INVESTIGATION OF ATTENTION DEFICIT HYPERACTIVITY DISORDER (ADHD) IN MEDICAL STUDENTS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10467307
Hugo Berdejo Boreggio1, Christiny Pádua Martins Chaves2, Cassiano Lima Sant’anna Neto3, Bruna dos Santos Sousa4, Luisa Valentina Silva Costa5, João Victor Bonfim Alves Freire6, Samuel Destefano Ferreira7, Orientador: Profa. Dra. Juliana Maria de Paula Avelar1
RESUMO
Introdução: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno do neurodesenvolvimento, observado tanto em crianças como em adultos. O transtorno pode acarretar em prejuízos não somente na área acadêmica, mas em todos os aspectos da vida que, direta ou indiretamente irão dificultar o processo de aprendizagem. Objetivo: Avaliar a prevalência de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em estudantes de medicina do primeiro ao oitavo período, comparando a taxa de desatenção e hiperatividade. Método: Foi aplicado o Instrumento Adult Self-Report Scale-18 TDAH, para avaliar sintomas relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção em adultos. O questionário é dividido em duas partes, com nove perguntas cada, e o potencial diagnóstico é feito quando o participante responde “frequentemente” ou “muito frequentemente” pelo menos quatro vezes em cada uma das partes. Resultados: participaram do estudo 96 estudantes de medicina, sendo 35,40% do sexo masculino e 64,60% do sexo feminino. Desses 96 estudantes, 23,96% apresentaram potencial diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Dentro da amostra total, 20,8% apresentaram mais características de desatenção e 9,3% de hiperatividade. Verificou-se um significativo número de estudantes com características do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, principalmente relativo a desatenção, o que pode impactar diretamente nos processos de aprendizagem e qualidade de vida desses estudantes.
Palavras-chave: Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade, estudantes pré-medicos, educação inclusiva
ABSTRACT
Introduction: Attention Deficit Hyperactivity Disorder is a neurodevelopmental disorder, observed in both children and adults. The disorder can lead to losses not only in the academic area, but in all aspects of life that, directly or indirectly, will hinder the learning process. Objective: To evaluate the prevalence of Attention Deficit Hyperactivity Disorder in medical students from the first to the eighth period, comparing the rate of inattention and hyperactivity. Method: The Adult Self-Report Scale-18 ADHD Instrument was applied to assess symptoms related to Attention Deficit Disorder in adults. The questionnaire is divided into two parts, with nine questions each, and the potential diagnosis is made when the participant answers “often” or “very often” at least four times in each part. Results: 96 medical students participated in the study, 35.40% male and 64.60% female. Of these 96 students, 23.96% were potentially diagnosed with Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Within the total sample, 20.8% presented more characteristics of inattention and 9.3% of hyperactivity. There was a significant number of students with characteristics of Attention Deficit Hyperactivity Disorder, mainly related to inattention, which can directly impact the learning processes and quality of life of these students.
Keywords: Attention Deficit Disorder with Hyperactivity, medical students, inclusive education
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento, podendo ser observado tanto em crianças como em adultos, envolvendo déficits na inibição comportamental, na atenção sustentada e resistência à distração, bem como a regulação do nível de atividade podendo apresentar hiperatividade ou inquietação (KOJO; MOMBELLI; MOURA, 2022).
Nas últimas décadas vem aumentando o número de diagnósticos do TDAH, seja por conta do maior número de informações e capacitações profissionais, ou a sociedade moderna vem proporcionando maiores casos de TDAH na atualidade com o uso indiscriminado das redes sociais.
É certo que o TDAH se trata de um distúrbio que é caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. As crianças portadoras de TDAH são facilmente reconhecidas em clínicas, escolas e em casa. A falta de atenção pode ser identificada pelos sintomas, como por exemplo, de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e de trabalho (POLANCZYK et al., 2000).
Dessa forma, segundo estudo realizado por Sperafico et al. (2021) a matemática é uma das áreas acadêmicas mais prejudicadas no TDAH. Estudos indicam que de 5% a 30% de transtorno da matemática na população é portadora do transtorno de atenção. O perfil de desempenho matemático de estudantes com TDAH é caracterizado pelos prejuízos em cálculo, que podem ser decorrentes da falta de habilidade nos mecanismos básicos envolvidos no cálculo aritmético.
Assim, o âmbito familiar e escolar são os primeiros lugares que o TDAH será diagnosticado primeiramente. Em crianças que estão na puberdade, as quais possuem dificuldade para expressar verbalmente os sintomas, os pais são fundamentais para o diagnóstico clínico, pois ao identificarem algum sinal e logo procurar por um profissional especializado, e realização de testes, logo pode ser identificado o TDAH e a criança pode facilmente controlar os sintomas com esforço voluntário ou realizando atividades de grande interesse (POLANCZYK et al., 2000).
Olhando a partir do viés universitário, muitos indivíduos com o TDAH podem conseguir ingressar no ensino superior e serem bem-sucedidos e levarem uma vida produtiva, independente das dificuldades acadêmicas. Não é incomum que pessoas inteligentes consigam compensar o déficit e ter um ótimo rendimento nos estudos (OLIVEIRA; DIAS, 2015).
Estudo que comparou estudantes com TDAH e sem TDAH, afirma que estudantes universitários com sintomas de TDAH apresentam funcionamento comprometido nas áreas de adaptação acadêmica. A mudança do indivíduo para a universidade é marcada por maior tempo livre e pela grande demanda acadêmica comparada ao ensino médio. Dessa forma, as habilidades de organização podem constituir um desafio para os docentes com TDAH que enfrentam um novo contexto sem a estrutura e o apoio dos pais (OLIVEIRA; DIAS, 2015).
Segundo Oliveira e Dias (2015) universitários que possuem o TDAH em geral, não possuem déficit intelectual ao comparar com os discentes sem o TDAH. No que se refere aos hábitos de estudo, são semelhantes aos seus colegas sem o transtorno, porém, relatam que preferem estudar individualmente, em lugares silenciosos e desligar os aparelhos eletrônicos, bem como realizar pequenos intervalos entre o estudo.
O TDAH é muitas vezes tratado com o uso de metilfenidato, que é um medicamento membro da família das anfetaminas, e que age como um estimulante do sistema nervoso central. Este fármaco proporciona uma melhor concentração e atenção e redução de possíveis comportamentos compulsivos (SILVA et. al., 2022).
Atualmente tem tido um uso indiscriminado de estimulantes cerebrais por estudantes para melhorar o desempenho cognitivo e acadêmico. Tais substâncias possuem a capacidade de aumentar o estado de alerta e a motivação, além de ter propriedades antidepressivas, melhoram o humor e a cognição (SILVA et. al., 2022).
Quando se trata de um adulto, a definição do diagnóstico do TDAH depende de uma avaliação subjetiva do sujeito que é afetado. Devendo o profissional avaliar sua história pregressa desde a infância e encontrar alguns traços que apontam o TDAH. Assim, a construção do diagnóstico do TDAH é descrita com melhor precisão como um processo de negociação no qual várias opiniões devem ser consideradas bem como a do indivíduo (CALIMAN, 2008).
Dessa forma, diagnosticar o TDAH principalmente no âmbito acadêmico é uma tarefa árdua e que requer o trabalho conjunto de diversos profissionais como psiquiatras, neurologistas, psicólogos e educadores. Nem sempre o tratamento do TDAH necessita ser medicamentoso podendo ter outras alternativas menos invasivas aos portadores, de tal maneira que alinhando com um diagnóstico eficaz e tratamento adequado os portadores de TDAH, principalmente os universitários, irão conseguir se desenvolver social e intelectualmente no âmbito universitário (OLIVEIRA; DIAS, 2015).
Neste sentido, evidencia-se a importância da identificação dos sintomas relacionados ao TDAH e o potencial diagnóstico em estudantes de medicina, pois o transtorno leva a prejuízos não somente na área acadêmica, mas em todos os aspectos da vida que, direta ou indiretamente irão dificultar o processo de aprendizagem. O presente estudo tem como objetivo identificar os possíveis sintomas do TDAH em estudantes de medicina.
MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. Fizeram parte deste estudo, alunos do curso de medicina da universidade Estácio IDOMED, localizada em Ribeirão Preto – São Paulo, que possuem 18 anos ou mais, de ambos os sexos e de todas as etnias. Como critério de inclusão o aluno devia estar devidamente matriculado no curso de medicina Estácio IDOMED de Ribeirão Preto, possuir 18 anos ou mais e não possuir diagnóstico prévio de TDAH. Foram excluídos questionários incompletos.
Para a coleta de dados foi utilizado o instrumento Adult Self-Report Scale – ASRS-18 TDAH, desenvolvido por pesquisadores em participação com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que seja feita a avaliação primária de sintomas relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção, o qual fornece dados comportamentais além de permitir identificar o potencial diagnóstico deste transtorno.
O questionário foi constituído de duas partes, parte A avalia a desatenção dos participantes e a parte B avalia a hiperatividade com nove perguntas cada, para que o potencial diagnóstico seja feito, o participante deve responder com frequentemente ou muito frequentemente por pelo menos quatro vezes em cada uma das duas partes (MATTOS et al., 2006).
A coleta de dados ocorreu no mês de Março de 2023. A amostra foi realizada por amostragem de conveniência, formada por todos os discentes elegíveis para o estudo e que aceitaram participar.
Os discentes foram convidados a participar do estudo e informados acerca dos objetivos, riscos e benefícios, conforme preconiza a Resolução 466/2012. Os participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam ao instrumento de coleta enviado e elaborado pelos pesquisadores.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto, visando atender à Resolução do CONEP 466/12, que regulamenta a realização de pesquisas envolvendo seres humanos sob o número CAAE: 70621517.00000.5581.
Os dados coletados foram armazenados e tabulados eletronicamente e analisados através da estatística descritiva, na qual foram obtidas as frequências observadas e esperadas durante a avaliação dos instrumentos.
RESULTADOS
O presente estudo avaliou a resposta de 96 estudantes, que investiga prováveis casos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em estudantes de medicina do primeiro ao oitavo período em ambos os sexos. A faixa etária dos participantes foi de 18 a 44 anos de idade. Do total de estudantes que participaram da pesquisa, 35,40% são do sexo masculino e 64,60% são do sexo feminino.
Em relação às turmas de medicina que responderam o questionário, tem-se que: 13,50% são do primeiro período, 1% do segundo período, 28,10% do terceiro período, 7,30% são do quarto período, 12,50% do quinto período, 14,60% sexto período, 5,20% do sétimo período, 2,10% do oitavo período, 1% do nono período, 1% do décimo primeiro período e 13,50% do décimo segundo período, conforme apresentado pelo gráfico 1.
Gráfico 1- Frequência dos universitários que participaram da pesquisa segundo o período cursado em 2023.
Gráfico 2 – Frequência dos alunos que cometem erros quando precisam de trabalhar com um projeto difícil.
Dos entrevistados, 70,83% relataram que não possuem características de cometerem erros quando precisam trabalhar em um projeto chato ou difícil, 20,83% relataram que possuem desatenção e 8,33% apresentaram hiperatividade.
Gráfico 3- Dificuldade de se concentrar mesmo que a pessoa esteja falando diretamente com o ouvinte.
Em relação a frequência de se concentrar mesmo que a pessoa esteja falando diretamente com o ouvinte 38,50% dizem que raramente possuem dificuldade de concentração 12,5% relataram que algumas vezes não conseguem se concentrar, 32,30% relataram que com frequência não conseguem se concentrar, 16,70% dizem que nunca conseguem se concentrar.
Gráfico 4 – Dificuldade de se concentrar mesmo que a pessoa esteja falando diretamente com o ouvinte
No quesito ‘’deixar um projeto pela metade mesmo depois de ter realizado as partes mais difíceis’’, 29,20% relataram que algumas vezes deixam de encerrar, 28,10% responderam que raramente deixam de fazer a atividade 27,10% dizem que nunca deixam de fazer o projeto e 15,60% disseram que ocorre com muita frequência.
Em relação a dificuldade para fazer um trabalho que exige organização 37,50% dizem que raramente possuem dificuldade, 27,10% dizem que algumas vezes possuem dificuldade, 25,00% nunca possuem dificuldade e 10,40% frequentemente possuem dificuldade.
Na questão de adiar ou evitar o início de algo que precisa de muita concentração 32,30% falaram que algumas vezes adiam o início 33,30% disseram que com muita frequência e 28,10% disseram que raramente adiam ou evitam começar.
Em relação a frequência que coloca as coisas fora do lugar ou possui dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho 27,10% dizem que raramente possuem dificuldade, 26.00% que possuem dificuldade algumas vezes, 26,00% nunca apresentaram dificuldade e 20,80% com frequência apresentam dificuldade.
Na questão de se distrair com atividade ou barulhos no entorno 37,50% dizem que frequentemente se distraem, 30,20% relataram que raramente possuem dificuldade, 25,00% dizem que com muita frequência possuem dificuldade e 7,30% nunca apresentaram dificuldades.
Na pergunta com que frequência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações 47,90% disseram que nunca possuem dificuldades, 29,20% possuem dificuldades algumas vezes, 14,60% nunca possuem dificuldades e 8,30% possuem dificuldade com frequência.
Em relação a frequência de balançar os pés ou se mexer na cadeira 37,50% disseram que com frequência se mexem na cadeira e balançam os pés quando precisa ficar sentado por muito tempo, 28,10% disseram que algumas vezes balançam os pés nas cadeiras e se mexem nas cadeiras e 28,10% responderam que raramente ficam inquietos quando estão sentados.
Na pergunta com que frequência você se sente inquieto ou agitado 44,80% responderam que algumas vezes e 19,80% disseram que com muita frequência, 29,2% disseram que raramente se sente inquieto ou agitado.
A frequência que tem dificuldade para sossegar e relaxar quando possui tempo livre 42,70% disseram que raramente possuem dificuldades, 24.00% algumas vezes, 16,70% nunca e 16,70% nunca possuem dificuldades para relaxar.
Na questão com que frequência você se sente ativo demais e necessitando fazer coisas como se “o motor estivesse ligado” , 37,50% responderam que algumas vezes se sentem dessa forma, 36,50% disseram que raramente, 15,60% muito frequentemente e 10,40% nunca se sentem dessa forma.
Na pergunta com que frequência você se pega falando demais em situações sociais 39,60% disseram que algumas vezes, 32,30% raramente, 15,60% muito frequentemente, 12,50% nunca.
Em relação a frequência que você se pega terminando frases das pessoas antes delas 34,40% disseram que raramente, 32,30% algumas vezes, 18,80% muito frequente e 14,60% nunca fazem isso.
Em relação a frequência que a pessoa possui dificuldade para esperar nas situações onde cada um possui a sua vez, 37,50% disseram que raramente, 30,20% algumas vezes, 22,90% nunca, 9,40% com muita frequência.
Na questão com que frequência você interrompe os outros quando estão ocupados 47,90% responderam que raramente, 30,20% algumas vezes e 15,60% nunca uma parcela não identificada disseram que com muita frequência.
Em relação a frequência que você se levanta da cadeira em reunião ou outras situações onde você deveria ficar sentado 42,70% disseram que raramente se levantam da cadeira, 33,30% nunca, 20,80% algumas vezes e uma parcela não identificada algumas vezes.
Gráfico 5 – Porcentagem de desatenção e hiperatividade.
Em relação aos resultados obtidos de 96 estudantes de medicina que participaram da coleta de dados, respondendo o questionário ASRS-18, 20,83% apresentaram possuir mais características de desatenção e 8,33% de hiperatividade, enquanto 70,83% não possuem potencial TDAH. Já o gráfico 6 permite identificar que o déficit de atenção e hiperatividade são maiores no sexo masculino.
Gráfico 6– Porcentagem de homens e mulheres com déficit de atenção e hiperatividade.
DISCUSSÃO
Ao avaliar os resultados obtidos, algumas observações e comparações com literaturas anteriores pode ser realizada, em relação a distribuição dos respondentes por período nota-se que a distribuição é heterogênea entre os mesmos, sugerindo uma possível variação no interesse ou disponibilidade para responder ao questionário entre as diferentes turmas, já em relação a atenção em tarefas monótonas ou difíceis, um número significativo de estudantes indicou cometer erros por falta de atenção em tais tarefas, o que é consistente com os sintomas clássicos de TDAH, no qual a desatenção é predominante (SILVA et al., 2022).
A dificuldade de concentração em conversas diretas, mesmo quando alguém fala diretamente com o indivíduo, é uma característica relevante para o diagnóstico, além disso, o sentimento de inquietação, a dificuldade em ficar sentado por longos períodos e a interrupção da fala de outras pessoas, são características tradicionalmente associadas à hiperatividade e a impulsividade de pessoas com TDAH.
Em relação aos resultados do ASRS-18 e indicativos de TDAH uma porcentagem significativa de estudantes que exibem características de desatenção e hiperatividade sugere que o TDAH pode ser uma preocupação relevante nesta população. Além disso, curiosamente, os resultados mostram diferenças de gênero, com homens apresentando maior desatenção e mulheres mostrando maior hiperatividade. Esta observação diverge de alguns estudos tradicionais que muitas vezes apresentam o TDAH em homens como sendo mais hiperativos, portanto, seria importante analisar se essas diferenças são influenciadas pela cultura, ambiente acadêmico ou outros fatores específicos.
O presente estudo identificou uma prevalência de desatenção (20,83%) em relação a hiperatividade (8,33%) ao realizarem algum trabalho chato ou difícil. Corroborando o presente estudo, foi possível observar também uma semelhança de resultado em outra pesquisa, a qual identificou alta frequência em estudantes que deixam projetos pela metade, devido ao grau de dificuldade, ou por considerarem pouco atrativo (CARDOSO et al., 2014).
Em consonância com a literatura sobre TDAH, os resultados indicam que indivíduos com TDAH apresentam comprometimento básico, como o aumento da distração. Conforme demonstrado nos resultados acerca da dificuldade de se concentrar mesmo que a pessoa esteja falando diretamente com o ouvinte, os tamanhos dos efeitos foram médios. Apresentando uma prevalência de (38.50%), a respeito de raramente ter prejuízo na atenção seletiva e (32.30%), em relação a frequentemente ter prejuízo na atenção seletiva. Estudo de Mohamed et al., (2021) apresentou resultados semelhantes, atribuindo aos grupos que não há diferença na ausência da dificuldade de concentração, apenas na velocidade do tempo de reação para tal característica.
Acerca da pessoa falando diretamente com o ouvinte, 38,50% disseram que raramente possuem dificuldade de concentração, 12,5% relataram que algumas vezes não conseguem se concentrar, 32,30% relataram que com frequência não conseguem se concentrar e 16,70% dizem que nunca conseguem se concentrar. Estudos apontam que adultos possuem capacidade inconsistente de se concentrar, mas são capazes de fazer quando a atividade desenvolvida gera interesse, como por exemplo o assunto falado diretamente com o ouvinte provoca curiosidade (BARINI et al., 2015).
No que concerne a dificuldade para se fazer um trabalho que exige organização, cerca de (37,50%) se dizem raramente apresentaram dificuldade em concluir tal ação, e a respeito de frequentemente apresentarem dificuldade em critérios organizacionais (10,40%). Estudos apontam que indivíduos com TDAH apresentam desvantagens na atenção seletiva e em funções cerebrais sobre a memória, mas não na formulação do planejamento, na flexibilidade cognitiva e na fluência verbal. Portanto, há a existência de obstáculos visando a organização, porém, não está relacionado a deficiências cognitivas (MOHAMED et al., 2021)
Na questão de adiar ou evitar o início de algo que precisa de muita concentração 32,30% falaram que algumas vezes adiam o início 33,30% disseram que com muita frequência e 28,10% disseram que raramente adiam ou evitam começar. Nos estudos encontrados mostram que com alguma frequência adiam o início de alguma atividade que necessita de muita concentração, necessitam de apresentar muito interesse pelo assunto para poder iniciar a atividade (COELHO, et al., 2018).
Os dados revelam uma divisão significativa nas experiências das pessoas em relação a distração. A maioria, 37,50% afirma que frequentemente se distrai, o que sugere que a distração é um desafio comum para esse grupo. Por outro lado, 30,20% relataram que raramente têm dificuldades em se distrair. Isso indica que para uma parcela substancial dos participantes, a capacidade de se concentrar em meio a atividades ou barulhos no entorno é uma habilidade que eles dominaram ou que não é uma preocupação frequente. No entanto, 25,00% afirmam que com muita frequência possuem dificuldades em se concentrar. Isso destaca que um quarto das pessoas enfrenta um desafio significativo em manter o foco, o que pode impactar seu desempenho na área acadêmica. Por fim, 7,30% nunca apresentaram dificuldades. Esse grupo é relativamente pequeno, o que sugere que a maioria dos participantes experimentaram algum nível de distração em sua vida cotidiana. Estudos contratados apontam verossimilhança da dificuldade de concentração severa em indivíduos com TDAH, sendo este um desafio habitual para com quem sofre do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (ANSHERSON et al., 2016).
Na pergunta com que frequência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações 47,90% disseram que nunca possuem dificuldades, 29,20% possuem dificuldades algumas vezes, 14,60% nunca possuem dificuldades e 8,30% possuem dificuldade com frequência, dados dos estudos apresentaram que com certa frequência os indivíduos possuem dificuldades para lembrar de compromissos ou obrigações (COELHO et al., 2018).
Os dados revelam uma ampla variação nas experiências das pessoas em relação à inquietação e agitação. A maioria, 44,80%, afirma que se sente inquieta ou agitada “ algumas vezes”.Por outro lado, 19,80% relataram sentir-se inquietos e agitados “com muita frequência”. Isso destaca que quase uma em cada cinco pessoas enfrenta uma inquietação constante, o que pode ter implicações significativas para a saúde mental e o bem-estar. É notável que 29,2% disseram que raramente se sentem inquietos e agitados. Isso indica que quase um terço dos indivíduos no estudo tem a capacidade de manter a calma e a serenidade na maioria das situações, apesar dos sintomas clássicos no transtorno de déficit de atenção. Dados coletados de estudos mostram que a agitação é um fator de destaque em sujeitos com TDAH, o qual se mostra presente em grande parte dos diagnósticos (WEIBEL et al., 2020).
A frequência que tem dificuldade para sossegar e relaxar quando possui tempo livre 42,70% disseram que raramente possuem dificuldades, 24.00% algumas vezes, 16,70% nunca e 16,70% nunca possuem dificuldades para relaxar. Alguns estudos mostram que algumas pessoas com déficit de atenção possuem dificuldade social e de relaxar, diferente do encontrado na pesquisa do questionário ASRS-18 (CASTRO et al., 2018).
A frequência de falar demais em situações sociais e a tendência de interromper os outros quando estão ocupados. No que diz respeito à primeira pergunta sobre a frequência de falar demais em situações sociais, 39,60% responderam que “algumas vezes”, o que sugere que para uma parcela considerável das pessoas, a tendência a falar excessivamente. Por outro lado, 32,30% responderam que falam demais “raramente”. Isso indica que uma parte significativa dos indivíduos demonstram autocontrole em situações sociais, evitando falar em excesso. No entanto, 15,60% relataram que falam demais “muito frequentemente”, o que sugere que para um número considerável de pessoas, a tendência de falar demais é um comportamento persistente em indivíduos com TDAH. Outros 12,50% afirmaram que “nunca” se pegam falando demais, o que indica que uma parcela minoritária do estudo têm uma capacidade notável de manter o controle ao se expressar em situações sociais. Em um cenário comparativo, estudos apontam que a interrupção em terceiros nas situações de empenho a outras atividades, não é de muito realce em indivíduos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, sendo este, um critério mais atípico (KIELING et al., 2011).
A regularidade de interromper os outros quando estão ocupados, 47,90% responderam que o fazem “raramente”, 30,20% disseram que interrompem “algumas vezes”, indicando que uma parcela considerável tem consciência de que ocasionalmente pode interromper os outros, talvez por impulso, mas faz isso com moderação. No entanto, 15,60% não identificados relataram interromper “com muita frequência”. Isso aponta para um grupo menor, mas ainda significativo. Os resultados colhidos em estudos recentes, apontam tal acontecimento como esporádico, ou seja, não é de muita regularidade a interrupção de indivíduos com TDAH para com outros (GALO et al., 2016).
No que tange à ocorrência do Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade nos dois sexos biológicos, conclui-se que o déficit de atenção é mais prevalente no sexo masculino em detrimento do sexo feminino. Isso se deve ao fato, de que o índice de ocorrência é de 55% entre os homens, enquanto nas mulheres é de 45%, podendo haver uma diferença de até 10%. A respeito da hiperatividade, o índice é de 75% nos homens e 25% nas mulheres. Ao comparar estudos que utilizaram o EDAH ( Escala de déficit de atenção e hiperatividade) na avaliação da prevalência do TDAH em um estudo epidemiológico realizado por Poeta e Rosa Neto, é visível que os homens se destacam em relação às mulheres, especialmente desde de o âmbito escolar ( meninos e meninas), nos comportamentos relacionados ao transtorno de conduta ( TC). Esses comportamentos podem ser uma comorbidade do TDAH (GALO et al., 2016).
Em relação a frequência que coloca as coisas fora do lugar ou possui dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho nosso artigo demonstrou um equilíbrio entre pessoas que com frequência tem essa dificuldade, algumas vezes e indivíduos que raramente tem dificuldade de encontrar coisas em casa ou no trabalho, o que difere com outros artigos encontrados que há uma enorme frequência de esquecimento sobre onde guardou determinado objeto (SILVA et al., 2022).
Já em relação à inquietação, como esperado, houve uma semelhança entre nossa pesquisa e os artigos de referência, em comum as duas fontes de dados mostram que predominantemente os indivíduos têm o hábito de balançar os pés, se mexer na cadeira, se sentem ativo demais ou não conseguem esperar sua vez (SILVA et al., 2022).
Em relação ao potencial TDAH podemos verificar que diferentemente a outras artigos pesquisados em que houve um equilíbrio entre potenciais TDAH e entre não potenciais, no nosso artigo houve uma discrepância entre um e outro, onde 70,83% possuem baixo potencial TDAH e 29,16% possuem potencial TDAH. Já entre o tipo de TDAH foi possível achar uma semelhança de diferença, onde predominantemente sobressai um potencial TDAH desatento (SILVA et al., 2022).
CONCLUSÃO
Foi possível concluir, por este estudo, que a maior incidência auto avaliativa de potenciais foi na tabela A, que indica Déficit de Atenção, sendo 45% para mulheres e 55% para homens, de forma que o resultado encontrado na tabela B, que indica Hiperatividade, foi de 75% para homens e 25% para mulheres. Em relação aos resultados obtidos de 96 estudantes de medicina que participaram da coleta de dados, respondendo o questionário ASRS-18, 20,83% apresentaram possuir mais características de desatenção e 8,33% de hiperatividade, enquanto 70,83% não apresentaram características de potencial TDAH . Assim, para desenvolvimento futuro, sugere-se que a instituição promova educação em saúde em autocuidado, referente ao tema, para os estudantes que já estão cursando o ano letivo da graduação, bem como promova a aplicação de questionário utilizando a tabela ASRS-18 como base, no ato da matrícula, para que o aluno tenha desde o início conhecimento sobre sua auto avaliação e, se for o caso, busque profissional qualificado e especialista no assunto para que seja realizado o diagnóstico e tratamento adequado.
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