INTOLERÂNCIA POLÍTICA NO PERÍODO DA CAMPANHA PRESIDENCIAL BRASILEIRA: UMA REFLEXÃO FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11043134


Fagner Emanoel Silva1
José Leandro Aleixo2
Diogo Rogério Carlos3
Karoline Raquel Pontes De Souza Do Amaral4
Joni Von Silva De Lima5
Mary Agnes Tavares Autran6
Cristiane Lima De Vasconcelos7
Dedyelly Marques Almeida De Oliveira8
Thaís Alves Da Silva9
Maria Tamires Gomes Silva10


RESUMO

Introdução: Num contexto de crise política e econômica, os últimos 5 anos no Brasil, foram testemunhados por um clima de violência política alimentandos por nacionalismo e identitarismo cultural. Esta pesquisa explorou o impacto desses fenômenos na subjetividade. O recorte temporal se conclui, com a invasão à sede dos três poderes federais em Brasília, em janeiro de 2023.Objetivo: A pesquisa buscou entender as práticas de poder por trás da violência política e os sentimentos instigados nos envolvidos. Metodologia: Utilizou-se da Historiobiografia, viés fenomenológico, de Dulce Critelli considerando a percepção do próprio vivente, como narrador mais fiel da história vivida. Fundamentação Téorica: Utilizou-sedos pensamentos de Michel Foucault, analisando o poder em todos os espaços da sociedade com enfoque nas relações cotidianas, ali onde se entranha na subjetividade. Resultado: As tecnologias de poder causaram impactos, implicações, compreensões e sofrimentos psicológicos distintos na subjetividade, neste recorte temporal. A alienação produzida, fazendo surgir um contexto distópico. Conclusão: Os métodos de subjugação evoluíram com a mesma intensidade e força tal qual, a era da informação. Esse funcionamento destrutivo para a sociedade, tem a finalidade de perpetuação do poder para interesse de uns poucos, em detrimento da humanidade. É preciso atualizar o olhar para não se iludir com artifícios sofisticados, disfarçados de valores morais tradicionais.

Palavras-chave: Violência política. Subjetividade. Práticas discursivas. Práticas de poder. Fenomenologia.

ABSTRACT

Introduction: In a context of political and economic crisis, the last 5 years in Brazil have been witnessed by a climate of political violence fueled by nationalism and cultural identity. This research explored the impact of these phenomena on subjectivity. The temporal cut concludes with the invasion of the headquarters of the three federal powers in Brasília in January 2023. Objective: The research sought to understand the power practices behind political violence and the feelings instigated in those involved. Methodology: Historiobiography, a phenomenological bias, by Dulce Critelli was used considering the perception of the living being as the most faithful narrator of the lived history. Theoretical Foundation: The thoughts of Michel Foucault were used, analyzing power in all spaces of society with a focus on everyday relationships, where it becomes embedded in subjectivity. Result: Power technologies caused distinct psychological impacts, implications, understandings, and sufferings in subjectivity in this temporal cut. The produced alienation gives rise to a dystopian context. Conclusion: Methods of subjugation have evolved with the same intensity and force as the information age. This destructive functioning for society aims to perpetuate power for the benefit of a few, to the detriment of humanity. It is necessary to update the view to not be deceived by sophisticated devices disguised as traditional moral values.

Keywords: Political violence. Subjectivity. Discursive practices. Power dynamics. Phenomenology

INTRODUÇÃO

Na última década, nos percebemos imersos numa crise econômica e política mundial, que suscitou novas conjunturas. Esse panorama se deu, entre outros motivos, por resseções econômicas em países relevantes para o cenário global, gerando um efeito cascata. Como desdobramento, tivemos descontentamento econômico e movimentos migratórios em massa, gerando mais crises. Nesta relação, vimos ascender correntes políticas que se pautaram por sentimentos de nacionalismo e identitarismo cultural. Esses acontecimentos se compuseram ainda por entre um evento inédito, uma pandemia de Covid 19, que parou o mundo.

O Brasil, assim como outros países da América Latina, vivenciou essa fase, num clima de polarização política e tensão para com as instituições que garantem a continuidade do nosso modelo democrático. Que impacto essas questões tiveram sobre a subjetividade incorporada? A construção do eu, se faz por diversos atravessamentos que repercutem nos processos de subjetivação (Oliveira e Mapelli, 2022). Um dos processos que esteve em evidência, nos últimos cinco anos foram as questões político partidárias. Destes, o presente trabalho se remeterá ao fenômeno ocorrido no dia 8 de janeiro de 2023, na capital do Brasil.

Estampada em todos os jornais do país e em boa parte do mundo, as imagens da invasão às sedes dos três poderes mais representativas do Estado democrático de direito, do Brasil, deixaram à toda população estarrecida. Um grupo considerável de eleitores insatisfeitos com o resultado da campanha presidencial para 2023, resolveu promover o ato, na intenção realizar uma quebra institucional.

Os meios de comunicação atuais nos permitiram registrar detalhadamente este evento, às vezes pelas próprias mãos dos manifestantes. Quem sabe, a partir dessas gravações, analisando os atos e discursos proferidos, possamos entender um pouco o sentimento apocalíptico que tomou conta destas pessoas. Acreditavam estar realizando uma intervenção divina, embora com atos incongruentes em relação à sua fé cristã.

Há no imaginário popular a ideia de que o provo brasileiro é pacífico. Contudo, a história de violência, desde a “descoberta” do Brasil, até os dias atuais, não mostra isso. Invasão, morticínio de negros e povos originários, escravidão por mais de três séculos, nove tentativas de golpe de Estado. A memória histórica, destoa dos fatos. Talvez por isso, estas crenças do campo da ficção, caminhem tão silenciosamente e causem tantos danos (Ribeiro, 2015).

Ao examinar os fenômenos, foi possível perceber que o fato ora discutido não se deu de um momento pro outro, mas como resultado de um encadeamento sucessivo de atos, dos últimos 5 anos. Foi intuito deste trabalho entender como se deu esse desenvolvimento, quais práticas discursivas  foram utilizadas e quais os possíveis objetivos dessa dinâmica.

Outro conduta sui generis, foi a maneira como parte de líderes das igrejas cristãs atuou junto a alguns partidos políticos, como verdadeiros cabos eleitorais. Uma atividade que levou fiéis,  a uma compreensão de que caso não acompanhassem as convicções de seu líder religioso, estariam indo contra os preceitos bíblicos.

O objetivo desta pesquisa é compreender quais práticas de poder foram utilizadas para promover a evolução da violência política no país, que culminou na invasão aos prédios públicos em Brasília, no dia 8 de janeiro, de 2023 e quais sentimentos foram instigados nessas pessoas para promover tais atos. Para isso, buscou-se explorar dois vídeos jornalísticos, pertinentes ao ataque às instituições e ao contexto político, com o fim de interpretar o cenário político atual, e as técnicas discursivas utilizadas por políticos ou lideranças religiosas, para influenciar o público.

A relevância desta discussão se justifica em conhecermos as tecnologias de poder implementadas atualmente para dominação. Os mecanismos que utilizam e como reverberam nos sujeitos. Desmistificar é uma das vias de construção para uma atitude crítica diante da realidade.

METODOLOGIA

Tendo em vista uma maior aproximação ao se debruçar nas experiências evidenciadas neste estudo, lançou-se mão na manufatura desta pesquisa da abordagem qualitativa, possibilitando assim o tecer de entendimentos diante da questão investigada (Minayo, 2001). Nessa modalidade de pesquisa, a investigação percorre uma trajetória circular em busca de compreensão. Na abordagem fenomenológica, o núcleo da pesquisa reside nas experiências individuais e subjetivas dos participantes. O pesquisador situa essas experiências considerando sua temporalidade, espacialidade, corporeidade e o contexto das relações estabelecidas durante a vivência (Sampieri; Collado; Lucio,  2013).

Esta  pesquisa tem caráter exploratório pois seu propósito principal é ampliar o conhecimento sobre o tema em estudo, contribuindo para sua definição e delimitação. Essa abordagem visa facilitar a escolha do tema, guiar a definição de objetivos, a formulação de hipóteses e até mesmo descobrir novas perspectivas para o assunto. (Prodanov e Freitas, 2013).

Escolher a pesquisa qualitativa ao invés da quantitativa, tem dois significados espessos nesta pesquisa. Martin-Baró, destaca (1) as limitações desta pesada estrutura conceitual, que delimita nossa visão sobre a realidade. Aos moldes de seus filtros ou suas lentes, a pesquisa quantitativa, desconsidera aquilo que é mais próprio do ser humano, sua subjetividade, sua especificidade.  (2) A psicologia deve ter um compromisso prático, ativo, em favor do ser humano. Seu posicionamento em favor em especial, das pessoas mais afetadas seja pela opressão, por toda forma de violência ou qualquer tipo de exclusão, deve ser expresso e acima de qualquer dúvida.  Para isso, considerar os sentimentos, é crucial para entender o que não está expresso em números, mas grita pelos sentidos do ser.

Para a análise dos dados, lançou-se mão Movimento de Realização de Critelli (2006), Seguindo os seguintes passos: 1.) o desocultamento do conteúdo (desvelamento); 2.) a acolhida do que é expresso traduzido por uma linguagem (revelação); 3.) a escuta por alguém daquilo que é expresso (Testemunho); 4.) o endossar como verdade pelo destaque público (veracização); 5.) ao publicar a experiência, dá a efetividade da consistência da singularidade do que foi vivido pelos indivíduos (autenticação).

A maneira de lidar com a escuta, foi atravessada pela perspectiva de Benjamin (1985). Um movimento que permite ao narrador, contar sua própria história. Ou seja, o único que ocupa esse lugar, de maneira que outro não poderia fazê-lo. Permitir que o narrador conte sua própria história é dar a oportunidade de ouvi-lo. A escuta tem sido negligenciada, numa época de tantos julgamentos e predeterminismos políticos, morais ou ideológicos.

Por meio da singularização de um indivíduo, a representação de um modo específico de existir se revela. Isso implica que, em seu processo de existir, o sujeito concretizou tanto a singularidade quanto a pluralidade da sua própria identidade. Dessa forma, ser é sempre a concretização de um modo específico de existência. (Critelli, 2006).

Com relação ao instrumento de análise adotado por esta pesquisa foram utilizados dois vídeos documentários. O primeiro, um vídeo com o título “Documentário BBC | 8 de janeiro: o dia que abalou o Brasil”, com duração de uma hora, nove minutos e quarenta e seis segundos, disponível gratuitamente, na plataforma virtual, YouTube. Produzido pela BBC News Brasil, uma subsidiária da BBC, um provedor mundial de notícias.

O segundo vídeo documentário, foi produzido pela UOL Notícias e Mov, a produtora de vídeos do UOL, o primeiro portal de conteúdo país. Uma empresa brasileira de produtos e serviços de internet. A produção tem o título ‘As vozes de Bolsonaro: Documentário mostra a campanha bolsonarista nas ruas’, com duração de dezesseis minutos e quarenta e sete segundos. A repórter Carla Araújo, colunista do UOL, fez uma cuidadosa amarração entre os atos dos eleitores, os sentimentos que os moviam a estar nas ruas e a ligação com influenciadores religiosos que desde muito, mobilizavam a massa para manifestações políticas envolvidas por anseios religiosos.

Buscou-se compreender as motivações, sentimentos e atravessamentos, que mobilizaram milhares de eleitores às ruas, fosse para fazer campanha ou deixar suas vidas cotidianas e seus lares, a acampar em frente aos quartéis, perfazendo-se com a tentativa de tomar o poder do Estado para si. Não é intuito desta escrita, explicar as causas da violência política, e sim, apresentar um relato de como o fenômeno se manifestou, neste transcurso. Para isso, fez-se uso da pesquisa qualitativa, com o atravessamento fenomenológico.

Para este estudo, lançou-se mão das percepções expressas por Foucault, em suas obras, A ordem do discurso; História da sexualidade I – A vontade de saber; As Palavras e as coisas. O autor possui expressiva relevância em se tratar do tema apresentado, dado seu impacto na percepção desses fenômenos na contemporaneidade.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de literatura, de caráter exploratório, com os descritores violência, política e polarização, na plataforma CAPES, com recorte cronológico dos últimos 5 anos, de produções em língua portuguesa. Foram encontrados 24 artigos, lidos os resumos e percebidos a obediências dos critérios de adequação ao tema e relevância para o cenário apresentado. Após análise, foi constatado que a produção existente nesta plataforma, trata de uma diversidade de pautas socais, porém não versa sobre esses aspectos em relação aos impactos para a subjetividade.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Analisar O Cenário Político Brasileiro A Partir De Duas Reportagens Jornalísticas

A história do nosso país foi forjada à base da violência política. Talvez não seja possível mensurar o quanto esse funcionamento tenha impregnado o nosso olhar, a ponto de naturalizarmos a violência. Como também, não podemos dizer que séculos de morticínio, de negação dos direitos humanos, de exploração e coronelismos, não tenham deixado alguma sequela sociocultural (Schwarcz e Starling, 2015).

Não é difícil imaginar que essas práticas opressivas se tornassem um instrumento, uma arma para avanço de campo, na mão de políticos habilidosos, sobretudo, dada a familiaridade de nosso povo com essas práticas. Saliento que esses comportamentos não se limitam a políticos ou pessoas de determinada orientação ideológica. O poder não está aqui ou ali, como um produto de posse de um titular ou grupo. O poder mostra-se num campo de dispersão, como propusemos analisar.

Discutir sobre a esfera ideológica, é algo indispensável no diálogo das ideias políticas. Contudo, nossa discussão situa-se um pouco antes, detém-se na fase construção das ideias. Ali onde espiram a tornarem-se verdade. Processos pelos quais todos nós, independente de escolha política, passamos (Foucault, 1976).

Sobre o tipo ‘violência política’, o Terra de Direitos, uma Organização de Direitos Humanos, voltada para a promoção e efetivação de direitos, especialmente econômicos, sociais, culturais e ambientais, em seu Relatório Violência Política e Eleitoral no Brasil, produzido em 2022, traz que,

a violência política consiste no uso intencional de recursos e ferramentas de poder e da força com o objetivo de alcançar resultados políticos. A utilização de força, ferramentas e recursos de poder com objetivos políticos pode: (1) manifestar-se em atos físicos, simbólicos ou de desestabilização psicológica; (2) sustentar-se em alternativas de ação individual ou coletiva, isolada, difusa ou organizada; (3) envolver episódios de grande demonstração de força física ou de intimidação psicológica; (4) marcar a experiência social com a demonstração dos danos causados a adversários, sejam indivíduos, instituições, grupos ou populações determinadas.(…). Nesse sentido, em situações de polarização e alta competição no ambiente político, o apelo a ideologias de glorificação da violência, o estímulo à discriminação e ao medo de determinados grupos, a potencialização da rivalidade violenta entre adversários são elementos instrumentalizados por grupos políticos dominantes e elites tendo em vista a garantia do poder. A violência acaba por se fortalecer como um recurso poderoso e um resultado inevitável. (Terra de Direitos, 2020, p.3)

A relevância desta discussão se justifica em conhecermos  tecnologias de poder implementadas atualmente para dominação. Os mecanismos que utilizam e como reverberam nos sujeitos. Desmistificar é uma das vias de construção para uma atitude crítica diante da realidade. Foucault era interessado em entender como os indivíduos participam do processo de autotransformação com o fim de colaborar para o que chamou de ‘práticas de si’. A conduta do sujeito, relacionada à ética, subjetividade e governamentalidade. (Foucault, 1983).

Os termos escalada de violência  e animosidade política, tem sido utilizados com frequência nas pautas jornalísticas, no Brasil, particularmente nestes últimos cinco anos. Segundo a ONG, Artigo 19, uma organização que se ocupa em defender os direitos humanos, a escalada de violência configura um quadro de violações frequentes e com tendência de intensificação que afronta direitos humanos e a própria democracia. De pouco em pouco, o país até então visto como sendo uma terra de pessoas tranquilas e pacatas, mostrou em seus concidadãos, os sentimentos mais primitivas através do espectro político, num movimento de intolerância política e ideológica (Artigo 19, 2020).

Quais técnicas de debate contribuíram para que um sentimento apocalíptico sequestrasse as vidas privadas de milhares de brasileiros ao ponto de deixarem suas casas, trabalho e separassem-se de suas famílias para tomar o poder?

A manhã do dia 8 de janeiro de 2023, ficou registrada na memória dos brasileiros, por imagens repassadas em tempo real pelas redes de TV. A pergunta que me vinha a mente, era: Como chegamos a este estado de decadência civilizacional? Como num filme de cenas já vistas, minha mente volta-se ao período de campanha eleitoral para presidência em 2018, quando um clima separatista e de intolerância demarcou-se no país. Com um discurso com elementos contraditórios, o candidato Bolsonaro, utilizou uma roupagem moralista  e de tom agressivo, para marcar seu personagem no cenário político nacional. Passou também a fazer parte de seu plano, vincular sua proposta aos fundamentos cristãos para abraçar esse eleitorado. Nesse esteio, foi eleito, mesmo com seu histórico de vida pública e privada envolta em diversas práticas suspeitas, que colocariam em cheque seus novos posicionamentos ético-políticos. (Oliveira e Mapelli, 2022).

A partir dali, estava instalada a fórmula de atuação que o levaria ao poder. Tratou de reproduzi-la, em seu mandato, intensificando a estratégia nos pontos que mais inflamavam seu eleitorado. Queria o Presidente atingir o âmago das emoções de seu eleitorado? Amarrou vínculos políticos sólidos com lideranças religiosas. Posteriormente, alguns destes líderes,  buscaram levar os fiéis a acreditar que o projeto político partidário correspondia ao mesmo projeto religioso. Como visto no desdobramento da pesquisa, manusearam da Bíblia para embasar suas convicções pessoais e convencer o público de que o candidato seria o próprio ‘messias’ que conduziria o povo cristão ‘à terra prometida’.

Foi nessa atmosfera desconfortável, porém vivível, que se recrudesceram sentimentos a desestabilizar o país e a despertar espectros de violência. Dos diversos tipos emanados no recorte temporal ora discutido, nosso olhar deteve-se em sobre o ‘como’ essa violência se instalou, convertendo o bolsonarismo quase que numa religião

Elencar Os Mecanismos De Atuação Na Sociedade No Contexto Trabalhado Sob A Ótica Foucaultiana

Após o final das eleições para Presidente da República do brasil, em 2022, insatisfeitos com o resultado das urnas, eleitores do então Presidente Jair Messias Bolsonaro, acamparam em frente aos quartéis, no intento de gerar uma mobilização nacional para uma intervenção militar. Nesse contexto, a repórter Camilla Veras Mota e o vídeo jornalista Giovanni Bello, infiltraram-se nos acampamentos bolsonaristas por dois meses seguidos. O acampamento finalizou com a ação política do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, na histórica invasão e vandalização às sedes dos três poderes federais. Acontecimento que conclui o recorte temporal da gravação. Destaca-se que embora a vídeo reportagem cuide de um período pouco maior a dois meses, traz em suas considerações um rico material mostrando diversos eventos que criaram a ambientação para este fatídico desfecho.

Ao observar o modo como o agora ex-Presidente utilizou-se dos métodos discursivos nas duas ocasiões em que concorreu ao pleito presidencial e quando ocupou a cadeira, vimos correlação entre suas falas e o fato político ocorrido na referida data.

Aos 3 minutos e 40 segundos do vídeo ‘Documentário BBC | 8 de janeiro: O dia que abalou o Brasil’, o Presidente, em Reunião Ministerial, em tom bravio, traz a fala: – Nós queremos cumprir o artigo 142. Todo mundo quer cumprir o artigo 142. Em havendo necessidade, qualquer dos poderes pode pedir às Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil ou naquele local, sem problema nenhum.

Antes de manejar os elementos de análise estrutural de sua fala, cabe demarcar uma observação de caráter intertextual. A desinformação ou até a falta de técnica para interpretar e examinar componentes de um texto, por parte da população, sempre foi uma brecha explorada por políticos. Por esta fissura, pavimentaram sua estrada, para conquistar seu eleitorado mais fiel, sobremaneira na era da velocidade da informação, por mais paradoxal que seja. A era digital, tem causado um abalroamento de falas e construções narrativas, às vezes sem pé, nem cabeça. Talvez esse congestionamento de vozes possa ter levado as pessoas a se protegerem, agrupando-se em um tipo de “bolha”, para sentirem-se mais seguras daquilo que estão ouvindo ou sobre aquilo que estão falando. Contudo, caso essas ideias as levem a cegueira, irão de mãos dadas, juntas e felizes ao abismo, certas de estão fazendo o melhor para si. Nem sempre. Mas, para o bom andamento de nosso propósito nesta pesquisa, não nos deteremos nesta profícua questão.

 Ainda sobre intertextualidade, se o receptor da mensagem não tiver um certo grau de informação e disposição para um pensamento crítico, ficará à mercê de qualquer tipo de informação. É majoritário entre Juristas especialistas, que em nenhum trecho do artigo 142, há autorização para que o Exército faça intervenção militar. E mais, na época dessas falas, conforme nos informa o Agência Brasil[1], o STF[2], se pronunciou, por meio de liminar, declarando que os militares não tinham a prerrogativa de poder moderador, para interferir em conflitos entre os três poderes da República.  Mesmo assim, o representante soberano da nação, continuou com seu discurso até o último dia em que ocupou o cargo de mandatário.

Em, A Ordem do Discurso, Foucault nos traz que, “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as  lutas  ou  os  sistemas  de  dominação, mas  aquilo  pelo  que  se  luta,  o  poder  de  que queremos nos apoderar”. Pelo exposto no vídeo, podemos observar o esforço expressivo que o Presidente impunha para capturar as narrativas. Não eram expressões ao vento ou sem nexo. A apropriação da narrativa, já o é, uma prática de poder (Foucault, 1976).

A maneira articulada do político em questão propor suas falas, sempre deixava implícita suas intenções. Porém, categóricas, se tomadas no conjunto de suas ideias e considerando as técnicas empregadas. Ao público familiarizado, suas palavras pareciam estar bem claras. Suas mensagens, aparentavam funcionar como um norte para as articulações contra democráticas.

Emenda no vídeo, junto a fala do Presidente, um comentário da jornalista, apontando agora, para o desfecho da última eleição presidencial(2022), momento que não obteve vitória nas urnas: – Em paralelo, Bolsonaro não reconhece a derrota. E o silêncio do Presidente, alimenta outra notícia falsa. A de que ele precisaria ficar calado por 72 horas, enquanto as pessoas fossem espontaneamente pras ruas, pra que pudessem pedir uma intervenção Militar, sem ser acusado de tentativa de golpe. Bolsonaro faz o primeiro pronunciamento mais de 40 horas depois do Tribunal Superior Eleitoral confirmar o resultado (das eleições). O que não é praxe entre os candidatos derrotados… e não reconhece formalmente que perdeu a eleição. A essa altura, seus apoiadores já haviam bloqueado rodovias pelo país. 

O vídeo segue com um recorte desta primeira fala oficial do Presidente, no Palácio do Planalto, após a perda nas eleições, dizendo: – Os atuais movimentos populares, são fruto de indignação e sentimento de injustiça, de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas, os nossos métodos, não podem ser os da Esquerda, que sempre prejudicaram a população. Como, invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir. A Direita surgiu de verdade em nosso país! Imediatamente, a repórter arremata: – A fala ambígua de Bolsonaro, que de uma lado condena o fechamento de vias, mas de outro, justifica os movimentos como fruto de indignação e sentimento de injustiça com o processo eleitoral, é interpretada por muitos apoiadores como um aval ao que vem como uma resistência. As 72 horas da fake news espalhada no dia da eleição, passam, mas a tese que dá sustentação a ela vai sendo renovada. E os acampamentos em frente aos prédios do Exército ganham fôlego. O de Brasília, que ficava aqui, em frente ao Quartel General do Exército vai se tornar um dos maiores do país.      

Tomando como base esta fala, nos utilizamos da belíssima Dissertação para Mestrado de Arahata,  e avaliamos o processo de  Avaliatividade[3]. Assim, vemos que há (1) um ‘Compromisso’ firmado entre o mensageiro e seu público eleitoral, quando toma o posicionamento de não desincentivá-los aos atos antidemocráticos que estavam sendo praticados. Gera um sentido implícito de que concorda com eles. Dada a gravidade desses atos, não desincentivar, não significa apenas uma omissão. Passa uma mensagem de que concorda com os acontecimentos. Pois, tal ato de agressão ao Estado democrático de direito, não poderia passar sem um posicionamento expresso de seu mandatário, caso discordasse. Não apenas pelo que havia sido produzido, mas tendo por conhecimento de que os atos ainda estavam em execução e precisavam ser cessados; Há ainda, em sua fala uma outra colocação que faz uma afirmação indireta: ‘as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas, os nossos métodos, não podem ser os da Esquerda.’ Em sua fala, mais uma vez, o Presidente abre mão de refrear as atos e diz que os métodos não podem ser os da ‘Esquerda’. Implícita fica a ideia, de que, desde que não sejam os atos que a Esquerda produz, seus apoiadores poderiam fazê-los. Encobre claramente sua expressa opinião e induz a continuarem seus atos. A Constituição garante sim o direito à livre manifestação, mas desde que não fira seu próprio estatuto. Manifestar-se contra a democracia é crime previsto em Lei. O mandatário representante do povo, não fez qualquer menção ao crime cometido ou em curso.

(2) Vemos ‘atitudes’, de afeto, julgamento e apreciação. Quando o Messias diz ‘os atuais movimentos populares, são fruto de indignação e sentimento de injustiça’, está ele mesmo fazendo uma avalição, dando ao conhecimento do seu eleitorado o que acha de suas práticas e vinculando um sentido emocional dos partidários aos feitos em questão. O componente emocional, um afeto como qualidade predicativa, parece esse ter sido um dos principais combustíveis que acendeu e inflamou seus partidários nesses anos de sua ascensão política. O afeto é um dos elementos mais destacados na Avaliatividade. É por ele que construímos o negativo e positivo; É pelo afeto que percebemos o que está ali. Mesmo que quem produza a fala, tenha o propósito de falsear o que quer dizer, através do afeto, se passa a mensagem.

Sobre sentimentos, se constituem como resposta direta a um fator externo. Se manipulados, por um engenhoso sistema, podem ser utilizados para gerar em/im/apatia, no público.

(3) Por fim, percebe-se uma fala de “julgamento” na expressão ‘a Direita surgiu de verdade em nosso país’. Mais uma vez, falas que reforçam os atos, foram proferidas. Vemos, um afeto em forma de comentário gradativo, expressando aumento de intensidade. Com formas de práticas discursivas tão avançadas, é compreensível que nos perguntemos onde estavam os movimentos que levaram a toda essa violência. Estavam a todo momento bem em frente a nossos olhos. Técnicas de linguagem tão avançadas, que quando nos damos conta, muitas vezes, já estamos envolvidos por elas. Às vezes até as praticamos, reproduzimos e nem percebemos.

Após discorrer sobre recursos bélicos do campo discursivo, perfaço esse trajeto,  com o dog-whistle politics, a ‘política do apito de cão’.

Coffin e O’Halloran (2006) tratam da ‘política de cão’ (dog-whistle politics), termo cunhado recentemente para capturar a forma de Avaliatividade implícita. O som emitido por esse tipo de apito, devido a sua alta frequência, só pode ser ouvido por cães. Assim, a comunicação política usa significados aparentemente neutros, mas que devem ser ‘entendidos’ como uma mensagem negativa pela comunidade alvo (Arahata, 2011, p.44).

Para entendermos a tentativa de desestabilizar a democracia, no Brasil, em início de 2023, é pertinente enxergar práticas de poder sutis que estiveram em exercício. Segundo Foucault, o poder age através da manipulação dos corpos, da sexualidade e do âmbito da moral. Embora o autor seja mais conhecido como “o teórico do poder”, não era assim que ele se via. (Norberto, 2023). Para ele, estudar o poder era uma via para compreensão dos processos de subjetivação, com o fim de entender o funcionamento do sujeito no mundo.

Para este, o poder não é algo homogêneo, que se encontra aqui ou ali. Tampouco uma substância do qual o sujeito busca se apropriar, nem um espaço a ser ocupado. Para o psicólogo francês, o poder é algo heterogêneo, disperso. Segundo o que cita Roberto Machado um de seus interlocutores mais conhecidos no Brasil,

pode-se dizer que Foucault possui uma teoria do poder? Não, o termo teoria não é o mais adequado para compreender o que foi desenvolvido pelo pensador em suas discussões sobre o assunto. Michel Foucault (1995) considera que a questão do poder não é apenas teórica, mas faz parte de nossa experiência e é mais compreensível quando analisada dentro de racionalidades específicas. Para o pensador, “não existe algo unitário chamado poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em constante transformação. O poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social” (Machado, apud Motta e  Alcapadini,2004)

Esse poder é exercido pelo Estado, pelas diversas instituições que buscam regular a vida dos indivíduos e pelos próprios sujeitos, que autenticando-o, reproduzem-no. Os interditos não são produzidos em tábuas ou por leis, mas inscritos por práticas narrativas, com objetivos intencionais de gerir a vida, ou mais. No caso em tela, pior ainda, sacudir as bases de  uma sociedade democrática. Essa execução não se dá por práticas isoladas ou ocasionais. Possui toda uma tecnologia de poder.

Quais são as práticas sociais e relações de poder que criam a nossa subjetividade? Foi a ideia de “verdade” que impulsionou esse público a essa violência apocalíptica? Em A História da Sexualidade, vol. 1, A Vontade de Saber, Foucault vai analisar sobre como a produção de subjetividade é atravessada por um projeto de poder.

Nenhum “foco local”, nenhum “esquema de transformação” poderia funcionar se, através de uma série de encadeamentos sucessivos, não se inserisse, no final das contas, em uma estratégia global. E, inversamente, nenhuma estratégia poderia proporcionar efeitos globais a não ser apoiada em relações precisas e tênues que lhe servissem, não de aplicação e consequência, mas de suporte e ponto de fixação. Entre elas, nenhuma descontinuidade, como seria o caso de dois níveis diferentes (um microscópico e o outro macroscópico); mas, também, nenhuma homogeneidade (como se um nada mais fosse do que a projeção ampliada ou a miniaturização do outro); ao contrário, deve-se pensar em duplo condicionamento, de uma estratégia, através da especificidade das táticas possíveis e, das táticas, pelo invólucro estratégico que as faz funcionar. (Foucault, 1988,  p.44).

Em sendo a execução de um projeto, suas ações não são acidentais. Há uma intencionalidade neste funcionamento. Mais especificamente, há um método nessa atuação. Há uma maquinação no estabelecimento dessas verdades.

Uma ligação entre o macro (a realidade política brasileira), aliada a interesses daqueles que utilizam-se do discurso de poder e a instância micro (a vida do fiel), neste aspecto, a exploração de sua existência, no âmbito espiritual). Aqui se dá o alinhavado da colcha de retalhos. O encadeamento sucessivo desses dois cenários para dar suporte e ponto de fixação a ‘verdade’. A energia que fará com que o sujeito se utilize da colcha para forrar a cama, é o componente emocional. E não faltará disposição, a este povo tão conhecido pela sua vigorosidade na expressão de sua tonalidade afetivo-passional.

Ainda dentro dessa discussão, o francês demarca sua fala deslocando a ideia de poder como substância homogênea e passível de detenção por um sujeito ou um grupo dominante, para uma ideia heterógena, presente em todas as relações e sujeitos. Algo disperso. O poder não está ali, não numa persona ou numa classe, mas está ‘por entre’. Está na fala passada de pai para filho, incutido nos valores que são repassados de geração a geração; na fala da mãe, quando diz a mulher qual o papel dela na sociedade; na reprimenda do professor da faculdade, quando regula um aluno que tem ideias próprias (ou quando as autentica) ou ainda no corretivo do guarda da prisão, quando põe na ‘solitária’ um encarcerado que descumpre as regras da instituição. Trazendo para mais próximo do recorte, pode estar na fala tranquila ou mesmo raivosa do dirigente religioso que enfatiza sua atuação política partidária e particular, ao fiel, embasando na Bíblia. Mais que isso, sistematizando suas preferências políticas pessoais e circunstanciais em todo o contexto bíblico, construindo uma tessitura de sentidos de sua narrativa com a criatividade que um bibliógrafo não teria em compor.

Um dos interlocutores mais conhecidos do Presidente Jair Bolsonaro é o pastor Silas Malafaia. O líder, muito respeitado em seu meio, foi bastante atuante, transformando-se em um símbolo evangélico bolsonarista. Era visto constantemente utilizando os meios de comunicação disponíveis, fossem eles a internet ou canais televisivos, utilizando sua envergadura religiosa para transmitir a palavra bolsonarista aos fiéis. Por vezes, com a Bíblia em mãos, citava algum versículo bíblico e discursava para multidões, fosse em templos ou encima de trios elétricos. Em uma das falas, o pastor diz: – ‘Está em Juízes, Cap. 10, versículo 13. Eu tô lendo a Bíblia, hein?!’

E continua lendo:- Depois dele veio Jair, de Gileade, que liderou Israel durante vinte e dois anos…

‘Israel[4]’, ‘Nação de Israel[5]’ ou ‘Povo de Israel’ são alguns dos nomes bíblicos utilizados pelos cristãos, para se referirem a seus correligionários. O pastor fez alusão ao versículo, para fazer entender que era nesse candidato também de nome Jair, o mesmo nome mencionado no versículo cristão, que todo o povo de Deus, deveria acreditar, posto que a Bíblia mostrava isso.

No mesmo vídeo, outro pastor, também conhecido nacionalmente, utilizou-se noutro evento, do mesmo versículo e aproveitou o dia em que discursava (22), para criar uma analogia: – “Hoje é dia 22. É um dia profético para todos nós.

Não eram frases isoladas. Eram discursos e seguiam-se com palavras de ordem. ‘22’, era o número da chapa do candidato em questão. Utilizando elementos próprios da campanha do candidato à reeleição, como nome, número da chapa ou slogan, algumas lideranças religiosas (fossem católicas ou evangélicas) vinculavam  os termos à contextos bíblicos. Como num couro ou torcida organizada, o público respondia positivamente quase que em êxtase, em forma de levante. As falas, indicavam que seu candidato, seria o salvador. Quem sabe essa atuação massiva tenha contribuído para a animosidade política que se engendrou neste recém-concluído mandato presidencial?

Ainda noutro evento político, como mostrado em vídeo, vimos, dito por uma liderança religiosa: – Levante a sua mão direita e diga. Espalme a mão no teu irmão e diga: O Brasil é do senhor Jesus!  

A colocação acima, não cita o nome do candidato à reeleição. Mas ela é uma de tantas repetidas em eventos político-religiosos, criando um vínculo discursivo entre crenças religiosas, espectro político partidário da Direita e família. A prática repetida cria uma falsa ideia de que, só se é condizente com a prática cristã, o adepto que se alinhe com o pensamento do líder religioso que o defende. É o que vimos em outros recortes dos vídeos utilizados para esta pesquisa.

A intenção trazendo essas falas, não é entrar no mérito das questões, mas pontuar que na maioria das vezes há um componente emocional nestas falas. Um apelo que talvez seja o que impulsione a disseminação de fake news.

Em se falando do uso de aspectos emocionais ou passionais, um termo que estava bem em moda em 2018 e se solidificou durante a campanha eleitoral do candidato em pauta, foi ‘mito’. Talvez um dos mais representativos para indicar o sentimento de ‘torcida organizada’ que impregnou seus eleitores mais arrebatados. A atuação destes, tornou-se muito semelhante a de um torcedor de time de futebol, por exemplo. Seu olhar estava mais pautado para a fantasia do que no olhar crítico de um eleitor que reconhece as obrigações de um Presidente para com seu país. O olhar para as áreas sociais, políticas, econômicas, era sempre negligenciado.

Na vídeo reportagem, a fala de um eleitor, retrata um pouco essa percepção: – É um sentimento de patriotismo, né?! Que estava apagado no Brasil e a gente voltou, desde a época do Ayrton Senna, que a gente era bem patriota. Eu acredito que agora está retornando isso.

Aproveito esta última fala, para mostrar o que o ‘sentimento patriota’ produziu no infortunado 8 de janeiro de 2023. No documentário BBC 8 de janeiro: O dia que abalou o Brasil, na voz de seu narrador, ouvimos: – ‘No dia seguinte, ao retornar ao prédio em que trabalha, a Câmara dos Deputados, Marisa Seixas Prata[6], demonstra em sua fala, sentimento de indignação. Comenta que o prédio é tombado, possui várias obras de arte e estava preocupada com a integridade destas obras’. De fato, o relato dela é pertinente. Muitas obras foram destruídas. Talvez estes atos gratuitos de destruição, demonstrem a cólera dos manifestantes. Se o desejo destes era o de invadir os prédios para tomar o poder, em prevenção a um mal maior, destruir o patrimônio público não era necessário para  este fim. Ainda assim, segundo as imagens, parecia haver certo júbilo em aniquilar a herança histórica. Na mesma toada, ela se refere à todas as vitrines que foram quebradas, desnecessariamente, cerca de 700mts² de vidro. Seria esse o sentimento patriótico ao qual o eleitor do mito se referiu?

Diversas obras de arte, de valor histórico imensurável foram danificadas. Não posso dizer se por prazer ou ódio. Mas pela violência, tinha um componente emocional, posto que esses atos não são condizentes com àqueles descritos por Cristo, na Bíblia, como um movimento de um discípulo seu. De onde vem então esse desejo?

O trabalho de recuperação das peças, é do setor de restauração, chefiado por Gilcy Rodrigues Azevedo[7].  Ela se emociona, quando perguntada pela repórter, de qual sentimento foi tomada, quando chegou à Câmara, após o vandalismo: – Essa pergunta é difícil de responder. Como cidadã, como funcionária dessa casa […] eu acredito que a nossa condição de povo pacífico ficou um pouco maculada. Mas acredito também que a gente tem condição de voltar a ser.

Talvez por isso tenhamos tanta dificuldade em entender como esse cenário de incongruência retórica se estabeleceu. Afinal, como pregar paz e amor, plantando intolerância, destruição e guerra, sem perceber que esse discurso não fecha?

A maneira como esperávamos que o ‘inimigo’ se apresentasse, não se deu. ‘Ele’ não se entificou. Tampouco trouxe uma cartilha da destruição. A água quando penetra a terra, não o faz a partir de um grande buraco. Embrenha-se pelos microporos da superfície. Não adianta procurar a fenda por onde a água se esvaiu. Você estará ali, bem em frente a terra. Verá a terra chupar a água. A verá sumir diante dos seus olhos, contemplará o feito, mas não explicará facilmente como isso se deu.

É sobre um nível capilarizado de atuação do poder que o Psicólogo Foucault discute. Que pensa em deslindar a arqueologia da verdade. É sintomático de nossa época que a construção de verdade, forme nossa ideia de mundo. Dizer que o poder é heterogêneo, é falar que ele tem força porquê é imposto por um mandatário ou por uns poucos no poder, mas sobremaneira, porque é autenticado por todos, nas relações cotidianas, inclusive, por quem resiste a ele. Poder Integrado a nível do pensamento e reproduzido pelas ideias da maioria, por vezes em nível inconsciente. Quem sabe por isso, mais danoso. Esta maquinaria é o processo de subjetivação acontecendo. (Norberto, 2023).

Perceber O Fenômeno Implicado Na Linguagem De Discurso

Um dos principais veículos para disseminação das diversas formas de violência, essencialmente num período em que as mensagens se dissipam na velocidade da luz, é a linguagem. Ela compreende mais do que palavras, enunciados e códigos  linguísticos. Assim, observamos o que a linguagem nos trouxe, nos diversos narradores de nossa pesquisa, representassem eles a si mesmos ou instituições.

Nossa pesquisa, utilizou-se nos vídeos, de um produto criado para vídeo jornalismo. Frisamos a início, que, para além da visão do jornalista, a própria mídia já é por si, um veículo construtor de narrativas, atravessado pelos mais diversos tipos de interesses particulares. Sua demanda, perpassa interesses políticos partidários, projetos de poder e uma das características mais notórias, agradar ou falar a mesma língua dos financiadores do veículo de comunicação, os anunciantes, como também, o público consumidor. A importância da observação se faz, para não incorrermos na inocência de acreditar que o jornalismo se faz de uma maneira neutra ou unicamente com base nas aspirações de indivíduos de uma equipe de produção. Também, para lembrarmos que o atravessamento capitalista permeia os processos discursivos, cerceando e direcionando sua produção.

O termo mais conhecido  para expressar a visão e o valores de um veículo de comunicação, é “Linha editorial[8]”. Isso diz, da maneira de produzir o alinhamento estético discursivo da emissora. Ainda assim, não é garantia de uma fidedignidade a esses princípios, podendo mudar de acordo com os interesses capitalistas dos detentores do veículo. Para além da espetacularização da mídia, das práticas habituais peculiares a nossa época, o “gerar engajamento” o e o cálculo algorítmico,  na escala de valores, o comprometimento da linha editorial com o lucro parece estar no topo da escala de importância no mercado da informação.

No que tange ao olhar midiático, circunscrevo algumas construções teóricas. A ênfase se justifica, para percebermos a influência que as modos de discussão manifestam nos receptores.

A PUC-RS e colaboradores[9], produziu um denso material intitulado, ‘A influência da mídia na opinião pública e sobre a influência desta na mídia’. O profícuo material, examina assuntos ligadas ao uso de dispositivos de comunicação. Disseca-os, historicamente, logo após, permeia o cenário político brasileiro, concluindo com a discussão de mecanismos específicos, os quais, são de nosso interesse para esta pesquisa.

O primeiro deles, agenda setting. Uma teoria que diz respeito sobre a construção midiática. Não é um poder de dizer diretamente o que pensam. É algo mais engenhoso. Nos apontam trilhas que influenciam nossos pensamentos. Trilhas ofertadas intencionalmente, de acordo com os interesses daqueles que as apontam.

Em seguida, temos o termo framming. Vocábulo advindo da língua inglesa, que traduzido em sua literalidade, significa ‘emolduramento’. Representarão o enquadre específico escolhido por alguém para produzir determinada narrativa. Dito de outra forma, é a perspectiva que opto para construir o discurso. Ao acaso, é possível a alguém produzir concomitantemente uma fala que contemple inteiramente o ponto de vista das duas partes em uma suposta lide? A resposta está explícita, posto que cada uma das partes, falará por sua ótica. Talvez, pela simplicidade do exemplo, a hipótese levantada possa simbolizar a concepção de emolduramento. Uma  perspectiva que produz controle seletivo do que será discutido. Embora pareça inocente, este movimento tem um funcionamento consciente e intencional.

Primming, é um efeito estudado por diversos campos de saber, incluindo a psicologia, sobre a capacidade de uma informação se vincular a outra, no intuito de maximizar o interesse do público naquilo que está sendo observado. Esse funcionamento é explorado pelos meios midiáticos no momento de escolha dos assuntos, termos ou títulos a serem pautados para veiculação. Em miúdos, se o enquadre da matéria a princípio escolhido para veiculação não corresponder às expectativas de engajamento, há possibilidade de ser alterada a perspectiva – o framming – para obter o retorno (engajamento) substancial que o veículo almeja.

Por fim, Neuman[10]  nos traz  que a Teoria Espiral do Silêncio entende que o ser humano tem por grande conta em ser aceito pelo seu grupo social. Quando uma informação é dissipada, se a  maioria silenciar, é muito provável que este não se exponha, para não estar em risco de estranhar-se com a maioria. Isso leva a minoria a omitir-se, com medo de ser rejeitada. Exposto acima alguns elementos que transpassam as práticas discursivas, passamos a enxergar com maior expressividade, mecanismos de atuação que, se negligenciados, empobreceriam nossa leitura.

Por diversas ocasiões, nos vídeos discutidos nesta pesquisa, vimos descritos ou implícitos, os aspectos mencionados logo acima.

Desde o século V antes de Cristo, a linguagem oralizada já era utilizada via retórica e dialética, por políticos, na antiga Grécia. A fala, o carisma, o trejeito do político influenciava consideravelmente os rumos de uma eleição. O mesmo se vê hoje, reparando o histórico de debates eleitorais com cobertura nacional. Os políticos se preparam com toda equipe, para exposição e no dia seguinte, acompanham nervosamente os resultados de sua fala, através dos institutos de pesquisa de intenção de voto.

Novos mecanismos de atuação junto à linguagem tem se apresentado. Uma técnica bastante utilizada pelo Messias para a campanha presidencial de 2018, foi a  dog-whistle politics. Conhecida em nossa língua como “política do apito de cão”. Uma linguagem codificada, que de maneira implícita busca persuadir seu público alvo a ações de interesse do mensageiro, sem que o público geral enxergue a mensagem.

Para entender os caminhos que levaram milhares de pessoas, a embarcar à aventura desvairada de tomar o poder e ainda acreditando estar fazendo a única coisa sensata, precisamos cavar a nível micro, no campo da linguística. Arahata, em sua Dissertação de Mestrado, versa sobre essa temática, utilizando o enquadre da LSF. Para se atingir uma compreensão da persuasão textual, precisamos relacionar o contexto ideológico propagado pelas ideias (nível macro) com as escolhas linguísticas feitas na oração (nível micro). Dito de outra forma, relacionar o conjunto de ideias com as práticas sociais. Ou ainda, estabelecer o elo entre o social e o cognitivo. Esta abordagem analítica do discurso é utilizada para esmiuçar o modo de como diversos grupos empregam a linguagem para disseminar ideologias a seu favor.

Arahata (2011), segue falando sobre a Abordagem Linguística Crítica. Os textos desempenham um paradigma intertextual: Possuem um padrão. Um texto é sempre um produto, resultado de outras compreensões já produzidas (outros textos). Essas várias compreensões não precisam estar explícitas, no texto, abertamente manifestadas. Elas podem estar sob velamento e no entanto, serem percebidas apenas pelo público a quem se destina, por sentidos ideológicos manifestos na língua, através da ativação de outros contextos e discursos, e pela mitologização, isto é, pela formação de mitos. Nessas relações intertextuais, a analogia entre a metáfora construída e sua ficção convencional, que fornece a evidência empírica para a predição de uma certa ‘atmosfera’ e de um envolvimento emocional e discursivo de pelo menos parte da leitura, cria assim um solo fértil no qual certos contextos ideológicos podem ser sutilmente desenvolvidos na construção do texto. Pode-se dizer que em certos tipos de discurso um argumento não precisa sempre ser apoiado pela razão e pela lógica, mas pelo uso de mitos ou “mitografia’. Como o dito grego afirma ‘se quiser persuadir leva seu mito consigo’.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa é insuficiente diante da complexidade do tema. Tampouco teria a aspiração de fechar o debate. São diversas as limitações. Entre elas, uma das principais, trazer reflexões para o que ainda está em curso. Com amplitude, o máximo que conseguiríamos seria apreender o perceber o fenômeno em curso. Proposta distintamente fenomenológica. Aquilo que está em movimento, está em construção, se desvelando. O que podemos diante disso é entender como esse movimento se dá, ao invés de focar no início, no trajeto e no fim ou em buscar culpado x inocente. Olhar como as forças se constituem e como se articulam entre si.

Tecer considerações sobre elementos basilares na construção da sociedade é sempre algo pequeno, diante da realidade. Somos-no-mundo. Isso implica dizer que o ser é composto no e com o mundo, de maneira indissociável. Discernir-se nesse processo, identificar  as forças que o atravessam em sua constituição e poder fazer uma análise de si, já o é, uma atividade transcendente. Uma ação que pode propiciar em nós, uma atitude chamada pelo filósofo francês de ‘governo de si’. Um conceito que compreende o indivíduo inserido no coletivo e as implicações institucionais que o perpassam.

Governar-se é ser sujeito, sem ser sujeitado. Para isso, desenvolver um comportamento ético-político, diante da sociedade, é um caminho para construção dessa autonomia como forma de resistência e contraconduta a projetos de dominação. Estas práticas não o tornam ingovernável. O processo de assujeitamento é necessário para validação da sociedade. A subjetividade aqui é vista não apenas como uma dinâmica privada e psicológica, mas um processo ético-político. Assim, não é algo que se constrói isolado, mas no coletivo e institucional.

Deste modo, foi crucial, pensar essa costura através das falas, dos olhares, dos sentimentos ambíguos e contraditórios ou ainda, das práticas ideológicas dos próprios narradores. Fossem eles repórteres, cinegrafistas, líderes religiosos, políticos, funcionários da Câmara, policiais, fiéis religiosos e/ou sobretudo os manifestantes.

Exploramos práticas de poder que foram utilizadas para promover a evolução da violência política no país. Observamos fatos políticos relevantes que resultaram na quase quebra da institucionalidade democrática. A subjetividade se perfaz dentro dessas microrrelações. As práticas discursivas se estabelecem através de produções com efeito de verdade. Nossa pesquisa teve o intento de fazer uma visada para o presente. Observar como os mecanismos de atuação de poder colaboraram para o metamorfoseamento da subjetivação. Uma pesquisa sempre incompleta, visto que o sujeito é produto desses discursos e ao mesmo tempo, produtor de novos discursos.

Concluo deixando minhas considerações de respeito a todos que de alguma forma estiveram presentes neste escrita. Não foram objetos de pesquisa, posto que seres humanos não são objetos. Também não foram bolsomínions, crentes, católicos, nem eleitores. Estas adjetivações se em algum momento foram utilizadas, se deu apenas para fins de delimitação técnica. Não dão conta da imensidão de qualquer existência. Em sua multiplicidade, se faz pretérito trata-las simplesmente como são, ‘seres humanos’. Não se visou neste estudo produzir juízos de valor em relação à pessoas ou suas escolhas políticas, mas aos movimentos que provocam o sujeito a formar verdades, posto que passam despercebidos, estando estes processos, envoltos a práticas subjetivadoras. Se ao acaso, produzíssemos mais uma instância de verdades, diante das provocações que trouxemos, esta escrita não teria validade.

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[1] uma agência pública de notícias, criada em 1990,  incorporada à estatal Empresa Brasileira de Notícias.

[1] Órgão Federativo legitimado para dirimir questões relativas à constitucionalidade no uso das leis.

[3] É um enquadre localizado na LSF, que mapeia os recursos que usamos para avaliar a experiência social (MARTIN,2000; MARTIN; WHITE 2005; WITE 2003). Esses recursos podem se realizar através de várias estruturas gramaticais e de léxico. A análise da Avaliatividade é um modo de capturar, de maneira compreensiva e sistemática, os padrões avaliativos globais que ocorrem num texto, num conjunto de textos ou em discursos institucionais.

[4] A designação de povo de Deus como ‘Israel” encontra-se em vários lugares na Bíblia, iniciando em Gênesis, 32:28 (ARA)

[5] 2 “Quem é como o teu povo, como Israel, única nação na terra, a quem Deus foi remir para seu povo, para fazer-lhe nome e para realizar, para eles e para o teu país, coisas tão grandes e terríveis, lançando as nações de diante do teu povo, que remiste do Egito?” Samuel 7:23 (ARA):

[6] diretora da coordenação da Administração de Edifícios.

[7] está à frente da Coordenação de Restauração da Câmara, há 20 anos.

[8]No artigo Linha Editorial No Jornalismo Brasileiro: Conceito, Gênese E Contradições Entre A Teoria E A Prática, publicado no portal de revistas da USP, vemos, “a  terminologia linha editorial, apresentando-a como sendo a aplicação, na prática, da seleção que os veículos fazem do que será divulgado. A seleção significa, portanto, a ótica através da qual a empresa jornalística vê o mundo. Essa visão decorre do que se decide publicar em cada edição, privilegiando certos assuntos, destacando determinados personagens, obscurecendo alguns e omitindo diversos.”

[9] Faculdade De Comunicação Social; Mestrado Em Ciência Da Comunicação – Dissertação Professor Orientador: Doutor Antônio Hohlfeldt Mestrando: Wesley Callegari Cardia

[10] Em sua Teoria Espiral do Silêncio, Noelle-Neumann fala que quando se dá um valor a algo maior do que ele merece, a tendência é que até aqueles que discordam, sejam influenciadas a seguir o entendimento. Isso acontece pela necessidade que as pessoas tem de pertencimento a grupos. Discordar, significaria pôr em risco essa aceitação no grupo. Para chegar a tal conclusão, a pesquisadora fez uso de instrumentais para medir o Clima de Opinião.


1- Psicólogo Clínico pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (2024), Caruaru – PE.

2- Psicólogo Clínico pela Universidade Estadual de Pernambuco – UPE (2010), Especialista em Atenção Básica e Saúde da Família; Práticas Integrativas e Complementares em Saúde.

3- Graduado em Psicologia pela UNIFAVIP WYDEN (2012), especialista em Análise Existencial e Logoterapia pela FACEAT-UNILIFE (2021), especialista em Gestão Social e Políticas Públicas UNOPAR (2016), Mestrando em psicologia Social pela Universidade de Flores – UFLO, Argentina (2024).

4- Professora do Centro Universitário Maurício de Nassau – Caruaru PE, Especialista em Psicologia Clínica na perspectiva fenomenológica existencial pela UNICAP (2020), Psicóloga Clínica pela Faculdade de Ciências Humanas ESUDA (2018).

5- Graduado em Psicologia pela UNIFAVIP WYDEN (2010), especialista em Gestão Pública, pelo IFPE e Pós-graduado em Terapia Cognitivo-Comportamental, pela UNIFAVIP WYDEN.

6- Psicóloga clínica pela UNIFAVIP WYDEN (2022).

7- Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (2024), Caruaru-PE.

8- Psicóloga pelo Centro Universitário Santo Agostinho (2021), Teresina – PI.

9- Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (2024).

10- Psicóloga clínica pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (2024), Caruaru – PE.