CERAMIC LAMINATES AND ITS APPLICABILITY IN TEETH REANATOMIZATION: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7991610
Júlio César Naves Silva1
Aquila Adônes Guimaraes Damasceno Messias2
Patrícia Rezende dos Reis Oliveira3
Resumo
Introdução: A utilização de laminados cerâmicos atualmente apresenta grande aplicabilidade e aceitação na Odontologia, em razão da possibilidade de restabelecer um sorriso harmônico, assim como a biocompatibilidade aos tecidos e mínimo desgaste dentário. Objetivo: Evidenciar, por meio de uma revisão de literatura, os principais achados sobre a aplicação dos laminados cerâmicos na odontologia, suas indicações e contra indicações, forma de preparo, materiais utilizados na cimentação e causas de insucessos. Metodologia: Realizou uma busca exploratória nas plataformas Scielo, Google Acadêmico, LILASCS e PubMed, levando em consideração o intervalo de tempo de 2015 a 2023, com as palavras chaves e combinações respectivamente laminados cerâmicos (laminated ceramic), facetas (facets) e odontologia estética (esthetics dentistry), and e on. Resultados: Os laminados cerâmicos são bastante utilizados em região de dentes anteriores, principalmente, aqueles que apresentam condições adequadas e indicadas para seu uso. Seu desgaste normalmente é apenas em região de esmalte aprismático, sem comprometimento de dentina. Durante o seu preparo, deve-se ser cauteloso no processo de diagnóstico, elaboração do plano de tratamento, preparo e cimentação do dente e da peça, a fim de obter sucesso na longevidade dos laminados, tendo em vista que os maiores insucessos estão na fase de cimentação. Conclusão: Os laminados cerâmicos surgiram como alternativa de substituição de técnicas mais invasivas, adotando então uma filosofia de mínimo desgaste dentário. Com isso, é considerada uma técnica sensível, mas quando seguido todo o protocolo, apresenta bom prognóstico, longevidade e sucesso.
Palavras chaves: Laminado cerâmico. Odontologia Estética. Odontologia.
Abstract
Introduction: The use of ceramic laminates currently has wide applicability and acceptance in dentistry, due to the possibility of restoring a harmonious smile, as well as biocompatibility with tissues and minimal tooth wear. Objective: To show, through a literature review, the main findings on the application of ceramic laminates in dentistry, their indications and contraindications, preparation method, materials used in cementation and causes of failures. Methodology: An exploratory search was carried out on Scielo, Google Scholar, LILASCS and PubMed platforms, taking into account the time interval from 2015 to 2023, with the keywords and combinations respectively laminated ceramics (laminated ceramic), facets (facets) and cosmetic dentistry (esthetics dentistry), and and on. Results: Ceramic veneers are widely used in the region of anterior teeth, especially those that present adequate and indicated conditions for their use. Its wear is usually only in the aprimatic enamel region, without compromising the dentin. During its preparation, care must be taken in the diagnostic process, elaboration of the treatment plan, preparation and cementation of the tooth and the piece, in order to obtain success in the longevity of the laminates, bearing in mind that the greatest failures are in the phase of cementation. Conclusion: Ceramic veneers emerged as an alternative to replace more invasive techniques, thus adopting a philosophy of minimal tooth wear. Thus, it is considered a sensitive technique, but when the entire protocol is followed, it has a good prognosis, longevity and success.
Keywords: Ceramic laminate. Cosmetic Dentistry. Dentistry.
INTRODUÇÃO
A busca pela harmonia do sorriso através de métodos mais conservadores, com máxima preservação tecidual e mínimo desgaste, vem se difundindo amplamente e tornando- se familiar aos pacientes com exigências estéticas cada vez maiores (MENEZES et al. 2015). De forma similar a Odontologia, centralizada na estética facial, também evolui em um ritmo acelerado e a cada dia novas técnicas e novos materiais estão disponíveis para o tratamento de pacientes que buscam reabilitações estéticas e funcionais (RACHOR, 2022).
Os laminados cerâmicos, popularmente conhecido como “lentes de contato”, englobam fragmentos cerâmicos extremamente finos e envolvem um recurso estético que pode ser empregado satisfatoriamente, pois elas constam de restaurações realizadas fruto de preparações minimamente invasivas em que inexiste preparo dental, quando o dente já apresenta redução de esmalte, ou é feito preparo dental mínimo (MENEZES et al. 2015). Nelas pode-se dispor de propriedades estéticas e mecânicas viáveis, que atendem aos requisitos funcionais e estéticos e conjuntamente pode-se realizar condutas odontológicas com menor tempo, uma vez que ou inexiste a realização de preparos dentais ou realiza-se preparos dentais mínimos. (RACHOR, 2022). Além disso, apresentam boa biocompatibilidade com os tecidos dentais (RIBEIRO et al. 2022).
Com a evolução dos materiais e técnicas em odontologia bem como o advento da retenção adesiva, passaram a ser adotados preparos extremamente conservadores, realizando mínimo desgaste, ou dependendo do caso o não preparo (ZAVANELLI et al. 2015). O desenvolvimento de peças de cerâmicas reforçadas tornou possível realizar facetas com pequenas espessuras, entre 0 e 0,7 mm (RACHOR, 2022). Atualmente, restaurações com laminados cerâmicos são considerados previsíveis em termos de longevidade, resposta periodontal e satisfação do paciente. (SHETTY, 2011).
Tendo em vista as evoluções dos biomateriais Odontológicos e a prática da mínima intervenção as estruturas biológicas do órgão dental, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura integrativa sobre a aplicabilidade dos laminados na odontologia (1), indicações e contraindicações (2), preparo da estrutura dentária (3), os materiais empregados na cimentação (4) e as causas dos insucessos (5).
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura integrativa de artigos disponíveis nos principais bancos de dados sobre a temática laminados de cerâmica. Para isso, realizou-se uma busca exploratória nas principais plataformas bibliográficas que fornecem materiais de relevância e gratuitamente no contexto saúde, como Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico, Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (LILACS) e PubMed, levando em consideração o intervalo de tempo de 2015 a 2023. Para as buscas, utilizou as seguintes palavras chaves e combinações booleanas, respectivamente: laminados cerâmicos (laminated ceramic), facetas (facets) e odontologia estética (esthethics dentistry), and e on.
Como critério de inclusão, adotou-se aos trabalhos que apresentavam disponibilidade de acesso na íntegra, artigos no idioma inglês e português, artigos que estivessem no intervalo de tempo preconizado e artigos coniventes com os objetivos da revisão. Enquanto na exclusão, artigos que não estivessem disponíveis gratuitamente na íntegra, apenas parcialmente, que não estava conivente com os objetivos e foram do intervalo de tempo preconizado.
Após a leitura na íntegra de todos os artigos selecionados 12, realizou-se a construção dos resultados e a discussão com base nesses trabalhos.
REVISÃO DE LITERATURA
1. LAMINADOS EM CERÂMICA DIRETO E INDIRETO
A busca contínua pelo sorriso perfeito, estabelecido pelos padrões de beleza da sociedade, pelos pacientes no século XXI proporcionaram grande avanço nos materiais odontológicos, principalmente, aqueles que propiciam naturalidade, biocompatibilidade, preservação das estruturas dentárias e longevidade (RACHOR, 2022). Levando em consideração todos esses fatores, os laminados vêm sendo trabalhado como alternativa de indicação em dentes que apresentam grande comprometimento, sejam eles na sua coloração, formato, tamanho e função (MENEZES et al. 2015).
Dentre as diversas formas de tratamentos para o restabelecimento da estética, seja ela anterior ou posterior, direta ou indireta, os laminados de cerâmicos, também conhecidos como facetas de porcelana ou lentes de contato, destacam-se pela viabilidade de proporcionar mínima intervenção no desgaste de estruturas dentárias, principalmente, o esmalte dentário, estrutura essa que uma vez desgastada ou perdida total é impossível sua neoformação, quando comparado a outras formas de tratamento, como as coroas totais (SOUZA et al. 2016).
O facetamento dos laminados pode ser confeccionado de duas formas, sejam eles diretas ou indiretas, onde o tipo de escolha do tratamento será de acordo com as condições dentárias, nível de destreza do cirurgião-dentista, expectativas do paciente e conhecimento científico do procedimento e materiais empregados (MENEZES et al. 2015). Essa faceta, independente da forma de confecção, estará em íntimo contato com a face vestibular do dente envolvido por meio de ligação de um material restaurador, ligado, fortemente, ao sistema adesivo adequado e assim mantendo sua ligação e adesividade ao substrato dentário (GALVÃO et al., 2020).
O facetamento direto apresenta algumas vantagens quando comparado a indireta, como a confecção pelo próprio cirurgião-dentista, o controle direto, baixo custo, adaptação e forma da faceta e, principalmente, reversibilidade e tentativas possíveis imediata do material sobre o dente (ABRANTES et al. 2019). No entanto, de acordo com Ghilardi e Lopes (2009), a utilização do facetamento direto com uso de resinas compostas torna-se um procedimento cansativo, desgastante e dificultoso restabelecimento da forma, consonância da adaptação do término do preparo, cor e perfil de emergência. Por essas condições, Andrade et al., (2019) relata que, deve-se levar em consideração o grau da situação clínica dos dentes envolvidos para a escolha da técnica, sendo ela direta ou indireta.
A utilização do facetamento pela técnica indireta apresenta algumas características clínicas importantes como alto grau de biocompatibilidade com o substrato, preservação da cor escolhida, propriedades ópticas semelhantes a estrutura dentária, propriedades biomecânicas compatíveis e semelhantes com a do órgão dentário (SOUZA et al. 2016). No entanto, é uma técnica que antes da sua realização, deve-se levar em consideração o binômio risco-benefício, como a irreversibilidade dos dentes preparados, mesmo que mínimo, possíveis sensibilidade dentárias, os desgastes de dentes da arcada dentária para assim a melhor adaptação, o aparecimento de fraturas longitudinais e o alto custo, quando comparado pela técnica direta (ABRANTES et al. 2019). Além disso, o tempo de preparo é maior, tendo em vista que é uma técnica que precisa da fase laboratorial e a utilização de provisórios.
2. INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
Entre os diversos protocolos de tratamentos reabilitador com o objetivo de restabelecer a estéticas dos dentes, sejam eles anteriores e posteriores, os laminados cerâmicos descartam-se para o tratamento dos dentes anteriores, tendo em vista sua menor capacidade de desgastar estruturas dentárias sadias, quando comparado a outras intervenções mais invasivas, como o caso das coroas totais (GALVÃO et al. 2020). Dessa maneira, levando em consideração a odontologia minimamente invasiva, torna-se uma técnica que pode ser empregada para diversas funcionalidades, principalmente, as que precisam reconstituir forma, cor, função e bem-estar (SOUZA et al. 2016).
A indicação para o uso dos laminados em cerâmicas, surgiu como proposta de substituição, quando possível, técnicas mais invasivas, como a de coroa total, ou outros protocolos estéticos que também adotavam desgastes de estruturas dentárias (MENEZES et al. 2015). A indicação dos laminados cerâmicos apresenta uma larga escala de situações, onde é preciso resolver problemas de formato, restaurações pequenas, forma, irregularidades, cores, textura, proporções, anormalidades e função (GALVÃO et al. 2020). Quando levado em consideração as variações de normalidade, bastante comum no cotidiano de consultório, alterações como microdontia, dentes conoides, malformados, espaços e/ou diastemas e giroversões, todas essas situações podem ser resolvidas fazendo uso dos laminados cerâmicos.
Além de todas as positividades de formas e óptica para os laminados em cerâmicas, outras vantagens que podem ser agregadas, como propriedades estruturas semelhantes ao do dente, em física e mecânica, estabilidade de cor e química, boa biocompatibilidade com a estrutura dental, propriedades de resistência quanto ao manchamento, quando comparadas às resinas compostas e fácil polimento (MENEZES et al. 2015). Ademais, por muitas vezes os dentes já apresentarem determinadas diminuições milimétricas em sua superfície, seja ela por algum desgaste, podem ser executadas sem ser necessário nenhum tipo de desgaste ou preparo prévio (SOUZA et al. 2016). Além disso, as facetas de cerâmicas apresentam maior eficiência em adesão e recurso de remoção quando não alcançado o ponto almejado (GALVÃO et al. 2020).
No entanto, os laminados em cerâmica apresentam algumas desvantagens e não recomendações, como a apresentação de um sorriso volumoso, em razão da ausência de desgaste e o material sobre o dente transmitindo essa impressão; a sobressaliência do material nas margens do preparo, o que pode desencadear problemas periodontais futuros; a necessidade de realizar facetas nos dentes vizinhos, tendo em vista a aparência desigual e a desarmonia facial e dentária; e a apresentação de dentes leitoso ou opaco, por razão da utilização de cimentos resinosos que não tem compatibilidade de cor semelhante com os dentes (MENEZES et al. 2015).
Em consonância com as características e limitações citadas anteriormente, a estrutura dentária necessita apresentar propriedades para a aceitação dos laminados em cerâmicos, como por exemplo, não apresentar o dente a ser tratado como suporte para grandes área de cargas oclusais, dentes destruídos cervical mente, dentes com destruição por atrito (bruxismo), extensa destruição coronária e de restaurações, com alterações de cor significativas, quantidade de esmalte para suporte insuficiente, paciente com problemas periodontais e com má higiene são cuidados a serem ponderados e analisados para o preparo dos dentes a receberem os laminados em cerâmicas (OKIDA et al. 2016).
Por essas características dos laminados, tanto vantagens como desvantagens, devem- se levar em consideração o binômio risco-benefício. Além disso, o profissional que irá executar o procedimento, bem como, o paciente, deve estar atento aos critérios e limitações do procedimento odontológico, os quais devem ser avaliados cuidadosamente pré, trans e pós tratamento (MENEZES et al. 2015).
3. PREPARO
Levando em consideração a Odontologia contemporânea, onde visa a mínima intervenção e desgaste das estruturas dentárias, muitos profissionais, sejam eles clínicos gerais e especialistas da área, argumentam sobre a real necessidade de desgaste de estruturas dentárias com finalidade estética (SOUZA et al. 2016). Quando presente a necessidade de intervenção no desgaste, deve-se adotar tratamento que realize o mínimo possível de remoção tecidual, seja ele esmalte, dentina, tecido ósseo e mole (DIAS, 2015). Por essa concepção, a utilização dos laminados cerâmicas tem-se destacado na prática odontológica, tendo em vista que para sua instalação sua intervenção é mínima, e mesmo assim proporciona estética, bem-estar e longevidade (OKIDA et al. 2016).
As primeiras intervenções de tratamento para a utilização das facetas de laminados não faziam uso de preparo dentário, uma vez que realizavam apenas o preparo quimicamente da região do dente, isto é, por meio do condicionamento total da superfície dentária (GALVÃO et al., 2020). No entanto, com avanços nos materiais odontológicos, percebeu-se uma melhor adaptação da estrutura de cerâmica sobre o dente quando realizado um preparo, mesmo que mínimo, na região de esmalte aprismático, saliências na superfície vestibular e também regiões com convexidades, fazendo uso de pontas diamantadas de granulações finas e extra-finas e discos de lixas (ABRANTES et al. 2019).
Os preparos dentários para o recebimento do material cerâmico apresentam uma variação na literatura em sua profundidade, variando de 0 a 0,7mm, onde a média mais utilizada pelos cirurgiões-dentistas está em torno de 0,4mm (DIAS, 2015). Dentre os diversos tipos relatados na literatura, o tipo que apresenta maiores taxas de sucesso compreende o tipo janela (não precisa realizar redução na borda incisal), preparo com cobertura incisal de 2mm e preparo onde não precisa fazer chanfro na palatina (estrutura justaposta), evidenciaram as melhores alternativas para ser adotadas nos dentes que irão receber os laminados, tendo em vista que nessa técnica apresenta melhor resistência a forças oclusais, menores chances de fraturar os laminados (ABRANTES et al. 2019). Com isso, durante o preparo e etapas finais, cuidados devem ser adotados na região de término a fim de estabelecer melhor adaptação e evitar possíveis falhas como o aparecimento da linha de cimentação (ZAVANELLI et al. 2015).
Quando iniciado o preparo dentário para, posteriormente, o recebimento da lâmina sobre a estrutura do esmalte, alguns cuidados devem ser levados em consideração, principalmente, o desgaste insuficiente, desgastes exacerbados, a homogeneidade da superfície e a utilização de materiais adequados, como brocas e técnicas específicas (SOUZA et al. 2016). Existem três técnicas estabelecidas como básicas para a realização do preparo dentário das facetas, sendo a técnica da mão livre, técnica do guia de desgaste com sulcos de orientações e técnica da covinha, onde a mais recomenda e que apresenta maiores taxas de sucesso, compreende a de confecção de sulcos de orientações (MENEZES et al. 2015). Essa técnica, basicamente, realiza a inserção da ponta diamantada tronco-cônica sobre a superfície dentária com a profundidade necessária e de acordo com as condições dentárias, a fim de estabelecer as marcações e posteriormente realize o desgaste e união de todos os sulcos (OKIDA et al. 2016).
4. CIMENTAÇÃO
Tão importante como o processo de preparo do dente, tratamento da superfície dos laminados de cerâmica e do dente, o agente de cimentação é crucial para o estabelecimento do sucesso do tratamento, assim, como a longevidade do tratamento, por essa condição, é um momento que requer etapas na sua execução (GALVÃO et al. 2020). Para isso, o cirurgião-dentista deve escolher um agente ideal para a continuidade do tratamento, no entanto, a escolha do cimento resino, que é o mais recomendado, tende-se a ser difícil, tendo em vista a grande quantidade de marcas e modelos disponíveis no mercado (OKIDA et al. 2016). A escolha errônea do tipo de agente cimentante dos laminados de cerâmicas poderá interferir, principalmente, na longevidade, cor e resistência às forças oclusais (SOUZA et al. 2016).
Antes da realização da cimentação propriamente dita, o cirurgião-dentista deverá realizar todo o tratamento de superfície da cerâmica, para que assim tenha uma melhor adesão entre a superfície da cerâmica e o cimento resinado escolhido (MENEZES et al. 2015). Para isso, normalmente utiliza-se o jateamento de óxido de alumínio ou o condicionamento com ácido hidrofluorídrico sobre na concentração de 2% a 10% com o tempo entre 20 segundos ou 2 minutos, devendo avaliar de acordo com o fabricante, a superfície, a fim de ambos apresentarem rugosidade em suas partes e assim melhor adesão do material de cimentação (ABRANTES et al. 2019). Uma opção para evitar possíveis falhas, é realizar o jateamento de óxido de alumínio e em seguida o condicionamento com ácido hidrofluorídrico sobre (OKIDA et al. 2016).
Não tão diferente do preparo das superfícies dos laminados, os dentes que receberão os laminados em cerâmicas também devem passar por preparo de tratamento de sua superfície (SOUZA et al. 2016). No entanto, para isso, primeiramente, a região do campo operatório deverá ser isolada, a fim de manter toda a região seca e livre de contaminação, fluidos gengivais e, principalmente, saliva (MENEZES et al. 2015). Com toda a região preparada, a superfície dentária deverá ser condicionamento com ácido fosfórico 37% por 15 segundos, lavada, secada e umedecida com o sistema adesivo em toda as suas superfícies, remoção do excesso com jato de ar e fotopolimerização (ABRANTES et al. 2019).
Durante a fase de cimentação, após escolha do tipo de cimento resinoso, seja ele quimicamente ativado ou fotoativado, mais ideal para o caso clínico e todo preparo, o cimento deverá ser aplicado em toda a superfície do laminado de cerâmica, de forma que fique totalmente homogênea e tenha extravasamento (SOUZA et al. 2016). Durante essa cimentação, não é recomendado uma aplicação intensa de força sobre a região, pois essa ação poderá ocasionar trincas nas regiões de margens do laminado (OKIDA et al. 2016). Para evitar possíveis trincas e a necessidade de pressão intensa, alguns autores recomendam a utilização de cimentos fotopolimerizáveis, tendo em vista que pode ser ativado e controlado mais facialmente (SOUZA et al. 2016).
5. INSUCESSOS
Da mesma forma que qualquer outro procedimento na área da odontologia, especialmente, estética, há situações de insucesso do tratamento, seja ele estético, funcional e bem-estar (MENEZES et al. 2015). Situações previamente já instalada aumenta significativamente as taxas de insucesso do tratamento de laminados de cerâmica, como os hábitos parafuncionais (sucção, bruxismo, onicofagia e apertamento), dentes apinhados e com destruição coronária (SOUZA et al. 2016). Além disso, complicações bucais como perda da dimensão vertical de oclusão, gengivites, doenças periodontais, dentes com vestibularização ou giroversões severas, poderão postergar o início do tratamento ou, se não realizado o tratamento correto, o insucesso dos laminados.
Além das condições bucais que poderão interferir no sucesso dos laminados cerâmicos, o preparo do material cerâmico, preparo da peça pelo cirurgião dentista, do dente e os cuidados pelo próprio paciente, poderão intervir no processo de longevidade e, consequentemente, o insucesso dos laminados na cavidade bucal, como por exemplo, erros na moldagem, na produção e incorporação de substratos nos laminados de cerâmica, modelagem dos dentes e cimentação (OKIDA et al. 2016).
Concomitante a longevidade e sucesso dos laminados em cerâmicos, é necessário o correto tratamento e passos dos protocolos que são estabelecidos para a confecção desses itens, tendo em vista que erros, mesmo que considerados insignificantes, poderão promover o insucesso desses laminados, principalmente, no seu tempo de permanência na cavidade bucal (SOUZA et al. 2016). Não obstante, a participação do paciente pode também contribuir para o comprometimento das peças, em razão que caso não tenha um bom selamento da lâmina ao término do preparo e boa higiene, ao longo do tempo, mesmo que poucos casos relatados, pode-se acontecer o desenvolvimento de lesões cariosas em íntimo contato com o dente preparado (OKIDA et al. 2016).
DISCUSSÃO
Dentre as buscas pelos atendimentos odontológicos, a procura pelos tratamentos estéticos tem-se destacado, principalmente, os que estabelecem a cor, formato e tamanho dos dentes (SOUZA et al. 2016). Tendo em vista essas características, a procura pelos laminados cerâmicos está entre um dos mais realizados na odontologia contemporânea, uma vez que é uma alternativa de tratamento que possibilita modificações nos dentes envolvidos e, muitas vezes, como mínimo intervenção de desgaste (MENEZES et al. 2015).
Modificações no tamanho, cor, formato e restaurações com necessidade de serem trocadas compreende como um grupo que tem indicação para serem restauradas com facetas de porcelana. Levando em consideração todas essas indicações, usualmente tem-se usado e destacado a utilização das facetas de porcelanas por apresentar diversas vantagens quando comparado a outros tratamentos, como por exemplo, preparos com pouco desgaste, biocompatibilidade com os tecidos periorais e baixas possibilidades de retenção de placa bacteriana sobre o laminado (GALVÃO et al., 2020).
Apesar de ser uma forma de tratamento que possibilita grandes restabelecidos, seja estético e funcional, nem todos pacientes são indicados para a realização das facetas de porcelana. De acordo com Galvão e colaboradores (2020), pacientes que apresentam doenças periodontais, dentes fraturados com grandes comprometimentos de esmalte e dentina e má higienização, deve-se adotar outras formas de tratamento reabilitadores, a fim de obter sucesso no pós tratamento imediato e nós acompanhemos longitudinais. Além disso, mesmo em pacientes com indicação, um plano de tratamento e diagnóstico preciso devem ser levados em consideração para uma boa aceitação, tanto pelo paciente com os tecidos biológicos (GALVÃO et al., 2020).
Atualmente, já há um consenso na literatura sobre a quantidade limite permitida e média de remoção de esmalte dentário, esses correspondentes a região do esmalte aprismático, afim de colocar o laminado cerâmico, que é de 0,7mm e 0,4, respectivamente (MENEZES et al. 2015; OKIDA et al. 2016; SOUZA et al. 2016). De acordo com Souza et al. (2016), um outro ponto importante a ser analisado é o grau de exposição de dentina, principalmente em região do terço cervical vestibular, onde pode ser classificado como mínimo e severo, onde o mínimo é exposição de até 30% e severa região mais removida. Por essa condição, deve-se ter cuidado com a região a ser desgastada, pois a região de dentina exposta aumenta a possibilidade de insucesso na cimentação dos laminados.
No que se avalia aos sistemas adesivos e o tipo de cimentação dos laminados, algumas técnicas e materiais são utilizados, a fim de possibilitar uma maior retenção do material utilizado na superfície dentária (GALVÃO et al. 2020). A utilização do sistema adesivo sobre a superfície dentária, previamente condicionada, do esmalte aprismática possibilita uma alta ligação na interface laminado e dente (OKIDA et al. 2016). De acordo com MENEZES et al. (2015), uma das principais razões para a descolagem do laminado são erros no protocolo de adesão, seja ela na superfície dentária ou na superfície do laminado. Tendo em vista a isso, SOUZA et al. (2016) relatam que para sucesso do laminado, o controle da umidade local, o tipo do sistema adesivo e grau de porosidade da superfície dentária são pontos importantes e que devem ser levados cautelosamente para o sucesso do tratamento.
O cuidado na superfície dentária e da peça a ser inserida na superfície do dente devem receber alguns cuidados anteriormente ao processo de cimentação, principalmente aqueles que há esmalte, dentina e outros compostos na superfície, como o ataque ácido, preferencialmente ácido fosfórico 37%, posteriormente, a utilização do sistema adesivo. Levando essa consideração essa afirmativa, de acordo com Souza et al. (2016), quando a superfície a ser tratada apresenta esmalte, dentina e outros compostos, um dos tipos de sistema adesivo mais recomendado seria o de 3 passos, pois sua melhor retentividade e sobrevivência as forças funcionais. Quanto aos cuidados com a superfície da peça sintética, ABRANTES et al. (2019) recomendam seguir o protocolo de condicionamento com ácido fluorídrico, em seguida inserção do silano sobre a superfície, os quais em conjunto proporcionam melhor resistência.
CONCLUSÃO
Portanto, conclui-se que os laminados em cerâmica apresentam grande aplicabilidade na odontologia, principalmente, na estética. Apesar de ser um procedimento estético e funcional, ao longo do trabalho foi relatado que, ainda que não seja um procedimento de alto risco e invasivo, apresenta suas contraindicações e que essas devem ser levadas em consideração no momento do plano de tratamento para um bom sucesso. Além disso, conhecimento técnico, bom preparo, cimentação e cuidados posteriormente são importantes para uma boa longevidade das peças nas superfícies dentárias.
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1Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC Email: juliocesarnaves@icloud.com ORCID: 0009-0009-6545-1981
2Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC Email: aquilaguidmessias@hotmail.com ORCID: 0009-0006-9489-6101
3Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC Email: patriciarezende@uol.com.br ORCID: 0000-0002-6992-2121