LESÕES NA PRÁTICA DO CROSSFIT 

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10119233


Andréa Souza Grana Natal1, Charles Costa Corrêa 1, Frank Pereira da Silva 1, Mylla Christie Pinheiro da Silva1 , Rosana Farias Moreira da Silva1 Elvis Geanderson Lima do Vale2,


Resumo: Com a popularização da modalidade CrossFit no Brasil e no mundo, novos estudos  devem ser realizados para verificar as lesões causadas pela prática e quais são os motivos  recorrentes que podem cometer os praticantes. Considerado uma modalidade com exercícios  funcionais, o CrossFit possui práticas de alta intensidade, em que visam preparação física e  ganhos musculares, independentemente de seu nível físico e idade. A modalidade traz ainda  uma característica motivadora e desafiador à quem pratica. Diante disto, este trabalho tem como  objetivo geral identificar as principais lesões decorrentes da prática de CrossFit e a sua  incidência. Em relação aos objetivos específicos são: conceituar o CrossFit, apontar os  benefícios do CrossFit para o praticante, e explicar as lesões por desporto e as suas  consequências. Para alcançar os objetivos, optou-se por uma revisão bibliográfica em que foram  realizadas buscas no Google Acadêmico e em outros bancos de dados para encontrar pesquisas  que abordaram o tema nos últimos oito anos. 

Palavras-chave: CrossFit. Lesões. Treinamento.

Abstract: With the popularization of the CrossFit modality in Brazil and around the world, new  studies must be carried out to verify the injuries caused by the practice and what are the  recurring reasons that practitioners may commit them. Considered a modality with functional  exercises, CrossFit has high-intensity practices, aimed at physical preparation and muscle gains,  regardless of your physical level and age. The modality also brings a motivating and  challenging characteristic to those who practice it. Given this, the general objective of this work  is to identify the main injuries resulting from the practice of CrossFit and their incidence. In  relation to the specific objectives, they are: conceptualize CrossFit, point out the benefits of  CrossFit for the practitioner, and explain sports injuries and their consequences. To achieve the  objectives, we opted for a bibliographic review in which searches were carried out on Google  Scholar and other databases to find research that addressed the topic in the last eight years. 

Keywords: CrossFit. Injuries. Training.

1. INTRODUÇÃO 

Praticar atividades físicas, além de melhorar a qualidade de vida, auxilia na  prevenção de doenças crônicas, tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial,  obesidade e sobrepeso, colesterol alto. 

Com a evolução da sociedade, os exercícios surgem constantemente para a  população. O CrossFit surgiu nos Estados Unidos para treinamento militar e foi  desenvolvido pelo ex-ginasta Greg Glassman, a fim de desenvolver o condicionamento  de forma ampla, inclusiva e geral (Xavier e Lopes, 2017).  

No Brasil, a modalidade surgiu em meados de 2009, pelo atleta e instrutor Joel  Fridman, com o intuito de ser uma modalidade diferenciada das oferecidas nas academias  (Paschoaloto, 2017, p.15). Dessa maneira, a modalidade tem o seu treinamento do dia ou  “Workout of Day (WODs) visando preparar melhor o praticante.  

Com isso, necessita a ampliação de estudos científicos para averiguar quais os  benefícios e as lesões causadas pelo CrossFit, para que se possa entender e evoluir diante  a modalidade.  

Sendo assim, este trabalho tem o objetivo geral de identificar quais as principais  lesões decorrentes da prática de CrossFit e quais as suas incidências. Também discorre  sobre o histórico do CrossFit no referencial teórico, quais os benefícios e as lesões  causadas pela modalidade.  

Em relação à metodologia, o trabalho se dá através de revisão bibliográfica, em  que analisa 7 estudos para entender como se dá a prática do CrossFit e quais as lesões  mais comuns e quais as menos incidentes, como o problemas no joelho e rabdomiólise,  respectivamente.  

Na discussão, esta pesquisa trata das diferenças, similaridades e escassez  presentes nos estudos, na qual pontua-se maior necessidade de estudo científico para o  maior entendimento da modalidade e prevenção dos riscos de lesão.  

Por fim, nas considerações finais é verificado que o objetivo foi alcançado e que  também há maior proporção de estudo sobre lesões, atingindo todas as faixas etárias e  níveis de preparação dos atletas e não atletas. 

2. OBJETIVOS 

2.1 Objetivo Geral 

Diante disto, a pesquisa tem como objetivo geral identificar as principais lesões  decorrentes da prática de CrossFit e a sua incidência. 

2.2 Objetivos Específicos 

I. Conceituar o que é CrossFit e como surgiu;  

II. Apontar os benefícios do CrossFit para o praticante; 

III. Explicar as lesões por desporto e as suas consequências.

3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 

O programa de treinamento Crossfit engloba alguns exercícios que se executados de  forma incorreta, excessiva ou sem a orientação de um profissional podem causar vários  tipos de lesões. 

4. JUSTIFICATIVA 

4.1 Pessoal 

Por conta da familiaridade profissional e do anos de estudos acadêmicos voltados à prática  da Educação Física e suas vertentes, este trabalho serve para contribuir profissionalmente,  pois além de conceituar e descrever as áreas estudadas, também atualiza e complementa  os conhecimentos teórico-prático, como o CrossFit e os cuidados necessários. 

4.2 Científica 

Devido ao crescimento no número de adeptos que buscam exercer a modalidade de alta  intensidade que é o treinamento Crossfit, surge também a necessidade de investigar quais  são as principais lesões que essa modalidade pode gerar, a fim de colaborar com novas  pesquisas a serem desenvolvidas, assim como atualizar  

4.3 Social 

Do mesmo modo que esta monografia tem o intuito de colaborar socialmente, pois gerar  atenção e cuidados dos profissionais de Educação Física com os praticantes, independente  do seu nível,, além da população para que possam saber como funciona e quais cuidados  se devem ter ao serem praticantes da modalidade. 

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA / TEÓRICA 

5.1 CROSSFIT 

Considerado um treinamento físico que tem como característica exercícios  funcionais de alta intensidade, o CrossFit utiliza, entre suas práticas, agachamentos,  trancos, arremessos, exercícios aeróbicos e movimentos ginásticos. (Tibana, Almeida,  Prestes, 2015, p 1). A modalidade foi desenvolvida para treinamento militar, nos Estados  Unidos, pelo ex-ginasta Greg Glassman visando desenvolver o condicionamento de  “forma ampla, inclusiva e geral, preparando os praticantes para qualquer contingência  física necessitada” (Xavier e Lopes, 2017, p. 13).  

Dessa forma, o CrossFit ganhou notoriedade entre as pessoas e a sua  popularidade se deu devido ao seu “caráter desafiador e motivacional”, atingindo  “indivíduos saudáveis, com obesidade e atletas” (Dominski et.al 2018, p 230). Tibana,  Almeida e Prestes (2015, p.1) pontuam que:

[…] as sessões de treino seguem uma ordem que inicia com um aquecimento seguido de uma atividade para desenvolver força ou melhorar a habilidade em algum movimento específico, para somente então começar a parte de condicionamento metabólico, todos esses componentes juntos constituem o WOD, sigla em inglês para “workout of the day” que significa “treinamento do dia”.

De acordo com Paschoaloto, a modalidade tinha como principal objetivo  desenvolver as atividades em um tempo mais curto, priorizando o volume de repetições  (2017, p. 14). Diante disso, o CrossFit foi utilizado nos treinamentos do grupos de  exército norte-americano e a Special Weapons And Tactics (SWAT) e, posteriormente,  introduzido a uma prática possível a qualquer indivíduo com algumas adaptações.  (Manske e Romanio, 2015, p. 141 apud Pachoaloto, 2017, p. 14).  

A prescrição dos exercícios aborda três aspectos principais: sustentar altas cargas, percorrer grandes distâncias e executar movimentos em alta velocidade. A modalidade foi planejada com o objetivo de aperfeiçoar todas as capacidades físicas de um indivíduo: condicionamento vascular e respiratório, força, resistência, flexibilidade, agilidade, potência, velocidade, agilidade, coordenação, equilíbrio e precisão. (ARAÚJO, 2015, p.5). 

Os praticantes de CrossFit são divididos em três modalidades, sendo: Scale  (iniciante), Intermediate (intermediário) e Rx (avançado), diferenciando uma da outra a  capacidade de executar movimentos mais complexos. (Vasconcelos, Oliveira e Bezerra,  2018, p.5).  Menezes disserta que o workout of the day (WODs), ou treinamento do dia, na  prática do CrossFit, são criados de maneira que sua duração máxima tenha em torno de  uma hora e o pico de atividade ocorra ao longo de 15 ou 20 minutos, dentro do tempo,  assim como a intensidade aplicada com exercícios não isolados e multiarticulares “é mais  efetiva do que treinamentos mais longos e com menor intensidade” (2013, p. 82). Em  relação à criatividade, os treinadores montam os WODs conforme disponibilidade de  materiais. (Menezes, 2013, p. 82).

Tal adaptabilidade é um dos fatores que contribui para sua difusão, por exemplo: em um ginásio bem equipado, com equipamento de ponta – e importado, no caso do Brasil – onde foram investidos alguns milhares de reais – como é a maioria dos ginásios no estado de São Paulo – os praticantes realizam WODs da mesma forma que os praticantes pertencentes à Rocinha CrossFit – uma afiliada da CrossFit presente na favela da Rocinha – que dispõe de pouco equipamento e, em sua maioria feito de material improvisado. (MENEZES, 2013, p. 82).

Os WODs proporcionam aos praticantes da modalidade três pilares:  “movimentos funcionais, com alta intensidade e constantemente variados”, contemplando  uma atividade motivacional e desafiadora. (Xavier e Lopes, 2017, p. 13). Glassman (2002  apud Menezes, 2013, p. 83 e 84), explica, individualmente, os dez objetivos propostos  nos WODs elencados nas práticas do CrossFit. São elas: 

1. Resistência cardiorrespiratória – A capacidade dos sistemas do corpo para  coletar, processar e fornecer oxigênio;  

2. Resistência muscular – A capacidade dos sistemas do corpo para processar, entregar, armazenar, e utilizar a energia;  

3. Força – A capacidade de uma unidade muscular, ou uma combinação de unidades musculares, para aplicar força;  

4. Flexibilidade – a capacidade de maximizar a amplitude de movimento de uma determinada articulação;  

5. Potência – A capacidade de uma unidade muscular, ou uma combinação de unidades musculares, para aplicar a força máxima em tempo mínimo; 

6. Velocidade – A capacidade de minimizar o ciclo de tempo de um movimento repetido;  

7. Coordenação – A capacidade de combinar vários padrões de movimento distintos em um movimento singular;  

8. Agilidade – A capacidade de minimizar tempo de transição a partir de um padrão de movimento para outro;  

9. Equilíbrio – A capacidade de controlar a posição do centro de gravidade do corpo em relação à sua base de suporte;  

10. Precisão – A capacidade de controlar movimento em uma dada direção ou com dada intensidade. 

No ano de 2018, existiam aproximadamente 12 mil centros de fitness e  academias para práticas de CrossFit, sendo 440 no Brasil, o que contabilizava cerca de  40 mil praticantes e atletas (Dominski et.al, 2018, p. 230). Dominski, Casagrande e  Andrade (2019, p. 274) citam que o Brasil foi o segundo país no mundo que mais tem  boxes de CrossFit, sendo a maioria situados na região Sudeste e Sul. 

No Brasil, locais (Pessoa Jurídica) em que a finalidade básica seja prestação de serviço na área da atividade física, desportiva e similar, são obrigados, de acordo a Lei Federal 6.839/80, a registrar se no respectivo Conselho Regional de Educação Física. (DOMINSKI, CASAGRANDE E ANDRADE, 2019, p. 276).  

Segundo Manske e Romanio (2015), o Crossfit surgiu no Brasil em meados de  2009, pelo atleta e instrutor Joel Fridman, como uma modalidade diferenciada das  modalidades oferecidas nas academias, em que evidenciava uma capacidade física por  vez, e, também, para fugir das repetição dos exercícios (apud Paschoaloto, 2017, p. 15).  Em âmbito internacional, foi criado em 2007 o CrossFit Games, disputado por atletas  selecionados em torneios nacionais e regionais (Araújo, 2015, p. 5). 

Com a popularização da modalidade, aspectos sociais, psicológicos e  nutricionais passaram a ter influências para os praticantes do Crossfit, pois para muitos  praticantes a modalidade é considerada um estilo de vida (Pachoaloto, 2017, p. 17). 

Logo, percebe-se que o CrossFit obteve um crescimento exponencial no mundo  pelo seu diferencial em relação a outras modalidades oferecidas às pessoas. Entre suas  principais características estão a intensidade e variação de exercícios, o que traz  motivação e desafios aos praticantes. Com os WODs planejados, os exercícios atingem  público, com diversos objetivos pessoais e físicos. Mas como toda modalidade, há benefícios e riscos, de acordo com a forma que está sendo praticada, que serão estudadas  nesta pesquisa. 

5.2 BENEFÍCIOS DO CROSSFIT 

Como toda prática de exercício físico, o CrossFit atua visando qualidade de vida  e promoção de saúde às pessoas, nas mais diversas faixas etárias ou níveis físicos. Os  treinos dessa modalidade atraem novos praticantes a cada dia, devido às suas  características de treinos, que os instigam a melhorarem a cada prática. (Bellar et al, 2015  apud Organista, 2018, p.3) 

De acordo com Teixeira (2015, p.9), atividades com capacidades físicas  diferentes desenvolvidas em uma única sessão, provocam adaptações ao corpo, como  adaptações cardiovascular, respiratória e força funcional, que são justamente as que se  utilizam na rotina diária. 

Conforme Miranda (2021, p.5), os movimentos realizados na modalidade são  seguras, naturais e eficientes, o que expressam poder e medições precisas, e essa medição  é fundamental.  

A aptidão física é muito relevante para diferenciar o quanto o treinamento físico de cada aluno é diferente dependendo do seu nível, dados como aumento do VO2max, composição corporal, ganho de massa magra, aumento da flexibilidade são alguns dos dados que compraram que o treinamento físico aliado ao Crossfit é uma das formas de ter resultados mais rápidos em comparação ao treinamento rotineiro das academias. (SMITH et AL,2013 apud MENEZES, 2021, p.6) 

O CrossFit possui benefícios em relação ao tempo de treino realizando  trabalhando em zonas anaeróbicas, como pontua Teixeira (2021, p. 10). Neste mesmo  entendimento, através de análise de estudo de Smith et al. (2013), Organista (2018, p.13)  observou que a modalidade obteve também aumento significativo na atividade aeróbica  e diminuição significativa em gordura corporal, nos estudos realizados em homens e  mulheres saudáveis, após um programa intensivo de 10 semanas.  

Paschoaloto (2017, p. 18) cita Cialowicz; Wojna; Jagiello (2015) que, em  estudos, a prática de CrossFit trouxe um aumento de BNDF, que é uma proteína para a  sobrevivência dos neurônios, além de aumento da massa magra em homens e redução de  gordura corporal nas mulheres. 

Miranda destaca que entre os benefícios do CrossFit tem-se a flexibilidade, que  é uma das capacidades mais importantes dessa modalidade. A flexibilidade é definida  como a capacidade de uma articulação ou série de articulações que se movem ao longo  de uma amplitude de movimento completo sem gerar lesões (2021, p.8 e 9). 

A potência dos exercícios é uma das variáveis que mais possui resultados no  CrossFit, na qual se destaca o ganho de massa muscular nos membros inferiores e redução  da gordura das regiões periféricas (Miranda, 2021, p. 9). 

Nos exercícios que possuem grande gasto de (VO2MAX), sendo a capacidade respiratória, e o treinamento resistido, destaca-se que os alunos podem ter grandes resultados como a redução da percentagem de gordura corporal e o ganho de massa muscular ocorrendo uma relação direta com o ganho da qualidade de vida, esforço diário prolongado, tendo menos gasto ósseo e muscular nos exercícios do dia a dia, para atingir o bem-estar e a saúde dos alunos no Crossfit. (MIRANDA, 2021, p. 9) 

Tibana, Almeida e Prestes (2015, p.2), compreende também que a prática de  CrossFit “pode melhorar as adaptações no sistema cardiovascular, neuromuscular e na  composição corporal”.  

O Crossfit também possui uma vasta preparação de força e condicionamento  físico, que possibilita adaptações morfofisiológicas, tendo resultados na melhora da  capacidade física e qualidade de vida, consequentemente (Xavier e Lopes, 2017, p. 24).

Salienta-se a necessidade de novos estudos relacionados ao CrossFit, para então comparar-se com o treinamento resistido, porém os praticantes de CrossFit relatam uma melhora na qualidade de vida, bem-estar e melhora nos aspectos fisiológicos […] (ORGANISTA, 2018, p. 9).  

Tibana et al. (2016) realizou um estudo com nove homens adultos treinados  durante dois dias seguintes, na qual foi possível notar que, em apenas uma sessão, gerou  estímulos metabólicos, notabilizando o aumento da concentração de lactato e glicose  sanguínea (apud Paschoaloto, 2017, p. 17).  

Em suma, visando a qualidade de vida e à saúde, a prática da modalidade traz  benefícios aos atletas e não atletas, desde que sejam planejados e aplicados de maneira  correta. Os índices indicam que o CrossFit é um ótimo aliado para a perda de gordura corporal, além de contribuir na flexibilidade corporal. Com o desenvolvimento de novos  métodos e pesquisas, tem que haver cuidados para possíveis lesões, como serão  discorridas no próximo tópico.  

5.3 LESÕES NO CROSSFIT 

No CrossFit, mesmo com diversos benefícios à saúde, o risco de lesões também  aumenta gradativamente, conforme preparo e intensidade dos exercícios. De acordo com  Bergeron et al. (2011), as lesões têm altas probabilidades devido os praticantes se  exercitarem na mais alta intensidade, movimentando o mais rápido possível,  independentemente do nível de aptidão física (apud Paschoaloto, 2017. p. 21).  

Xavier e Lopes (2017, p. 14), diz que a lesão é um acometimento indesejável e  desagrável aos praticantes da modalidade, além de quem treina de forma árdua e frequente  tem alta tendência de lesões, que serão acompanhadas de “dor, desconforto e, também,  incapacidade de continuar a rotina de treinos”.  

Ainda conforme Xavier e Lopes (2017, p.14), a lesão na modalidade segue um  padrão comum nas atividades esportivas e decorre da sobreposição de vários fatores.  Esses fatores são divididos em:  

– Extrínsecos: aqueles que direta ou indiretamente estão interligados à  preparação ou à prática, que envolvem erros de planejamento, execução, problemas na  superfície do treino, duração força, entre outros. 

– Intrínsecos: aqueles que são ligados ao organismo, como as anormalidades  biomecânicas e anatômicas, a exemplo do histórico de lesões, densidade óssea,  composição do corpo, condicionamento cardiovascular e cardiorrespiratório.

Aqueles que treinam CrossFit rigorosamente, principalmente os que o realizam sem uma adequada preparação, poderão sofrer lesões consequentes, acompanhadas de dor, desconforto e até mesmo a incapacidade de continuar treinando, podendo ser consideradas como lesões musculoesqueléticas quaisquer alterações que promovam a remoção total do praticante do treino de CrossFit ou outra atividade física rotineira por mais de 1 semana; ou que modifiquem as atividades normais de treino na duração, intensidade ou modo por mais de 2 semanas; ou ainda qualquer queixa física grave o suficiente para que haja a busca de um profissional da saúde por esses atletas. (VASCONCELOS, OLIVEIRA E BEZERRA, 2018, p. 5 e 6)

Vasconcelos, Oliveira e Bezerra (2018, p 6) analisaram as pesquisas de Mehrab  e colaboradores (2017) que verificaram que 56% dos participantes da análise sofreram  algum tipo lesão nos últimos 12 meses, na qual o ombro (28,7%) foi a região mais afetada,  depois a lombar (15,8%) e o joelho (8,3%), com maior prevalência no sexo masculino.  Grier et.al analisou que na implantação do CrossFit, nas rotinas de preparação  física, os combatentes norte-americanos houve incidência de lesão em 12%, em que as  principais estão relacionadas a baixa aptidão cardiorrespiratória, sobrepeso/obesidade e  ser fumante (apud Tibana, Almeida e Preste, 2015, p. 2).

Conhecer a população, regiões corporais mais acometidas e proporcionar a devida supervisão na prática da modalidade, permite que o praticante seja orientado corretamente, minimizando o risco de lesões. Para conhecer sua população, é importante a realização de avaliações físicas e funcionais com o aluno da modalidade. Isso pode ser feito, por exemplo, com avaliações sobre os componentes mobilidade, equilíbrio e controle neuromuscular por meio de testes como o Y balance test e step down. (Dominski et. al, 2018, p. 9) 

Segundo Dominski et al (2018) as “aulas de CrossFit com pouca supervisão e/ou  com elevado número de alunos também devem ser evitadas”, afinal o instrutor não  consegue dar atenção necessária a todos os alunos que estão na sessão. Ainda, os  exercícios que antecipam o workout of the day (WOD), em relação a uma certa  habilidade, tem que ser feitas (p.9). 

Araújo (2015, p.8) analisou quatro estudos de caso, nos idiomas português,  inglês e espanhol, na qual os casos relatados são de rabdomiólise (10), deslocamento de  retina (11), ruptura do latíssimo do dorso (12) e do tendão do calcâneo (13).  Dentre esses casos, Hadeed et. al relataram um caso de rabdomiólise em um  homem de 33 anos que, após cinco dias de treinos consecutivos, apresentou quadro de  fadiga, dor, edema e distúrbios de sono. Já Joondeph e Joondeph descreveram um  descolamento de retina, que aconteceu de forma acidental ocasionada pela ruptura da  faixa elástica (apud Araújo, 2015, p.8).

A ocorrência de lesão na prática de CrossFit pode estar ligada a um somatório de fatores próprios da modalidade. Em geral, este é um esporte individual praticado coletivamente, em alta intensidade e possui natureza competitiva, mesmo em quem não participa de competições. Além disso, pode incluir exercícios com alto número de repetições, movimentos executados em grande amplitude e em alta velocidade. Tal combinação parece oferecer um alto risco de lesão ao praticante de CrossFit. (ARAÚJO, 2015, p. 11) 

A incidência de lesões no CrossFit se assemelha aos índices que ocorrem em  outros esportes, como nas práticas de levantamentos de peso, ginástica olímpica,  powerlifiting, conforme descritos na literatura (Santos e Machado, 2017, p. 14). 

Em relação à coluna vertebral, atletas de 19 anos ou menos têm maior chance de  lesões quando comparado às superiores a essa idade, tendo maior recorrência de dorsalgia  (dor na região das costas), lesão na articulação sacroilíaca (região de junção do osso  terminal da coluna vertebral) e espondilólise (fratura por estresse na região posterior dos  ossos da coluna vertebral), conforme Moreira et al. (2022, p. 4). 

Assim, tem-se que a prevalência e a incidência de lesões relacionadas ao tronco ainda são pouco discutidas, ainda que existentes. No que se relaciona a lesões de coluna vertebral, estudos mais consistentes são necessários para o estabelecimento de correlações entre essas injúrias e o sexo do praticante, o tempo de prática e os fatores de risco associados, já que os estudos encontrados se limitam à correlação das lesões da coluna com a faixa etária de atletas e praticantes. (MOREIRA et al, 2022, p 4 e 5).  

Um fator que precisa ser levado em consideração é o respeito ao corpo, com um  atenção maior aos sedentários e iniciantes, pois a prática de movimentos diferentes e com  intensidade podem provocar adaptações articulares devido o corpo não estar preparado  para tais níveis de prática e sobrecarga (Teixeira, 2015, p. 7). 

No geral, as lesões articulares são as mais consideradas quando se fala em  acidente traumático, como fraturas e quedas nas práticas, assim como as lesões adquiridas  a longo prazo, porém não há como isolar a relação ao CrossFit (Ramos e Santos, 2018, p.  7).  

As lesões musculoesqueléticas estão entre as queixas mais comuns no  atendimento ortopédico, tanto para atletas quanto para não atletas, com índices maiores  em quem pratica mais de quatro vezes por semana (Martins; Santos; Sperandio, 2021,  p.33). 

Martins, Santos e Sperandio (2021) destacam ainda que nessas incidências de  lesões musculoesqueléticas, o ombro e a coluna lombar acometem mais os homens e, já  nas mulheres, as regiões do ombro e joelhos são mais acometidos. A faixa etária varia entre 20 e 30 anos para as mulheres, em relação aos índices de lesão, e 30 e 40 anos para  os homens (p. 35 e 36).

  Pode-se verificar por meio desta revisão que a prevalência e a incidência de lesões musculoesqueléticas e articulares na prática de CrossFit é baixa, quando comparada a esportes que possuem as mesmas características de treinamento (intensidade, volume, duração). As lesões ocorrem principalmente nas estruturas do complexo do ombro e coluna lombar, porém não são comumente relacionadas à prática do CrossFit per se. (RAMOS e SANTOS, 2018, p. 8 e  9). 

Nos tecidos dos ombros, o impacto relaciona-se com o número de repetições,  alta carga, presença de alterações biomecânicas e técnicas inadequadas na execução  (Martins, Santos e Sperandio, 2021, p. 8). 

Sendo assim, percebe-se que as lesões provocadas nos treinos de CrossFit estão  relacionadas a intensidade e a sobrecarga que põem sobre o corpo, atingindo tanto os  iniciantes quanto os avançados. Os iniciantes são acometidos, muitas vezes, pela falta de  preparo do corpo, tanto em homens quanto em mulheres. Os avançados estão interligados,  também, pelo excesso de treinos semanais, que os que praticam quatro vezes ou mais, são  acometidos pelo estresse ou lesão corporal. 

6. MÉTODO 

6.1. Tipo de estudo 

Este estudo de revisão de literatura foi conduzido utilizando o método de síntese  de conhecimento conhecido como revisão integrativa (RI), conforme orientado pelo  Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual (AROMATARIS; MUNN, 2020). O processo  de revisão seguiu as etapas padrão, que incluíram a formulação da questão de pesquisa, a  busca na literatura para identificar os estudos primários relevantes, a avaliação crítica dos  estudos primários, a análise dos dados coletados e a apresentação dos resultados da  revisão (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). 

6.2. Período 

A realização do estudo ocorreu no período de setembro de 2023 a outubro de 2023. 

6.3. População 

A questão central desta revisão foi delineada da seguinte forma: “Quais são as  formas de lesão abordadas na literatura conforme o desenvolvimento do CrossFit para a  prática de atletas e não atletas? ” Essa pergunta foi formulada com base no acrônimo  PECO, em que P (população) representa os praticantes da modalidade, atletas e não  atletas, e pessoas que praticam exercícios de alta intensidade, E (exposição) refere-se aos  fatores de risco da prática, em que se pontua as lesões musculoesquelética devido à  intensidade e os acidentes, C (comparador) que diz respeito a falta de cuidados dos  praticantes no exercício e dos profissionais, quando relacionado aos outros tipos de  treinamentos, O (resultado) concentra-se na consequência das lesões ocorridas, na  prevenção e cuidados durante a modalidade. A abordagem metodológica desta pesquisa  seguiu as diretrizes do Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual (WHITTEMORE;  KNAFL, 2005), conforme citado na fonte. 

6.4. Critérios de seleção 

Os critérios de inclusão adotados para conduzir esta RI foram definidos da  seguinte forma: foram considerados elegíveis estudos primários nos quais os  pesquisadores investigaram quais as formas mais comuns das lesões em praticantes do  CrossFit, assim como os casos em que igualam os tipos de ferimentos nas diversas faixas  etárias e níveis físicos. Para isto, foram aceitos pesquisas publicadas em português, no  período de 2015 a 2022.

Com o objetivo de garantir a qualidade e a relevância dos estudos incorporados à  revisão, foram excluídos da análise outros tipos de documentos, tais como editoriais,  cartas de resposta, estudos secundários (como revisões sistemáticas), relatos de  experiência ou opiniões de especialistas. Essa delimitação temporal foi estabelecida para  controlar o volume de estudos primários incluídos, evitando uma sobrecarga de  informações que poderia prejudicar a condução da revisão integrativa ou introduzir vieses  nas fases subsequentes do método. 

6.5. Definição da amostra 

Para a busca dos estudos primários, foram escolhidas três bases de dados que são  altamente pertinentes para o campo da saúde e educação física. Essas bases incluem a  Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Portal de  Periódicos Capes e a Scientific Electronic Library Online (SciELO) . Essa seleção  abrange uma ampla gama de fontes confiáveis que garantem uma abordagem abrangente na coleta de dados para a revisão. 

Os quatro componentes do acrônimo PECO foram utilizados em diferentes  combinações de descritores controlados, palavras-chave e operadores booleanos AND e  OR durante a formulação das estratégias de busca nas bases de dados. Isso possibilitou  uma abordagem abrangente na pesquisa das publicações, assegurando a inclusão de  estudos relevantes para a revisão. 

Neste estudo, foram selecionados descritores controlados dos Descritores em  Ciências da Saúde (DeCS) e utilizadas estratégias de busca em três bases de dados,  LILACS, Periódicos Capes e SciELO. Além disso, as estratégias definitivas de busca para  as publicações foram aplicadas em ambas as bases de dados 28 de outubro de 2023  (Tabela 01). 

A seleção dos estudos foi conduzida mediante a análise dos títulos e resumos das  publicações, com base na pergunta de interesse da RI e nos critérios de inclusão pré  definidos. Essa etapa foi executada de maneira independente e com mascaramento por  dois revisores. O mascaramento foi posteriormente desvendado, permitindo que, em  reuniões de consenso, os revisores procedessem à seleção dos estudos primários a serem  lidos na íntegra. É importante salientar que, durante essas reuniões, um terceiro revisor  desempenhou um papel de apoio nas discussões. 

A análise completa dos estudos primários escolhidos (n=18) foi conduzida de  maneira independente por dois revisores. No caso de discordâncias ou dúvidas, recorreu-se a um terceiro revisor para resolver as questões em pauta e auxiliar na determinação  final dos estudos a serem incluídos na amostra da RI. 

Adicionalmente à pesquisa nas bases de dados, um dos revisores conduziu uma  busca manual nas referências dos estudos primários que foram incorporados à RI. No  entanto, é importante ressaltar que essa estratégia não resultou na inclusão de novos  estudos. O processo de busca e seleção dos estudos primários foi realizado no período  compreendido entre setembro e outubro de 2023.

Tabela 01. Estratégia de busca

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Tipo de material: Artigos; Data de publicação: 8-YEAR;  Disponibilidade: Acesso Aberto ;Disponibilidade: Periódicos  revisados por pares ;Disponibilidade: Recurso On-line ;Tipo de  recurso: Artigos ;Data de Criação: 2015-2023  ;Idioma: Português
11628/10/2023
SciELOExpressão: CrossFit OR CrossFit Benefícios OR CrossFit  Lesões) E Qualquer campo contém (Exercício Físico OR  Atividade Física) 
Filtros aplicados: (Idioma: Português) (Ano de publicação:  2018) (Ano de publicação: 2023) (Tipo de literatura: Artigo)
728/10/2023
LILACSQualquer campo contém (CrossFit OR CrossFit Benefícios OR  CrossFit Lesões) E Qualquer campo contém (Exercício Físico  OR Atividade Física) 
ESCOPO: Padrão / Buscar tudo 
Tipo de material: Artigos; Data de publicação: 5-YEAR;  Disponibilidade: Acesso Aberto ;Disponibilidade: Periódicos  revisados por pares ;Disponibilidade: Recurso On-line ;Tipo de  recurso: Artigos ;Data de Criação: 2015-2023  ;Idioma: Português
1628/10/2023

7. RESULTADOS 

O fluxograma do processo de seleção dos estudos primários incorporados na  revisão integrativa é exibido na Figura 1. Inicialmente, foram encontradas 139 publicações nos registros das bases de dados. No entanto, após a aplicação dos critérios  de inclusão, apenas 18 estudos primários foram considerados para leitura integral. Desses,  7 foram finalmente incluídos na amostra da revisão. 

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos

A síntese descritiva dos estudos primários foi apresentada na Figura 2, por meio  das seguintes informações: número de identificação; autores e ano de publicação da  pesquisa; amostra; tipo de estudo; objetivo; métodos; resultados principais.

Autor / AnoObjetivoPrincipal Resultado
PASCHOALOTO,  Otávio (2017).Destacar em uma análise  crítica os benefícios e as  incidências de lesões  causadas pela prática do  CrossFit, por meio de estudos  publicados em revistas  indexadas presentes na  plataforma PubMed e  apresentar a região corporal  com maior indício de lesão.No estudo, verificou-se que a  articulação do ombro é região  que mais sofre com lesões,  assim como constatou que a  modalidade pode contribuir  com lesões iguais ou próximos  a outros esportes.
TIBANA, Ramires  Alsamir;  
ALMEIDA,  
Leonardo Mesquita  de; PRESTES,  Jonato (2015).
Analisar o que se sabe até o  momento sobre as lesões ou  benefícios decorrentes do  CrossfitConstatou-se que a modalidade  não aumenta o índice de lesões  e que melhora as adaptações  cardiovasculares
DOMINSKI, Fábio  Heck et al. (2018)Analisar o perfil de lesões em  praticantes de CrossFit por  meio de uma revisão  sistemática da literatura.Na pesquisa, averiguou-se que  os ombros estão como a região  mais acometida pela lesão,  seguida pelas costas e joelhos,  com maior frequência entre os  homens.
XAVIER, Alan de  Almeida; LOPES,Aírton Martins da  Costa Lopes (2017).Verificar a prevalência de  lesões musculoesqueléticas  na modalidade Crossfit.Verificou-se que dos 137  entrevistados, 56,2% tiveram  lesão por conta da prática,tendo influência no sexo  masculino, além de sobrepeso,  praticar mais de três vezes na  semana com treinos de 1h de  duração, ingerir bebidas  alcóolicas e uso de cigarros.
SANTOS, Nathalya  Ferreira dos;  MACHADO, André  Pereira (2017).Investigar sete estudos  nacionais e internacionais  que realizaram pesquisas em  formato de questionário com  a finalidade de determinar a  taxa de lesões no treinamento  CrossFit.Constatou-se que as regiões  com maiores lesões são os  ombros, joelhos e lombar. A  falta de um acompanhamento  profissional é determinante  para a prevenção das lesões,  tendo o tempo de descanso não  respeitado como um dos  agravantes.
VASCONCELOS,  Irádna Rabelo;  OLIVEIRA,  
Rodrigo Ribeiro;  BEZERRA, Márcio  Almeida (2018)
Identificar qual o  entendimento dos praticantes  de CrossFit acerca dos fatores  de risco de lesão relacionados  à prática do esporte.Identificou-se que os erros de  treinamento, técnicas e as  sobrecargas e a falta de preparo  do profissional que instrui o  entendimento para as lesões do  CrossFit.
TEIXEIRA, Lucas  Endrigo Carvalho  (2015).Provar que, embora haja  lesões no esporte citado, a  modalidade também possui  um nível baixo de lesões.A modalidade embora tenha  baixo índice de lesões, o  cuidado com os movimentos  complexos é essencial. Em  relação aos benefícios, a  modalidade trabalha em zonas  anaeróbicas, o que torna o  praticante completo nas suas  capacidades.
Figura 2. Síntese descritiva dos estudos incluídos.

8. DISCUSSÃO 

Na análise dos estudos incluídos nesta pesquisa, foi possível identificar que os  trabalhos tendem a iniciar sobre a história do CrossFit e suas particularidades nos  exercícios, destacando a diferença para as outras modalidades e seus desafios, como  observado nas pesquisas de Paschoaloto (2017), Dominski et.al (2018) e Teixeira (2015),  na qual desenvolvem olhares visando seu histórico até quais os desenvolvimentos  ocorreram à atualidade.  

Nas pesquisas pôde-se perceber que há mais focos em estudos sobre lesões que  benefícios, pois as recorrências das lesões têm mais destaques, independentemente da  idade e preparo físico, como frisa Tibana, Almeida e Prestes (2015), em que diz que as  lesões não possuem associação com a idade, podendo ser praticado com segurança, e  Paschoaloto (2017) que sintetiza que a individualidade biológica deve considerada.  

Em relação aos resultados dos estudos, pondera-se a contribuição para responder  à pergunta: “Quais são as formas de lesão abordadas na literatura conforme o  desenvolvimento do CrossFit para a prática de atletas e não atletas?”, pois em cada estudo  incluído há uma análise diversa sobre as lesões provocadas, em que tem motivos  diferentes, como Machado e Santos (2017) diz, em um de seus resultados, que a falta de  profissional qualificado acompanhando o praticante pode corroborar para as lesões, e  Xavier e Lopes (2017) que relata o uso de bebidas alcóolicas e cigarros podem ser  associadas às lesões musculoesqueléticas.  

As evidências que podem-se ser notadas estão nos locais mais acometidos pelas  lesões. Dominski et.al (2018) destacam que os ombros, costas e joelhos são as regiões  que mais sofrem com as lesões na prática do CrossFit. Machado e Santos (2017)  concordam que ombro e joelho possuem maior incidência de lesões, e, ainda,  complementa que a região lombar também possui registro de lesão, sendo que muitas  vezes não está relacionada apenas à falta de preparo físico, mas também ao excesso de  prática da modalidade e a intensidade do processo, que acaba sendo prejudicial ao corpo.  

Tanto na prática quanto no campo científico, as pesquisas colaboram para o  amplo entendimento acerca das lesões que podem ser causadas durante o CrossFit,  verificando quais são as formas e cuidados a serem consideradas pelos praticantes e  profissionais da área. Dessa maneira, todos os artigos pontuam quais as maiores  correlações da lesão com a modalidade, dando destaque à pesquisa de Vasconcelos,  Oliveira e Bezerra (2018), na qual pontua a falta de técnica e a falta de preparo do instrutor e à pesquisa de Xavier e Lopes (2017), em que acrescenta o excesso de dias praticados,  com mais de três dias na semana, gerando risco ao corpo.  

Um ponto geral nos estudos incluídos é que pouco se discute sobre os benefícios  que a prática do Crossfit causa, assim como tem análises de estudos de outros autores e  não com ineditismo na área abordada. Xavier e Lopes (2017) descrevem os benefícios  concentrados na melhora de adaptações morfofisiológicas, enquanto Tibana, Almeida e  Prestes (2015) focam na melhoria do sistema cardiovascular, neuromuscular e  composição corporal. Já Teixeira (2015) verifica que, entre os benefícios, as sessões  curtas do CrossFit trazem um indivíduo completo preparado para a rotina. 

Outro ponto a se destacar é a semelhança das lesões causadas no CrossFit com  outros esportes, tendo características e índices parecidos, sendo destacado por Machado  e Santos (2017) e Paschoaloto (2017). Ambos falam que os expostos na literatura têm  escala idêntica ou próxima com outras modalidades.  

Entretanto, faz-se, ainda, necessário mais pesquisas voltadas ao CrossFit para  que se possa enriquecer os estudos sobre o CrossFit e tendo maiores entendimentos sobre  os benefícios, pois os estudos apresentam escassez dessas informações e podem ajudar os  profissionais durante os WODs. Pachoaloto (2017), Tibana, Almeida e Prestes (2015),  Xavier e Lopes (2017), e Machado e Santos (2017) pontuam que faltam pesquisas para  se obter um cenário melhor acerca dos estudos.  

Diante disso, o CrossFit é uma atividade que se diferencia das diversas  modalidades devido às suas particularidades, que envolvem a junção de outros exercícios  mais aplicados, como agachamento e força. Com isso, buscar entender como a ciência  avança em torno da modalidade, traz novas possibilidades de estudos para serem  aplicados na prática. 

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Logo, compreende-se, através desta revisão bibliográfica, que o CrossFit é uma  modalidade que apresenta um grau de complexidade diferente, em que independente da  faixa etária e do nível físico, pode trazer qualidade de vida à população. Mas ainda, a  intensidade e sua diversidade podem acarretar em lesões no corpo, seja interno ou externo.  

O presente estudo mostrou que as diferentes pesquisas mostram como ocorre a  lesão em cada grupo ou indivíduo, que são causadas, grande parte das vezes, pela  quantidade de dias e pressão dos exercícios.  

Quando bem planejado e executado, a modalidade gera benefícios aos  praticantes, como a perda de gordura, que é um dos intuitos de quem pratica o CrossFit.  Porém, a falta de literatura com pesquisa voltada aos benefícios gera escassez sobre o  assunto quando é pesquisado.  

As lesões podem ser prevenidas e o acesso aos estudos podem gerar cautela à  população. A importância da informação sobre as lesões ajuda tanto o profissional que  atua na área, quanto o praticante, seja ele atleta ou não.  

Por isso, este trabalho alcança o objetivo inicial, que é identificar as principais  lesões decorrentes da prática do CrossFit e a sua incidência. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ARAÚJO, Rafael Firpe. Lesões no CrossFit: uma revisão narrativa. Trabalho de  Conclusão de Curso (Especialização em Fisioterapia Esportiva) – Escola de Educação  Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais,  2015. 

DOMINSKI, Fábio Heck; CASAGRANDE, Pedro de Orleans; ANDRADE, Alexandro.  O fenômeno CrossFit: Análise sobre o número de boxes no Brasil e no mundo e  modelo de treinamento e Competição. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do  Exercício, v. 13, p. 271-281, 2019.  

DOMINSKI, Fábio Heck; SERAFIM, Thiago Teixeira; ANDRADE, Alexandro. Produção de conhecimento sobre Crossfit: Revisão Sistemática. Revista Brasileira de  Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 12, p. 962-974, 2019. 

DOMINSKI, Fábio Heck; SIQUEIRA, Thais Cristina; SERAFIM, Thiago Teixeira;  ANDRADE, Alexandro. Perfil de lesões em praticantes de CrossFit: revisão  sistemática. Revista Fisioterapia e Pesquisa, v.25, p. 229-239, 2018. 

MARTINS, Luana Mazini; SANTOS, Ketlen Renata Augusto; SPERANDIO, Regiane  Donizeti. Perfil Epidemiológico de lesões musculoesqueléticas ocasionadas pela  prática de CrossFit. Revista Multidisciplinar de Saúde, v. 3, p. 27-37, 2021.  

MENEZES, Rodrigo da Costa. O Forte do Mercado: Uma análise do mercado de  Fitness Não Convencional. Dissertação (Mestrado Executivo em Gestão Empresarial) – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas,  2013.  

MIRANDA, Atila Josué Gomes. CrossFit e seus benefícios e sua relação com as  lesões. Artigo (Bacharelado em Educação Física) – Centro Universitário do Planalto  Central Aparecido dos Santos, 2021.  

MOREIRA, M. O; CASTELLO, T. M; MORAES, M. M; SILVA, . J. G. L.  da;BRAGA, R. A. T. Lesões em praticantes de Crossfit: revisão narrativa. Revista De  Medicina, 101(6), 2022.

ORGANISTA, Cássio Augusto Machado. CrossFit: benefícios e métodos vs  Treinamento Resistido Tradicional: uma breve revisão. Especialização em Medicina e  Ciências do Exercício e do Esporte – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai  e das Missões, 2018.  

PASCHOALOTO, Otávio. CrossFit e as incidências de lesões: análise crítica.  Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências do Esporte) – Faculdade de  Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas, 2017. 

RAMOS, João Gabriel da Costa; SANTOS, Joyce Salgado. Análises da incidência e  risco de lesões musculoesqueléticas e articulares no CrossFit: revisão bibliográfica.  Journal of Specialist, v. 4, 2018.  

SANTOS, Nathalya Ferreira dos; MACHADO, André Pereira. O risco de lesões no  CrossFit, uma revisão narrativa. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em  Educação Física) – Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do  Espírito Santo, 2017.  

SOUZA, Daniel Costa; ARRUDA, Antônio Carlos Pereira; GENTIL, Paulo;. CrossFit:  riscos para possíveis benefícios. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do  Exercício, v.11, p. 138-139, 2017.  

TEIXEIRA, Lucas Endrigo Carvalho. CrossFit: uma pesquisa sobre os benefícios e  riscos. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Educação Física) – Centro  Universitário do Sul de Minas, 2015.  

TIBANA, Ramires Alsamir; ALMEIDA, Leonardo Mesquita de; PRESTES, Jonato.  CrossFit riscos ou benefícios? O que sabemos até o momento?. Revista Brasileira  Ciência e Movimento, 2015, 182-185.  

TIBANA, R.A; DE FARIAS, D.L; NASCIMENTO, D.C; SILVA_GRICOLETTO,  M.E; PRESTES, J. Relação da força muscular com o desempenho no levantamento olímpico em praticantes de CrossFit. Revista Andaluza de Medicina Del Desporte,  v.11, p. 84-88, 2018.


1Estudante da graduação no curso de Bacharelado em Educação Física na Universidade Paulista – UNIP Aqui Você Pode. Manaus, Amazonas, Brasil

2Professor Orientador do curso de Bacharelado em Educação Física na Universidade Paulista – UNIP Aqui Você Pode. Manaus, Amazonas, Brasil