PREOPERATIVE FASTING IN PEDIATRIC SURGERIES: PERCEPTION OF MOTHERS AND CAREGIVERS
AYUNO PREOPERATORIO EM CIRGÍAS PEDIÁTRICAS: PERCEPCIÓN DE MADRES Y ACOMPAÑANTES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506070053
Rafaela Arkan Pedrosa Alves Novo¹
Lisandra Rodrigues Risi²
Deyse Conceição Santoro3
Molly Katrina Costa Smithers4
Carlos Eduardo Peres Sampaio5
Resumo
Tem-se por objetivo: analisar o impacto físico emocional do jejum pré-operatório e pós operatório de crianças submetidas à cirurgia pediátrica na percepção dos acompanhantes. Estudo descritivo, exploratório e qualitativo, onde visou conhecer as características de determinada população. Ele se deu a partir de uma entrevista semi-estruturada de coleta dos dados que ocorrerá no segundo semestre de 2023, que objetivou verificar a opinião dessas mães e acompanhantes. A pesquisa ocorreu em um hospital universitário no município do Rio de Janeiro. Os dados foram analisados conforme a análise de conteúdo de Bardin. Os resultados foram organizados em três categorias temáticas, que são: 1- Reflexões sobre os impactos físicos e diretrizes do jejum pré-operatório pediátrico sob a ótica dos acompanhantes; 2- Considerações acerca dos desconfortos e impactos emocionais no pré-operatório de crianças submetidas a cirurgia pediátrica e 3- Complicações no pós-operatório pediátrico: condutas e práticas encontradas nas percepções dos acompanhantes. Das 30 entrevistas realizadas, 50% são pacientes do sexo masculino e 50% do sexo feminino, em uma faixa etária de 1 mês a 15 anos, no qual o desconforto no pré e pós operatório foram confirmados em 50% dos pacientes pois foram relatados os desconfortos devido a sensação de fome, segundo relatos colhidos, as mães e acompanhantes sugerem um tempo menor para o jejum pré operatório. Pode-se concluir neste estudo, que a abordagem ao jejum pré-operatório pediátrico deve ser holística, considerando não apenas as necessidades físicas, mas também o impacto psicológico na criança.
Palavras-chave: Jejum. Cuidados de Enfermagem. Cirurgia. Pediatria.
Abstract
The objective is to analyze the physical and emotional impact of preoperative and postoperative fasting in children undergoing pediatric surgery from the perspective of their caregivers. This is a descriptive, exploratory, and qualitative study that aimed to understand the characteristics of a specific population. It was carried out through semi-structured interviews for data collection, which took place in the second semester of 2023, aiming to verify the opinion of these mothers and caregivers. The research was conducted in a university hospital in the city of Rio de Janeiro. The data were analyzed according to Bardin’s content analysis. The results were organized into three thematic categories, which are: 1- Reflections on the physical impacts and guidelines of pediatric preoperative fasting from the caregivers’ perspective; 2- Considerations about the discomforts and emotional impacts in the preoperative period of children undergoing pediatric surgery; and 3- Complications in the pediatric postoperative period: behaviors and practices observed in the caregivers’ perceptions. Among the 30 interviews conducted, 50% of the patients were male and 50% female, aged from 1 month to 15 years, in which discomfort in the pre- and postoperative period was confirmed in 50% of the patients, as discomfort due to the sensation of hunger was reported. According to the collected reports, mothers and caregivers suggest a shorter preoperative fasting period. It can be concluded from this study that the approach to pediatric preoperative fasting should be holistic, considering not only physical needs but also the psychological impact on the child.
Keywords: Fasting. Nursing Care. Surgery. Pediatrics.
Resumen
Se tiene por objetivo: analizar el impacto físico y emocional del ayuno preoperatorio y posoperatorio de niños sometidos a cirugía pediátrica en la percepción de los acompañantes. Estudio descriptivo, exploratorio y cualitativo, donde se buscó conocer las características de determinada población. Se realizó a partir de una entrevista semiestructurada para la recolección de datos que ocurrió en el segundo semestre de 2023, la cual tuvo como objetivo verificar la opinión de esas madres y acompañantes. La investigación se llevó a cabo en un hospital universitario en el municipio de Río de Janeiro. Los datos fueron analizados conforme al análisis de contenido de Bardin. Los resultados fueron organizados en tres categorías temáticas, que son: 1- Reflexiones sobre los impactos físicos y directrices del ayuno preoperatorio pediátrico desde la óptica de los acompañantes; 2- Consideraciones acerca de las molestias e impactos emocionales en el preoperatorio de niños sometidos a cirugía pediátrica; y 3- Complicaciones en el posoperatorio pediátrico: conductas y prácticas encontradas en las percepciones de los acompañantes. De las 30 entrevistas realizadas, el 50% eran pacientes del sexo masculino y el 50% del sexo femenino, en un rango de edad de 1 mes a 15 años, en el cual la incomodidad en el pre y posoperatorio fue confirmada en el 50% de los pacientes, pues se relataron molestias debido a la sensación de hambre. Según los relatos recogidos, las madres y acompañantes sugieren un tiempo menor para el ayuno preoperatorio. Se puede concluir en este estudio que el abordaje del ayuno preoperatorio pediátrico debe ser holístico, considerando no solo las necesidades físicas, sino también el impacto psicológico en el niño.
Palabras-clave: Ayuno. Cuidados de Enfermería. Cirugía. Pediatría.
1. Introdução
O processo cirúrgico é composto por pré-operatório, transoperatório e pós-operatório. O pré-operatório engloba desde a notificação da realização da cirurgia até 24 horas que precedem o ato cirúrgico, transoperatório se refere ao instante que o paciente adentra ao centro cirúrgico até a saída da SO e o período pós-operatório é classificado em imediato, mediato e tardio (SOBECC, 2017).
O período imediato é entendido como as primeiras 24 horas após o término do procedimento cirúrgico, incluindo o tempo de passagem pela sala de recuperação anestésica, o período mediato inicia-se após as primeiras 24 horas iniciais ao procedimento e o pós-operatório tardio, ocorre após 15 dias até um ano da realização do procedimento anestésico-cirúrgico (SOBECC, 2017).
Segundo Mendelson, em 1946, o jejum foi propagado de forma universal de oito a doze horas antes da cirurgia, porque se pensava no risco de broncoaspiração após a realização de cirurgias de emergência e urgência. Logo, associou-se à broncoaspiração pulmonar com a alimentação, que posteriormente descreveu a Síndrome de Mendelson derivada da aspiração do conteúdo gástrico e a aspiração de alimentos sólidos.
Estudos atuais vêm modificando esse paradigma da alimentação perioperatória do paciente pediátrico. A abreviação do jejum pré-operatório junto com a realimentação precoce são modificações de grande relevância no restabelecimento das crianças operadas. No entanto, os serviços tradicionais de cirurgias pediátricas, entram em conflito quanto à eficácia desse novo método (CARVALHO, 2017; CARVALHO et al., 2020).
Portanto, jejum é uma palavra que vem do hebraico, sendo ele adotado há mais de 5 mil anos pela humanidade, com várias formas de ser praticado, porém com a mesma definição: ato de ficar sem comer e beber por um período de tempo e ao conhecimento antigo, assegurava esvaziamento gástrico, impedindo episódios de êmese e refluxo (PAMPOLHA, 2020).
No que tange o jejum pré – operatório, o público pediátrico – que segundo ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) compreende o indivíduo até os 12 anos incompletos – é alvo de grande preocupação, visto que são expostos a essa condição por um tempo prolongado, não levando em conta as consequências que isso pode acarretar em todo o seu transoperatório (CORRÊA; RIBEIRO, 2013).
O desconforto causado à criança dentro desse processo cirúrgico vem nos apontar a necessidade de buscar uma nova forma de abordar esse tema, pois segundo Corrêa e Ribeiro (2013) existem malefícios nos jejuns prolongados, tanto para o paciente quanto para o acompanhante.
Os procedimentos cirúrgicos podem causar muitos desconfortos à criança em todo o período perioperatório. Dentre os desconfortos, pode-se citar: irritação, hipoglicemia, estresse, agitação, choro, nervosismo, insônia, dentre outros desconfortos (SOBECC, 2017).
Esse desconforto pode ser agravado no paciente pediátrico, em procedimentos eletivos, devido ao jejum pré-operatório ou jejum pré-anestésico, apontado como o período que antecede uma cirurgia durante o qual os pacientes são impedidos de ingerir sólidos ou líquidos (BERGANTINI et al., 2021).
Estudos recentes vêm modificando o paradigma da alimentação perioperatória do paciente pediátrico, com a abreviação do jejum pré-operatório junto com a realimentação precoce, sendo modificações de grande relevância no restabelecimento das crianças operadas. No entanto, os serviços tradicionais de cirurgias pediátricas, entram em conflito quanto à eficácia desse novo método (CARVALHO, 2017; CARVALHO et al., 2020).
Contudo, na literatura médica há evidências que o tempo de esvaziamento gástrico em crianças saudáveis é parcialmente curto e que o tempo prolongado de jejum agrava a condição metabólica destes pacientes. Dessa forma, ocorre maior concentração de corpos cetônicos no plasma sanguíneo de crianças que se mantiveram mais de 4 h de jejum em confronto àquelas com apenas 2 h, mostrando que o jejum altera o catabolismo, elevando assim o estresse cirúrgico (CARVALHO, 2017).
É observado também, que este tempo estendido de jejum pré-operatório tem efeitos clínicos e metabólicos para estes pacientes. Os pacientes pediátricos submetidos a um jejum prolongado têm maiores sinais de fome e sede, irritabilidade, ansiedade e desidratação, dificultando assim a realização de acesso venoso, mal estar, dor de cabeça e atraso na recuperação cirúrgica. E, dentre as desvantagens do jejum estendido, o mesmo pode ocasionar e ressaltar a sede, que se trata de um desconforto predominante neste momento (CARVALHO, 2017; BARROS et al., 2017).
Pode-se definir a sede como uma coleção de sensações que se intensificam com a falta de componentes hidroeletrolíticos e diminuem com sua reposição, que resultam da interação do sistema fisiológico e influências comportamentais. No perioperatório é um sinal e sintoma de instabilidade e desconforto intenso que deve ser priorizado e atendido pela equipe de enfermagem. No entanto, as consequências que trazem para os pacientes de diferentes faixas etárias são pouco contestadas e refletidas pela a equipe que assiste a esses pacientes (SOBECC, 2017).
O tempo prolongado do jejum no pré-operatório pode ser diminuído com o uso de bebidas ricas em carboidratos, que tem seu uso em até duas horas antes do procedimento cirúrgico. Projetos de estudos em adultos vêm descrevendo as vantagens desta conduta, como bem estar, melhor metabolismo glicêmico, com redução da resistência insulínica em até 50% no pós-operatório, resultando em melhor recuperação cirúrgica. Algumas dessas vantagens também já estão sendo realizadas em crianças, com menores concentrações e menor resistência à insulina em pacientes (SOBECC, 2017).
1.1 Questões norteadoras
Qual o tempo médio de jejum pré-operatório de crianças submetidas a cirurgia pediátrica na percepção dos acompanhantes?
Quais os desconfortos pré-operatórios mais frequentes em crianças relacionados ao tempo de jejum na percepção dos acompanhantes?
Qual o impacto físico emocional do jejum pré-operatório de crianças que irão realizar cirurgia eletiva, na percepção do acompanhante?
1.2 Objetivo geral
Analisar o impacto físico emocional do jejum pré-operatório de crianças submetidas a cirurgia pediátrica na percepção dos acompanhantes
1.3 Objetivos específicos
Identificar o tempo médio de jejum pré-operatório em crianças submetidas a cirurgia pediátrica na percepção dos acompanhantes.
Descrever os desconfortos pré-operatórios mais frequentes na amostra de crianças estudadas na percepção dos acompanhantes.
Determinar o impacto físico emocional do jejum pré-operatório de crianças que irão realizar cirurgia eletiva, na percepção do acompanhante.
A motivação deste estudo se deu durante a prática clínica na residência, onde foi observado o desconforto ocasionado pelo jejum prolongado em crianças submetidas ao jejum pré-operatório. Além disso, observou-se o reflexo direto nos acompanhantes. Por isso, buscou-se compreender, baseado na literatura, a percepção dos acompanhantes acerca do jejum pré-operatório em cirurgias pediátricas.
Dessa forma, a relevância desta pesquisa se encontra neste contexto, avaliando o jejum pré-operatório e o envolvimento da criança com o entorno da cirurgia, sabendo que a sede é potencializada, juntamente com todos os outros sintomas já citados. Estudos no CC podem proporcionar novas condutas e práticas qualificadas, não somente na pediatria, mas em outros setores e serviços de saúde (NASCIMENTO et al., 2019).
2. Revisão de literatura
2.1 o estatuto da criança e do adolescente: saúde como direito infantil
O cuidado em saúde da criança precisa ser garantido por lei, como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), desde os anos de 1990, no qual traz pontos relevantes quanto à assistência em saúde. O ECA aponta deveres para o governo, os responsáveis pela criança e adolescente, para as famílias e também para a sociedade. Sendo eles inseridos nas políticas públicas em todos os níveis, federal, estadual e municipal, logo deve se observar a saúde nesses âmbitos (BRASIL, 1990).
O ECA garante todas as políticas sociais para a criança e adolescente, tais como: Educação, Saúde, Trabalho, Justiça, Habitação, Meio Ambiente, dentre outras. Os segmentos sociais precisam ser levados em consideração diante da vulnerabilidade das crianças e adolescentes. Na saúde, é direito da criança o atendimento, acompanhamento e reabilitação em todos os níveis de atenção ao cuidado, no território nacional (BRASIL, 1990).
A família, junto a sociedade, exerce o dever de assegurar à criança e ao adolescente prioridade para os segmentos sociais, citados anteriormente. A criança faz parte das principais linhas de cuidado em saúde, devendo ser garantido: o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao lazer e à profissionalização, à liberdade, o respeito, à dignidade e à convivência familiar e comunitária, evitando-se qualquer forma de violência, negligência, discriminação ou exploração infantil (BRASIL, 1988).
2.2 A cirurgia pediátrica e a assistência de enfermagem
A assistência de Enfermagem à criança submetida à cirurgia eletiva, seja ela qual for, reúne uma série de cuidados da equipe de enfermagem e multiprofissional também, por isso é preciso considerar a criança como um ser biopsicossocial, necessitando de uma escuta ativa e humanizada, junto ao seu acompanhante naquele procedimento. Na cirurgia pediátrica, todos tem um papel relevante, a criança, como principal fonte de cuidado, os seus familiares, que estão ali para dar suporte e merecem ser informados sobre os procedimentos e tranquilizados, e os profissionais, que tem por responsabilidade oferecerem segurança a criança e transformar o processo cirúrgico em algo mais leve e terapêutico (SANTOS et al., 2019;)
A prática de enfermagem possui papel importante, pois envolve a compreensão das necessidades da criança e do seu acompanhamento. A enfermagem é sensível, empática e humanizada, por isso, torna-se uma das categorias mais próximas da assistência à criança. A angústia pediátrica surge como um forte sentimento, de quando a criança está de frente a um procedimento cirúrgico, invasivo e com um desfecho imprevisível. A informação aos familiares e até a própria criança, de forma lúdica e terapêutica, são extremamente importantes (CABRAL; CHAVES, 2020).
Continuamente, fazer com que a criança se tranquilize diante do jejum prolongado, tempo de espera, medo, insegurança, ansiedade, fome e sede, que antecedem o momento do ato cirúrgico, é uma das principais ações de cuidado de toda a equipe de saúde. Sabe-se que a criança, para realizar este procedimento no CC, fica privada de brincar, de estudar, e de ter a sua rotina com a sua família. Dessa forma, a enfermagem pode contribuir na não anulação do brincar, deixando a criança ter a sua liberdade no pré-operatório e fortalecendo a confiança entre os familiares-criança-profissional de saúde (BINKOWSKI; CARVALHO; CAREGNATO, 2018). Entende-se a importância desta categoria para o cuidado em saúde da criança no CC, na tomada de decisão e condutas essenciais para garantir a segurança e humanização na pediatria (SANTOS et al., 2019).
2.3 Impactos do jejum no pré-operatório da criança
O jejum é um procedimento realizado antes da anestesia, com a finalidade de minimizar o conteúdo gástrico, e ainda, reduzir a possibilidade de broncoaspiração, que pode implicar em graves consequências na saúde humana. O jejum é uma prática antiga, no qual nos anos 90, foi autorizado o uso de líquidos claros no que antecede duas horas antes do procedimento cirúrgico e da anestesia (PIEROTTI et al., 2018).
Na literatura, as evidências têm demonstrado através de artigos, protocolos e novas pesquisas, que o jejum prolongado no pré-operatório não é benéfico na pediatria. A criança é exposta a sede, ansiedade, estresse, irritação, e mal-estar relacionado ao processo cirúrgico que irá realizar, por isso, o jejum prolongado não contribui no processo de cuidar em saúde. A maioria das pesquisas aponta a sede como um dos principais desconfortos, gerado pelo próprio estresse cirúrgico, que estimula o a secreção do hormônio antidiurético (ADH), implicando na sede excessiva (DE MELLO et al., 2022).
Continuamente, são diversos os desconfortos que ocorrem entre os momentos cirúrgicos, por exemplo, no intra-operatório, o fato de ocorrer a intubação, uso de alguns medicamentos, como os opioides, causam enjôo, vômito e sensação de boca seca. Outro desconforto, é a dificuldade da criança se expressar, se ela está com sede, tende a falar menos, porque a garganta encontra-se dolorida e sente incômodo ao falar. Em outro momento, sendo este o período pós-operatório imediato (POI), também desencadeia desconforto, cercado de náuseas, vômito, persistência da sede, tontura, dor, hipotermia, dentre outros. Infelizmente, mesmo com as evidências, a prática do jejum prolongado ainda ocorre, e seria interessante, que houvessem mais estudos sobre o tema e guidelines (CARVALHO et al., 2020).
Em um estudo, ficou esclarecido o impacto do desconforto do jejum prolongado nas crianças, pois 50% dos participantes expressaram sede, dor, irritação e ansiedade. A sede foi predominante quando comparada aos demais desconfortos, como citado anteriormente. No mesmo estudo, as crianças verbalizaram com choro, agitação e solicitação de água constantemente. Na criança, a sensação de sede e desorientação causada pelo jejum prolongado pode ser mais intensa do que no adulto, conforme aponta nesta pesquisa. Existem alterações no nível de consciência e cognitivo, geradas pelo jejum prolongado (DE MELLO et al., 2022).
Dessa forma, a literatura traz que o jejum deve ser monitorado, visando proteger a criança a abreviar a restrição hídrica, humanizando a assistência. O cuidado em saúde da criança precisa ser predominante, principalmente, devido a exposição que a criança está passando naquele momento, que é o procedimento cirúrgico. É pertinente, a ingestão de líquidos claros em até duas horas, conforme citado, visto que não altera o volume gástrico e auxilia a criança com a redução da sede intensa (PIEROTTI et al., 2018).
Portanto uma diretriz relevante é o Projeto ACERTO (Aceleração da Recuperação Total PósOperatória), que tem por finalidade uma estratégia de cuidados, que visa minimizar o estresse cirúrgico, mantendo as funções fisiológicas, com melhores taxas de recuperação e menor tempo hospitalar, trazendo melhorias para os pacientes. É um programa que tem sido revisado constantemente, e se mantido atualizado em todo território nacional, auxiliando na prática em saúde baseada em evidências (NASCIMENTO et al., 2017).
Entende-se que o modelo de atenção à saúde do ACERTO é seguro e efetivo, além de reduzir as taxas de retorno hospitalar. Dessa forma, este projeto aponta a realidade epidemiológica, disseminando condutas relevantes e dinâmicas para os procedimentos cirúrgicos (NASCIMENTO et al., 2017).
Promover a saúde da criança na clínica cirurgia é primordial, por isso, o cuidado em enfermagem é relevante, e no jejum não pode ser distinto. A enfermagem, pode monitorar o tempo de jejum, e fornecer líquidos a criança, além de observar o surgimento de qualquer outro desconforto, atuando precocemente na minimização destes (CARVALHO et al., 2020).
3. Método
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo qualitativo exploratório, que visa conhecer as características de determinada população e seu cenário. Ele ocorreu a partir de uma entrevista semi–estruturada de coleta dos dados, que objetivou verificar a opinião dos acompanhantes, que participam do processo de Estudos exploratórios aprofundam um tema, e trazem novos apontamentos relacionados ao assunto em estudo (MEDEIROS et al., 2012).
Continuamente, pesquisas de origem qualitativa podem proporcionar a subjetividade e entendimento sublime sobre o que se quer buscar, pois são pesquisas que analisam percepções, comportamentos, emoções, falas, relatos e experiências de forma singular e fundamentada teoricamente (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011; MEDEIROS et al., 2012).
3.2 Local de estudo
A pesquisa ocorreu na enfermaria Pediátrica e na Cirurgia Pediátrica (CIPE) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), no qual a instituição de saúde é vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Hospital Universitário Pedro Ernesto conta com 16 leitos na enfermaria pediátrica e cinco leitos na CIPE (cirurgia pediátrica), atualmente, em funcionamento, com uma média de 800 cirurgias por mês, sendo 15 voltada para área de pediatria, segundo dados da secretaria do centro cirúrgico. Ainda conta com 15 salas de cirurgia, atualmente, em funcionamento, dois carrinhos de parada nos corredores do centro cirúrgico, 23 enfermeiros e realizam cirurgias ortopédicas, cardíacas, urológicas, cirurgia geral, gastrintestinais, proctologicas, plásticas, neurológicas, otorrinolaringologia, oftálmicas, por robótica, híbrida, pediátricas, vasculares, entre outras.
A enfermagem pediátrica atua com a prestação de cuidados essenciais e seguros a criança, no qual necessita apresentar: capacidade de gerenciamento, trabalho em equipe, eficiência, liderança, educação em saúde, conhecimento clínico, técnico e científico, para ofertar o cuidado com qualidade na pediatria (ASSONI et al., 2021). A Cirurgia Pediátrica (CIPE) é uma das especialidades médicas no local escolhido, que atende crianças e adolescentes, menores de 18 anos, contando com uma equipe multiprofissional que presta assistência direcionada, humanizada e empática. A CIPE é responsável pelo tratamento clínico-cirúrgico desde antes do nascimento da criança (intraparto), até a puberdade, caso seja preciso (BRASIL, 2022).
3.3 População e amostra
Foram inseridos como participantes da pesquisa, os acompanhantes de crianças em situação cirúrgica em período de Pré-operatório e Pós-operatório, que estiveram sob os seguintes critérios de inclusão: idade igual ou maior que 18 anos, acompanhando crianças que foram submetidas a um procedimento cirúrgico no HUPE, em jejum e que aceitem participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
População de referência: Acompanhantes de pacientes cirúrgicos em período de pré-operatório e pós-operatório imediato.
População de amostra: Acompanhantes de pacientes submetidos a procedimento cirúrgico eletivo e de urgência, pré-operatório e pós-operatório imediato.
Tamanho da amostra: 30
Critérios de inclusão: Acompanhantes com idade igual ou maior a 18 anos, lúcidos e orientados que estivessem acompanhando pacientes submetidos a procedimento cirúrgico eletivo e de urgência de ambos os sexos, em pré-operatório e pós-operatório imediato, a partir da sala de recuperação pós anestésica.
Critérios de exclusão: Acompanhantes que não estavam em condições responsivas no pré-operatório, ou que tenham ultrapassado o período de 24 horas do pós operatório imediato.
Para a análise do estudo, foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados aplicado como entrevista aos acompanhantes dos pacientes no período de pré-operatório e pós-operatório imediato, a partir da enfermaria da pediatria e da SRPA.
Foi realizado teste piloto do instrumento de coleta de dados, para adequação e constatar a efetividade do mesmo.
Dentre esses dados de pesquisa destacam-se:
• Perfil do paciente – idade, sexo, estado físico
• Informações sobre a cirurgia – eletiva ou de urgência, tempo de jejum pré cirúrgico e tempo de jejum pós cirúrgico.
• Complicações durante o pós operatório – frequência cardíaca, presença de dor, náuseas, vômitos, agitação, choro, desconforto, sinais de fome, sangramento, ansiedade, tontura, calafrio, entre outros.
3.4 Procedimentos para coleta de dados
A coleta de dados ocorreu entre setembro a novembro de 2023, por meio de entrevista semiestruturada, que seguiu um roteiro, no qual a primeira parte diz respeito aos dados sócio demográficos dos acompanhantes, tais como: iniciais do nome, cidade e estado em que reside, idade, renda e ocupação. O tempo estimado da entrevista foi de 20 a 30 minutos. Houve a aplicação de um teste piloto, no intuito de evitar falhas e confirmar a aplicação das questões do roteiro com um participante previamente convidado.
3.5 Análise de dados
A análise de dados ocorreu utilizando a Análise de Conteúdo de Bardin, no qual o autor orienta seguir as etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. Na primeira etapa, foi feita a leitura e limpeza do material coletado. Na segunda, organizou-se o texto e selecionou-se os temas identificados para cada categoria. Na terceira, houve a interpretação destes resultados categorizados (BARDIN, 2001). Os dados coletados foram gravados, com um aparelho celular, e transcritos integralmente para serem analisados. Este estudo se enquadra na Análise de Conteúdo de Bardin, devido a intenção de ouvir e descrever as falas dos participantes, aprofundando o tema de forma minuciosa e sistematizada, seguindo as etapas citadas anteriormente. Diante das etapas, após o processo de limpeza do material e seleção dos principais temas encontrados, ocorreu a categorização. O processo de categorização se refere a expor os resultados por uma ordem de raciocínio temático, no qual o título das categorias se refere aos principais temas trabalhados e destacados nas falas dos participantes (BARDIN, 2001).
O estudo foi submetido segundo os critérios éticos da resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012: Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, sob aprovação com número do parecer: 5.274.808 do CEP – comitê de ética em pesquisa localizado na av. vinte e oito de setembro, nº77 – cepem – centro de pesquisa clínica multiusuário – 2º andar/sala 28, prédio anexo ao Hospital Universitário Pedro Ernesto – vila isabel – cep 20551030 telefone: 21 2868-8253 – e-mail.: cep@hupe.uerj.br.
4. Resultados e discussão
Foram analisadas 30 entrevistas que aceitaram participar desse estudo de forma voluntária. Foram contabilizados 30% de amostra com menos de 1 ano de vida e 70% de amostra com mais de um ano de vida, em uma faixa etária predominante de pacientes de 1 a 5 anos de vida com 44% de amostras e pacientes na faixa etária de 6 a 15 anos de vida com 29% de amostras.
Os resultados foram organizados em três categorias temáticas, que são: 1- Reflexões sobre os impactos físicos e diretrizes do jejum pré-operatório pediátrico sob a ótica dos acompanhantes; 2- Considerações acerca dos desconfortos e impactos emocionais no pré-operatório de crianças submetidas a cirurgia pediátrica e 3- Complicações no pós-operatório pediátrico: condutas e práticas encontradas na percepções dos acompanhantes
Categoria temática 1 – Reflexões sobre os impactos físicos e diretrizes do jejum pré-operatório pediátrico sob a ótica dos acompanhantes
Diante dos dados expostos na tabela 1, entende-se que o jejum pré-operatório é uma prática comum antes de cirurgias, incluindo aquelas realizadas em crianças e que tal prática permite um grande impacto nas questões físicas das crianças que irão passar por procedimentos cirúrgicos. O objetivo do procedimento é garantir que o estômago esteja vazio durante o procedimento cirúrgico para reduzir o risco de aspiração de conteúdo gástrico para os pulmões durante a anestesia. Assim, as diretrizes para o jejum pré-operatório em cirurgias pediátricas podem variar ligeiramente, e é importante seguir as instruções específicas fornecidas pela equipe médica responsável pelo cuidado da criança (SILVA et al., 2022; PIO; QUEIROZ; CORGORZINHO, 2022; CARVALHO et al., 2017).
No entanto, algumas diretrizes gerais descrevem as opções de: Jejum de Sólidos: Água clara geralmente é permitida até 2 horas antes da cirurgia. Leite materno pode ser permitido até 4 horas antes da cirurgia. Fórmulas infantis não devem ser administradas geralmente 6 horas antes da cirurgia. Alimentos sólidos, incluindo alimentos para bebês, devem ser evitados por um período mais longo, geralmente 6 a 8 horas antes da cirurgia. Jejum de Líquidos com Partículas: Bebidas contendo polpa (suco de frutas com polpa, por exemplo) geralmente são evitadas por 8 horas antes da cirurgia. Chupetas e Gomas de Mascar: Geralmente são evitadas antes do procedimento, pois podem estimular a produção de saliva e aumentar o risco de aspiração. Medicamentos: Instruções específicas sobre a administração de medicamentos antes da cirurgia serão fornecidas pela equipe médica (SILVA et al., 2022; PIO; QUEIROZ; CORGORZINHO, 2022; CARVALHO et al., 2017).
Alguns medicamentos podem ser permitidos com pequenos goles de água, e tudo isso impacta nos aspectos físicos dos pacientes pediátricos. É fundamental seguir as instruções do cirurgião, anestesista ou equipe médica responsável, pois as necessidades de jejum podem variar dependendo da idade da criança, do tipo de cirurgia e de outras condições médicas específicas (CHAVES; CAMPOS, 2019; NASPITZ, 2023). Em alguns casos, especialmente em cirurgias de emergência, pode ser necessário abordar a situação de forma diferente, considerando o risco de aspiração versus o risco de desidratação. É importante que os pais ou responsáveis compreendam completamente e sigam as instruções dadas pela equipe médica para garantir a segurança e o bem-estar da criança durante o procedimento cirúrgico (CHAVES; CAMPOS, 2019; NASPITZ, 2023).
Categoria temática – Considerações acerca dos desconfortos e impactos emocionais no pré-operatório de crianças submetidas a cirurgia pediátrica
A amostra foi composta de 30 pacientes, submetidos à procedimentos cirúrgicos eletivos e de urgência. Destes pacientes, 50% (15) do sexo feminino e 50% (15) do sexo masculino. Onde foram divididos por faixa etária: 30% (09) pacientes com idade entre 1m a 11m, 70% (21) pacientes entre 01 a 15 anos. Sobre as complicações no pré-operatório, levou-se em conta que o mesmo paciente pode possuir um ou mais complicações. Sendo estes: choro, ansiedade, agitação, fome entre outros.
Diante dos dados encontrados, o período pré-operatório pode ser desafiador para crianças, pois muitas vezes enfrentam emoções como choro, ansiedade, agitação e fome. A equipe médica, incluindo enfermeiros e anestesistas, está ciente dessas preocupações e faz o possível para ajudar as crianças a enfrentarem esse momento com mais conforto (NOETZOLD et al., 2022).
Continuamente, algumas estratégias comuns para lidar com esses aspectos emocionais podem ser implementadas, tais como: Comunicação Clara: Explicar o que vai acontecer de uma maneira que seja apropriada para a idade da criança pode ajudar a reduzir a ansiedade. Use termos simples e evite detalhes excessivos. Preparação Antecipada: Ofereça informações à criança sobre o que esperar antes da cirurgia. Pode ser útil mostrar-lhes os equipamentos médicos de forma descontraída para tornar o ambiente mais familiar. Conforto Familiar: Permita que a criança tenha objetos familiares, como um brinquedo ou um cobertor favorito, para trazer conforto e familiaridade. Presença dos Pais ou Responsáveis: Quando possível, permita que os pais ou responsáveis estejam presentes durante a preparação para a cirurgia. Isso pode proporcionar segurança emocional à criança (NOETZOLD et al., 2022).
Anestesia Inicial: Se for necessário administrar medicamentos antes da cirurgia, como sedativos, a equipe médica deve explicar isso de maneira compreensível para a criança e seus pais. Jejum Controlado: Quando apropriado, alguns hospitais permitem uma ingestão mínima de líquidos claros até algumas horas antes da cirurgia para ajudar a reduzir a fome e a sede. Distrações e Entretenimento: Proporcionar distrações, como livros, brinquedos ou vídeos, pode ajudar a manter a mente da criança ocupada. Abordagem Empática: A equipe médica deve ser sensível às emoções da criança e responder de maneira empática às suas necessidades emocionais (GUIMARÃES; SOUZA; SILVIA, 2023).
Tempo com a Enfermeira ou Anestesista Pediátrico: Algumas instituições permitem que as crianças passem um tempo com a equipe médica, incluindo o anestesista pediátrico, antes do procedimento para construir confiança. Música ou Terapia do Ambiente: A reprodução de música suave ou a criação de um ambiente tranquilo no quarto da criança pode ajudar a acalmar a família e o paciente pediátrico. É crucial que a equipe médica e os pais trabalhem juntos para oferecer apoio emocional às crianças durante o processo pré-operatório. Cada criança é única, e as estratégias podem precisar ser adaptadas de acordo com as necessidades específicas de cada caso (NOETZOLD et al., 2022).
Categoria temática – Complicações no pós-operatório pediátrico: condutas e práticas encontradas nas percepções dos acompanhantes
Sobre as complicações no pós-operatório, levou-se em conta que o mesmo paciente pode possuir um ou mais complicações. Apenas 44% (04) pacientes de 01 a 11 m apresentaram complicações no pós-operatório e 48% (10) pacientes de 01 a 15 anos apresentaram desconforto. Continuamente, sabe-que o período pós-operatório em cirurgias pediátricas pode envolver várias complicações, embora muitas crianças se recuperem bem com cuidados apropriados. As complicações podem variar dependendo do tipo de cirurgia, da condição de saúde geral da criança e de outros fatores individuais (BOMFIM, 2023).
Alguns exemplos de complicações pós-operatórias em cirurgias pediátricas incluem: Infecção: As infecções são uma preocupação comum após qualquer cirurgia. Pode ocorrer infecção no local da incisão ou sistêmica, dependendo do tipo de procedimento (TALINI; CARVALHO; VIERA, 2023). Problemas Respiratórios: Crianças submetidas a cirurgias podem estar em maior risco de complicações respiratórias, como pneumonia ou atelectasia (colapso pulmonar), especialmente se a cirurgia envolver o sistema respiratório. Hemorragia: Embora rara, a hemorragia pós-operatória pode ocorrer (SANTOS et al., 2022). Pode ser no local da incisão ou em órgãos internos. Complicações Cardiovasculares: Dependendo da natureza da cirurgia, podem ocorrer complicações cardíacas, como arritmias. Complicações Gastrointestinais: Cirurgias abdominais podem estar associadas a complicações gastrointestinais, incluindo obstrução intestinal, íleo paralítico, ou vazamento de anastomoses (TALINI; CARVALHO; VIERA, 2023).
Ainda é possível que ocorram Complicações Urinárias: Em cirurgias que envolvem o trato urinário, complicações como retenção urinária ou infecções podem ocorrer (MORAES; SIQUEIRA, 2023). Complicações Neurológicas: Dependendo da cirurgia, podem ocorrer complicações neurológicas, como lesões de nervos ou acidentes vasculares cerebrais. Reações Adversas à Anestesia: Algumas crianças podem experimentar reações adversas à anestesia, como náuseas, vômitos ou confusão pós-anestésica. Cicatrização Imprecisa da Incisão: A cicatrização inadequada da incisão pode ocorrer, levando a queloides, cicatrizes hipertróficas ou deiscência da ferida. Problemas com Dispositivos Médicos: Se dispositivos médicos foram implantados, como drenos, cateteres ou próteses, complicações relacionadas a esses dispositivos podem ocorrer (TALINI; CARVALHO; VIERA, 2023).
Outra complicação são os Problemas Psicológicos e Emocionais: Algumas crianças podem experimentar ansiedade, depressão ou outras questões emocionais após a cirurgia. É importante ressaltar que essas complicações são geralmente raras, e os profissionais de saúde trabalham ativamente para preveni-las e gerenciá-las quando ocorrem. O acompanhamento pós-operatório, incluindo consultas regulares com o cirurgião pediátrico, pode ser fundamental para garantir uma recuperação adequada e identificar precocemente quaisquer complicações que possam surgir. Os pais ou responsáveis devem ser informados sobre os sinais de complicações e orientados sobre quando procurar ajuda médica (BOMFIM, 2023). Abaixo a tabela 1 apresentando os dados explorados de forma sistematizada.
Tabela 1- Variáveis sociodemográficas: Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2023 (n = 30)




Em crianças de até 11 meses, o tempo de jejum pré-operatório foi de 8 horas, já em crianças de 1 a 15 anos foi de 7 horas. No pós-operatório, as crianças com até 11 meses ficaram em média 4 horas em jejum, e as de 1 a 15 anos ficaram por em média 7 horas. O tempo de jejum no pré e pós-operatório pediátrico pode variar com base em diferentes fatores, incluindo o tipo de cirurgia, a idade da criança e as práticas específicas do hospital ou clínica. No entanto, existem diretrizes gerais que costumam ser seguidas para garantir a segurança durante o procedimento cirúrgico.
O jejum pós-operatório é geralmente mais flexível e a reintrodução de alimentos dependerá da recuperação da criança e das orientações médicas específicas (GONÇALVES, 2023).
Algumas considerações gerais puderam ser elencadas com os resultados desse estudo: Reintrodução Gradual de Líquidos: Após a cirurgia, a reintrodução de líquidos geralmente é feita de maneira gradual. A equipe médica monitora a tolerância da criança à ingestão oral. Reintrodução de Alimentos Sólidos: A introdução de alimentos sólidos dependerá do tipo de cirurgia realizada e da resposta individual da criança. Em alguns casos, pode ser iniciada com uma dieta leve e avançar conforme tolerado (MAIA et al., 2022).
Monitoramento do Trato Gastrointestinal: A retomada da alimentação pós-operatória é feita com base na recuperação do trato gastrointestinal. Complicações como náuseas, vômitos ou distensão abdominal podem influenciar a reintrodução de alimentos. Avaliação Individualizada: Cada criança é única, e a equipe médica avalia individualmente o estado clínico, a resposta à cirurgia e outros fatores para determinar a melhor abordagem no pós-operatório (EUGENIO et al., 2021). É essencial seguir as orientações específicas fornecidas pela equipe médica responsável pelo cuidado da criança. A prática clínica pode variar, e as recomendações são adaptadas de acordo com a situação clínica e as políticas do hospital ou clínica.
Dessa forma, é possível compreender que o acompanhamento nutricional é de extrema importância no período perioperatório devido a sua capacidade de formar alterações em vários sistemas orgânicos. A prescrição com foco em cada paciente auxiliará no controle e diminuição dos desconfortos resultantes de um jejum prolongado. Além disso, programas de educação permanente para a equipe multidisciplinar discutindo instruções atuais sobre, prescrições médicas e evoluções de enfermagem precisas e minuciosas, são fundamentais para uma conscientização à mudança de práticas empíricas.
5. Considerações finais
Conclui-se que com este estudo, foi possível compreender que o jejum pré-operatório pediátrico desempenha um papel crucial na segurança e no bem-estar das crianças submetidas a procedimentos cirúrgicos. A prática visa minimizar o risco de aspiração durante a administração da anestesia, garantindo que o estômago esteja vazio. Com base nas diretrizes gerais, o tempo de jejum para sólidos e líquidos claros pode variar, mas a abordagem é geralmente adaptada à idade da criança e ao tipo específico de cirurgia. O objetivo primário do jejum pré-operatório em crianças é reduzir o risco de aspiração de conteúdo gástrico durante a anestesia, minimizando assim complicações respiratórias.
Dessa forma, as orientações de jejum são adaptadas à idade da criança, reconhecendo que as necessidades nutricionais e a tolerância ao jejum podem variar em diferentes faixas etárias. Outro ponto é a comunicação aberta entre pais, responsáveis e a equipe médica, que precisa ocorrer de forma essencial. Portanto, seguir as orientações específicas da equipe médica é crucial para garantir a segurança da criança. Cada criança é única, e as diretrizes de jejum podem precisar ser adaptadas com base na condição clínica específica, tipo de cirurgia e outras variáveis individuais.
Assim, esta pesquisa enfrentou algumas limitações, sendo a principal a quantidade de pesquisas disponíveis sobre o tema, no qual necessita de maiores aprofundamentos por parte dos pesquisadores, e ainda, de publicações em periódicos acessíveis à população. Por fim, abordagem ao jejum pré-operatório pediátrico deve ser holística, considerando não apenas as necessidades físicas, mas também o impacto psicológico na criança. O equilíbrio entre a segurança do procedimento e o bem-estar emocional é fundamental para garantir uma experiência cirúrgica mais positiva para a criança e sua família.
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¹Enfermeira. Residente em Enfermagem Cirúrgica pela Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ);
²Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutora pela Escola de Enfermagem Anna Nery – UFRJ;
³Enfermeira. Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
⁴Acadêmica do 6° período da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
⁵Enfermeiro. Professor Titular do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).