PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS IN CHEMOTHERAPY-INDUCED PERIPHERAL NEUROPATHY IN PATIENTS WITH BREAST CANCER: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412121657
Keyla Beatriz dos Santos1
Alessandra Ferreira Alves²
Thaiana Bezerra Duarte³
Resumo
Introdução: A neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) é um efeito colateral frequente em pacientes com câncer de mama, caracterizada por sintomas como dor, parestesia e déficits motores e sensoriais. Objetivo: O presente estudo visa examinar a efetividade das principais intervenções de fisioterapia no tratamento da neuropatia periférica causada pela quimioterapia em pacientes com câncer de mama, informando os profissionais sobre os seus métodos mais eficazes. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão de literatura, em que foi realizada uma busca bibliográfica em bases como PubMed, SciELO e PEDro, com inclusão de estudos clínicos randomizados e retrospectivos publicados nos últimos 10 anos. Sete artigos preencheram os critérios de inclusão, abordando intervenções como exercícios físicos, acupuntura, reflexologia, eletroestimulação, yoga e programas de fisioterapia domiciliar. Resultados: Os resultados destacaram que exercícios aeróbicos e de resistência, combinados ou isolados, são os métodos mais eficazes para reduzir sintomas neuropáticos, melhorar a aptidão física e aliviar a dor. Intervenções alternativas, como yoga e acupuntura, também mostraram benefícios significativos na redução da dor e melhora da qualidade de vida. Apesar disso, variações nos protocolos e diferenças metodológicas entre os estudos indicam a necessidade de mais pesquisas para consolidar as evidências. Conclusão: As intervenções fisioterapêuticas, como exercícios, acupuntura, reflexologia, yoga e fisioterapia domiciliar, são eficazes no alívio da dor, redução de sintomas e melhora da funcionalidade e qualidade de vida em pacientes com neuropatia periférica induzida por quimioterapia. Porém, mais estudos são necessários para fortalecer as evidências.yoga e acupuntura, também contribuíram para o alívio dos sintomas neuropáticos e melhora da qualidade de vida. Conclui-se que essas intervenções são eficazes no manejo da NPIQ, mas mais estudos são necessários para fortalecer as evidências existentes.
Palavras chave: Neuropatia. Quimioterapia. Fisioterapia. Câncer de mama.
Abstract
Background: Chemotherapy-induced peripheral neuropathy (CIPN) is a common side effect in breast cancer patients, characterized by symptoms such as pain, paresthesia, and motor and sensory deficits. Pourpose: This study aims to examine the effectiveness of the main physiotherapy interventions in the treatment of peripheral neuropathy caused by chemotherapy in patients with breast cancer, informing professionals about the most effective methods. Materials and methods: This is a literature review, in which a bibliographic search was carried out in databases such as PubMed, SciELO and PEDro , including randomized and retrospective clinical studies published in the last 10 years. Seven articles met the inclusion criteria, addressing interventions such as physical exercise, acupuncture, reflexology, electrostimulation, yoga and home physiotherapy programs. Results: The results highlighted that aerobic and resistance exercises, combined or isolated, are the most effective methods to reduce neuropathic symptoms, improve physical fitness and relieve pain. Alternative interventions, such as yoga and acupuncture, also showed significant benefits in reducing pain and improving quality of life. Despite this, variations in protocols and methodological differences between studies indicate the need for further research to consolidate the evidence. Conclusion: Physiotherapeutic interventions, such as exercise, acupuncture, reflexology, yoga, and home physiotherapy, are effective in relieving pain, reducing symptoms, and improving functionality and quality of life in patients with chemotherapy-induced peripheral neuropathy. However, further studies are needed to strengthen the evidence. Yoga and acupuncture also contributed to the relief of neuropathic symptoms and improved quality of life. It is concluded that these interventions are effective in the management of CIPN, but further studies are needed to strengthen the existing evidence.
Keywords : Neuropathy. Chemotherapy. Physiotherapy. Breast cancer.
1 INTRODUÇÃO
É indubitável que o câncer é um relevante problema de saúde pública no mundo, estando entre as quatro principais causas de morte em grande parte dos países (Oliveira, 2022). O câncer é um conceito empregado para definir os mais de 100 tipos e doenças malignas (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2022), que tem como característica principal a rápida formação de células anormais que se multiplicam além dos seus limites, podendo invadir áreas próximas do corpo e se disseminar para outros órgãos (Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, 2022).
Entre os diferentes tipos, o câncer de mama se destaca como uma das principais formas de câncer que acomete as mulheres, embora também possa afetar os homens (American Cancer Society, 2022). No Brasil, as regiões Sul e Sudeste registram as maiores taxas de incidência, com uma previsão de 73.610 novos casos até 2025, correspondendo a 41,89 casos por 100.000 mulheres (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2022). Embora o câncer de mama também afete pessoas do sexo masculino, a estimativa de incidência nesse grupo corresponde a apenas 1% de todos os diagnósticos (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2019).
O câncer de mama pode ter início em diferentes regiões da mama e existem diversas variedades. O tipo do câncer é definido pela categoria específica de células mamárias que são afetadas. A maioria dos casos de câncer de mama são carcinomas, sendo os mais comuns o carcinoma ductal in situ e o carcinoma ductal invasivo, ambos classificados como adenocarcinomas, pois se originam nas células glandulares dos ductos de leite ou dos lóbulos (American Cancer Society, 2022).
As terapias sistêmicas adjuvantes são fundamentais para reduzir o risco de recorrência do câncer de mama, com destaque para a quimioterapia. Quando aplicada antes da cirurgia, essa terapia pode facilitar cirurgias menos invasivas, como a setorectomia, resultando em menor comprometimento físico e psicológico para os pacientes, além de oferecer benefícios clínicos (Binotto et al., 2020).
A quimioterapia é um dos principais tratamentos no combate às células cancerígenas. Trata-se de uma terapia sistêmica, administrada de forma contínua ou em intervalos regulares, com o uso de medicamentos que podem incluir hormônios, bioterápicos, imunoterápicos, terapias alvo ou os próprios quimioterápicos. Esses tratamentos podem ser aplicados antes da cirurgia, para reduzir o tumor, ou após a cirurgia, com o objetivo de eliminar células remanescentes e reduzir o risco de recorrência (Oliveira, 2022).
Mais da metade dos pacientes com câncer submetidos a regimes de quimioterapia que incluem medicamentos como taxanos, agentes à base de platina, alcalóides de vinca, talidomida ou bortezomibe desenvolvem neuropatia periférica causada pela quimioterapia, um efeito colateral comum e debilitante (Kleckner et al., 2017).
A neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) é um efeito colateral debilitante associado a diversos agentes antineoplásicos frequentemente utilizados. Essa condição é predominantemente sensorial, mas também pode incluir alterações motoras e autonômicas. Semelhante a outras formas de dor neuropática, a dor relacionada à NPIQ pode ser provocada por estímulos ou surgir de maneira espontânea, sem qualquer fator externo (Seretny et al., 2014).
A NPIQ pode se manifestar de diversas formas, incluindo parestesias, dor e déficits sensoriais, e, em casos raros, fraqueza motora. A perda de sensibilidade nos pés pode resultar em ataxia e dificuldades na marcha, enquanto a avaliação física pode revelar a ausência de reflexos, indicando comprometimento adicional da função neurológica (Ben-Horin et al., 2017).
Pacientes de câncer de mama frequentemente recorrem a terapias complementares e integrativas para gerenciar o tratamento do câncer e os efeitos colaterais associados, buscando melhorar a qualidade de vida ao longo do processo de terapia (Song et al., 2020).
Este estudo tem sua instigação na importante temática do estudo da Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ), que apesar de reconhecida como efeitos colaterais do tratamento do câncer, ainda enfrenta uma significativa lacuna na literatura quanto à consolidação de evidências sobre seus principais tratamentos. Desse modo, a fisioterapia se destaca como alternativa promissora de tratamento dessa sequela.
Sendo assim, o presente estudo visa examinar a efetividade das principais intervenções de fisioterapia no tratamento da neuropatia periférica causada pela quimioterapia em pacientes com câncer de mama, informando os profissionais sobre os seus métodos mais eficazes.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão de literatura.
Foi realizado um levantamento bibliográfico na base de dados Pubmed, Scielo e PEDro, dos últimos 10 anos. Foi utilizado as palavras chaves: neuropathy and chemotherapy and physiotherapy and breast cancer, no idioma inglês. A busca nas bases de dados foi realizada em agosto de 2024.
Os critérios de inclusão foram artigos do tipo ensaio clínico randomizado e estudo retrospectivo que abordassem uma intervenção de tratamento da neuropatia periférica induzida por quimioterapia atribuída a oxaliplatina, paclitaxel ou docetaxel, sem outras causas atribuíveis, em pessoas com câncer de mama. Foram excluídos desse artigo: protocolos de estudo e revisões sistemáticas ou literárias, artigos duplicados e não disponíveis na íntegra.
Os resultados foram compilados através de tabela.
3 RESULTADOS
Foram encontrados 35 artigos na base de dados PubMed. Na primeira etapa, foi feita a leitura dos títulos e resumos dos artigos, destes 6 artigos foram excluídos por não ter relação com a temática, restando assim, 29 artigos. Na segunda etapa, 29 artigos estavam conforme os critérios de elegibilidade. Destes foram excluídos: 02 foram excluídos por não estarem disponível na integra, 05 artigos por apresentarem população diferente do presente estudo, 04 artigos por apresentarem desfecho diferente, e 06 artigos por se tratarem de revisão de literatura e 05 por serem protocolo de estudo. Por fim, foram incluídos um total de 07 artigos no presente estudo (Figura 1).
Figura 1 – Processo de Seleção dos Artigos (Fluxograma).
A síntese dos resultados incluídos nessa revisão encontra-se na tabela 1.
Tabela 1. Síntese dos artigos selecionados para revisão.
AUTOR/ANO | TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO | INSTRUMENTO DA COLETA DE DADOS/ INTERVENÇÃO | RESULTADOS |
COURNEYA et al. (2014) | Ensaio clinico randomizado | Examinar moderadores potenciais das respostas ao treinamento de exercícios em pacientes com câncer de mama que estão recebendo quimioterapia. | No grupo STAN tratado com Volume Padrão de Exercício Aeróbico, foram realizados 25 a 30 minutos de exercício aeróbico, aplicado 3 vezes por semana. No grupo HIGH tratado com Alto Volume de Exercício Aeróbico, foram realizados pelos participantes 50 a 60 minutos de exercício aeróbico, aplicado 3 vezes por semana. E no grupo COMB tratado com exercício aeróbico e de resistência combinados, foram realizados exercícios aeróbicos com 50 a 60 minutos de duração, aplicados 3 vezes por semana com exercícios de resistência, realizados logo após a porção aeróbica. | A intervenções aplicadas nos grupos (STAN, HIGH e COMB), de volume padrão de exercícios aeróbicos, junto à aplicação de volume alto de exercícios aeróbicos e exercícios aeróbicos e de resistência combinados, melhoraram significantemente a dor corporal, a neuropatia de taxano, os sintomas endócrinos, a aptidão aeróbica, o controle da massa gorda, bem como o aumento da aptidão aeróbica e força muscular, em pacientes com Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ). |
KLECKNER et al. (2017) | Ensaio clínico randomizado e controlado multicêntrico | Examinar os efeitos de um programa de exercícios não supervisionados, de seis semanas em casa, conduzidos durante a quimioterapia, nos pacientes relatando sintomas de Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ) comparados aos tratamentos padrão para quimioterapia. | No grupo tratado com o programa de exercícios chamado EXCAP (Exercício para Pacientes com Câncer), foi aplicado caminhadas progressivas e exercícios de resistência com bandas elásticas, realizados, durante 6 semanas, ao decorrer da quimioterapia. | O programa de Exercícios para Pacientes com Câncer (EXCAP) melhorou positivamente a redução dos sintomas da neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), promovendo redução dos sintomas de calor/frio nas mãos e pés, e diminuição da dormência e formigamento. |
BEN-HORIN et al. (2017) | Estudo retrospectivo | Avaliar a eficácia de um protocolo de acupuntura e reflexologia em CIPN em pacientes com câncer de mama que foram tratadas concomitantemente com quimioterapia. | No grupo tratado com acupuntura e reflexologia, foram inseridas agulhas descartáveis estéreis de 0,16 mm × 0,20 mm, após a pele ser limpa com álcool, nos pontos Jing-Well nas mãos e nos pés. E na reflexologia consistiu na aplicação de massagem profunda dos pés e das mãos para remover a estagnação e regular um fluxo suave de Qi e sangue através dos meridianos, uso de guasha, para realização de fricção nos braços e tornozelos dos meridianos envolvidos, massagem profunda nas almofadas dos pés e (4) rotações dos pulsos, mãos, tornozelos e pés. Com duração de1 a 2 sessões semanais de acupuntura (20 minutos) e reflexologia (30-40 minutos). | O tratamento da neuropatia periférica induzida por quimioterapia, com acupuntura e reflexologia apresentou melhora significante dos sintomas, após 6 meses de tratamento. – Para os pacientes com neuropatia moderada (graus 1 e 2), apenas 2 pacientes (10%) relataram sintomas persistentes na avaliação de 12 meses. |
BLAND et al. (2019) | Estudo randomizado, ensaio controlado | Avaliar o efeito do exercício durante versus após a quimioterapia baseada em taxano (ou seja, cuidados usuais durante o tratamento com taxano) nos sintomas de CIPN relatados pelo paciente em mulheres com câncer de mama em estágio inicial | No grupo tratado com Exercício Imediato (IE), foram realizados exercícios durante a quimioterapia com taxano, durante 3 dias por semana e 2 dias por semana de exercício aeróbico em casa. No grupo tratado com Exercício Tardio (DE), foram realizados exercícios após a conclusão da quimioterapia com taxano, durante 3 dias por semana, por um período de 8 a 12 semanas, e de exercício aeróbico domiciliar, 2 vezes por semana. Foram realizados em ambos os grupos, exercícios multimodal (aeróbico, de resistência e de equilíbrio) supervisionado. | O Exercício Imediato (IE), e o Exercício Tardio (DE não apresentou diferença significativa nos sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (CIPN) entre os grupos ao longo do tempo, de acordo com as pontuações da escala EORTC QLQ-CIPN20. No entanto, antes do ciclo final de quimioterapia (pré-ciclo 4), o grupo de Exercício Imediato (IE) teve menos casos de dormência moderada a grave nos dedos dos pés em comparação ao grupo de Exercício Tardio (DE) (9% vs. 50%). Além disso, o grupo IE teve menos casos de comprometimento da sensação de vibração nos pés (18% no IE vs. 83% no DE). |
SONG et al. (2020) | Ensaio clínico randomizado, controlado por placebo | Investigar a eficácia e a segurança do uso de um dispositivo EE portátil de baixa frequência para tratar Neuropatia Periférica Induzida Por Quimioterapia -NPIQ e melhorar a qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes do sexo feminino com câncer de mama diagnosticadas com NPIQ, após o término da quimioterapia e que precisam de medicação. | No grupo tratado com dispositivo portátil de eletroestimulação (ES) de baixa frequência, foram realizadas aplicação de eletroestimulação em ponto de acupuntura PC6, localizado aproximadamente 3 dedos acima da prega do punho entre o tendão do músculo palmar longo e o tendão do músculo flexor radial do carpo. O aparelho foi usado durante 14 dias, no mínimo duas vezes ao dia, por pelo menos 120 minutos. No segundo grupo, tratado dispositivo simulado de eletroestimulação (SES), foi realizado a aplicação do aparelho nos participantes, porém, sem gerar estímulos elétricos, durante14 dias , no mínimo duas vezes ao dia, por pelo menos 120 minutos. | A eletroestimulação (ES) e a eletroestimulação simulada (SES), não tiveram diferença significativa nas taxas de intensidade de dor entre os grupos, mas, ambos os grupos tiveram uma redução significativa nos sintomas de Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia NPIQ em relação à linha de base (P < 0,001). |
HAMMOND et al. (2020) | Estudo exploratório controlado randomizado, cego simples | Investigar a eficácia de um programa de fisioterapia domiciliar focado em exercícios de penetração nervosa para o tratamento e prevenção da Neuropatia Periférica Induzida Por Quimioterapia (NPIQ) em pacientes com câncer de mama em estágios I a III. | No grupo tratado com o programa de fisioterapia domiciliar, foi realizado exercícios de deslizamento nervoso, aplicado durante 3 vezes ao dia, com duração de 5 a 10 minutos por sessão. | A fisioterapia junto com outras medidas, como o exercício de deslizamento nervoso, melhoraram positivamente no dor e a função de pacientes com Neuropatia Periférica Induzida Por Quimioterapia (NPIQ). |
ZHI et al. (2021) | Ensaio piloto randomizado | Investigar os efeitos do yoga sobre a qualidade de vida relacionada à saúde em sobreviventes de câncer de mama e ginecológico que sofrem de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ). | No grupo tratado com yoga, foram realizadas posturas (asanas) e exercícios adversos (pranayama), realizadas por vídeo, complementadas por aulas presenciais duas vezes por semana. Aplicado, ao total, 8 por semanas, com sessões diárias de 60 minutos. | A prática do yoga reduziu muito a dor dos participantes com Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia, melhorou o condicionamento físico e ajudou na diminuição de risco de quedas. |
Os 07 artigos foram sintetizados através de tabela, cada um representando um tipo distinto de estudo: ensaio clinico randomizado, ensaio clínico randomizado e controlado multicêntrico, estudo retrospectivo, estudo randomizado, ensaio controlado, ensaio clínico randomizado, controlado por placebo, estudo exploratório controlado randomizado, cego simples, e ensaio piloto randomizado. O total de pessoas incluídas neste estudo foi de 790 pessoas, com média de idade de 43 anos.
Três dos estudos (Courneya et al., 2014; Kleckner et al., 2017 e Bland et al., 2019), utilizaram de exercícios físicos como intervenção, incluindo exercícios aeróbicos de volume padrão ou elevado, com ou sem resistência, aplicados de forma imediata ou tardia. Um estudo de Ben-Horin et al. (2017), utilizou acupuntura e reflexologia, enquanto outro o de Song et al. (2020) empregou eletroestimulação de baixa frequência, comparando com um dispositivo simulado de eletroestimulação. Um estudo de Hammond et al. (2020) focou em um programa de fisioterapia domiciliar, e outro de Zhi et al. (2021) investigou o efeito da prática de yog, como demonstrado na tabela 2.
Dentre os estudos que utilizaram o exercício, o de Courneya et al. (2014), trabalhou com volume padrão de exercício aeróbico, durante 25 a 30 minutos de exercício, em um grupo, em outro, utilizou alto volume de exercício aeróbico, por 50 a 60 minutos de exercício, já no seu terceiro grupo tratou com exercício aeróbico e de resistência combinados, com duração de 50 a 60 minutos, ambos aplicados 3 vezes na semana. O estudo de Kleckner et al. (2017), por sua vez, utilizou -se de exercícios para pacientes com câncer, no qual eram aplicados caminhadas progressivas e exercícios de resistência com bandas elásticas, realizados, durante 6 semanas, ao decorrer da quimioterapia. E o de Bland et al. (2019), utilizou exercício imediato, que foram realizados durante a quimioterapia com taxano, 3 dias por semana, exercício aeróbico em casa, 2 dias por semana, e no tratado com exercício tardio, realizou-se exercícios após a conclusão da quimioterapia com taxano, durante 3 dias por semana, por um período de 8 a 12 semanas, e de exercício aeróbico domiciliar, 2 vezes por semana.
Não obstante, no estudo que utilizou de acupuntura e reflexologia de Ben-Horin et al. (2017), foi inserido agulhas descartáveis estéreis, nos pontos Jing-Well nas mãos e nos pés. E na reflexologia aplicou massagem profunda nos pés e mãos para remover a estagnação e regular um fluxo suave de Qi e sangue através dos meridianos, uso de guasha, para realização de fricção nos braços e tornozelos dos meridianos envolvidos, massagem profunda nas almofadas dos pés e (4) rotações dos pulsos, mãos, tornozelos e pés. Tendo duração de1 a 2 sessões semanais de acupuntura (20 minutos) e reflexologia (30-40 minutos).
Além disso, no estudo de Song et al. (2020), tratado com dispositivo portátil de eletroestimulação (ES) e de baixa frequência, foram realizadas aplicações de eletroestimulação em ponto de acupuntura PC6, localizado aproximadamente 3 dedos acima da prega do punho entre o tendão do músculo palmar longo e o tendão do músculo flexor radial do carpo. O aparelho foi usado durante 14 dias, no mínimo duas vezes ao dia, por pelo menos 120 minutos. O outro grupo, o de Song et al. (2020), foi tratado com dispositivo simulado de eletroestimulação (SES), sendo realizado aplicação do aparelho nos participantes, porém, sem gerar estímulos elétricos, durante14 dias, no mínimo duas vezes, por pelo menos 120 minutos. Já no grupo que teve como intervenção o programa de fisioterapia domiciliar, foi realizado exercícios de deslizamento nervoso aplicado durante 3 vezes ao dia, com duração de 5 a 10 minutos por sessão.
No grupo tratado com o programa de fisioterapia domiciliar Hammond et al. (2020), foi realizado exercícios de deslizamento nervoso, aplicado durante 3 vezes ao dia, com duração de 5 a 10 minutos por sessão.
O grupo tratado com yoga Zhi et al. (2021), realizou posturas (asanas) e exercícios adversos (pranayama), realizadas por vídeo, complementadas por aulas presenciais duas vezes por semana, que durou, no total, 8 semanas, com sessões diárias de 60 minutos.
Os estudos que usaram o exercício volume padrão de exercícios aeróbicos, junto à aplicação de volume alto de exercícios aeróbicos e exercícios aeróbicos com resistência combinados como o de Courneya et al. (2014), Exercícios para Pacientes com Câncer de Kleckner et al. (2017), yoga no de Zhi et al. (2021), a acupuntura e reflexologia de Ben-Horin et al. (2017), e o protocolo de fisioterapia de Hammond et al. (2020), conseguiram melhores resultados no alivio de sintomas da neuropatia periférica induzida por quimioterapia, do que os que utilizaram de Exercício Imediato (IE), e o Exercício Tardio (DE) de Bland et al. (2019), e eletroestimulação e o dispositivo de eletroestimulação simulados de Song et al. (2020).
Tabela 2. Intervenções fisioterapêuticas presentes nos estudos.
Tipo de Intervenção | Número de Estudos | Descrição |
Exercício | 3 | Exercícios aeróbicos de volume padrão ou elevado, com ou sem resistência, realizados de forma imediata ou tardia |
Acupuntura e Reflexologia | 1 | Utilizou técnicas de acupuntura e reflexologia como formas de intervenção. |
Eletroestimulação de Baixa Frequência | 1 | Aplicação de eletroestimulação de baixa frequência e comparação com dispositivo simulado. |
Programa de fisioterapia domiciliar | 1 | Exercícios de deslizamento nervoso, específicos, para promover o deslizamento nervoso. |
Yoga | 1 | Prática de yoga como intervenção |
4 DISCUSSÃO
Com base nos resultados obtidos, a principal intervenção fisioterapêutica identificada foi o exercício, mencionado pela maioria dos autores. Além disso, um dos estudos associou o exercício à fisioterapia, com ênfase em técnicas de deslizamento neural.
O estudo de Bland et al. (2019), utilizou de um protocolo de exercício Imediato (IE), com Exercício Tardio (DE), e foi observado que a utilização desses exercícios não apresentou diferença significativa nos sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (CIPN) entre os grupos, ao longo do tempo. Embora não tenha sido observada diferença significativa nos sintomas de neuropatia entre os grupos ao longo do tratamento, alguns resultados específicos merecem destaque. Antes do ciclo final de quimioterapia (pré-ciclo 4), o grupo de Exercício Imediato (IE) apresentou menos casos de dormência moderada a grave nos dedos dos pés, comparado ao grupo de Exercício Tardio (DE). Além disso, o grupo IE demonstrou uma preservação maior da sensação de vibração nos pés, sugerindo que a intervenção precoce pode ter algum benefício na redução de sintomas específicos de neuropatia. Já o estudo de Kleckner et al. (2017), que também utilizou de exercícios, obteve positiva melhora na redução dos sintomas da neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), promovendo redução dos sintomas de calor/frio nas mãos e pés, e diminuição da dormência e formigamento. Este programa consistia em caminhadas progressivas combinadas com exercícios de resistência utilizando bandas elásticas.
No entanto, Kleckner et al. (2017) trabalhou com um programa para pacientes com câncer (EXCAP), associando caminhadas progressivas com exercícios de resistência com bandas elásticas, essa combinação de diferentes tipos de exercício, pode ter favorecido uma abordagem mais integrada e eficaz para o alívio dos sintomas da NPIQ. Da mesma forma, o estudo de Courneya et al. (2014) associou exercícios aeróbicos de volume padrão, a um alto volume de exercícios aeróbicos, bem como exercícios aeróbicos com resistência combinados, onde foi observado que a combinação de intervenções de exercícios em altas doses melhorou os sintomas de neuropatia, apresentando redução da dor corporal, melhora da aptidão aeróbica, controle da massa gorda, diminuição dos sintomas endócrinos, e aumento da força muscular dos pacientes. Esses efeitos foram particularmente mais pronunciados em pacientes com peso saudável, boa condição física inicial e que estavam no pré-menopausa, sugerindo que o perfil físico do paciente pode influenciar os resultados obtidos com intervenções de exercícios. Não obstante, Hammond et al. (2020), que também incorporou exercícios em sua abordagem, constatou que os pacientes com Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ) apresentaram melhora significativa na dor e na funcionalidade. Contudo, o estudo de Hammond et al. (2020), utilizou de um programa de fisioterapia domiciliar, com foco principal em exercícios de deslizamento nervoso associados a essa intervenção pode ter contribuído para os resultados positivos observados, uma vez que este tipo de exercício foca diretamente na mobilização dos nervos.
O estudo de Zhi et al. (2021) investigou os efeitos da prática de yoga em pessoas com Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ) e observou reduções significativas na dor, melhorias no condicionamento físico e uma diminuição no risco de quedas entre os participantes. De forma semelhante, o estudo de Knoerl et al. (2022), que também avaliou o impacto do yoga na NPIQ, relatou redução da dor, além de benefícios adicionais, como melhora nos sintomas sensoriais, redução na gravidade dos sintomas motores, menor fadiga e alívio da depressão. Porém, enquanto Zhi et al. (2021) combinaram aulas por vídeos com presenciais duas vezes por semana, Knoerl et al. (2022) utilizaram exclusivamente as por vídeo.
O estudo de Song et al. (2020) investigou o uso da eletroestimulação (ES) e da eletroestimulação simulada (SES) como intervenções para a Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ). Ambos os grupos apresentaram redução significativa nos sintomas gerais da NPIQ, mas sem diferença estatisticamente significativa na intensidade da dor entre eles. Em contraste, o estudo de Gewandter et al. (2018) que também utilizou a eletroestimulação como intervenção, demonstrou uma melhora mais específica, com redução significativa das medidas de dor, além de melhorias em sintomas como formigamento, dormência e cãibras. Todavia, o estudo de Gewandter et al. (2018) utilizou a eletroestimulação a baixo do joelho, enquanto o de Song et al. (2020) trabalhou com aplicação na linha do punho.
O estudo de Ben-Horin et al. (2017) avaliou um protocolo de tratamento combinado com acupuntura e reflexologia durante a quimioterapia, observando uma melhora nos sintomas neuropáticos após seis meses de tratamento. De maneira similar, Bao et al. (2020) também investigou a acupuntura no tratamento da neuropatia periférica induzida por quimioterapia, obtendo uma redução significativa na dor, dormência e formigamento. O estudo de Bao et al. (2020) não combinou a reflexologia com a acupuntura, optando, em vez disso, por associá-la à eletroacupuntura. Além disso, incluiu tanto a acupuntura verdadeira quanto uma versão simulada, com resultados superiores observados no grupo que recebeu a técnica real. Outra diferença relevante foi a aplicação da acupuntura em pontos auriculares e corporais, destacando uma abordagem distinta do protocolo de Ben-Horin et al. (2017) que aplicou sobre as mãos e os pés dos participantes.
Os estudos analisados destacam que intervenções como exercícios físicos, yoga, eletroestimulação e terapias alternativas, incluindo acupuntura e reflexologia, têm potencial para aliviar os sintomas da Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ). Entre essas abordagens, os programas de exercícios físicos combinando resistência e aeróbicos, como no estudo de Kleckner et al. (2017) e Courneya et al. (2014), mostraram resultados particularmente positivos na redução da dor, dormência e formigamento, além de benefícios no condicionamento físico e controle corporal.
Por outro lado, intervenções específicas como o yoga Knoerl et al. (2022), Zhi et al. (2021) e a acupuntura com eletroestimulação. Bao et al. (2020) também se destacaram pela melhora sensorial e redução de dor, sendo o yoga eficaz no alívio de sintomas motores e fadiga, enquanto a acupuntura trouxe benefícios adicionais com técnicas auriculares e corporais.
Embora cada abordagem tenha mostrado benefícios únicos, os exercícios físicos integrados emergem como a estratégia mais abrangente, combinando melhorias físicas, sensoriais e de qualidade de vida, especialmente quando adaptados às necessidades individuais dos pacientes.
No entanto, apesar dos resultados promissores, ainda há uma grande necessidade de mais estudos científicos que investiguem as intervenções de forma mais aprofundada e sistemática. As variações nos protocolos de tratamento, como a combinação de exercícios com terapias alternativas e a diversidade de resultados observados, indicam a necessidade de mais ensaios clínicos controlados e estudos comparativos para determinar as abordagens mais eficazes para o tratamento da NPIQ.
5 CONCLUSÃO
As intervenções fisioterapêuticas analisadas, como exercícios físicos aeróbicos e de resistência, acupuntura, reflexologia, yoga e programas específicos de fisioterapia domiciliar, são eficazes para tratar sintomas da neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), principalmente para aqueles pacientes que buscam alternativas não medicamentosas após a quimioterapia.
Essa revisão destaca que as intervenções fisioterapêuticas demonstram eficácia no alívio da dor, na redução de sintomas como dormência, formigamento e câimbras, além de contribuírem para a melhora da funcionalidade e da qualidade de vida dos pacientes com neuropatia periférica induzida por quimioterapia. Contudo, são necessários mais estudos para fortalecer as evidências e otimizar essas abordagens terapêuticas.
REFERÊNCIAS
AMERICAN CANCER SOCIETY. Sobre o câncer de mama: visão geral e noções básicas sobre o câncer de mama. 2022. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/types/breast-cancer/about.html. Acesso em: 15 ago. 2024.
BAO, T. et al. Efeito da acupuntura vs procedimento simulado nos sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia: um ensaio clínico randomizado. JAMA Network Open, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2020.0681. Acesso em: 07 set. 2024.
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