INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL: ABORDAGEM CLÍNICA, DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA EM DIFERENTES FAIXAS  ETÁRIAS

INTESTINAL INTUSSUSCEPTION: CLINICAL, DIAGNOSTIC, AND THERAPEUTIC APPROACH ACROSS DIFFERENT AGE GROUPS 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt102025021112021


Nelson Silvestre Garcia Chaves1
Vinicius Studzinski da Silva2
Isabella Moreira Alves de Souza3
José Eduardo Cardoso dos Santos4
Paulo Garcia dos Reis5
Ana Luísa Braga Campos6
Lucas Martins Ribeiro Ferreira7
Vinícius Cangussu Freitas8
Natália Mara Xavier Diniz9
Ariane de Oliveira Alves10


Resumo 

A intussuscepção intestinal é uma condição caracterizada pela invaginação de um segmento do intestino dentro de outro, resultando em obstrução intestinal e possíveis complicações isquêmicas. Em crianças, é a principal causa de obstrução intestinal, geralmente de origem idiopática, enquanto nos adultos está frequentemente associada a lesões estruturais, incluindo neoplasias. Este estudo revisou aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da doença por meio de uma revisão bibliográfica em bases científicas. A apresentação clínica varia conforme a faixa etária, sendo mais típica na infância, com dor abdominal intermitente, vômitos e fezes sanguinolentas, enquanto nos adultos os sintomas são frequentemente inespecíficos. O diagnóstico baseia-se na ultrassonografia na população pediátrica, evidenciando o sinal em alvo, enquanto a tomografia computadorizada é o exame de escolha para adultos, permitindo a identificação de causas secundárias. O tratamento em crianças prioriza métodos não cirúrgicos, como enemas pneumáticos ou com contraste, enquanto nos adultos a ressecção cirúrgica é geralmente necessária devido ao risco de malignidade subjacente. A detecção precoce e a escolha do tratamento adequado são fundamentais para reduzir morbidade e complicações, destacando-se a importância de uma abordagem diagnóstica e terapêutica direcionada conforme a idade e etiologia.

Palavras-chave: Intussuscepção intestinal. Obstrução intestinal. Diagnóstico por imagem. Manejo. 

1. INTRODUÇÃO

Deve-se fazer uma contextualização/apresentação breve do tema a ser estudado ou do tema que será abordado em seu projeto de pesquisa. A introdução é a parte do artigo onde são apresentados o tema de pesquisa, o problema, a justificativa e os objetivos.

A invaginação ou intussuscepção intestinal ocorre quando uma porção do intestino (intussusceptum) desliza-se para dentro de outra (intussuscipiens), resultando em obstrução intestinal e, se não tratada, possível isquemia e necrose do segmento afetado. Essa condição acomete predominantemente a faixa etária pediátrica, especialmente crianças entre seis meses e três anos, sendo a principal causa de obstrução intestinal nesse grupo etário (BURNETT et  al., 2020). Nos adultos, a intussuscepção é menos comum e geralmente secundária a uma  lesão estrutural, como tumores (ZEWDE et al., 2024). 

A sintomatologia na população pediátrica inclui dor abdominal intermitente de forte intensidade, episódios de irritabilidade, vômitos e fezes com sangue em aspecto de “geleia de  framboesa”. O diagnóstico clínico é complementado por exames de imagem, com destaque para a ultrassonografia abdominal, que demonstra o característico “sinal em alvo” (SALAZAR et al., 2024). Já em adultos, a apresentação clínica é mais insidiosa,  frequentemente com sintomas obstrutivos progressivos, o que pode retardar o diagnóstico e o manejo adequado (ARAGÃO et al., 2024). 

O tratamento na infância baseia-se em métodos de redução não operatórios, como enemas baritados ou pneumáticos, com alta taxa de sucesso. Nos casos de recorrência, perfuração intestinal ou suspeita de etiologia patológica subjacente, a abordagem cirúrgica é necessária (LI et al., 2021). Nos adultos, a cirurgia é geralmente recomendada devido à alta prevalência de lesões associadas (CARROLL et al., 2017). 

Dessa forma, este estudo busca revisar os aspectos epidemiológicos, manifestações clínicas, métodos diagnósticos e abordagens terapêuticas da intussuscepção intestinal, visando aprimorar o conhecimento sobre a condição e otimizar seu manejo clínico. 

2. METODOLOGIA 

Para a elaboração deste artigo, foi realizada uma revisão bibliográfica com pesquisa em bases de dados científicas, incluindo PubMed, SciELO e LILACS. Foram analisados artigos publicados entre 2017 e 2024, priorizando estudos que abordassem epidemiologia, clínica, diagnóstico e tratamento da intussuscepção intestinal. Os critérios de inclusão envolveram publicações em português, inglês e espanhol, disponíveis na íntegra e que tratassem diretamente do tema. Artigos duplicados, apenas na forma de resumo ou que não atendessem aos critérios foram excluídos. 

Após triagem inicial, 26 artigos foram identificados, dos quais 11 foram selecionados para análise aprofundada, utilizando os descritores: “intussuscepção intestinal”, “obstrução intestinal” e “gastroenterologia”. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A intussuscepção intestinal é a principal causa de obstrução intestinal em crianças menores de três anos, apresentando incidência anual de aproximadamente 38 casos por 100.000 crianças no primeiro ano de vida (SALAZAR et al., 2024). Ocorre predominantemente no sexo masculino, com uma proporção de aproximadamente 3:2 

(BURNETT et al., 2020). Em adultos, representa apenas 5% das obstruções intestinais e 1% das emergências abdominais, com etiologia frequentemente associada a neoplasias ou alterações estruturais do intestino (ZEWDE et al., 2024).

A forma idiopática, mais comum em crianças, pode estar relacionada a infecções virais, hipertrofia de placas de Peyer e distúrbios imunológicos. Já nos adultos, as causas secundárias incluem pólipos, tumores malignos (linfoma), lipomas, divertículo de Meckel e doença inflamatória intestinal (ARAGÃO et al., 2024). 

Na população pediátrica, a tríade clássica compreende dor abdominal intermitente, massa abdominal palpável e fezes em “geleia de framboesa”. Contudo, essa apresentação ocorre em apenas 30% dos casos, dificultando o diagnóstico precoce (LI et al., 2021). Outros sinais incluem irritabilidade, vômitos e letargia, que podem preceder os sintomas clássicos e levar à confusão com quadros infecciosos gastrointestinais (LIN-MARTORE et al., 2022). 

Nos adultos, os sintomas costumam ser inespecíficos e progressivos, incluindo dor abdominal crônica, náuseas, distensão abdominal e sinais de obstrução intestinal parcial ou completa. O diagnóstico diferencial deve incluir apendicite, diverticulite e tumores intestinais (CARROLL et al., 2017). 

A ultrassonografia é o exame de escolha para detecção da intussuscepção, apresentando sensibilidade superior a 90%. O achado típico é o “sinal em alvo”, representando as camadas intestinais invaginadas (LIN-MARTORE et al., 2022). A radiografia simples pode demonstrar níveis hidroaéreos sugestivos de obstrução, mas tem baixa especificidade (SALAZAR et al.,  2024). 

A tomografia computadorizada (TC) é o método mais sensível para casos atípicos e adultos, permitindo identificar a causa subjacente. Contudo, devido à radiação envolvida, seu uso é reservado para casos duvidosos ou quando há suspeita de malignidade (ZEWDE et al.,  2024). 

O tratamento depende da idade, apresentação clínica e etiologia. Em crianças sem sinais de complicações, a redução não cirúrgica com enema de ar ou contraste é o método preferencial, com sucesso em até 85% dos casos (LI et al., 2021). A cirurgia é indicada em casos de falha na redução, recidiva frequente, sinais de peritonite ou suspeita de anormalidade estrutural (CARROLL et al., 2017). 

Em adultos, a ressecção cirúrgica é geralmente necessária, especialmente quando há suspeita de neoplasia. A abordagem laparoscópica pode ser utilizada em casos selecionados, reduzindo morbidade e tempo de internação (LIN-MARTORE et al., 2022). 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A intussuscepção intestinal é uma condição relevante na prática clínica, com características distintas em crianças e adultos. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações graves, e a escolha do tratamento depende da idade e etiologia subjacente. A ultrassonografia continua sendo o principal método diagnóstico na pediatria, enquanto a tomografia tem papel importante na população adulta. O manejo adequado, baseado em  evidências atualizadas, melhora significativamente o prognóstico dos pacientes. 

REFERÊNCIAS

ARAGÃO, M. et al. Advances in Pediatric Gastroenterology. Journal of Pediatric Surgery, 2024. 

BURNETT, T. et al. Intussusception: An Updated Review. Pediatric Emergency Care, 2020. 

CARROLL, A. et al. Diagnosis and Management of Adult Intussusception. Surgical Clinics  of North America, 2017. 

LI, Y. et al. Non-Surgical Treatment of Intussusception: A Systematic Review. World Journal  of Surgery, 2021. 

LIN-MARTORE, M. et al. Imaging in Pediatric Emergencies. Radiology, 2022. 

SALAZAR, R. et al. Epidemiology and Clinical Presentation of Intussusception. Journal of  Pediatric Medicine, 2024. 

ZEWDE, M. et al. Adult Intussusception: A Rare Clinical Entity. American Journal of  Surgery, 2024.