LASERTHERAPY FOR THE TREATMENT OF MUCOSITIS IN PATIENTS WITH ORAL SQUAMOUS CELL CARCINOMA: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12439883
Samila Maria Ferreira Correia1, Maria Luiza Leite dos Santos2, Nicole França de Vasconcelos3, Luciana Abreu Sousa4, Diogo de Alencar Muniz5, Nágila Souza Silva6, Maria Gislane Gomes de Matos7, Nívia Delamoniky Lima Fernandes8, Francisco Henrique Melo Amaral9, Jefferson Douglas Lima Fernandes10
RESUMO
A mucosite oral, é uma complicação comum em pacientes submetidos a tratamentos oncológicos, que pode resultar em dor intensa, dificuldade para engolir e consequente impacto na qualidade de vida. A laserterapia tem sido explorada como uma potencial abordagem no tratamento da mucosite oral em pacientes com carcinoma de células escamosas oral. Esta revisão examina estudos recentes sobre o uso da laserterapia nesse contexto específico. O objetivo do presente estudo é analisar a aplicabilidade da laserterapia na mucosite oral em pacientes com carcinoma de células escamosas oral submetidos a radioterapia e quimioterapia de cabeça e pescoço. A revisão bibliográfica deste trabalho envolveu a análise de publicações indexadas nos bancos de dados eletrônicos SCIELO, LILACS, BVS e PubMed, publicadas entre os anos de 2014 a 2024, utilizando como descritores: “laser therapy AND oral mucositis AND treatments AND squamous cell carcinoma“. A aplicação da laserterapia mostra-se promissora na redução da severidade da mucosite, alívio da dor e aceleração da cicatrização das lesões na mucosa oral. A análise prévia dos estudos revela uma tendência consistente de resultados positivos associados à laserterapia, destacando sua eficácia na melhoria dos sintomas e na capacidade dos pacientes se alimentarem de forma mais confortável. Além disso, a laserterapia vem sendo considerada uma técnica segura, com poucos relatos de efeitos adversos significativos. No entanto, a heterogeneidade nos protocolos de tratamento e a falta de estudos de longo prazo são limitações que requerem atenção. Destarte, a laserterapia apresenta-se como uma abordagem promissora no tratamento da mucosite em pacientes com carcinoma de células escamosas oral, com resultados satisfatórios dos pontos de vista clínico e funcional, oferecendo alívio dos sintomas e aceleração da recuperação, proporcionando ao paciente melhor qualidade de vida. No entanto, a consolidação de evidências e a padronização dos protocolos são cruciais para sua implementação clínica consistente e eficaz.
PALAVRAS-CHAVE: Laserterapia. Mucosite oral. Tratamento Odontológico. Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço.
1 INTRODUÇÃO
O câncer de boca corresponde a 3% dos casos de câncer no mundo, sendo considerado um problema de saúde pública associado a taxas de morbidade e mortalidade significativas (Coca-Pelaz et al., 2018; Bray et al., 2018). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para o ano de 2030 estima-se uma incidência de 27 milhões de casos (Torres et al., 2016). No Brasil, para o triênio 2023-2025 é estimado uma incidência de cerca de 15.100 casos. Para homens estima-se 10.900 novos casos, sendo o quinto tipo de câncer mais comum; e para mulheres a previsão é de 4.200 novos casos, ocupando a décima primeira colocação neste grupo populacional (INCA, 2023).
O perfil epidemiológico dos indivíduos acometidos pelo câncer oral está bem definido na literatura. A doença acomete mais frequentemente homens, com mais de 40 anos, fumantes, com baixa escolaridade e de baixa renda. O sítio anatômico mais acometido é a língua, e o carcinoma de células escamosas oral (CCEO) vem a ser o tipo histológico mais comum (Rutkowska et al., 2020).
Quanto às abordagens terapéuticas para o câncer oral, as opções são cirurgia, radioterapia e quimioterapia, as quais podem ser aplicadas isoladamente ou de forma combinada, a escolha da melhor abordagem terapêutica será escolhida de acordo com o estágio e a localização do tumor. O plano de tratamento é definido e realizado, em geral, por uma equipe multiprofissional com base no estado clínico e patológico da neoplasia. A cirurgia é eleita como a primeira opção terapêutica, mas a radioterapia e a quimioterapia podem ser escolhidas em casos de tumores em estágios avançados em que o tratamento cirúrgico pode ocasionar sequelas consideráveis e comprometimento da qualidade de vida (Genden et al., 2010; Larizadeh, et al., 2012; O’sullivan H, 2013).
Dentre os efeitos adversos mais comuns da radioterapia com ou sem quimioterapia associada, especialmente para o câncer de boca, está a Mucosite Oral (MO), observada em 75-91% dos casos de pacientes submetidos a radioterapia e/ ou quimioterapia (Reolon et al., 2017; El Mobadder et al., 2019). No caso do CCEO, a mucosite é uma complicação frequente devido à sensibilidade das células epiteliais da mucosa oral aos efeitos desses tratamentos (Lacerda-Santos; Neto; De Vasconcelos Catão, 2019).
A mucosite é caracterizada pela inflamação e ulceração da mucosa oral, levando a sintomas como dor intensa, dificuldade para engolir e, em casos mais graves, comprometimento da alimentação e da qualidade de vida do paciente. Esses sintomas podem resultar na necessidade de interrupção ou redução da dose do tratamento oncológico, o que pode comprometer a eficácia do combate ao câncer (Rabelo; Guedes, 2023).
Segundo parâmetros da OMS, que leva em consideração os aspectos clínicos e funções orais do paciente, a mucosite oral é classificada nos seguintes graus: Grau 0 (sem alterações na mucosa), Grau 1 (irritação ou eritema), Grau 2 (eritema e lesões ulcerativas que ainda permitem uma dieta sólida), Grau 3 (lesões ulcerativas em que o paciente se restringe a uma dieta líquida) e Grau 4 (alimentação oral não é possível) (Medeiros et al., 2013).
Vale salientar que as consequências negativas da mucosite oral em pacientes com câncer não se restringe à dor e às consequências físicas, também se estende a outras particularidades da qualidade de vida, como os aspectos psicológicos e sociais (Lalla et al., 2014; Barkokevas et al., 2015). Além disso resultam em um custo econômico significativo para os serviços de saúde (Lalla et al., 2014).
Assim, por ser uma consequência bastante comum nos tratamentos de radioterapia e quimioterapia do câncer de cabeça e pescoço, diversas modalidades terapêuticas têm sido propostas para prevenir e tratar a mucosite oral. Dentre elas, tem ganhado destaque a utilização da laserterapia de baixa potência, também chamada de fotobiomodulação (Zadik et al., 2019; Rezk-Allah et al., 2019; El Mobadder et al., 2019; Kusiak et al., 2020).
O uso da laserterapia em pacientes oncológicos com mucosite oral é conhecido pela sua disposição em provocar efeitos biológicos por meio de procedimentos fotofísicos e bioquímicos, ampliando o metabolismo celular. Muitos anos de estudos e pesquisas gerenciadas in vitro, estudos realizados em animais e, posteriormente, ensaios clínicos em humanos, ofertaram uma quantidade relevante de informações sobre os mecanismos associados ao tratamento com laser de baixa potência e os benefícios que podem ser atingidos na prática clínica (Hamblin et al., 2018; Romangnoli et al., 2017). À proporção que estimula a atividade mitocondrial, o laser efetua ação antiinflamatória, analgésica e de cicatrização das lesões na mucosa (Figueiredo et al., 2013). O laser age na prevenção e tratamento da mucosite oral para que ocorra manutenção da integridade da mucosa (Medeiros et al., 2013).
À vista disso, é significativa a importância do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional de um hospital oncológico visando ao diagnóstico, à prevenção, ao manejo da mucosite oral além de outras complicações bucais. Os cuidados odontológicos devem ser direcionados para propiciar e manter a integridade do tecido e prevenir complicações bucais, melhorando a qualidade de vida, diminuindo o tempo de internação hospitalar e os custos com o tratamento (Sasada, 2013; American, 2018).
Diante do exposto é necessário avaliar a aplicabilidade da laserterapia em pacientes oncológicos submetidos a radioterapia e quimioterapia de cabeça e pescoço e quais os protocolos em laserterapia são utilizados no tratamento de mucosite oral, tendo em vista o impacto dessa alteração na qualidade de vida desses pacientes.
Objetiva-se por tanto, analisar a aplicabilidade da laserterapia na mucosite oral de pacientes com CCEO submetidos a radioterapia e quimioterapia de cabeça e pescoço, através de revisão de literatura integrativa.
2 METODOLOGIA
Este artigo constituiu uma análise qualitativa, fundamentada em uma revisão bibliográfica de caráter exploratório e descritivo. Segundo Gil (2008), a pesquisa de revisão bibliográfica se baseia em material já existente, principalmente em livros e artigos científicos. Por sua vez, a abordagem exploratória permite uma maior imersão no tema, ampliando o conhecimento do pesquisador e esclarecendo conceitos e ideias. No aspecto descritivo, o objetivo foi desenvolver e elucidar conceitos, contribuindo para a formulação de problemas mais precisos. No processo de elaboração algumas etapas foram rigorosamente seguidas:
2.1 Etapa 1: Identificação do tema, seleção das hipóteses e questões da pesquisa
A mucosite oral, frequentemente associada a tratamentos como radioterapia e quimioterapia, representa um desafio significativo para pacientes com CCEO. Essa condição pode resultar em dor intensa, dificuldade para se alimentar e até interrupção do tratamento oncológico, afetando a qualidade de vida desses pacientes.
A hipótese central é que a laserterapia pode oferecer benefícios na redução da severidade da mucosite, alívio da dor e aceleração do processo de cicatrização em pacientes com carcinoma de células escamosas oral. A laserterapia, por sua capacidade de estimular a regeneração celular e reduzir a inflamação, pode representar uma abordagem promissora para melhorar o conforto e a resposta ao tratamento desses pacientes.
A questão de pesquisa subjacente a esta revisão buscou compreender o estado atual das evidências científicas sobre a laserterapia no tratamento da mucosite em pacientes com CCEO. Tendo como pergunta norteadora: A laserterapia funciona em pacientes oncológicos que estão submetidos a radioterapia ou quimioterapia de cabeça e pescoço e quais os protocolos em laserterapia são utilizados no tratamento de mucosite oral?
Além disso, procurou-se avaliar a consistência dos resultados entre os estudos, identificar possíveis lacunas de conhecimento e sugerir direções para futuras pesquisas nessa área.
2.2 Etapa 2: Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão
A revisão bibliográfica deste trabalho envolveu a análise de publicações indexadas nos bancos de dados eletrônicos SCIELO, LILACS, BVS e PubMed. Os descritores utilizados na busca foram: Laserterapia; mucosite; tratamentos; carcinoma de células escamosas / “laser therapy AND oral mucositis AND treatments AND squamous cell carcinoma“.
Como critério de inclusão, foram considerados apenas artigos completos de acesso livre, publicados em português e inglês nos últimos dez anos (2014-2024), que atendam às questões da pesquisa. Foram excluídos artigos que não estavam disponíveis integralmente e desalinhados com a temática de estudo, além de relatos de casos clínicos, resumos de congressos e artigos incompletos. Os dados relevantes foram extraídos e organizados em fichas e planilhas específicas para a análise, utilizado como ferramentas EndNote e o Google Sheets.
Os artigos selecionados, de acordo com os critérios estabelecidos, ficaram mantidos em pastas para uma análise mais detalhada. Após a seleção baseada nos critérios de inclusão e exclusão, os artigos puderam ser minuciosamente revisados, sendo selecionados aqueles que melhor se adequaram ao tema abordado.
2.3 Etapa 3: Definição das informações extraídas dos estudos selecionados e categorização de estudos
Na análise dos estudos selecionados sobre o uso da laserterapia no tratamento da mucosite em pacientes com CCEO, várias informações cruciais puderam ser extraídas para compreender a eficácia e os efeitos dessa abordagem terapêutica.
2.3.1. Características dos Estudos:
– Identificação dos artigos selecionados, incluindo autor (es), ano de publicação, periódico científico, metodologia empregada e amostra estudada.
– Tipo de estudo (ensaios clínicos, revisões sistemáticas, coortes, etc.).
2.3.2. Protocolo de Laserterapia:
– Parâmetros utilizados na laserterapia (comprimento de onda, potência, duração, frequência das sessões, etc.).
– Descrição do procedimento de aplicação da terapia a laser na mucosite oral.
2.3.3. Avaliação dos Resultados:
– Redução da severidade da mucosite oral após a laserterapia.
– Efeitos na dor experimentada pelo paciente.
– Taxa de cicatrização das lesões na mucosa oral.
– Impacto na capacidade de alimentação e qualidade de vida do paciente.
2.3.4. Segurança e os Efeitos Adversos
– Relato de efeitos colaterais ou adversos associados à laserterapia.
– Avaliação da segurança e tolerabilidade do tratamento.
2.3.5. Comparação com Outras Intervenções
– Comparação da eficácia da laserterapia com outras abordagens terapêuticas utilizadas para tratar a mucosite oral em pacientes com CCEO.
2.3.6. Conclusões e Recomendações
– Síntese dos resultados encontrados nos estudos selecionados.
– Recomendações dos autores para a prática clínica e direções para pesquisas futuras.
Categorizar os estudos baseados em suas metodologias e resultados encontrados permite uma análise comparativa, identificando padrões consistentes ou discrepâncias nos achados. Essas informações ajudaram a entender melhor a eficácia da laserterapia, sua aplicabilidade clínica e seu potencial como uma estratégia terapêutica para a mucosite em pacientes com CCEO.
2.4 Etapa 4: Aspectos éticos
O trabalho assegura que os aspectos éticos foram respeitados, utilizando as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para as citações e referências dos autores, prezando pela legalidade das informações. Também respeitando a Lei de Direitos Autorais, Lei n°9.610/1988, protegendo as propriedades intelectuais dos autores, visando exclusivamente a coleta de dados dos artigos para obtenção de resultados para o tema proposto.
3 RESULTADOS
O levantamento inicial das palavras-chave, por meio das bases de dados, indicou 86 artigos. Após a primeira filtragem dos 86 estudos, constatou-se 29 artigos duplicados, os quais foram previamente removidos. Dos 57 artigos, excluiu-se 39 de acordo com critérios de exclusão, onde artigos que não estavam disponíveis na integra; relatos de casos clínicos e resumos de congressos não entrariam no estudo, além da exclusão de mais 10 artigos por não responderem à questão da pesquisa, obtendo-se ao final 8 artigos inclusos na revisão (FIGURA 01).
Figura 01. Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.
Os artigos foram organizados em um quadro no qual foram destacados por título, citados os autores e ano de publicação, além do continente no qual os estudos foram realizados, como também os protocolos utilizados e a conclusão para a questão da aplicabilidade e eficácia da laserterapia no tratamento da mucosite oral (QUADRO 01).
Nesta revisão, ponderou-se ampliar a pesquisa analisando dados de diferentes tipos de estudos, abrangendo Estudo de Coorte, Estudo Randomizado, Ensaio Clínico, Revisões Sistemáticas e Meta-análise.
Por esta revisão, os estudos mostram a utilização de fontes de LED como forma de prevenção e tratamento para a mucosite oral, podendo ser realizada tanto na forma intra como extra oral. A medida dos comprimentos de onda usualmente variam de 632,8nm a 970nm, média estipulada de acordo com os 8 estudos, e em relação a potência do laser, essas medidas tiveram alterações entre 50 e 500 mW, enquanto a densidade de energia variou de 4 a 6,5 J/cm 2, sem maiores especificações de um protocolo pré-estabelecido, onde em alguns casos o tratamento com laserterapia foi descrito sem deixar claro no estudo muitos desses dados, indicando apenas que foram realizadas aplicações do laser em qualquer intensidade, potência, comprimento de onda, densidade de energia e horário, deixando lacunas que dificultam a compreensão dos protocolos realizados e a definição do melhor tratamento com a terapia a laser para mucosite oral em pacientes oncológicos.
Os dados do quadro 1 demonstram que no decorrer dos anos, não houve nenhuma mudança significativa com relação à potência ou densidade dos lasers utilizados, se mantendo comumente as mesmas, sendo estas melhores especificadas nos estudos mais recentes dos últimos cinco anos. Ademais, comparando os resultados encontrados, os estudos mostram que existe uma visível e comprovada melhora no quadro clínico e na qualidade de vida dos pacientes que estão sendo submetidos ao tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia após algumas sessões de laserterapia, ou mesmo quando essa terapia é realizada previamente a esses tratamentos, não sendo relatado nenhum efeito adverso em decorrência dessas intervenções.
Quadro 01. Resultados dos estudos incluídos e dados de publicação.
RESULTADOS DOS ESTUDOS INCLUÍDOS E DADOS DE PUBLICAÇÃO
4 DISCUSSÃO
As primeiras decorrências da radioterapia e da quimioterapia antineoplásica ocorrem sobre as células do epitélio oral, as quais sofrem rápida proliferação. As manifestações na integridade oral devem-se à realidade de que a radioterapia e a quimioterapia são incapazes de destruir as células tumorais sem lesionar células sadias. Essas consequências geralmente diferenciam-se a cada paciente dependendo das variantes do tratamento, do tumor e do próprio paciente. A radioterapia e a quimioterapia são constantemente indicadas para estas neoplasias malignas, sendo realizadas previamente ou posteriormente à intervenção cirúrgica ou até mesmo em ambos os momentos. A escolha está na dependência do estado da neoplasia, localização e condição geral do indivíduo (Paiva et al., 2010; Floriano et al., 2017).
A mucosite oral é uma das manifestações orais mais comuns e temidas, causada pela radioterapia e quimioterapia na região de cabeça e pescoço. O conjunto de sintomas da mucosite oral tem impacto inevitável na qualidade de vida dos pacientes e no seu desejo de continuar o tratamento, tendo um impacto negativo sobre eles (Bonomi et al., 2015), ou seja devido à dor intensa e a sensação de queimação que é um elemento significativo da mucosite oral, disfagia, disartria, odinofagia, além do que as lesões orais oferecem um excelente ambiente para infecções oportunistas que podem ser infecções eventualmente fatais, como septicemia em casos de pacientes neutropênicos; além de vir a ter um impacto negativo no atraso da administração de radioterapia e/ou quimioterapia, diminuição da dose dos quimioterápicos (Gholizadeh et al., 2016).
A questão da pesquisa desta revisão, buscando compreender as evidências científicas sobre laserterapia no tratamento da mucosite em pacientes com CCEO investigou quais os protocolos utilizados no tratamento de pacientes oncológicos que estão submetidos a radioterapia ou quimioterapia de cabeça e pescoço que apresentaram algum grau de mucosite oral e de acordo com esses estudos se tais protocolos de fato funcionam, destacando a importância da realização de uma pesquisa que além de investigar esses protocolos também realizasse um comparativo da eficiência dos mesmos.
Tendo como base os resultados dos estudos demonstrados no quadro 1, os autores reafirmam a eficácia da utilização do laser de baixa potência como forma terapêutica ou profilática sendo indicado para pacientes em tratamentos oncológicos como afirma Realon L Z et al; (2017), em seu estudo comprovando uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, principalmente uma redução nas queixas de dores após as sessões de laserterapia.
Sánchez-Martos R; Lamdaoui W and Arias-Herrera S. (2023), aponta que a utilização do laser de baixa potência reduz a incidência de Mucosite Oral de grau mais grave induzida por radioterapia ou quimioterapia. Além de reduzir a duração média da MO severa e a dor. Já de acordo com Cronshaw M et al; 2020, em sua análise, considerou que o efeito da laserterapia embora diminua a sintomatologia dolorosa nesses pacientes, não oferece resultados consideráveis, apenas um ganho clínico discreto, destacando como falha a falta de consenso na realização dos protocolos da terapia a laser.
No contexto da laserterapia de forma profilática, Oberoi S et al; (2014), enfatiza que independente da forma administrada ou mesmo da potência e intensidade utilizada o laser preventivo reduz a mucosite grave em pacientes oncológicos, também sendo este um assunto abordado por Neves L J et al; (2021) em seu estudo de coorte, onde comprovou-se que pacientes que foram submetidos a terapêutica preventiva obtiveram redução no grau de severidade da Mucosite Oral em relação aos pacientes que não realizaram a terapia profilática.
Deste modo com base nos estudos fica evidente os benefícios da utilização do laser de baixa potência tanto durante o tratamento radio/quimioterápico de pacientes com CCEO, como previamente de maneira profilática, buscando a diminuição dos efeitos adversos na cavidade oral provenientes do tratamento oncológico. Entretanto, o estudo não encontrou na literatura um protocolo pré-estabelecido, levando em consideração a variedade dos protocolos encontrados principalmente com relação ao tipo de laser utilizado, a densidade e potência dos mesmos, além da questão do tempo de aplicação omitidos em muitos dos estudos, informações essas de extrema relevância para a identificação do protocolo mais indicado para o tratamento e prevenção da mucosite oral.
5 CONCLUSÃO
Mesmo com os resultados positivos sobre os benefícios das intervenções à laser, é imprescindível realizar mais estudos a longo prazo para comprovar totalmente a eficácia da laserterapia odontológica no tratamento da mucosite oral em pacientes com câncer. Essa técnica adicional pode de fato ser um grande avanço no alívio dos sintomas adversos decorrentes do tratamento oncológico e consequentemente oferecer uma melhora significativa na qualidade de vida desses indivíduos, porém é crucial seguir investigando e aprimorando seus usos clínicos, registrando os protocolos em estudos mais específicos, no intuito de que os melhores protocolos clínicos sejam comprovados e estabelecidos.
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1Discente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. E-mail: samilaferreira02@gmail.com Orcid iD: https://orcid.org/0009-0006-1630-0042
2Docente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. E-mail: maria.luiza@fied.edu.br
3Docente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. E-mail: nicole.franca@fied.edu.br Orcid iD: https://orcid.org/0009-0005-2299-1727
4 Docente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. Email: luciana.abreu@fied.edu.br Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-6510-6947
5 Discente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. Email: d.alencarm@gmail.com Orcid iD: https://orcid.org/0009-0007-2032-3236
6 Discente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. Email: nagilasouza009@gmail.com CPF: 078.623.213-75
7 Discente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. Email: gslngms39@gmail.com Orcis iD: https://orcid.org/0009-6673-9301
8Graduanda em odontologia do Centro Universitário UNINTA, Sobral (CE), Brasil. Email: delamonikynivia@gmail.com Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-8439-2117
9 Docente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. E-mail: francisco.henrique@fied.edu.br
10 Docente da Faculdade Ieducare – FIED, Tianguá (CE), Brasil. E-mail: jefferson.odonto97@gmail.com Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-5231-3813