LESÕES ESPORTIVAS EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO: REVISÃO DA LITERATURA

SPORTS INJURIES IN BODYBUILDERS: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505272008


Francisco Fernando Osterno Aguiar Neves1
Pablo Augusto Lima Carvalho Mendes2
Orientador: Dr. Prof Isanio Vasconcelos Mesquita3


RESUMO 

A musculação, também conhecida como treinamento de força, apresenta benefícios amplamente reconhecidos, como o aumento da força muscular, melhora da composição corporal e prevenção de doenças crônicas. Contudo, sua prática incorreta pode resultar em lesões musculoesqueléticas, sendo comum entre praticantes iniciantes e avançados. Este estudo, de caráter bibliográfico e narrativo, teve como objetivo analisar a frequência, os tipos e as causas de lesões em praticantes de musculação, bem como identificar estratégias de prevenção. A revisão abrangeu 23 estudos publicados entre 2019 e 2025, selecionados em bases como SciELO, PubMed, BVS e PKP. Os resultados apontaram maior incidência de lesões nos ombros, lombar e joelhos, relacionadas a exercícios como supino, levantamento terra e agachamento. As principais causas identificadas foram a execução incorreta dos movimentos, ausência de supervisão profissional, sobrecarga e uso inadequado de equipamentos. A pesquisa evidencia a importância da orientação técnica e da individualização dos treinos como medidas preventivas. Conclui-se que, embora a musculação proporciona inúmeros benefícios à saúde, sua prática segura depende de abordagem multidisciplinar e científica, reduzindo riscos e otimizando resultados.

Palavras-chave: Musculação. Lesão Esportiva. Prevenção.

ABSTRACT

Bodybuilding, also known as strength training, has widely recognized benefits, such as increased muscle strength, improved body composition, and prevention of chronic diseases. However, its incorrect practice can result in musculoskeletal injuries, which are common among beginners and advanced practitioners. This bibliographic and narrative study aimed to analyze the frequency, types, and causes of injuries in bodybuilding practitioners, as well as to identify prevention strategies. The review covered 23 studies published between 2019 and 2025, selected from databases such as SciELO, PubMed, BVS, and PKP. The results indicated a higher incidence of injuries to the shoulders, lower back, and knees, related to exercises such as bench press, deadlift, and squat. The main causes identified were incorrect execution of movements, lack of professional supervision, overload, and inadequate use of equipment. The research highlights the importance of technical guidance and individualized training as preventive measures. It is concluded that, although bodybuilding provides numerous health benefits, its safe practice depends on a multidisciplinary and scientific approach, reducing risks and optimizing results.

Keywords: Bodybuilding. Sports Injury. Prevention.

1. INTRODUÇÃO

A musculação, comumente conhecida como treinamento de resistência ou treinamento de força, é um exercício físico que está diretamente relacionado com os nossos músculos tentando agir voluntariamente contra a resistência ou força oposta. Essa resistência ou força de reação pode ser algum tipo de equipamento ou qualquer tipo de peso (Silva, 2022).

A prática da musculação tem se tornado cada vez mais comum como uma forma de aprimorar a saúde, estética corporal e desempenho físico. Esse aumento na popularidade pode ser atribuído aos diversos benefícios ligados à prática da musculação, tais como o aumento da força muscular, melhor composição corporal, e a promoção do bem-estar geral. A musculação é uma das formas mais eficazes de promover ganhos em força e massa muscular, além de contribuir para a saúde cardiovascular e a prevenção de doenças crônicas (Santarem, 2008).

Lesões esportivas são comuns entre praticantes de musculação, podendo variar desde lesões musculares leves até lesões mais graves, como rupturas de tendões e fraturas ósseas. Investigou-se lesões relacionadas ao levantamento de peso, encontrou que uma proporção significativa dos praticantes experimentou algum tipo de lesão durante o treinamento, com as regiões mais afetadas sendo a coluna lombar, ombros e joelhos. Esses achados destacam a importância de uma abordagem preventiva no treinamento de força (Siewe et al.,2014). 

Podem ocorrer lesões por erros de execução, sobrecarga ou falta de supervisão profissional. Portanto, além de procurar atendimento especializado para tratamento adequado durante a recuperação de uma lesão, uma lesão pode fazer com que o praticante interrompa a atividade física ou até mesmo o trabalho. Em casos extremos, o tratamento da lesão pode até envolver resultados cirúrgicos (Paulo et al., 2020).

Identificar a prevalência dessas lesões e os fatores de risco associados é essencial para o desenvolvimento de estratégias preventivas e minimização dos riscos à saúde dos profissionais. Fatores como técnica inadequada, uso excessivo, falta de aquecimento e fatores individuais como idade, sexo e nível de experiência podem contribuir para essas lesões. Algumas substâncias, como corticosteróides e hormônios anabolizantes, também são responsabilizados por lesões músculo-tendíneas e articulares (Feitosa et al., 2022). 

Embora algumas pessoas ainda não sejam boas na prática da musculação, ela é de extrema importância para o indivíduo, pois com o passar do tempo, o corpo necessita naturalmente de alguns ajustes de recuperação física e fisiológica, e a musculação é muito indicada para esses aspectos (Silva, 2022).

De acordo com Silva (2022), o treinamento cuidadosamente planejado e aplicado conscientemente pode trazer uma variedade de benefícios à saúde e ao condicionamento físico, aumento da força, aumento da massa corporal magra, redução da gordura corporal, melhora do desempenho físico nas atividades esportivas e na vida diária, alterações na pressão arterial, lipídios no sangue e sensibilidade à insulina. Seja homem ou mulher, a musculação traz benefícios para todo o corpo do praticante, inclusive no aspecto emocional, que é um aliado contra a baixa autoestima e faz com que o indivíduo se sinta mais confiante. Apesar de todos esses benefícios, um treinamento de força mal elaborado pode levar a lesões ao praticante.

Compreender a relação entre lesões desportivas em praticantes de musculação, bem como fatores de risco e prevenção é fundamental, pois pode ter um impacto significativo na saúde e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Além disso, reconhecer a importância que a atividade física e a boa forma física trazem à vida é crucial para a longevidade. Contudo, é necessário analisar os fatores de risco enfrentados por esta população para uma boa prevenção, para a qual este estudo contribuirá, onde proporcionará uma melhor qualidade de vida às pessoas.

Com isso, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar por meio de revisão da literatura a frequência, os principais tipos e as causas de lesões em praticantes de musculação, a fim de identificar estratégias de prevenção e promover a prática segura da atividade.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de pesquisa narrativa que descreve a bibliografia de forma descritiva, realizado na base de dados online Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed/Medline e Public Knowledge Project (PKP). A busca de dados foi realizada no período de Setembro de 2024 a maio de 2025. Outras fontes, como teses e dissertações, também foram empregadas. 

O estudo teve como pergunta nordeadora: Quais são as lesões esportivas mais comuns em praticantes de musculação? Quais são as principais causas do desenvolvimento de lesões em ambientes esportivos? Qual a importância da orientação profissional e da execução adequada dos exercícios para evitar esses incidentes? Quais são as táticas de prevenção e tratamento mais comuns na literatura recente sobre doenças relacionadas à musculação? A partir da elaboração do problema de pesquisa, foi realizada busca de dados na literatura citada acima. 

As seguintes palavras-chave, inglês e português, foram empregadas para a escolha dos estudos: “lesão desportiva”, “academia”, “musculação” (“sports injury” OR “gym” OR “bodybuilding”).

Foram utilizados como critérios de inclusão estudos publicados do ano de 2019 a 2025, nos idiomas inglês, português, espanhol, artigos disponíveis na íntegra e artigos gratuitos. Os critérios de exclusão foram artigos publicados há mais de 20 anos, artigos incompletos e artigos que não atendessem o objetivo.

3. RESULTADOS

Utilizando essas palavras-chave, foram localizados 2087 artigos, sendo 1056 da base de dados Scielo, 806 PubMed, 25 da Biblioteca Cochrane e 200 da PKP. 

Após o atendimento aos critérios de inclusão, foram selecionados 23 estudos, sendo 12 da Scielo, 6 PubMed, 2 da Biblioteca Cochrane e 3 da PKP. 

Imagem 1: Fluxograma referente a metodologia utilizada para levantamento de informações.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2025.

Este estudo examinou 23 estudos publicados entre 2019 e 2025 que discutem a presença, os fatores de risco e as estratégias para prevenir lesões em praticantes de musculação em academias. As informações demonstraram que a maioria das lesões ocorreu nas áreas do ombro (38%), lombar (26%) e joelho (19%). Essas regiões estão associadas a exercícios comumente praticados, como supino, levantamento terra e agachamento livre. Execução incorreta de movimentos, falta de supervisão e sobrecarga foram consideradas causas significativas do acidente. Estudos como o conduzido por Santos (2024) demonstraram que 64% dos profissionais lesionados não tiveram orientação de um profissional após a lesão. 

Além disso, os iniciantes tiveram uma porcentagem maior de lesões leves, causadas principalmente por má postura e técnica insuficiente, enquanto os praticantes avançados tiveram uma porcentagem maior de lesões graves, causadas principalmente pelo excesso de carga e repetição prolongada dos exercícios. Outra descoberta importante é a disparidade entre os sexos em relação aos casos de lesões relatadas: os homens representaram 71% do total, o que foi atribuído a uma maior propensão a utilizar pesos mais pesados e menor preocupação com aquecimentos prévios. 

Em última análise, as estratégias preventivas mais comuns envolvem a segmentação do treinamento, a tonificação muscular geral, a utilização de equipamentos adequados e a supervisão profissional constante. A literatura revisada sugere que práticas seguras são importantes para a musculação, a fim de minimizar os riscos e maximizar a longevidade do seu regime esportivo.

4. DISCUSSÃO

A musculação é um exercício físico popular que está associado a múltiplos benefícios à saúde, incluindo aumento da força muscular, melhora da composição corporal e prevenção de doenças crônicas. No entanto, quando realizado sem supervisão profissional ou com pressão excessiva, pode causar lesões musculoesqueléticas (Oliveira; Neves, 2023). Nesse sentido, a pesquisa atual tentou explorar, por meio de uma revisão de literatura, a frequência comum, os principais tipos e as causas de lesões em entusiastas da musculação. Com base nas informações obtidas, tentou-se identificar estratégias preventivas que promovam uma prática segura e eficaz, essas estratégias contribuem para a redução de perigos e facilitam a atividade contínua.

4.1 A Importância Da Musculação 

A musculação é uma forma de exercício que utiliza pesos de cargas, amplitudes e tempos de contração variados. É uma atividade física comum reconhecida por sua eficácia na redução da gordura corporal, melhorando a aptidão física, condicionamento físico e cardiorrespiratório, aumento da densidade óssea, melhora dos aspectos emocionais (pela liberação de hormônios como endorfinas) e tonificação muscular, portanto não se limitando apenas à beleza física, mas uma forma de trabalhar a saúde física, o humor, a longevidade e a qualidade de vida (Ramos, 2020).

A musculação é uma prática muito antiga, utilizada desde o antigo Egito, e praticada de forma consistente e monitorada corretamente, é capaz de proporcionar diversos benefícios à saúde, prevenir doenças e tratar aspectos físicos, emocionais e psicológicos que afetam diretamente a população. Com o devido acompanhamento, a musculação é uma excelente opção para se manter saudável e melhorar a qualidade de vida, pois qualquer pessoa pode se beneficiar dela, desde que adapte seu regime às suas realidades e objetivos. Utiliza sobrecarga externa para alcançar resultados morfológicos e neurológicos, controlando as seguintes variáveis: volume de treino, intensidade, frequência de treino, pausas, velocidade de execução e tipo de execução, como concêntrica e excêntrica (Viddia, 2019).

Considera-se atividade física qualquer prática que envolva movimento voluntário do corpo e exige um gasto de energia física maior que o basal, podendo ser realizada em diferentes contextos da vida diária, como no deslocamento ou nas tarefas diárias. Dentre esses parâmetros, o exercício físico caracteriza-se como uma atividade física que envolve repetições planejadas, sustentadas e suficientes de movimentos com o objetivo de melhorar ou manter a aptidão física e o peso. (Ministério Da Saúde, 2021).  

Seja homem ou mulher, a musculação traz benefícios para todo o corpo do praticante, inclusive no aspecto emocional, que é um aliado contra a baixa autoestima e faz com que o indivíduo se sinta mais confiante. Todos os médicos e profissionais de saúde devem compreender a relação entre exercício e saúde para que não sejam perdidas oportunidades de fornecer boas orientações às pessoas. Estudos epidemiológicos mostram que pessoas fisicamente ativas apresentam taxas mais baixas de muitas doenças e condições (Alves; Modesto; Souza, 2021). 

As doenças causais incluem hipertensão, obesidade, diabetes, dislipidemia, osteoporose, sarcopenia e ansiedade e depressão. Portanto, reduz o desenvolvimento da aterosclerose e suas consequências: doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e doença vascular periférica. Também reduz o tempo passado na cama devido a fracturas e incapacidades físicas graves, e reduz a mortalidade por infecções pulmonares e tromboembolismo (Oliveira; Neves, 2023).

O exercício físico é ótimo para aliviar o estresse desconfortável porque todos os exercícios ajudam a manter a massa e densidade óssea saudáveis. Essa prática frequente pode minimizar o envelhecimento das artérias, reduzir o risco de hipertensão, melhorar o colesterol e reduzir o tecido adiposo (gordura), já que movimentar o corpo pode reduzir em até 50% o risco de doenças mentais como o mal de Alzheimer (Ramos, 2020).

Embora algumas pessoas ainda não sejam boas na musculação, ela é de extrema importância para o indivíduo, pois o corpo necessita naturalmente de alguns ajustes de recuperação física e fisiológica ao longo do tempo, e a musculação é muito indicada para esses aspectos (Rezende, 2020). 

A musculação é uma das atividades físicas mais utilizadas para promover a saúde, pois possui diversos tipos de treinamento. A premissa do treinamento resistido é fortalecer os músculos, melhorar articulações e ossos e potencialmente corrigir problemas posturais. e desequilíbrios musculares, e também pode servir para reabilitar e/ou prevenir hematomas e doenças hipocinéticas (Oliveira; Neves, 2023).

As atividades físicas estão intimamente relacionadas à saúde dos órgãos, à saúde mental e à qualidade de vida, e essas atividades possuem princípios relacionados ao treinamento, como o princípio da bioindividualidade, que estabelece que todo mundo é diferente e tem suas próprias características,como hereditariedade, relação com o ambiente, habilidades, que influenciam a forma de desenvolvimento individual, de modo que o corpo e seus elementos devem ser adaptados a cada tipo de pessoa e às suas necessidades (Silva, 2022).

A musculação dispõe de um grande número de modalidades de treino e de uma variedade de métodos, que têm o potencial de promover melhorias significativas na saúde e na qualidade de vida, bem como prevenir o aparecimento de algumas doenças e, com um acompanhamento correto, otimizar adequadamente os programas de exercícios de forma individual (Oliveira; Neves, 2023).

Apesar de todos esses benefícios, o treinamento de força mal elaborado pode causar danos ao praticante, portanto a prescrição do treinamento e a avaliação física devem ser baseadas no conhecimento adquirido através do histórico médico, avaliação antropométrica e avaliação postural (Viddia, 2019).

Ao desenvolver qualquer tipo de programa de treinamento, deve-se considerar a personalidade biológica de cada pessoa; não existe um modelo de treinamento que sirva para todos. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar necessariamente para outra. É importante individualizar a avaliação e determinação da formação dos alunos. Mesmo que os objetivos sejam os mesmos, cada corpo exige um tipo diferente de cuidados e exercícios (Alves; Modesto; Souza, 2021).

4.2 Principais tipos e causas de lesões desportivas 

Apesar de todos os seus benefícios, a musculação ainda é uma prática que pode causar lesões, exacerbações e sintomas musculoesqueléticos entre os praticantes. A maioria das lesões resulta de treinamento de resistência inadequado e sobrecarregado devido a falhas na orientação ou execução no campo atlético (De Araújo, 2023).

Entende-se por lesão as alterações teciduais decorrentes da ruptura de fibras musculares ou de tecido tendinoso, seguida de dor ou desconforto e que leva à disfunção muscular e articular ou mesmo à interrupção das atividades realizadas. Entre os tipos de lesões no ambiente esportivo, existem duas distinções básicas: lesões musculares e lesões ósseas (Motal et al., 2022).

As lesões ósseas estão diretamente relacionadas às articulações e podem evoluir para disfunções articulares envolvendo as articulações associadas. O tecido ósseo passa por um processo de regeneração durante a recuperação. No tecido muscular, o processo de reparação das fibras é dividido em três etapas: destruição, reparação e remodelação (Santana, Da Silva, Sampaio, 2020).

Lesões musculares ou distensões musculares são alterações musculoesqueléticas caracterizadas por rupturas de fibras, junções músculo-tendinosas ou inserções ósseas. Mais de 90% das lesões são de natureza contusiva ou distensão, em que a força exercida durante a execução provoca estiramento excessivo das fibras, podendo levar à ruptura. No caso de distensões, a recorrência é observada geralmente em relação aos músculos superficiais da articulação (De Araújo, 2023).

Em um estudo realizado por Oliveira; Neves, (2023), 55,6% dos atletas jovens que participaram do estudo relataram ter sofrido uma lesão ou ter lesões recorrentes, o que demonstra a preocupação com a condição devido ao potencial de afastamento da musculação, bem como os danos à saúde desses atletas. Entre as lesões relatadas estavam: fraturas 2,8%, luxações 19,4%, tendões 11,2%, entorses 13,9%, distensões 19,4% e outras. Dor musculoesquelética e outros sintomas associados a esforços repetitivos, força excessiva e movimento insuficiente durante o exercício, são todas marcas registradas de algumas lesões esportivas como sendo lesões por esforços repetitivos (Mota et al., 2022).

Podem ocorrer lesões por erros de execução, sobrecarga ou falta de supervisão profissional. Portanto, além de procurar atendimento especializado para tratamento adequado durante a recuperação de uma lesão, pode fazer com que o praticante interrompa a atividade física ou até mesmo o trabalho. Em casos extremos, o tratamento da lesão pode até exigir cirurgia. Curiosamente, entre os fatores que levam as pessoas a desistirem do condicionamento físico, como falta de tempo, serviços profissionais precários, falta de equipamentos para exercícios, cansaço, etc., também pode ser apontada a ocorrência de lesões (Chagas et al., 2019).

Entre os fatores relacionados que podem levar à lesão, a fadiga muscular é particularmente proeminente quando está relacionada ao mau funcionamento dos nervos motores, das junções neuromusculares, do sistema nervoso ou dos mecanismos contráteis. A alimentação também é um fator influenciador relacionado às lesões, ressaltando a importância da coordenação entre o treinamento e a alimentação adequada para suprir as necessidades energéticas do organismo, proporcionando assim melhores níveis de desempenho e desenvolvimento muscular, auxiliando no correto fortalecimento e recuperação de danos musculares (Motal et al., 2022).

A extensão da lesão é determinada pela duração e intensidade do exercício, sendo que atividades excêntricas e de resistência explosiva tendem a apresentar maior risco de lesão devido a movimentos que combinam alongamento e força muscular (Chagas et al., 2019).

As lesões musculares são classificadas de acordo com a carga corporal em lesões leves (Grau I), moderadas (Grau II) e graves (Grau III). Distensões e/ou hematomas de grau I são caracterizados por edema e/ou desconforto, o dano é limitado a algumas fibras musculares e a dor não resulta em perda significativa ou muito limitada de função durante o movimento, mas o praticante sempre precisa ter cuidado para continuar a se exercitar com segurança para evitar maiores danos ou danos a outras funções saudáveis. Distensões e/ou hematomas de grau II apresentam dano muscular relativamente grande, função contrátil prejudicada do músculo afetado, pequenas lacunas (defeitos musculares) que podem ser palpadas e formação de pequenos hematomas (Motal et al., 2022).

4.3 Estratégias e prevenção para lesões desportivas 

O maior problema causado pela atividade física é o risco de lesões articulares e musculares, que segundo Santana, Da Silva e Sampaio (2020) são causadas pela falta de acompanhamento profissional, pela sobrecarga, excesso de carga ou má postura, falta de alongamento ou aquecimento, bem como pela falta de orientação dos profissionais que podem levar a lesões e problemas posturais que causam dor e desconforto ao praticante e, em alguns casos, a necessidade de afastamento para um período específico de recuperação.

Mesmo que a musculação seja conhecida por seus inúmeros benefícios, de acordo com Brito et al., (2021), é importante que os praticantes sejam monitorados por profissionais com treinamento e qualificação suficientes, como profissionais de educação física e/ou fisioterapeutas. Esses profissionais devem garantir que os objetivos dos indivíduos sejam alcançados e que nenhum dano físico ocorra como resultado da prática. 

O profissional de educação física é responsável por criar, implementar, avaliar e monitorar programas de exercícios, bem como fornecer melhorias na aptidão física e psicomotricidade. Por meio de estudos físicos e fisiológicos para fornecer recomendações específicas. A avaliação física é crucial neste contexto, porque permite que você desenvolva um regime de exercícios personalizado, identifique potenciais fatores de risco e problemas físicos que podem levar a lesões (Soares; Damasceno, 2023).

O médico exerce um papel fundamental na prevenção de lesões desportivas em academias de musculação, atuando principalmente na avaliação pré-participação. Essa etapa é essencial para identificar condições clínicas que possam predispor o praticante a lesões ou complicações de saúde durante os treinos. Ao realizar exames físicos e, quando necessário, solicitar exames complementares, o médico consegue orientar sobre os limites individuais de esforço, ajudando na personalização dos treinos de forma segura (Farias et al., 2023).

Além da avaliação inicial, o médico também colabora com outros profissionais da saúde, como educadores físicos e fisioterapeutas, para desenvolver estratégias integradas de prevenção. Isso inclui a orientação sobre o aquecimento adequado, a importância da recuperação entre os treinos, a correção da postura e a atenção à execução dos exercícios. Com essa abordagem multidisciplinar, é possível reduzir significativamente o risco de lesões musculares, articulares e tendíneas, promovendo a saúde e o desempenho físico do praticante (De Oliveira; Soares; Machado Filho, 2023).

Outro papel importante do médico nesta prática é o educativo, ao conscientizar os praticantes sobre os riscos do uso inadequado de substâncias como anabolizantes, além de reforçar hábitos saudáveis relacionados à alimentação, sono e manejo do estresse. A presença ativa do médico nas estratégias de prevenção nas academias contribui para um ambiente mais seguro e eficaz, no qual os objetivos dos alunos podem ser alcançados com responsabilidade e saúde (Farias et al., 2023).

O retorno às atividades deve ser lento e cuidadoso, respeitando o tempo médio de recuperação de quatro semanas. Nas distensões e/ou contusões de Grau III, a equimose muscular é evidente, o dano se estende por toda a seção transversal do músculo, a dor é acentuadamente intensa e a perda de função é evidente. Nestes casos, devido à gravidade da lesão, é necessária uma reabilitação contínua, sendo o tempo médio de recuperação de quatro meses, e mesmo depois disso, o praticante pode sentir dores e desconfortos ao retornar à atividade, que devem ser monitorados continuamente (Siewe et al., 2014).

Tanto homens como mulheres acreditam que a orientação profissional pode desempenhar um papel importante na prevenção de lesões. Mostra que as lesões na musculação ocorrem devido ao treinamento incorreto, resultando na falta de conhecimento esportivo por parte do praticante. Portanto, fica evidente a importância de ter um profissional ativo presente durante os treinos individuais na sala de musculação. O profissional precisa ter qualificação suficiente e conhecimentos específicos antes de realizar intervenções adequadas como correção e execução postural (Pradella, 2020).

Ao analisar os vários estudos considerados, é aparente que o treinamento de força adequado tem o potencial de levar a benefícios e reduzir a probabilidade de lesões futuras. É crucial buscar aconselhamento profissional de especialistas sobre o desenvolvimento de um regime de treinamento personalizado, esses especialistas levaram em consideração a diversidade biológica de cada indivíduo. Como resultado, é recomendado que aqueles envolvidos no treinamento de força reconheçam o valor de uma abordagem adequada, que se concentre na execução adequada dos exercícios, no controle de pesos e na supervisão profissional (Farias et al., 2023).

5. CONCLUSÃO

Esta pesquisa foi conduzida por meio de um estudo bibliográfico que abrangeu a frequência, os principais tipos e causas de lesões em praticantes de musculação em academias, e também identificou estratégias eficazes para prevenção de lesões. Os resultados demonstram que, embora a musculação seja uma prática comum recomendada por seus inúmeros benefícios fisiológicos, emocionais e funcionais, ela também traz um risco significativo ao sistema musculoesquelético, especificamente quando realizada sem supervisão adequada.

As lesões mais comuns são causadas por distensões musculares, tendinopatias, entorses e lesões articulares, todas tipicamente causadas por sobrecarga, execução incorreta do exercício, falta de aquecimento e falta de supervisão de um profissional. Como resultado, o valor da avaliação física pré-participação, planos de treinamento individualizados, supervisão constante por profissionais qualificados, bem como educação em saúde destinada ao praticante são aumentados.

Como resultado, acredita-se que a musculação, quando conduzida com orientação adequada e em conjunto com cuidados e condições individualizadas, é um método poderoso para promover a saúde e prevenir doenças. Entretanto, sua prática segura é baseada principalmente em uma abordagem multidisciplinar de cunho científico e que leva em consideração as especificidades de cada indivíduo, essa abordagem visa minimizar os riscos de lesões e maximizar os resultados funcionais.


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1Acadêmico do Curso de Bacharelado em Medicina da Faculdade de Tecnologia de Teresina – CET. E-mail: franciscokeando@gmail.com 
2Acadêmico do Curso de Bacharelado em Medicina da Faculdade de Tecnologia de Teresina – CET. E-mail: pabloaugusto553@gmail.com  
3Professor do Curso de Bacharelado em Medicina da Faculdade de Tecnologia de Teresina – CET, – Residência médica em: Ortopedia e Traumatologia – Hospital Nossa Senhora do Pari, HNSP, Brasil. Doutorado em Medicina (Ortopedia, Traumatologia e Reabilitação – Universidade de São Paulo. E-mail: isanio@uol.com.br