perda de peso  significativa. Por outro lado, o transtorno de compulsão alimentar periódica envolve episódios recorrentes de compulsão alimentar sem comportamentos compensatórios  inadequados (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). 

A bulimia nervosa se destaca pela presença de  episódios de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios, além  de uma preocupação excessiva com a forma e o peso corporal (ROCHA, 2011).

2.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA BULIMIA NERVOSA

A bulimia nervosa é caracterizada por padrões alimentares específicos, que  incluem episódios de compulsão alimentar e comportamentos compensatórios  inadequados. Os episódios de compulsão alimentar são caracterizados pelo consumo  excessivo de alimentos em um curto período, acompanhado por uma sensação de perda  de controle sobre a alimentação (APA, 2013). Esses episódios geralmente são seguidos  por comportamentos compensatórios, como vômitos autoinduzidos, uso abusivo de  laxantes ou diuréticos, jejuns prolongados ou exercícios físicos excessivos (PIKE, 2007). 

Além dos aspectos comportamentais, a bulimia nervosa também está associada  a uma série de aspectos físicos e de saúde. Os vômitos autoinduzidos podem levar a  problemas dentários, como erosão do esmalte e cáries (MEHLER et al., 2015). O uso  abusivo de laxantes pode causar desequilíbrios eletrolíticos, levando a complicações  cardiovasculares e gastrointestinais (SCHMIDT, 2013). 

Além disso, a bulimia nervosa está associada a sintomas psicológicos e  emocionais significativos. Indivíduos com bulimia nervosa frequentemente  experimentam sentimentos intensos de vergonha, culpa e auto aversão após os episódios  de compulsão alimentar (FAIRBURN et al., 2003). Eles podem ter uma visão distorcida  da própria imagem corporal, apresentando insatisfação corporal e uma busca incessante  pelo peso ideal (PIKE, 2007). A bulimia nervosa também está frequentemente associada  a sintomas de depressão, ansiedade e baixa autoestima (KAYE et al., 2004). 

Portanto, é importante ressaltar que essas características clínicas podem variar  de pessoa para pessoa e que cada indivíduo pode apresentar diferentes manifestações da  bulimia nervosa. Portanto, uma avaliação individualizada é essencial para compreender a  complexidade desse transtorno alimentar.

2.3 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO RELACIONADOS À BULIMIA NERVOSA

Diversos fatores de risco e de proteção estão associados ao desenvolvimento da  bulimia nervosa. Esses fatores podem ser de natureza genética, biológica, sociocultural,  familiar e psicológica (FAIRBURN et al., 2003) 

Fatores genéticos e biológicos desempenham um papel importante no  desenvolvimento da bulimia nervosa. Estudos sugerem que existe uma predisposição  genética para a ocorrência de transtornos alimentares, incluindo a bulimia nervosa  (BULIK et al., 2006). Pesquisas mostram que genes relacionados à regulação do apetite,  neurotransmissores e funcionamento cerebral podem influenciar a vulnerabilidade para o  desenvolvimento da bulimia nervosa (KAYE et al., 2004). 

As influências socioculturais também desempenham um papel significativo na  ocorrência da bulimia nervosa. Padrões de beleza idealizados pela sociedade e pressões  estéticas podem exercer uma influência negativa na imagem corporal e no comportamento  alimentar (KEEL et al., 2005). A mídia, incluindo revistas, televisão e mídias sociais,  muitas vezes promove uma imagem corporal irrealista, o que pode contribuir para a  insatisfação corporal e o desenvolvimento da bulimia nervosa (STICE, 2002). 

Fatores familiares também são relevantes na etiologia da bulimia nervosa. A  presença de história familiar de transtornos alimentares está associada a um maior risco  de desenvolvimento desse transtorno (KLUMP et al., 2001). Além disso, padrões de  interação familiar, como comunicação inadequada, conflitos familiares e atitudes  negativas em relação à alimentação e ao peso, podem influenciar o desenvolvimento da  bulimia nervosa em indivíduos vulneráveis (BARDONE-CONE et al., 2010). 

Fatores psicológicos também desempenham um papel significativo na bulimia  nervosa. Baixa autoestima, perfeccionismo e insatisfação corporal são características  psicológicas comuns em indivíduos com bulimia nervosa (FAIRBURN et al., 2003). A  busca incessante por um corpo “perfeito” e a tendência a estabelecer metas irrealistas de  controle do peso e da alimentação podem contribuir para o desenvolvimento e a  manutenção desse transtorno (STICE et al., 2001).

2.4 COMORBIDADES E CONSEQUÊNCIAS DA BULIMIA NERVOSA

A bulimia nervosa está frequentemente associada a comorbidades psiquiátricas,  o que pode agravar a gravidade do transtorno e influenciar o curso clínico. Algumas das  comorbidades mais comuns incluem depressão, ansiedade e abuso de substâncias  (JACOBI, 2004). 

Estudos têm demonstrado uma alta taxa de comorbidade entre bulimia nervosa e  depressão. Indivíduos com bulimia nervosa frequentemente apresentam sintomas  depressivos, como humor deprimido, perda de interesse e prazer, sentimentos de culpa e  baixa autoestima (KAYE et al., 2004). A depressão pode influenciar negativamente o  tratamento da bulimia nervosa, aumentando o risco de recaídas e dificultando a  recuperação completa (HERZOG et al., 1999). 

A ansiedade também é uma comorbidade comum na bulimia nervosa. Os  indivíduos afetados podem experimentar sintomas de ansiedade, como preocupação  excessiva, irritabilidade, tensão muscular e sensação de inquietação (BULIK et al., 2006).  A ansiedade pode estar associada a um maior desejo de controle e rituais de alimentação,  além de influenciar a frequência e a gravidade dos episódios de compulsão alimentar e  comportamentos compensatórios (WONDERLICH, 2014). 

O abuso de substâncias também pode estar presente em indivíduos com bulimia  nervosa. Pesquisas indicam uma associação significativa entre a bulimia nervosa e o  abuso de álcool, tabaco e outras drogas (KAYE et al., 2004). O uso de substâncias pode  ser uma forma de lidar com os sintomas emocionais e comportamentais associados à  bulimia nervosa, mas também pode agravar a gravidade do transtorno e prejudicar o  processo de recuperação (KEEL, 2013). 

Além das comorbidades psiquiátricas, a bulimia nervosa tem um impacto  significativo na qualidade de vida, no funcionamento social e emocional dos indivíduos  afetados. A bulimia nervosa pode levar a uma diminuição da qualidade de vida devido aos  sintomas físicos e psicológicos associados, bem como ao isolamento social causado pela  vergonha e pelo estigma (MOND et al., 2007). Os indivíduos com bulimia nervosa podem  apresentar dificuldades em relacionamentos interpessoais, baixo desempenho acadêmico ou profissional e dificuldades emocionais, como problemas de autoestima e dificuldade  em lidar com emoções (PIKE, 2007). 

As complicações físicas e de saúde decorrentes da bulimia nervosa são outra  consequência importante a ser considerada. Os episódios de compulsão alimentar  seguidos por comportamentos compensatórios podem levar a alterações eletrolíticas,  desequilíbrios nutricionais, problemas gastrointestinais, distúrbios menstruais, fraqueza  muscular, desidratação e danos aos órgãos (HERZOG et al., 1999). Essas complicações  podem ter um impacto significativo na saúde geral dos indivíduos afetados e requerem  uma atenção clínica adequada. 

2.5 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS PARA O TRATAMENTO DA BULIMIA NERVOSA

O tratamento da bulimia nervosa envolve uma abordagem multidimensional que  aborda tanto os aspectos psicológicos quanto os físicos do transtorno. Dentre as  abordagens terapêuticas disponíveis, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é  amplamente considerada como a intervenção de primeira linha para o tratamento da  bulimia nervosa. 

A TCC para a bulimia nervosa tem como objetivo identificar e modificar os  padrões de pensamentos distorcidos e comportamentos disfuncionais associados ao  transtorno alimentar. Ela enfoca a reconstrução da imagem corporal, a identificação e a  modificação dos pensamentos negativos sobre a alimentação e o peso, bem como o  desenvolvimento de estratégias para lidar com as emoções desencadeadoras dos episódios  de compulsão alimentar (WILSON et al., 2007). A eficácia da TCC para a bulimia nervosa  é amplamente apoiada por evidências científicas (FAIRBURN et al., 2003). 

Além da TCC, outras abordagens terapêuticas também podem ser consideradas  no tratamento da bulimia nervosa, dependendo das necessidades individuais do paciente.  A terapia interpessoal (TI) é uma abordagem que se concentra nos relacionamentos  interpessoais e nas dificuldades emocionais associadas à bulimia nervosa. A TI visa  melhorar a comunicação, fortalecer habilidades de enfrentamento e desenvolver  relacionamentos saudáveis e de suporte (LE GRANGE et al., 2007).

A terapia familiar também desempenha um papel importante no tratamento da  bulimia nervosa, especialmente quando há evidências de interações familiares  disfuncionais. A terapia familiar pode ajudar a melhorar a comunicação, o suporte e a  compreensão entre os membros da família, criando um ambiente mais propício à  recuperação do paciente (LOCK et al., 2010). 

Além das abordagens psicoterapêuticas, a terapia farmacológica pode ser  considerada como uma opção adjuvante no tratamento da bulimia nervosa.  Medicamentos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), podem  ser prescritos para ajudar a controlar os sintomas de compulsão alimentar e melhorar o  humor (NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE, 2017). 

No entanto, é importante destacar que o tratamento da bulimia nervosa pode  apresentar desafios significativos. A adesão ao tratamento, a resistência à mudança e a  natureza crônica do transtorno podem representar obstáculos para a recuperação  completa. Além disso, a disponibilidade de recursos terapêuticos, a acessibilidade aos  serviços de saúde mental e a estigmatização social também podem ser considerações  importantes a serem abordadas no tratamento da bulimia nervosa (MACHADO et al.,  2017). 

2.6 PREVENÇÃO DA BULIMIA NERVOSA

A prevenção da bulimia nervosa é uma abordagem importante para reduzir a  incidência do transtorno e minimizar seu impacto na saúde e bem-estar dos indivíduos. A  prevenção pode ser realizada em diferentes níveis: primário, secundário e terciário. 

Na prevenção primária, o foco está em reduzir a ocorrência da bulimia nervosa  em indivíduos que ainda não apresentam o transtorno. Estratégias de prevenção primária  podem ser implementadas em diferentes contextos, incluindo escolas, comunidades e  mídia. 

Intervenções escolares desempenham um papel importante na prevenção  primária da bulimia nervosa. Programas escolares que promovem uma imagem corporal  positiva, a valorização da diversidade corporal e a adoção de comportamentos alimentares saudáveis podem ser eficazes na prevenção do transtorno (STICE et al., 2009). Essas  intervenções podem envolver a educação sobre nutrição adequada, o combate a  estereótipos de beleza irrealistas e a promoção de habilidades de autoestima e  enfrentamento. 

Além das intervenções escolares, as estratégias comunitárias também  desempenham um papel relevante na prevenção da bulimia nervosa. Iniciativas  comunitárias podem envolver a criação de ambientes seguros e suportivos, o  estabelecimento de programas de atividade física inclusivos e a promoção de políticas  que regulamentem a publicidade de produtos e padrões de beleza prejudiciais (MADDEN  et al., 2019). Essas intervenções visam criar uma cultura que valorize a diversidade  corporal e promova uma imagem corporal positiva. 

Além disso, as intervenções baseadas na mídia também podem ser eficazes na  prevenção da bulimia nervosa. A mídia desempenha um papel significativo na promoção  de estereótipos de beleza e na disseminação de mensagens prejudiciais relacionadas ao  corpo. Portanto, intervenções que visam a educação e a conscientização sobre a mídia,  além de promover a representação diversa de corpos saudáveis e realistas, podem  contribuir para a prevenção da bulimia nervosa (MCLEAN et al., 2017). 

Na prevenção secundária, o foco está em identificar precocemente os sinais e sintomas  da bulimia nervosa em indivíduos que já apresentam fatores de risco. Intervenções como  triagem, orientação e encaminhamento para tratamento adequado podem ser realizadas  em ambientes de saúde, escolas e comunidades para ajudar a identificar e intervir  precocemente nos casos de bulimia nervosa (HERPERTZ-DAHLMANN et al., 2018). 

Por fim, na prevenção terciária, o objetivo é reduzir a gravidade e as  consequências da bulimia nervosa em indivíduos que já foram diagnosticados com o  transtorno. Nessa etapa, intervenções terapêuticas, como terapia cognitivo comportamental e intervenções multidisciplinares, são fundamentais para promover a  recuperação e minimizar as complicações associadas à bulimia nervosa (WONDERLICH  et al., 2014).

3. OBJETIVOS 

3.1 OBJETIVO GERAL

• Analisar, por meio de revisão bibliográfica, os aspectos relacionados à bulimia,  incluindo suas causas, sintomas e abordagens terapêuticas. 

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar as possíveis causas que podem levar ao desenvolvimento da bulimia  nervosa; 

• Descrever os sintomas mais frequentemente relatados na literatura sobre bulimia; • Apresentar e discutir os tratamentos descritos na literatura como mais eficazes no  manejo da bulimia nervosa. 

4. METODOLOGIA 

Este estudo será conduzido por meio de uma revisão bibliográfica qualitativa, baseada na  análise de artigos científicos, livros e diretrizes oficiais disponíveis nas bases de dados  PubMed, SciELO, LILACS e Google Acadêmico. Serão incluídos estudos publicados nos  últimos 10 anos, em português, inglês ou espanhol, que abordem a bulimia nervosa e seus  aspectos clínicos e terapêuticos. Os dados coletados serão organizados em categorias  temáticas e analisados de forma descritiva e interpretativa, comparando as evidências  disponíveis para identificar convergências e divergências entre os estudos. Todas as fontes  utilizadas serão devidamente referenciadas, garantindo rigor acadêmico e metodológico.  Por não envolver participantes humanos, não há necessidade de submissão ao Comitê de  Ética em Pesquisa (CEP), mas serão respeitados os princípios éticos na utilização das  informações científicas. 

5. RESULTADOS 

A presente pesquisa demonstrou que a bulimia nervosa é um transtorno alimentar  complexo, influenciado por uma combinação de fatores psicológicos, genéticos,  socioculturais e familiares. A revisão da literatura evidenciou que a baixa autoestima, o  perfeccionismo e a insatisfação corporal são fatores psicológicos relevantes no  desenvolvimento desse transtorno. Além disso, a exposição a padrões estéticos irreais  promovidos pela mídia e a pressão social para atingir um corpo idealizado contribuem significativamente para o aumento da incidência da bulimia, principalmente entre  adolescentes e jovens adultos. 

Os achados também apontaram uma forte associação entre a bulimia nervosa e  transtornos psiquiátricos comórbidos, como depressão, ansiedade e abuso de substâncias.  Indivíduos com histórico de trauma emocional ou interações familiares disfuncionais  também apresentam maior vulnerabilidade ao transtorno. 

Em relação às manifestações clínicas, os sintomas mais característicos incluem  episódios recorrentes de compulsão alimentar, seguidos por comportamentos  compensatórios inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso abusivo de laxantes e  diuréticos, jejuns prolongados e prática excessiva de exercícios físicos. O impacto físico  da bulimia pode ser grave, levando a complicações como desequilíbrios eletrolíticos,  alterações gastrointestinais, arritmias cardíacas, osteoporose e danos ao esmalte dentário  devido ao vômito frequente. 

Quanto ao tratamento, a literatura destaca que a abordagem mais eficaz é  multidisciplinar, envolvendo terapia cognitivo-comportamental (TCC), acompanhamento  nutricional e, em alguns casos, farmacoterapia, especialmente com inibidores seletivos de  recaptação de serotonina (ISRSs). A TCC tem se mostrado a abordagem mais eficaz para  modificar padrões disfuncionais de pensamento e comportamento alimentar. A terapia  interpessoal e a terapia familiar também demonstraram benefícios, especialmente em  pacientes com histórico de conflitos familiares. 

A detecção precoce da bulimia nervosa é essencial para reduzir sua progressão e  minimizar complicações. Programas de prevenção que promovam educação alimentar,  autoestima positiva e conscientização sobre os riscos da bulimia são fundamentais para  diminuir a incidência do transtorno e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos  afetados.

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