JOGOS DE LUTA CORPORAL COMO POSSIBILIDADE DE ENSINO NA EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ARTEFATO PEDAGÓGICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

BODY COMBAT GAMES AS A TEACHING POSSIBILITY IN PHYSICAL EDUCATION: AN  A PEDAGOGICAL ARTIFACT IN ELEMENTARY SCHOO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch102024242110


Rafael Silva de Sousa1;
Dr. Alexandre Jackson Chan Vianna2


Resumo

Este artigo se origina das aulas de Educação Física com uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental em uma escola do campo do Distrito Federal, localizada na Região Administrativa Periférica de São Sebastião. O experimento teve como objetivo criar, implementar e avaliar um Artefato Pedagógico para o quinto ano do ensino fundamental, incorporando elementos das Lutas Corporais, como princípios condicionais e classificação por grupos de aproximação. Isso proporcionou aos alunos a oportunidade de vivenciar a diversidade dos conteúdos e das ações motoras relacionadas ao tema por meio de jogos lúdicos. Utilizou-se a metodologia do Design Educacional, resultando em um Artefato Pedagógico para o ensino das Lutas Corporais. A aplicação foi acompanhada por meio de observação participante, conforme Gil (2002), além de registros em caderno de campo e imagens. Os resultados mostraram que o ensino e a aprendizagem ocorreram por meio de vivências lúdicas nos jogos de lutas corporais, bem como reflexões em rodas de conversa, possibilitando a iniciação dos alunos no universo das Lutas Corporais antes da especialização.

Palavras-chave: Educação Física; Jogo de Luta Corpora; Luta Corporal; Trato Pedagógico.

Abstract

This experience report originates from Physical Education classes with a 5th-grade class at a rural school in the Federal District, located in the peripheral Administrative Region of São Sebastião. The experiment aimed to create, implement, and evaluate a Pedagogical Artifact for the fifth grade of elementary school, incorporating elements of body combat, such as conditional principles and classification by approach groups. This provided students with the opportunity to experience the diversity of content and motor actions related to the theme through playful games. The methodology of Educational Design was used, resulting in a pedagogical artifact for teaching body combat. The application was monitored through participant observation, as described by Gil (2002), along with field notebook entries and photographic records. The results showed that teaching and learning occurred through playful experiences in body combat games, as well as reflections in discussion circles, enabling students to initiate into the world of body combat before specialization.

Keywords: Physical Education; Body Combat Games; Body Combat; Pedagogical Approach.

Introdução

Não se coloque dentro de uma forma, se adapte e construa sua própria, e deixa-a expandir, como a água. Se colocarmos a água num copo, ela se torna o copo; se você colocar água numa garrafa ela se torna a garrafa. A água pode fluir ou pode colidir. Seja água, meu amigo (Bruce Lee, 1971) 

Esta pesquisa surge do contexto escolar no Distrito Federal devido à inquietação em relação ao ensino das Lutas Corporais. Em diversas unidades escolares deste ente federativo notamos uma inquietação relativa ao ensino dessas disciplinas. Quando, eventualmente, esse tipo de instrução é ministrado, ocorre, por vezes, através de um professor de academia especializado em artes marciais, que nem sempre está alinhado com os objetivos pedagógicos da escola.

Outras características incluem esforços para tornar as lutas mais lúdicas, por parte de alguns professores. Por mais louváveis que sejam essas intenções, alguns professores acabam descaracterizando a prática a tal ponto que perdem suas características essenciais de uma Luta Corporal, transformando-a em algo completamente distinto, que, apesar de suas boas intenções, não pode mais ser considerado uma luta.

Nas conversas do dia a dia e nas reuniões pedagógicas da escola, é evidente a dificuldade dos professores em optar por incluir o ensino das lutas em seus planejamentos. Isso ocorre devido a dúvidas sobre como abordar esse conteúdo, à crença equivocada de que está associado à violência, à falta de espaços adequados, à ausência de base teórica e, sobretudo, à insegurança na abordagem pedagógica dessas disciplinas. Essa realidade no Distrito Federal coincide com a de outros Estados (Carreiro, 2005; Ferreira, 2005).

A incorporação das lutas no ambiente escolar, conforme destacado por Nascimento e Almeida (2008), de fato, apresenta um desafio considerável. Essas dificuldades precisam ser compreendidas a fim de desenvolver abordagens mais eficazes e inclusivas para o ensino desse tema. Compreender essas barreiras é fundamental para identificar estratégias para superar esses desafios e é crucial para o ensino das lutas no ambiente escolar (Rufino; Darido, 2015).

Além disso, Rosário e Darido (2005) constataram, em um estudo sobre a organização dos conteúdos de Educação Física por professores, que algumas escolas sequer incluem as lutas nas aulas dessa disciplina. Muitos professores no DF mantem crenças que podem influenciar sua decisão de ensinar ou restringir o acesso dos alunos a esse conteúdo (Almeida; Rodrigues, 2023). Isso demonstra uma lacuna significativa no currículo, pois a ausência das Lutas Corporais priva os alunos de uma experiência variada nas práticas corporais desenvolvidas ao longo do tempo, limitando suas oportunidades de vivência com este tema.

Apesar dos avanços na literatura e na legislação referentes ao tema das Lutas Corporais, percebe-se a ênfase em modalidades específicas, como judô, huka-huka e capoeira (Brasil, 2018; Soares; Taffarel; Varjal; Filho; Escobar; Bracht Soares,1992). Entretanto, persiste a ausência de propostas de ensino propositivas, o que tem gerado incertezas quanto aos elementos das lutas a serem priorizados e distribuídos ao longo do ensino fundamental.

Diante dessa lacuna, serão analisadas estratégias de ensino e sugerido um Artefato Pedagógico3 com o propósito de atender às demandas desse contexto social e pedagógico real, presente em uma escola pública do DF, situada na periferia da capital. Esse Artefato se materializa na forma de uma Unidade Didática de Intervenção Pedagógica (UDIP), que foi elaborada, estruturada, aplicada e avaliada com a assistência da metodologia do Design Educacional e com o uso da ferramenta EDDIE de acordo com Filatro (2008), contribuindo para sua integração na proposta pedagógica da escola.

Destarte, acreditamos no ensino das lutas por meio de jogos lúdicos, destacando características compartilhadas, como princípios condicionais e categorização por grupos de aproximação, sem a necessidade de focar em modalidades específicas ou ser um especialista (Gomes, 2008). Dessa forma, a pesquisa visa apresentar um Artefato Pedagógico em forma de UDIP que possa ser implementado de maneira viável nos anos iniciais da Educação Física escolar, considerando os desafios apresentados.

Jogos de Luta Corporal com tema da Educação física

As Lutas Corporais, como manifestação histórica essencial da humanidade, desempenham um papel na formação do conhecimento acumulado ao longo dos séculos. Com origens em várias regiões, essas práticas proporcionam uma análise abrangente da natureza humana. Ao integrar o conhecimento das práticas corporais, que incluem jogos, esportes, danças, ginástica, as lutas assumem significados distintos em diversos contextos sociais e históricos (Ayoub, 2005). 

Dessa maneira, as Lutas Corporais integralizando parte do arcabouço do conhecimento humano são inseridas na extensa diversidade de práticas corporais, que, obrigatoriamente, devem ser ensinadas na educação básica. Sobre as especificidades da Educação Física, de acordo com Resende e Soares (1996) “se constitui no conhecimento que deve ser pedagogicamente transmitido/refletido, configurando os conteúdos de ensino-aprendizagem de uma Educação Física para a escola” (Resende; Soares,1996, p. 55).  

Assim, é fundamental considerar as expressões corporais em seus diversos contextos de significado, incorporando as Lutas Corporais como parte do currículo da Educação Física escolar. Contudo, essa abordagem deve ser realizada com atenção e responsabilidade. É crucial que os educadores possuam conhecimento de práticas pedagógicas no ensino das lutas de maneira segura. Segundo Soares, Taffarel, Varjal, Filho, Escobar e Bracht (1992, p.62) “[…] os temas da cultura corporal, tratados na escola, expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem e as intenções/objetivos da sociedade”. 

Desse modo, dado que as lutas representam uma das expressões corporais que incorporam o conhecimento humano, torna-se essencial sua integração no processo de ensino e aprendizagem em todos os níveis educacionais, inclusive nas séries iniciais do ensino fundamental. Nesse contexto, a disciplina de Educação Física desempenha um papel crucial ao introduzir os estudantes a essa diversidade de conhecimentos corporais, proporcionando-lhes a oportunidade de aprender, compreender, criar e adaptar esse conhecimento. 

Na literatura, as brincadeiras e jogos que incorporam elementos das Lutas Corporais podem receber diferentes designações, tais como jogos de oposição, jogos de luta, esportes de oposição, jogos pré-lutas, jogos de combate, brincadeiras de combate e brincadeiras de luta (Henares, 2000; Gomes; Barro; Freitas; Darido; Rufino, 2013; Santos, 2021; Lise; Lopez-Gil; Cavichiolli, 2022). 

Embora esses termos compartilhem semelhanças em muitos aspectos, optamos pela escolha do nome Jogos de Luta Corporal5 para o nosso contexto, uma vez que ele condensa a unidade temática de jogos e brincadeiras com a unidade temática de lutas conforme previsto na legislação, mais a delimitação do termo Lutas Corporais em uma única palavra composta (Pucineli, 2002; Brasil, 2018). 

Reconhecemos o papel crucial do jogo como um significativo instrumento para o ensino das Lutas Corporais, por sintetizar as ações das lutas dentro de um universo lúdico e simbólico. Possivelmente a Luta Corporal como as conhecemos hoje, em sua origem pode ter sido precedida pelo jogo (Caillois, 1990; Huizinga, 2004).

Metodologia

O estudo empregou uma abordagem científico-educacional, do tipo qualitativa, resultando na escolha de uma metodologia focada na concepção de um Artefato Educacional destinado ao ensino das Lutas Corporais na escola. A base epistemológica foi fundamentada na abordagem do Design Educacional, utilizando uma práxis pedagógica em uma perspectiva intervencionista que envolve o planejamento e o desenvolvimento de produtos educacionais (Mattar, 2014). 

A aplicação da teoria na sala de aula nem sempre resolve os desafios práticos. Nesse contexto, John Dewey (1933), destacou a importância da integração entre teoria e prática na educação, vendo os professores como criadores de conhecimento. Isso implica na criação de conhecimento prático ligado aos problemas da sala de aula, permitindo a análise de desafios e a formulação de intervenções que combinem aspectos práticos e teóricos.

Esta ferramenta é adotada para o desenvolvimento do Design Educacional, o modelo de desenho ADDIE, Filatro (2008), abrangendo cinco fases distintas: Análise, Design, Desenvolvimento, Avaliação e Implementação. Enquanto as etapas de análise, design e desenvolvimento são incorporadas aos princípios teóricos, a implementação e avaliação estão diretamente relacionadas à concretização efetiva do Artefato Pedagógico. 

Procedimentos de coleta e análise de dados

A aplicação do Artefato Pedagógico foi descrita por intermédio de um relato de experiência (Bauer; Gaskel, 2012). Utilizando a observação participante para conduzir o processo de ensino e aprendizagem GIL (2002) com o professor pesquisador fazendo parte do grupo de alunos em situação real do espaço e tempo escolar.

Ao revisar as anotações do caderno de campo e as fotografias tiradas durante a aplicação do Artefato Pedagógico, essas imagens nos ajudam a refletir e compreender as ideias apresentadas pelo autor, Samian (2012). A consulta a esses materiais serve para auxiliar na recuperação da memória, pois as anotações no caderno nos ajudam a lembrar dos diálogos, enquanto as imagens evocam a vivência ativa nos Jogos de Luta Corporal.

Posteriormente, lançamos mãos ao procedimento da redação do relato de experiência, procurando questionar as vivências para além da simples interpretação das imagens. Dessa forma, inferir sobre os registros antes e após a aplicação de cada aula, bem como sobre as fotos, enriquece o conjunto de elementos presentes na vivência experimentada.

Resultados e discussão

Começamos a apresentação dos resultados caracterizando os participantes e o local da aplicação. Em seguida, apresentamos e discutimos as contribuições do ensino das lutas por meio dos Jogos de Luta Corporal.

A experiência da aplicação do Artefato Pedagógico do ensino dos Jogos de Luta Corporal numa turma do 5º ano fundamental

Nesse cenário educacional e real em uma turma do quinto ano do ensino fundamental, na perspectiva de desenvolver, aplicar e avaliar um Artefato Educacional do ensino dos Jogos de Luta na inicialização que compartilham elementos comuns como princípios condicionais e grupos de aproximação com as Lutas Corporais formais nas aulas de educação física em uma escola do campo periferia do Distrito Federal.

Esta localiza-se na Região Administrativa de São Sebastião e atende a uma população de estudantes oriundos de um contexto familiar de baixa renda na zona rural, majoritariamente filhos de assalariados urbanos. Muitas residências estão em assentamentos a até 35 km da escola, refletindo uma diversidade sociocultural, com assalariados rurais, posseiros, acampados, assentados, entre outros. Essa variedade engloba diferentes gerações, etnias, gêneros e crenças, com distintos modos de vida, de luta, trabalho e organização na área rural, evidenciando uma rica diversidade sociocultural (Distrito Federal, 2023).

O ciclo de implementação do Artefato compreende os seguintes momentos: (1) aproximação com a realidade, (2) jogos introdutórios de Luta Corporal, (3) vivências Jogos de Luta Corporal Média Distância, (4) vivências Jogos de Luta Longa Distância, (5) vivências Jogos de Luta Corporal Curta Distância, (6) Jogos de Luta Corporal de Distâncias Mistas e (8) feedback dos alunos. Essa experiência foi desenvolvida entre 08/11/2023 a 13/12/2023 com uma turma do 5 ano fundamental, constituída por 12 alunos na faixa etária de 10 a 12 anos de idade, sendo 7 meninos e 5 meninas

As aulas se desenvolveram em jogos não só por meio de duplas mas em grupos maiores também, utilizamos a estratégia da roda de conversa antes e após a cada jogo vivenciado e suas características compartilhadas com as Lutas corporais favorecendo a discussões reflexivas com a turma

A classificação dos jogos de luta corporal além de compreender os princípios condicionais que são comuns a essas práticas, se deram por meio de grupos de aproximação dos quais emergem as principais ações motoras: Jogos de Luta Corporal de Curta Distância – caracterizados pelo contato contínuo e ações como puxar, empurrar, reter. Jogos de luta corporal de média distância- caracterizado pelo contato intermitente e ações como golpes com as mãos, pernas, corpo inteiro ou a junção destes. Jogos de luta corporal de longa distância- que também utiliza o contato intermitente, contudo constituído por um implemento para tocar o corpo do adversário. E a jogos que misturam todas as distâncias.

Segue abaixo algumas imagens que mostram a aplicação do Artefato Pedagógico, representando o processo de vivência dos jogos de luta corporal com a turma do quinto ano durante o segundo semestre de 2023. Na primeira imagem, é mostrada a estratégia da roda de conversa, realizada sempre antes e depois das aulas.

Figura 01. Aproximação com a realidade.

Fonte: Acervo do autor

A organização espacial seguia um padrão clássico, mas o professor-pesquisador propôs uma mudança na disposição da sala, instruindo a turma a mover todo o mobiliário para o canto, criando assim um espaço mais amplo no centro da sala. Com essa reorganização, foi possível formar uma roda de conversa, estabelecendo uma maior proximidade entre a turma, entre o professor-pesquisador e os estudantes e entre as próprias crianças. Essa mudança permitiu observar as expressões faciais de cada aluno, promovendo uma maior empatia e proximidade.

Figura 02. jogos introdutórios de Luta Corporal

Fonte: Acervo do autor

Iniciamos a prática de diversos jogos de luta introdutórios, questionando a turma sobre as características desses jogos e se poderiam ser considerados uma forma de Luta Corporal. Alguns alunos afirmaram que não, enquanto outros disseram que sim. O professor, de maneira reflexiva, instigou os estudantes a ponderarem sobre as características desses jogos em relação às práticas de Luta Corporal. Ele destacou a intencionalidade do contato físico, a necessidade simultânea de defesa e ataque, a imprevisibilidade do desfecho e a impossibilidade de antecipar o vencedor, além do objetivo imposto pelo princípio condicional da regra.

Figura 03.  Jogos de Luta Corporal Média Distância

Fonte: Acervo do autor

Para explorar os elementos comuns entre lutas de média distância e as ações motoras dos membros superiores e inferiores, utilizamos jogos de média distância. No jogo “disputa de pregadores,” (figura 3) cada estudante prendeu seis pregadores nas roupas, e o objetivo era remover os pregadores dos colegas enquanto defendiam os seus. Isso permitiu observar ações motoras similares às lutas que utilizam golpes, como socos, encontrados no boxe.

Figura 04. Jogos de Luta Corporal Longa Distância

Fonte: Acervo do autor

Durante as experiências vivenciais envolvendo as lutas de longa distância interditadas por implemento, as interações em acertar o oponente em movimento, que também busca acertar o outro estudante em movimento, torna mais evidente o princípio condicional oponente/alvo. Além disso, os estudantes são instigados a explorar diversas habilidades manipulativas do implemento, desempenhando um papel crucial na resolução do problema proposto pelo jogo.  

Figura 5. Jogos de Luta Corporal Curta Distância.

Fonte: Acervo do autor

Até agora, temos observado uma excelente participação e envolvimento em todos os jogos de luta propostos. Os alunos tendem a formar duplas por afinidade, exigindo intervenções do professor para garantir a diversidade dos participantes. No entanto, enfrentamos maior resistência das meninas neste jogo específico. Mesmo a aluna L, que participou do jogo anterior, optou por não participar, apesar das três insistências do professor. Sua escolha foi respeitada, reconhecendo a natureza facultativa da atividade.

Figura 6. Jogos de Luta Corporal Distância Mistas.

Fonte: Acervo do autor

Vivenciamos a mistura de jogos e distâncias, ilustrando as múltiplas interpretações das lutas ao longo do tempo. Em alguns campeonatos, as competições buscavam evidenciar a supremacia de uma modalidade sobre outra, mas isso não foi possível. Ainda assim, a fusão de diferentes modalidades se mostrou mais eficaz na prática da luta. Atualmente, essa integração de ações motoras diversas é conhecida como Artes Marciais Mistas (MMA), ou seja, uma mistura de várias artes marciais.

Figura 7. Feedback dos alunos

Fonte: Acervo do pesquisador

Concluímos a implementação dos jogos, mas não a aplicação do Artefato. Durante o último encontro com a turma, procuramos obter feedback e realizamos uma avaliação, dando às crianças a oportunidade de expressar suas opiniões sobre as experiências dos Jogos de Luta Corporal. As perguntas incluíam: Gostaram das vivências dos jogos de luta corporal? E acham que as lutas deveriam ser um conteúdo de Educação Física na escola? A resposta podia ser dada não apenas por escrito, mas também por meio de desenhos, permitindo que os alunos se expressassem da maneira que se sentissem mais confortáveis.

As perguntas apresentadas eram sugestões, e os estudantes tinham total autonomia para expressar críticas ou escolher não responder. As respostas foram predominantemente positivas, indicando que muitos acreditam na importância contínua da inclusão do conteúdo de lutas na escola. Alguns alunos foram além, criando desenhos que representavam as práticas que mais apreciaram. Essas respostas serão cuidadosamente analisadas em conjunto com as observações das aulas, visando possíveis ajustes no redesenho do Artefato Pedagógico.

Considerações Finais

Pensamos em um Artefato Pedagógico para os jogos de luta corporal, oportunizando a vivência de diversos Jogos de Luta Corporal na iniciação, favorecendo os estudantes do 5º ano da Escola Classe Aguilhada. Os jogos foram organizados por princípios condicionais e grupos de aproximação, compartilhando os elementos comuns das lutas corporais. Além disso, promovemos rodas de conversa antes e após a aplicação dos jogos para refletir sobre o tema com os estudantes.

De modo geral, os alunos foram receptivos à proposta dos Jogos de Luta Corporal. Contudo, nos jogos de curta distância, percebemos uma resistência maior das meninas em participar dessas atividades. Esse cenário destacou a importância do diálogo nas rodas de conversa para debater questões de gênero e incentivar a participação de todos.

Nesse sentido, o diálogo com os alunos ressaltou a importância de não reproduzir certas situações presentes no universo das lutas. Por meio das rodas de conversa, conseguimos diminuir a formação de panelinhas entre os estudantes, promovendo o contato e a integração com outros colegas.

Outros destaques estratégicos emergiram das ações realizadas pelo professor nas rodas de conversa antes e após as aulas. Antes de cada aula, os alunos eram reunidos para explicações e apresentação dos objetivos de cada jogo proposto. Esta preparação inicial foi crucial para o entendimento e engajamento dos estudantes.

A estratégia de feedback dos alunos também contribuiu significativamente, permitindo que os estudantes expressassem suas percepções, sensações e emoções durante as vivências dos Jogos de Luta Corporal. Esse feedback trouxe representatividade e reflexões importantes, enriquecendo a experiência educacional e promovendo um ambiente inclusivo e colaborativo.

Adicionalmente, observamos que a prática dos Jogos de Luta Corporal ajudou a desenvolver habilidades sociais e emocionais nos alunos. Através das atividades e discussões, os estudantes aprenderam sobre respeito mútuo, autocontrole e tomada de decisões. Essas lições extrapolaram o contexto dos jogos, contribuindo para a formação integral dos alunos.

Por fim, a utilização de jogos de luta corporal como ferramenta pedagógica demonstrou ser uma estratégia eficaz para engajar os alunos em ao universo das Lutas Corporais, ao mesmo tempo em que promoveu importantes discussões sobre valores e comportamentos sociais. Essa abordagem holística facilitou a construção de um ambiente escolar mais inclusivo, respeitoso e dinâmico.

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 1Mestrando em Educação Física no programa Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (ProEF) polo Universidade de Brasília (UnB). Professor da Secretaria de Educação DF. rafaelpedagogico80@gmail.com
2Orientador da pesquisa. Doutor em Educação Física UGF\RJ e Pós-doutorado em Educação Física UFRJ\RJ. Docente na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília. chanvianna@unb.br