LENTES DE CONTATO DENTAL: PROBLEMAS E RISCOS. UMA REVISÃO DE LITERATURA

DENTAL CONTACT LENSES: PROBLEMS AND RISKS. A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11061877


Noême Rodrigues Cruz,
Núbia Gomes Ramos,
Lorâine Perez Manzoli


RESUMO: 

Introdução: As lentes de contato dental são restaurações indiretas ultrafinas que recebem esse nome pela semelhança em sua espessura e translucidez. Sendo assim, necessitam de mínimo desgaste dentário ou até mesmo nenhum para devolver estética e função, obedecendo ao atual princípio da odontologia restauradora de priorizar tratamentos conservadores. Mesmo com todos devidos benefícios é importante destacar os riscos da lente de contato dental. Em linhas gerais, os problemas podem ocorrer a partir da falta de experiência dos profissionais e a negligência durante exames e planejamento clínico do procedimento. Objetivo: A presente revisão de literatura tem como objetivo analisar e descrever o conceito das lentes de contatos dentarias relatando sobre os problemas e riscos de sua má adaptação e utilização. Revisão Bibliográfica: As lentes de contato dental destacam-se por serem uma opção bastante conservadora, necessitando de mínimo desgaste ou nenhum desgaste, preservando o remanescente. Sem o conhecimento dos princípios básicos da estética dental e o domínio da técnica, o profissional tem a tendência de cometer falhas que levarão ao insucesso do procedimento restaurador. É de suma importância que o profissional tenha a previsibilidade do tratamento, por isso é fundamental um bom planejamento do caso para que possíveis falhas sejam minimizadas. Considerações finais:  É concluído que o mal planejamento e execução dos procedimentos, seja por falha da técnica ou falta de habilidade do profissional pode acarretar diversos problemas e riscos. Cuidados devem ser tomados na realização da técnica e do preparo das lentes de contato, que muitas vezes são ignorados pelos cirurgiões-dentistas, sendo atitudes como estas que acabam acarretando falhas.

Palavras Chaves: Lentes de contato dental; estética dental; riscos; problemas.

ABSTRACT:

Introduction: Dental contact lenses are ultra-thin indirect restorations that get their name from the similarity in their thickness and translucency. Therefore, they need minimal or even no tooth wear to restore aesthetics and function, obeying the current principle of restorative dentistry of prioritizing conservative treatments. Even with all the benefits, it is important to highlight the risks of dental contact lenses. In general, problems can occur from the lack of experience of professionals and negligence during examinations and clinical planning of the procedure. Objective: The present literature review aims to analyze and describe the concept of dental contact lenses, reporting on the problems and risks of their poor adaptation and use. Literature Review: Dental contact lenses stand out for being a very conservative option, requiring minimal or no wear at all, preserving the tooth remnant and reproducing subtle differences in shape, position and texture. Without knowledge of the basic principles of dental aesthetics and mastery of the technique, the professional has the tendency to make mistakes that will lead to the failure of the restorative procedure. It is of paramount importance that the professional has the predictability of the treatment, so it is essential to have good case planning so that possible failures are minimized. Final Thoughts: It is concluded that the poor planning and execution of the procedures, whether due to failure of the technique or lack of skill of the professional, can lead to several problems and risks. Care must be taken in the performance of the technique and preparation of contact lenses, which are often ignored by dentists, and attitudes such as these end up leading to failures.  

Key words: Dental contact lenses; dental aesthetics; risks; problems,

1 INTRODUÇÃO

As lentes de contato dental são restaurações indiretas ultrafinas que recebem esse nome pela semelhança em sua espessura e translucidez como as lentes de contato oftalmológicas, podendo ter 0,2 a 0,5 milímetros de espessura. Sendo assim, necessitam de mínimo desgaste dentário ou até mesmo nenhum para devolver estética e função, obedecendo ao atual princípio da odontologia restauradora de priorizar tratamentos conservadores (ALVES et al., 2016; OKIDA et al., 2016; OLIVEIRA, 2018; MORAES, et al., 2018). São aderidas aos dentes com a intenção de alterar forma, contorno, proporção e cor. No decorrer do tempo, os tratamentos estéticos se tornaram cada vez mais procurados em clínicas odontológicas de todo o país. Segundo a Sociedade Brasileira de Odontologia e Estética entre os anos de 2015 e 2018, o cuidado estético com os dentes cresceu mais de 300%. De fato, que entre os procedimentos mais realizados, as lentes de contato dental são as mais procuradas pelos pacientes, especialmente por sua finalidade.

Este tipo de restauração consiste no revestimento da superfície vestibular do esmalte dentário por um material restaurador, fortemente aderido ao dente através dos mais recentes avanços dos sistemas adesivos. A restauração pode ser executada tanto pela técnica direta através do uso de resina composta quanto pela técnica indireta através da cerâmica (FURTADO et al., 2018).  

O tratamento com lentes e facetas deve ser indicado após a constatação de que os dentes, gengivas e outros componentes da cavidade bucal estão saudáveis”, acrescenta Isabella Neme Ribeiro dos Reis, dentista, especialista em periodontia, implantodontia e prótese dentária pela FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo).  Por outro lado, as lentes de contato não são indicadas quando a questão estética pode ser resolvida com outros tratamentos, como clareamento dental ou ortodontia, por exemplo. Também não é recomendado para dentes muito “destruídos” ou restaurados, em que facetas mais espessas ou coroas resolveriam o problema.   

E no leque de pesquisas que se abriu desde então, os estudos sobre lentes de contato dentais em geral aparecem em destaque por sua fundamental importância, já que hoje ter um sorriso bonito não é apenas uma questão de saúde bucal, mas também de autoestima. Baseado nisso, é importante analisar qual eficácia, longevidade e vantagens que as lentes de contato dentais proporcionam aos pacientes (REZENDE, 2016).

Ainda que, exista uma centena de benefícios, é importante destacar os riscos da lente de contato dental. Em linhas gerais, os problemas podem ocorrer a partir da falta de experiência dos profissionais e a negligência durante exames e planejamento clínico do procedimento.

O objetivo desta presente revisão de literatura consiste em analisar e descrever o conceito das lentes de contatos dentarias relatando sobre os problemas e riscos de sua má adaptação bem como seu papel dentro da odontologia como material funcional e estético.

2 METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado através de uma pesquisa de revisão bibliográfica, com o objetivo de reunir artigos, trabalhos acadêmicos e dissertações relacionados a lentes de contato dental, tendo como foco os seus riscos, problemas, limitações e estética dos pacientes. As buscas das publicações foram realizadas nas seguintes bases de dados: Google scholar, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Lilacs ou BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia). As seguintes palavras-chaves foram pesquisadas: Lentes de contato; estética dental; riscos; problemas e laminados cerâmicos.

Os artigos escolhidos forma publicados entre os anos de 2003 e 2022.

Os critérios de inclusão foram por artigos e dissertações que abordam as lentes de contatos dental ligado a seus riscos. Como critérios de exclusão foram descartados estudos que não estavam disponíveis na integra ou que não eram relacionados ao tema da pesquisa bibliográfica.

3 REVISÃO DE LITERATURA

Sem o conhecimento dos princípios básicos da estética dental e o domínio da técnica, o profissional tem a tendência de cometer falhas que levarão ao insucesso do procedimento restaurador, ou seja, tanto em facetas diretas quanto indiretas (FOLGUERAS et al., 2019). É de extrema importância que o profissional tenha a previsibilidade do tratamento, por isso é fundamental um bom planejamento do caso para que possíveis falhas sejam minimizadas. Para minimizar as taxas de erro no preparo facial, recomenda-se a utilização de um protocolo que facilite seu preparo. Grandes taxas de erros são relatadas no momento do preparo dentário, seja nas margens indefinidas, seja na profundidade para se obter uma espessura adequada (CHALEGRE, 2017). 

Identificar as contraindicações, vantagens e desvantagens dessa técnica também fazem parte de um bom planejamento do caso. São contraindicados quando o preparo não permite a preservação de pelo menos 50% do esmalte e quando as margens não estão totalmente localizadas dentro do esmalte. Também, nos casos em que o paciente apresenta oclusão inadequada, sobremordida, bruxismo e outros hábitos parafuncionais (SILVA et al., 2018).

3.1 Lentes de Contato Dental

Atualmente, a Odontologia está mudando suas tendências, além do cuidado com a saúde bucal, a procura vem aumentando em relação ao tratamento estético de dentes sadios. Os pacientes procuram ter o sorriso perfeito, devido principalmente à influência dos meios digitais. Para atender essas exigências estéticas atuais, as pesquisas avançam e surgem novos materiais e novas técnicas para a melhoria das propriedades físicas e mecânicas de resinas, cerâmicas e agentes de união. Em meio a esse desenvolvimento de novos materiais, surgiram as facetas de cerâmicas, e mais recentemente, tornaram-se populares as lentes de contato dental, que são laminados cerâmicos ultrafinos. Essa técnica foi possível devido ao desenvolvimento das cerâmicas prensadas e fresadas (CAD /CAM), reforçadas por Leucita ou Dissilicato de lítio, permitindo a confecção de peças de cerâmicas extremamente finas (DA SILVA et al., 2018).

As lentes de contato dentais são indicadas para os seguintes casos: fechamento de diastemas, correções da borda incisal, em dentes fraturados, dentes conóides, dentes com perda de esmalte por lesões não cariosas rasas, quando há indicação do aumento no volume vestibular e em coroas com oclusão lingualizadas, restaurações na dimensão incisal para melhorar a função, restauração oclusal, correção de inclinação de dentes contralaterais, dentes resistentes ao clareamento e microdontia (BISPO et al.,2009; SKRIPNIK et al.,2016; LIMA et al.,2017). 

Deve ser salientado que o protocolo clínico tem de ser individualizado e o tratamento só deve ser indicado quando se tem real necessidade do procedimento, buscando sempre manter o máximo das estruturas dos dentes naturais. 

Em relação ao preparo para lentes de contato, inicialmente não se fazia preparo dental, ou seja, utilizava-se de uma odontologia não invasiva, porém, como desvantagem no resultado os dentes pareciam muito volumosos, provocava irritação do tecido gengival, o que levou a técnica do não preparo cair em desuso (RADZ et al., 2011). Entretanto, é possível realizar lentes de contato dental sem preparo algum, porém em casos específicos, onde há espaço para cerâmica, quando a estrutura dentária não apresenta zonas de retenção, e quando a condição periodontal e de higiene são adequadas (DA SILVA et al, 2018). 

Entre as vantagens dos laminados está sua boa estética e aceitação, não prejudicando o periodonto, e seu preparo minimamente invasivo. Muitos casos facetados e laminados podem ser feitos sem anestesia local. Entre as desvantagens estão a dificuldade no preparo do dente, o tempo até o preparo da peça e sua fragilidade antes de ser cimentada, pois qualquer descuido pode causar trincas e/ou fraturas (BOITELLE et al., 2019).

3.2 Riscos da aplicação de Lentes de Contatos Dentárias 

Um dos principais riscos da aplicação dessas lentes de contato é o desgaste dos dentes, que é realizado antes da sua colocação. Esse desgaste pode ser feito tanto com o uso de ácidos, quanto com lixas, e o objetivo é preparar a superfície do dente para receber a prótese. Isso pode provocar infiltrações e infecções, e inclusive a perda de um ou mais dentes, quando o processo não é feito da forma adequada. 

Além disso, é importante salientar que existem vários outros riscos onde é observado no quadro 01 alguns deles. As informações do quadro foram retiradas de pesquisas bibliográficas e artigos relacionados a lentes de contatos dentais e riscos.

Quadro 01. Riscos X Causas

RISCOSCAUSAS
IInfecções das gengivasSe porventura a lente for colocada erroneamente, como consequência aumenta os riscos de infecções na gengiva, causando doenças periodontais como gengivite e periodontite.
IIRejeição do organismoEmbora seja um evento raro a lente pode ser rejeitada pelo organismo, devido a reações alérgicas a certos materiais utilizados nas confecções das lentes, causando dor, inchaço e outras complicações
IIIAcúmulo de placaAs lentes podem dificultar a higiene bucal adequada do paciente, levando ao acúmulo de placas bacterianas, especialmente nas áreas ao redor das bordas da lente. As lentes cobrem partes dos dentes naturais, devido a esse fator faz com que crie espaços onde a placa pode se acumular, aumentando outros riscos como a cárie.
IVLesões na bocaHá uma certa possibilidade de machucar a boca e as gengivas enquanto o paciente dorme, onde resulta em feridas, sensibilidades e até mesmo algumas dores.
VDanos na    arcada dentária
(Cárie)
As lentes de contato dental mal adaptadas ou mal cuidadas podem causar cáries devido ao acúmulo de placa bacteriana ao redor das lentes. Essas áreas podem ser mais difíceis de limpar, o que facilita o desenvolvimento de cáries. Além disso, se as lentes não estiverem bem ajustadas, podem permitir a infiltração de resíduos alimentares e bactérias, contribuindo para o desenvolvimento de cáries nos dentes naturais.
VIManchas ostensivasA superfície dentária é uma região extremamente sensível a manchas, principalmente diante do uso constante de antibióticos ou pelo contato excessivo com flúor presente nos cremes dentais. Em função do comprometimento do esmalte, a cor escura pode aparecer com maior intensidade, dificultando o processo de clareamento profissional e, consequentemente gerando um impacto visual negativo no sorriso.
VIIAplicabilidade do tratamentoÉ fundamental que os dentes naturais estejam dispostos de forma razoavelmente alinhada. Isso se dá por conta da aplicação do material, que é indicado para correções com pouca intensidade. Pacientes que possuam dentes tortos, com restaurações dentárias com o uso de resinas, por exemplo, não podem receber esse tipo de tratamento.
VIIIInviabilidade de cores clarasA cor das lentes é um aspecto importante para muitos pacientes que procuram por esse tipo de tratamento. Contudo, a utilização de técnicas para promover lâminas com branco intenso promove um tratamento sem naturalidade e extremamente artificial. Por conta disso, o tratamento com facetas de porcelana se torna uma opção mais viável e indicada, já que se trata de um material mais versátil.
IXPode se tornar um procedimento difícil 
As lentes são bastantes delicadas, embora se trate de um procedimento pouco invasivo, este pode ser considerado um dos trabalhos mais difíceis da odontologia por conta do material utilizado. Demasiadamente frágil e melindrosa, qualquer descuido por parte do profissional poderá impactar negativamente no resultado, já que as lentes são pouco espessas e aquelas de qualidade superior podem ser inacessíveis para alguns públicos.
3.3 Problemas periodontais causados por lentes de contato mal adaptadas.

O Espaço Biológico é uma barreira física adjacente à raiz do dente responsável por proteger os tecidos de sustentação do elemento dentário das agressões de bactérias e suas toxinas. Quando ocorre a invasão desse tecido, o organismo promove a reabsorção do tecido ósseo de sustentação para compensar o espaço perdido. Os componentes dos tecidos supracrestais estão localizados na parte interna do tecido gengival, circundando o dente, onde sua integridade é mantida por uma dimensão biológica, fundamental para a saúde dos elementos dentários. Os aspectos fisiológicos dos tecidos gengivais supracrestais, que compreendem, epitélio juncional e inserção conjuntiva, bem como suas medidas biológicas, têm sido amplamente estudados. 

Ressalta-se que os procedimentos restauradores devem sempre visar a preservação do órgão dentário, bem como a integridade biológica do periodonto. A presença dos dentes naturais depende, sobretudo, dos tecidos periodontais de proteção e sustentação, que, entre muitas outras funções, também apresentam papel fundamental na estética do sorriso (PEREIRA et al., 2014; PADBURY et al.,2014).

Os problemas periodontais causados por lentes de contato mal adaptadas podem ser bastante sérios. Segundo um estudo do Repositório Universitário da Ânima (RUNA), o mal planejamento e a execução inadequada dos procedimentos, seja por falha da técnica, falta de habilidade do profissional, ou desrespeito aos tecidos supracrestais , prejudicam o periodonto1. Isso pode resultar em recessões, quadros inflamatórios e sangramento. Além disso, os descuidos como excesso de cimento, indicações incoerentes, preparos inadequados, invasão do espaço biológico, ajuste oclusal incorreto e acompanhamento deficiente podem levar a diversos problemas periodontais, como inflamação gengival, sangramento espontâneo, halitose, vermelhidão, perda de inserção, recessão gengival e até reabsorção óssea alveolar.

As lentes de contatos dentais não devem irritar e comprometer a saúde dos tecidos periodontais. Frota et al., (2017).  Respostas periodontais adversas resultam em:

  • Colocar as margens gengivais muito profundamente no sulco gengival.
  • Laceração dos tecidos gengivais durante a preparação.
  • Folheados provisórios mal ajustados.
  • Folheados sobre contornados ou mal ajustados.
  • Superfícies de porcelana desgastadas ou pouco vidradas que entram em contato com os tecidos gengivais.
  • Remoção incompleta do excesso de cimento resinoso.
  • Restaurações com talas que interferem na boa higiene. 

ARAUJO (2016) e BARBONI (2021) indicam a priorização da saúde periodontal na realização de técnicas restauradoras estéticas. Conjuntamente com os cuidados adequados na preservação do espaço biológico, suas características estruturais e ausência de sobrecontorno do laminado cerâmico, elas evitam danos à saúde do periodonto.

Por fim, é importante destacar que o diagnóstico incorreto e um planejamento inadequado permitem que situações mais graves ocorram. As lâminas, quando mal adaptadas e com excessos, podem provocar inflamações graves, levando ao acúmulo de bolsas de pus no tecido gengival.

3.4 Problemas e Soluções

Alguns dos pacientes que solicitam lentes de contato dental apresentam várias restaurações de cimento ou compósito classe III grandes e defeituosos que não serão cobertos na superfície lingual pelo FC. O dentista e o paciente devem avaliar o gasto relativo de tempo, dinheiro e esforço envolvido na substituição destes antes da estratificação, em comparação com a colocação de uma coroa que os remove ou cobre, eliminando essas restaurações de qualquer consideração posterior (LIMA et al., 2017). 

Hábitos destrutivos, como o bruxismo, exercem grande pressão sobre os dentes restaurados. As facetas que alongam os dentes anteriores apresentam um risco muito alto de fratura, a menos que os dentes posteriores sejam alongados de forma semelhante para restaurar a dimensão vertical perdida do paciente. Quando folheados são colocados nos dentes de pacientes com bruxismo, proteções são frequentemente indicadas para prevenir fraturas futuras (ANDRADE et al., 2019).

O tratamento estético odontológico frequentemente inclui mudanças no comprimento e / ou forma dos dentes. Essas mudanças têm consequências funcionais e fonéticas. Um paciente pode querer que o comprimento incisal de todos os dentes anteriores superiores seja o mesmo. Restaurar os dentes dessa maneira pode criar interferências oclusais, particularmente na protrusão lateral. Isso pode causar desconforto, fratura incisal das facetas ou desgaste destrutivo dos dentes opostos. O paciente muitas vezes não consegue prever ou compreender esse conflito entre estética e função (CABRAL et al., 2017).

É interessante que seja lembrado que as lentes precisam ser cuidadas adequadamente para garantir sua durabilidade e evitar problemas de saúde bucal.    Em primeiro lugar, é importante enfatizar que as lentes de  contato  dental  não  são  indestrutíveis e podem quebrar ou lascar. Por isso, é fundamental que o paciente evite morder objetos duros, como canetas ou unhas, e evite alimentos muito duros, como nozes ou gelo.  Além disso, o paciente deve evitar o consumo excessivo de alimentos e bebidas ácidas, como refrigerantes, sucos de frutas e vinagre, pois esses ácidos podem corroer a superfície das lentes (GUARDA JND,et al., 2021). É imprescindível manter uma boa higiene bucal para evitar problemas de saúde bucal como a acumulação de placa bacteriana. Isso pode ser alcançado através da escovação dos dentes duas vezes ao dia, pelo menos, e do uso diário do fio dental para remover os restos de alimentos e a placa bacteriana entre os dentes. Nesse sentido, é importante lembrar que a placa bacteriana pode se acumular em torno das lentes de contato dental, o que pode levar a cáries dentárias e infecções (SILVA KP,et al., 2021).

Em resumo, é sabido que as lentes de contato dental podem trazer uma estética e resultado excepcionais, mas é exigido cuidados especiais tanto do paciente quanto do cirurgião dentista. Assim evitando que haja problemas e riscos na colocação e no uso das lentes, fazendo com que não só o paciente tenha as suas expectativas realizadas, mas também o cirurgião dentista.

3.4.1 Folheados laminados de porcelana (FLP) 

Os folheados laminados de porcelana foram introduzidos pela primeira vez na profissão odontológica em 1983 por Faunce, Horn e Calamia. Desde então, se tornaram um método popular de tratamento dentário estético. Eles geralmente são mais duráveis do que folheados de resina composta e, quando formados e colocados corretamente, são indistinguíveis dos dentes naturais. A luz atravessa e reflete de um dente restaurado com um laminado de porcelana quase da mesma forma que com um dente natural não restaurado (CAMARGO, 2018). Os problemas ocorrem quando o verniz é inadequadamente selecionado como o modo de tratamento, ou quando alguns aspectos de fabricação ou colocação são menos do que o ideal. Os problemas mais frequentemente encontrados com facetas de porcelana são: falha em atender às expectativas estéticas do paciente, fratura ou perda da restauração ou consequências periodontais adversas após a colocação (ANDRADE et al., 2019).

O fato é que o uso de facetas de porcelana, inclui muitos sucessos e fracassos, o que deve ser altamente considerável a cada paciente. Um determinante muito importante do sucesso estético e estrutural a longo prazo da faceta de porcelana é a configuração do dente preparado, particularmente a localização das margens proximais. Ao preparar um dente para uma faceta laminada, o dentista tem três opções para posicionar as margens proximais: labial para o contato proximal, na metade do contato ou lingual para o contato (PERSCH e SOUSA, 2017).

4 DISCUSSÃO

Os problemas mais frequentemente encontrados com facetas de porcelana são: falha em atender às expectativas estéticas do paciente, fratura ou perda da restauração ou consequências periodontais adversas após a colocação (ANDRADE et al., 2019).

Para assegurar a eficácia do tratamento com lentes  de  contato  dentais,  é  imprescindível  que  todos  os aspectos sejam avaliados  com atenção e que todas as etapas sejam rigorosamente cumpridas. Isso inclui um diagnóstico preciso, análise completa da saúde dental e facial, levando em consideração as expectativas do paciente.  Além disso, é  fundamental  realizar  uma  avaliação  da  saúde  bucal  com  a  realização  de  exames complementares  como  odontograma,  periograma,  fotografias  extra  e  intraorais,  radiografias  periapicais. Durante a fase de planejamento, é crucial avaliar a posição da linha média do sorriso, alinhamento dos dentes, posição da borda incisal, oclusão, alteração de cor, quantidade de esmalte remanescente, posição dos lábios e forma de contorno desejada dos dentes (ARAÚJO HF, et al., 2020).

A construção do sorriso deve levar em consideração não somente a estética, mas a funcionalidade e principalmente a saúde do paciente. A interação entre a dentística e a periodontia contribui para o sucesso e a longevidade dos casos. Para FELIPE et al., (2013) é necessário que ocorra um exame periodontal do paciente antes de executar o procedimento, avaliar a gengiva, extensão da gengiva livre inserida, textura, cor e papila interdental, pois cada dente tem uma margem gengival diferente, e precisa ser avaliada para ser feita a faceta. Assim, evitará que ocorra uma invasão do espaço biológico causando danos aos tecidos periodontais.

A procura por lentes de contato dental está mais em alta no mercado odontológico devido as técnicas mais avançadas e conservadoras, pois elas apresentam desgastes mínimos ao tecido dentário. Na busca por tratamentos menos invasivos surgiram as lentes de contato dental, que que tem por definição laminados cerâmicas ou resinosos com espessuras ultrafinas, visto que são a melhor opção para manter a estrutura dental e obter resultados mais harmônicos. Os laminados cerâmicos promovem grande durabilidade e estética, dando-lhes melhorias na cor, forma e posição do dente. Mesmo tendo aparência frágil, após etapa de cimentação passam a ter grande resistência, a fim de suportar as forças mastigatórias, dando assim grande durabilidade (BERNADON et al., 2019). 

Segundo BARATIERI et al. (2013), as consequências da invasão dos tecidos supracrestais durante procedimentos restauradores são: inflamação gengival, mesmo com controle satisfatório de placa, sensibilidade gengival a estímulos mecânicos, recessão como forma fisiológica de remodelação e formação de bolsa periodontal. Os tecidos supracrestais, atuam como uma barreira de proteção do dente. Nesta barreira está presente o fluido crevicular, que através de sua interação entre o biofilme bacteriano aderido à superfície do dente, e as células do periodonto, neutralizam as bactérias. Sendo assim, a invasão desse espaço gera uma resposta inflamatória do tecido periodontal (MARQUES, 2018).  

De acordo com um artigo do Edital Concursos Brasil, a lente dentária pode ser rejeitada pelo organismo, causando dor, inchaço e outras complicações. A lente dentária é um revestimento muito fino que pode ser colocado na superfície dos dentes para melhorar a aparência dos dentes, a harmonia do sorriso, deixar os dentes mais brancos ou corrigir irregularidades nos dentes, deixando-os com aspecto natural. No entanto, a colocação de lentes nos dentes aumenta o risco de cárie dentária devido à pressão na arcada dentária. Além disso, qualquer imperfeição existente antes do tratamento pode se tornar mais visível. É importante considerar o risco da saúde associado às lentes nos dentes.

O planejamento da reabilitação oral precisa envolver não só a necessidade estética, mas também a saúde oral do paciente, sendo necessária uma consulta minuciosa para que se possa analisar se há presenças de lesões cariosas, doença periodontal, tratamento endodôntico a ser feito e entre outros, tão logo através do condicionamento do meio bucal o cirurgião dentista poderá promover uma reabilitação estética e funcional de qualidade e longínqua se seguir todas as orientações (HIRATA ET AL., 2014; QUEIROZ, 2015; GOUVEIA ET ALl., 2018). BARATIERI, 2010 ressalta que o paciente tem o compromisso de cuidado orientado pelo cirurgião dentista.

Para realização de restaurações estéticas, um periodonto saudável é sempre preconizado. Deve-se tomar todos os cuidados possíveis relacionado ao espaço biológico, pois ele atua como proteção dentária e vedante biológico através do fluido crevicular, que neutraliza as bactérias presente na cavidade bucal (FELIPE, 2013; MARQUES, 2018; BORBA, 2021). O biotipo delgado é mais sensível e vulnerável a agressões, sendo preparos subgengivais contraindicados nestes casos, devido ao alto risco de inflamações e recessões gengivais ocasionando exposições das margens gengivais dos preparos.

Entretanto, términos cervicais subgengivais com biotipo gengival espesso tem um alto índice de sucesso, preservando também o meio periodontal interno (MARQUES, 2018; BORBA, 2021, ISHIKIRIAMA et al., 2014). ISHIKIRIAMA et al., (2014) complementa que a gengiva possui um espaço de 0,5 milímetros denominado sulco gengival, onde, a peça protética consegue ficar mais bem adaptada.

Uma vantagem das lentes de contato  dentais  é  sua  resistência  adesiva,  que  permite  uma  aderência  segura à estrutura dental. Após o procedimento de cimentação, as lentes ficam firmemente fixadas aos dentes e podem suportar as forças mastigatórias sem apresentar problemas. No entanto, é importante ressaltar que, embora sejam resistentes, as  lentes  de  contato  dentais  exigem  cuidados  e  manutenção  adequados  para garantir sua durabilidade (ANDRADE OS, et al., 2013).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente a presente revisão de literatura apresentada, pode-se concluir que o mal planejamento e execução dos procedimentos, seja por falha da técnica ou falta de habilidade do profissional pode acarretar diversos problemas e riscos. É fato que os laminados cerâmicos vêm revolucionando a estética na odontologia, devido a suas características muito próximas ao esmalte natural e sua duração incrível com o passar dos anos. 

Cuidados devem ser tomados na realização da técnica e do preparo das lentes de contato, que muitas vezes são ignorados pelos cirurgiões-dentistas, sendo atitudes como estas que acabam acarretando falhas. Essas falhas são identificadas com indicações incoerentes, excesso de cimento, acompanhamento deficiente, técnica de preparo inadequado e devido a possuir muito conhecimento técnico, podendo levar a vários problemas não só estéticos, mas problemas severos periodontais.  

6 REFERÊNCIAS
  1. BARBONI, K. G. Problemas periodontais ocasionados pelo insucesso das lentes de contato: Relato de caso. Centro Universitário de Maringá. Maringá/PR, 2020.
  2. OLIVEIRA, F. P. Vantagens e limitações do uso das lentes de contato dental: revisão de literatura. Bahia, 2018. 55f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Faculdade Maria Milza. Bahia, 2018.
  3. SANTANA, B. (2022, junho 17). O que é a lente de contato dental, quais as vantagens e desvantagens da técnica. Smilink; Smilink: Alinhadores Transparentes.https://www.smilink.com.br/o-que-e-a-lente-de-contato-dentalquais-as-vantagens-e-desvantagens-da-tecnica.
  4. OLIVEIRA, T.G. Harmonização estética do sorriso com lentes de contato – Relato de caso clínico. 39F. 2018. Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul. Porto Alegre, 2018.
  5. ALVES, B. (2021, janeiro 6). Lentes de contato dental precisam que dente seja desgastado; tire dúvidas. Com.br. https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/06/lentes-de-contatodental-quando-colocar-quais-os-riscos-tire-duvidas.htm.
  6. Entenda os principais riscos da lente de contato dental. (2019, junho 4). Reference Smile – Clínica Odontologia e Estética. https://referencesmile.com.br/riscos-dalente-de-contato-dental/
  7. DR. PAULO BERNARDO (2021, MAIO 25) O que é odontologia estética e quais os principais procedimentos). https://drpaulobernardo.com.br/odontologiaestetica.
  8. BARBONI, Ketlen Gomes. Problemas periodontais ocasionados pelo insucesso das lentes de contato: Relato de caso. 20f. 2020. Unicesumar – Universidade Cesumar: Maringá 2020.