INTOLERÂNCIA À LACTOSE INFANTIL: UM ESTUDO DE REVISÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7957633


Luana Albuquerque Figueiredo 
Maria Eduarda Leite Dantas
David Silva dos Reis


RESUMO  

A intolerância à lactose é uma síndrome a qual o indivíduo apresenta sintomas gastrointestinais após o consumo de alimentos que contenham lactose. As crianças que são intolerantes à lactose podem ter dificuldade em tolerar produtos lácteos, pois os alimentos lácteos podem conter altos níveis de lactose. Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo geral descrever sobre a intolerância à lactose infantil. Ou seja, o estudo buscou apresentar sobre o contexto relacionado a esta complicação em crianças. Este estudo foi realizado através de uma revisão de literatura, com o uso de artigos científicos indexados nas bases de dados. Foram selecionados um total de 13 artigos científico permitiu com que fosse identificado que a ingestão de lactose em certas crianças suscetíveis pode causar sintomas abdominais variáveis e que podem ser tratados com restrição alimentar ou reposição enzimática, dependendo da quantidade de lactose consumida e do grau de deficiência de lactase, isso pode afetar o consumo de alimentos ricos em nutrientes essenciais para o desenvolvimento e crescimento infantil. Por isso, foi concluído que frente ao contexto de intolerância à lactose infantil, é necessário que a criança seja acompanhada por um nutricionista para orientar e educar os responsáveis. É importante a compreensão da funcionalidade das enzimas envolvidas nesse sistema para que a melhor dietoterapia seja prescrita. 

Palavras chaves: Intolerância. Lactose. Infantil. Tratamento. Nutrição.  

ABSTRACT  

Lactose intolerance is a syndrome in which the individual has gastrointestinal symptoms after consuming foods containing lactose. Children who are lactose intolerant may have difficulty tolerating dairy products as dairy foods can contain high levels of lactose. In view of this, the present research has the general objective of describing about lactose intolerance in children. That is, the study sought to present the context related to this complication in children. This study was carried out through a literature review, with the use of scientific articles indexed in the databases. A total of 13 scientific articles were selected, allowing it to be identified that the ingestion of lactose in certain susceptible children can cause variable abdominal symptoms and that they can be treated with food restriction or enzyme replacement, depending on the amount of lactose consumed and the degree of deficiency. of lactase, this can affect the consumption of food risks in essential nutrients for child development and growth. Therefore, it was concluded that, given the context of lactose intolerance in children, it is necessary that the child be accompanied by a nutritionist to guide and educate those responsible. It is important to understand the functionality of the enzymes involved in this system so that the best diet therapy can be prescribed. 

Keywords: Intolerance. Lactose. Childish. Treatment. Nutrition. 

INTRODUÇÃO  

A intolerância à lactose (IL) atualmente encontra-se em 70% da população mundial.  A IL é uma síndrome a qual o indivíduo apresenta sintomas gastrointestinais após o consumo de alimentos que contenham lactose. Lactose é um açúcar presente em grande quantidade no leite, quando quebrada por uma enzima a lactose gera a galactose e glicose. Em algumas pessoas há uma deficiência na produção da lactase, enzima que degrada a lactose (ROCHA, 2012).  

 Segundo Misselwitz et al., (2019) na intolerância alimentar a presença da lactose em nível intestinal causa um aumento de líquido intestinal em consequência de efeito osmótico do dissacarídeo, o que pode causar diarreia. Quando o dissacarídeo se move para o cólon, as bactérias da flora intestinal digerem a lactose o que pode causar flatulência, dor abdominal e moléstia na evacuação.  

Zychar (2016) descreve que é considerável evidenciar que, embora   os   termos   intolerância, alergia   e sensibilidade à lactose possam parecer sinônimos, são integralmente distintos.  A intolerância é o nome de uma resposta fisiológica insólita a um tipo de alimento. Refere-se a uma anomalia nos processos de digestão, quando o organismo não retém ou não origina o suficiente de enzimas capazes de absorver os açúcares de determinados alimentos que são ingeridos, comprometendo a absorção e metabolismo dessa molécula, apresentando reação desfavorável.  Além de tudo, essa disfunção na atividade enzimática é muito mais habitual na coletividade e pode atingir qualquer indivíduo sem histórico familiar.  

Dessa maneira, é apresentada a origem da justificativa e relevância desta pesquisa pois a intolerância à lactose pode induzir de modo direto no estado nutricional da criança, consequentemente não se deve diagnosticar apenas com relação aos sintomas e sim realizar exames que demonstrem qual a patologia sofrida. Este estudo poderá ainda auxiliar o planejamento de novas pesquisas que venham aclarar e aprofundar o tema aqui proposto. Tendo como hipótese o questionamento sobre como o desconhecimento da diferenciação entre intolerância à lactose e alergia alimentar ocasiona a dificuldade do diagnóstico dessa patologia? 

Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo geral descrever sobre a intolerância à lactose infantil. Ou seja, o estudo buscou apresentar sobre o contexto relacionado a esta complicação em crianças.  

METODOLOGIA  

Este estudo foi realizado através de uma revisão de literatura, com o uso de artigos científicos indexados nas bases de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO), Public Medline or Publisher Medline (PUBMED), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Google Acadêmico, sobre a intolerância à lactose infantil. Para guiar esta revisão, formulou-se a seguinte questão norteadora: como o desconhecimento da diferenciação entre intolerância à Lactose e alergia alimentar ocasionam a dificuldade do diagnóstico dessa patologia? 

Para as buscas foram utilizados os seguintes descritores: “Intolerância à lactose infantil”, “Tratamentos para Intolerância à lactose’’ e “Métodos nutricionais e intolerância à lactose” e seus correlatos em língua inglesa. As buscas foram realizadas nos meses de fevereiro a abril de 2023 de maneira independente pelas autoras, respeitando os critérios inclusão e exclusão. 

Os critérios de inclusão foram artigos originais publicados entre 2015 e 2022 nos idiomas português e inglês, que descrevessem sobre a intolerância à lactose infantil. Os critérios de exclusão foram estudos duplicados, monografias, disponíveis apenas o resumo ou com a apresentação apenas do tema, estando o conteúdo indisponível. 

Os dados foram coletados a partir de informações extraídas dos estudos selecionados. Foi utilizado um instrumento de coleta que reuniu e sintetizou as principais informações dos estudos em quadros. Ao término das leituras, foi realizada, primeiramente, fichamentos e resumos acerca do que é mais importante e que estão apresentados nos resultados do estudo. Posteriormente, uma análise descritiva de dados extraídos dos estudos selecionados foi realizada, destacando-se: autor (es), ano de publicação, título do estudo, objetivo, tipo de estudo, resultados e conclusão. 

RESULTADOS  

O fluxograma abaixo, apresenta a cronologia quantitativa que foi alcançada no estudo, de acordo com a identificação das pesquisas em cada plataforma, o fluxograma mostra o segmento da quantidade de estudos encontrados em cada base de dados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. 

Figura 1. Fluxograma da seleção de estudos nas bases de dados

De acordo com a metodologia utilizada para a elegibilidade dos estudos nas bases de dados, foram selecionados um total de 13 artigos científicos, que estão apresentados de acordo com suas especificidades no quadro 1.  

Quadro 1. Apresentação dos estudos selecionados para esta revisão. 

 Autor e título  Objetivo PopulaçãoTipo de estudoResultadosConclusão
DEL CARMEN TOCAA et al, 2022.   Lactose intolerance: myths and factsEsclarecer os aspectos clínicos e nutricionais de relevância da atividade da lactose e da lactase ao longoPacientes em geral.  TransversalNovos conhecimentos sobre os efeitos adversos tornaram-se mais populares do que os benefícios e geralmente são erroneamente atribuídos a sintomas gastrointestinais adversos.Para o funcionamento adequado das atividades intestinais é preciso que a ação de enzimas como lactose e lactase estejam adequadas
CATANZARO et a l., 2021.   Lactose intolerance: An update on its pathogenesis, diagnosis, and treatment.Explicar os métodos de diagnósticos atualmente disponíveis e as possíveis opções terapêuticas para a intolerância à lactose.Indivíduos com intolerância.AnalíticoCom o tratamento terapêutico os pacientes puderam consumir alimentos com as mesmas características nutricionais comparáveis aos laticínios.  Os métodos utilizados como forma de tratamento para intolerância à lactose, são eficazes para indivíduos com essa intolerância.
MISSELWITZ et al., 2019   Update on lactose malabsorption and intolerance: pathogenesis, diagnosis and clinical management.Enfatizar os desenvolvimentos       recentes no diagnóstico clínico e no manejo dessa condição.Adultos com intolerânciaCoorteAs evidências demonstraram o impacto da digestão da lactose na microbiota humana e na saúde geral.Para uma saúde adequada é preciso que haja a funcionalidade da lactose, para que haja digestão eficaz de substâncias adquiridas na alimentação
COSTANZO et al., 2021.   Lactose intolerance in pediatric patients and common misunderstang s about cow’s milk allergy.Evidenciar que   crianças com diagnóstico de intolerância à lactose e alergia ao leite de vaca podem ter graus variados dependendo da   gravidade desses sintomas.CriançasQualitativoOs sintomas da intolerância e da alergia são semelhantes, portanto, podem ser erroneamente confundidos.Um melhor conhecimento dessas diferenças poderia limitar mal-entendidos na abordagem diagnostica e no manejo dessas condições.
TAEGER et al., 2021.   Custo adicionais de dietas com redução de lactose: substitutos de produtos lácteos sem lactose são uma alternativa econômica para pessoas com intolerância à lactose.Calcular os custos adicionais de dietas com redução de lactose e mostrar qual das diferentes opções representa a alternativa mais econômica dentro de uma dieta com redução de lactose.Adultos e criançasQualitativoVerificou-se que os maiores ajustes devido à redução da lactose pode ser observado no grupo de produtos lácteos. No grupo com aumento do limite de lactose, o leite normal foi cada vez mais substituído  pelo leite sem lactose.O uso da dieta mostrou-se ser a maneira mais econômica de cobrir as necessidades de nutrientes.
SZILAGYI et al., 2018.   Lactose intolerance, Dairy avoidance, and treatment options.Avaliar as relações entre consumo de laticínios e variáveis condições com exceção do osso, onde os laticínios fornecem a maior quantidade de cálcio.Adultos e crianças.CoorteA presença de má digestão de lactose, por si só, não leva a redução da densidade óssea a menos que esteja associada a redução da ingestão de cálcio e sintomas graves de intolerância.A relação entre a ingestão de laticínios e a saúde óssea é suportada, mas é mais substancial em crianças e adolescente do   que em adultos.  
PORZI et al., 2021.   Development of personalized nutrition: applications in lactose intolerance diagnosis and management.Prevenir, gerenciar ou tratar doenças, otimizar a saúde e bem-estar usando avaliações clínicas, informação genética, biomarcadores e qualquer outra informação relevante sobre os indivíduos.Pessoas com intolerância a lactoseAnalíticoA avaliação da intolerância a lactose possui potencial para otimização da saúde individual, gerenciamento de doenças, intervenções de saúde pública e inovações de produtos.Embora associados a consequências clínicas relativamente leves, os processos genéticos, epigenéticos e metabólicos que caracterizam a IL fornecem um modelo muito interessante de como traduzir a pesquisa básica sobre doenças relacionadas a dieta em pessoas intolerantes à lactose
SANTOS et al, 2019 Lactose intolerance: what is a correct management?O objetivo foi avaliar as evidências científicas sobre o manejo adequado de pacientes com IL.Crianças e adultosTransversalA exclusão completa dos produtos lácteos convencionais não é necessária, pois a maior parte dos indivíduos com IL consegue tolerar diariamente até 12 g de lactose em uma única dose.Atualmente existe uma diversidade de produtos considerados “substitutos do leite” e suplementos voltados para os indivíduos com IL, no entanto, essas estratégias ainda requerem mais estudos
TAN‐DY; OHLSSON, 2018.  Alimentos tratados com lactase para promover o crescimento e a tolerância alimentar em bebês prematuros.Avaliar a eficácia e segurança da adição de lactase  ao leite em comparação com placebo ou nenhuma intervenção para a promoção do crescimento e tolerância alimentar em prematuros.  Bebês prematurosAnalíticoHouve um aumento estatisticamente significativo no ganho de peso no dia 10 do estudo no grupo de rações tratadas com lactase, mas não em nenhum outro ponto de tempo. No geral, não houve um efeito estatisticamente significativo no ganho de peso. Nenhum efeito adverso foi notado.O único estudo analítico até o momento não fornece evidências de benefício significativo para bebês prematuros com a adição de lactase à alimentação. Mais pesquisas sobre eficácia e segurança são necessárias antes que recomendações práticas possam ser feitas.
BATISTA et al., 2018.   Lactose em alimentos industrializados: avaliação da disponibilidade da informação de quantidade.Avaliar a disponibilidade de informações sobre quantidade de lactose nos rótulos de alimentos industrializados e pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC).Indivíduos com intolerância à lactose.TransversalOs alimentos tradicionais apresentaram menor percentual de alegação da quantidade de lactose nas tabelas nutricionais quando comparados aos alimentos diet/light/zero.A ausência da informação viola o direito à informação do consumidor e pode comprometer a segurança alimentar e nutricional das pessoas que necessitam do controle da ingestão de lactose  
CORREIA et al., 2022.   Conhecer antes de incorporar: um retrato dos programas para alergia ao leite implementados no Brasil.Caracterizar a assistência ofertada às crianças com alergia ao leite em programas públicos e os desafios enfrentados na sua implantação, no contexto da pré-incorporação  no Sistema Único de Saúde de três fórmulas infantis para alergia ao leite.  Programas do Sistema Único de Saúde.TransversalDentre as principais dificuldades para criação e execução destes programas, a falta de recursos e humanos financeiros foram as razões mais presentes, representando 71,4%   e 61,9%, respectivamente.Este estudo apresenta uma avaliação inédita e detalhada sobre   os programas trazendo discussões m que corroboram na tomada de decisões, uso racional de recursos públicos, melhor assistência às crianças e fortalecimento do sistema de saúde nacional.
MOIMAZ et al., 2019.   Percepção de pais de crianças alérgicas ou intolerantes alimentares em relação à doença.Analisar a percepção de pais de crianças com APVL ou IL, quanto aos aspectos de saúde, enfatizando sua saúde bucal, bem como, os fatores envolvidos no tratamento da alergia e intolerância alimentar.Crianças alérgicas ou intolerantes.TransversalRelatos de diferentes doenças bucais foram dados pelos pais, com relação à alergia ou intolerância alimentar em seus filhos, tais como: cárie frequente, manchas dentárias, dor e dentes sensíveis.A percepção dos pais de crianças com APLV/IL sofreram influência dos fatores nutricionais e do estigma que a doença apresenta, com especial importância dada para a saúde bucal de seus filhos, e relatos de dificuldades de acesso a serviços de saúde com equipes multiprofissionais
PORTO et al., 2018. Experiência vivenciada por mães de crianças com intolerância à lactose.Este trabalho objetivou conhecer a experiência de mães de crianças com diagnóstico de intolerância à lactose.Mães de crianças com Intolerância à lactose.AnalíticoFoi possível desvelar as Dificuldades que passam os familiares, especialmente, as mães de crianças com IL, já que os sinais e sintomas podem ser facilmente confundidos com outras patologias.Desta forma, é de fundamental importância que profissionais de saúde tenham o devido preparo para identificar a sintomatologia das crianças acometidas por IL para prestarem Um cuidado terapêutico.

DISCUSSÃO  

Este estudo levantou as pesquisas que investigaram a intolerância à lactose e assim entender mais sobre esta condição clínica em crianças e a atualização dos profissionais da saúde que tratam desta patologia. Normalmente, após o consumo de lactose, ela é hidrolisada em glicose e galactose pela enzima lactase, que se encontra na borda em escova do intestino delgado. A deficiência de lactase devido a causas primárias ou secundárias resulta em sintomas clínicos. A lactose está presente em laticínios, produtos lácteos e leite de mamíferos (DEL CARMEM et al., 2022). 

Segundo Catanzaro, Sciuto e Marotta (2021) a deficiência de lactase é o tipo mais comum de deficiência de dissacarídeos. Os níveis de enzimas estão no pico logo após o nascimento e diminuem depois disso, apesar da ingestão contínua de lactose. O estudo de Misselwitz et al., (2019) mostrou que a intolerância à lactose se manifesta com distensão abdominal e dor, fezes moles, náuseas, flatulência e borborigmos. Os estudos de Szilagyi e Ishayek (2018) ainda demonstram outros sintomas, que pode variar de pessoa para pessoa, como cólicas, dores abdominais, inchaços e diarreia, começando cerca de 30 minutos a 2 horas após a ingestão de alimentos ou bebidas que contenham lactose. Muitas pessoas começam a evitar o leite assim que o diagnóstico é feito, ou mesmo a sugestão de intolerância à lactose é apresentada. Isso leva ao consumo de produtos especialmente preparados com auxiliares digestivos, aumentando a carga de cuidados com a saúde (MISSELWITZ et al., 2019; SZILAGYI; ISHAYEK, 2018). 

Quanto à etiologia da doença, Del Carmem et al., (2022) descreveu em sua pesquisa que geralmente ocorre em famílias (sendo hereditárias). Nesses casos, com o tempo, o corpo de uma pessoa pode produzir menos da enzima lactase. Os sintomas podem começar durante a adolescência ou na idade adulta. Em alguns casos, como apresentado por Di Costanzo et al., (2021) o intestino delgado para de produzir lactase após uma lesão ou após uma doença ou infecção. Alguns bebês nascidos muito cedo (bebês prematuros) podem não ser capazes de produzir lactase suficiente. Isso geralmente é um problema de curto prazo que desaparece. Em casos muito raros, as pessoas nascem com incapacidade de produzir qualquer lactase. 

Com as análises realizadas nos estudos de Di Costanzo et al., (2021) e Del Carmem et al., (2022), foi compreendido que a gravidade dos sintomas dependerá da quantidade de lactose que a pessoa ingeriu e da quantidade de lactase produzida pelo corpo. Os sintomas da intolerância à lactose podem ser semelhantes aos de outros problemas de saúde. Além disso, os estudos também mostraram que o diagnóstico da intolerância à lactose pode ser realizado com um médico irá falar sobre a sua saúde passada e histórico familiar, sendo feito um exame físico. Pode ser solicitado a ingestão de ou derivados por um curto período de tempo para ver se os sintomas melhoram.  Além disso, alguns testes podem ajudar o médico a verificar se há intolerância à lactose. Segundo Catanzaro, Sciuto e Marotta (2021) estes podem incluir: Teste de tolerância à lactose, teste respiratório do hidrogênio e teste de acidez das fezes.  

O estudo de Santos, Rocha e Santana (2019) mostrou que a lactose é o açúcar primário no leite de vaca e outros produtos lácteos. Quando alguém é intolerante à lactose, isso significa que o corpo não consegue produzir lactase suficiente, a enzima necessária para digerir a lactose. 

Como resultado, a lactose não digerida permanece no intestino e causa problemas gastrointestinais. Esses problemas tendem a ser desconfortáveis, mas não perigosos. 

No estudo realizado por Batista et al. (2018), algumas pessoas intolerantes à lactose podem ingerir um pouco de laticínios sem apresentar sintomas. Outros terão sintomas e sentirão desconforto toda vez que ingerirem alimentos que contenham até mesmo uma pequena quantidade de lactose. Existem diferentes níveis de lactose em diferentes produtos lácteos, portanto, mesmo que alguém com intolerância à lactose não possa beber leite, pode comer iogurte ou queijo. 

De acordo com Moimaz et al. (2019), a intolerância à lactose é comum em crianças mais velhas e adultos, especialmente entre certos grupos étnicos e raciais. A intolerância à lactose é rara em bebês. Isso porque quase todos os bebês nascem com lactase no intestino, o que lhes permite digerir o leite materno. A intolerância à lactose em crianças é mais comum e geralmente não aparece até os 3 anos de idade ou mais. 

Tan‐dy, e Ohlsson (2018) apresenta em sua pesquisa que ocasionalmente, os bebês têm intolerância à lactose por um destes motivos, um distúrbio genético chamado deficiência congênita de lactase. Muito raramente, um bebê nasce com intolerância à lactose causada pela falta de lactase. Ambos os pais teriam que passar o gene para esse tipo de intolerância à lactose para o bebê. Desde o nascimento, o bebê apresentava diarreia intensa e não tolerava a lactose do leite materno ou da fórmula à base de leite de vaca. Eles precisariam de uma fórmula infantil especial sem lactose. 

Ainda de acordo com o estudo de Tan‐dy e Ohlsson (2018) o nascimento prematuro, pois os bebês que nascem prematuramente às vezes não conseguem produzir quantidades adequadas de lactase; isso é chamado de deficiência de lactase no desenvolvimento. Essa condição geralmente desaparece logo após o nascimento, e a maioria dos prematuros pode tolerar o leite materno e a fórmula que contém lactose. 

Pode ser causada por uma infecção ou doença viral. Se o bebê teve um caso grave de diarreia devido a uma doença, seu corpo pode ter problemas temporários para produzir lactase e pode apresentar sintomas de intolerância à lactose por uma ou duas semanas enquanto seu intestino se recupera ou pode ser desenvolvido por uma doença celíaca. Isso causa inflamação intestinal e pode levar à intolerância à lactose quando a criança começa a comer alimentos que contêm glúten por volta dos 6 meses de idade. Os sintomas típicos incluem diarreia, falta de apetite, distensão e dor abdominal e perda de peso. Tratar a doença celíaca fará com que a intolerância à lactose desapareça (TAN‐DY; OHLSSON, 2018). 

É compreendido que a intolerância à lactose é uma condição comum, causando dor abdominal, inchaço e diarreia nos pacientes afetados. Segundo Para Porzi et al., (2021) a nutrição na intolerância à lactose é importante, porque muitos pacientes com intolerância à lactose controlam os sintomas evitando alimentos que contenham lactose, especialmente laticínios. Infelizmente, isso pode colocá-los em risco de deficiência de cálcio.   

Porto (2018) identificou em seu estudo que as crianças que são intolerantes à lactose podem ter dificuldade em tolerar produtos lácteos, pois os alimentos lácteos podem conter altos níveis de lactose. No entanto, os laticínios também são a principal fonte de cálcio na dieta da maioria das pessoas – em média, até 70% do consumo diário de cálcio vem do leite e de outros laticínios. Isso significa que, quando as pessoas com intolerância à lactose evitam produtos lácteos, elas podem não estar consumindo cálcio suficiente para atender às suas necessidades.  

No estudo de Taeger e Thiele (2021) as consequências da ingestão inadequada de cálcio estão relacionadas principalmente à saúde dos ossos. O que se torna preocupante para o desenvolvimento ósseo adequado durante a infância. Por isso, a nutrição adequada é essencial para evitar deficiências nutricionais nessa fase. É importante o acompanhamento profissional da nutrição para que os sintomas da doença sejam reduzidos, através do consumo de alimentos certos e seguros.   

É compreendido que é através da nutrição que é possível haver o controle dos sintomas, isso evita que a criança não pare de comer todos os alimentos com lactose. É esse profissional que poderá orientar o uso de enzimas lactase, caso necessário.  

CONCLUSÃO  

Através do desenvolvimento desta pesquisa foi possível concluir que a ingestão de lactose em certos indivíduos suscetíveis pode causar sintomas abdominais variáveis e que podem ser tratados com restrição alimentar ou reposição enzimática, dependendo da quantidade de lactose consumida e do grau de deficiência de lactase. Ou seja, é preciso estabelecer o diagnóstico e a fisiopatologia desta doença para que o profissional de nutrição possa estabelecer cuidados pediátricos que devem manter a consciência dos benefícios e controvérsias relacionadas ao consumo de produtos lácteos dietéticos e fórmulas infantis à base de leite.  

É relevante a abordagem dessa problemática para a área de nutrição visto que outros nutrientes, como proteínas, fazem dos laticínios uma importante fonte de nutrição para crianças em crescimento estado da arte atual em relação à intolerância à lactose. Dessa forma, com a disseminação de informações adequadas sobre a intolerância à lactose irá servir como subsídio para o desenvolvimento de estratégias e ações para a intervenção nutricional.  

REFERÊNCIAS 

BATISTA, Raíssa Aparecida Borges et al. Lactose em alimentos industrializados: avaliação da disponibilidade da informação de quantidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 4119-4128, 2018. 

CATANZARO, Roberto; SCIUTO, Morena; MAROTTA, Francesco. Lactose intolerance: An update on its pathogenesis, diagnosis, and treatment. Nutrition Research, v. 89, p. 23-34, 2021. 

CORREIA, Cinthya Vivianne de Souza Rocha et al. Conhecer antes de incorporar: um retrato dos programas para alergia ao leite implementados no Brasil. 2022. Trabalho de conclusão de curso.  

DEL CARMEN TOCAA, M. et al. Lactose intolerance: myths and facts. An update. Arch Argent Pediatr, v. 120, n. 1, p. 59-66, 2022. 

DI COSTANZO, Margherita et al. Lactose Intolerance in Pediatric Patients and Common Misunderstandings About Cow’s Milk Allergy. Pediatric Annals, v. 50, n. 4, p. e178-e185, 2021. 

MISSELWITZ, Benjamin et al. Update on lactose malabsorption and intolerance: pathogenesis, diagnosis and clinical management. Gut, v. 68, n. 11, p. 2080-2091, 2019. 

MOIMAZ, Suzely Adas Saliba et al. Percepção de pais de crianças alérgicas ou intolerantes alimentares em relação à doença. Journal of Human Growth and Development, v. 29, n. 3, p. 354, 2019. 

PORTO, Clarissa Paz Corrêa et al. Experiência vivenciada por mães de crianças com intolerância à lactose. Família, Saúde e Desenvolvimento, v. 7, n. 3, 2018.  

PORZI, Millie et al. Development of personalized nutrition: Applications in lactose intolerance diagnosis and management. Nutrients, v. 13, n. 5, p. 1503, 2021. 

ROCHA, Ligia da Costa e Silva Copelo da. Intolerância à lactose: conduta nutricional no cuidado de crianças na primeira infância. 2012. 12 f. TCC (Graduação) – Curso de Nutrição, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2012. Cap.3. 

SANTOS, Geisa J.; ROCHA, Raquel; SANTANA, Genoile O. Lactose intolerance: what is a correct management?. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 65, p. 270-275, 2019. 

SZILAGYI, Andrew; ISHAYEK, Norma. Lactose intolerance, dairy avoidance, and treatment options. Nutrients, v. 10, n. 12, p. 1994, 2018. 

TAEGER, Mareike; THIELE, Silke. Additional costs of lactose-reduced diets: lactose-free dairy product substitutes are a cost-effective alternative for people with lactose intolerance. Public Health Nutrition, v. 24, n. 13, p. 4043-4053, 2021. 

TAN‐DY, Cherrie Rose Y.; OHLSSON, Arne. Lactase treated feeds to promote growth and feeding to  

ZYCHAR, Bianca Cestari. Fatores desencadeantes da intolerância lactose: metabolismo enzimático, diagnóstico e tratamento. 2016. 12 f. TCC (Graduação) – Curso de Biomedicina, Universidade Federal de São Paulo- Unifesp, São Paulo, 2017. Cap. 6lerance in preterm infants. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 3, 2018. 


1Acadêmicas do curso de graduação em Nutrição da Universidade Paulista – UNIP, Instituto de Ciências da Saúde, Campus Manaus. 

2Docente do curso de Nutrição da UNIP, Nutricionista e Mestre em Saúde Coletiva. 
Endereço para correspondência: lalbuquerque098@gmail.com