INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS BASEADAS NO CONDICIONAMENTO FÍSICO EM PACIENTES HOSPITALIZADOS COM PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502121362


Odila Zanela Alves
Orientador: Thiago da Silva Rodrigues


RESUMO

A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma das principais causas de morte no Brasil e gera altos custos no sistema de saúde com internações e tratamentos. Pacientes hospitalizados com PAC frequentemente sofrem perda de capacidade funcional, força e massa muscular que impacta diretamente seu prognóstico. Objetivo: Avaliar intervenções fisioterapêuticas baseadas no condicionamento físico para reduzir o tempo de internação em pacientes hospitalizados com PAC. Método: Trata- se de uma revisão integrativa da literatura, incluindo ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas com meta-análise, envolvendo pacientes com idade ≥ 18 anos, hospitalizados por PAC, e com estudos extraídos de plataformas como DOAJ, PubMED, BVSMS e PEDro. Resultados: Foram selecionados quatro artigos para a pesquisa. Destes, três apresentaram melhorias na capacidade funcional, na força muscular e nos sintomas; um artigo relatou uma redução no tempo de internação, enquanto outro mostrou uma diminuição na taxa de readmissão. Conclusão: Apesar das evidências limitadas quanto à redução do tempo de internação, os estudos que analisaram os efeitos sobre sintomas, condicionamento físico, funcionalidade e qualidade de vida tiveram resultados favoráveis. Assim, há uma necessidade de mais pesquisas sobre o tempo de internação.

Palavras-chave: Pneumonia adquirida na comunidade, Reabilitação, Fisioterapia.

ABSTRACT

Community-acquired pneumonia (CAP) is one of the leading causes of death in Brazil and generates high costs for the health system with hospitalizations and treatments. Patients hospitalized with CAP often suffer loss of functional capacity, strength and muscle mass, which directly impacts their prognosis. Objective: To evaluate physiotherapy interventions based on physical conditioning to reduce the length of stay in hospitalized patients with CAP. Method: This is an integrative literature review, including randomized clinical trials and systematic reviews with meta-analysis, involving patients aged ≥ 18 years, hospitalized for CAP, and with studies extracted from platforms such as DOAJ, PubMED, BVSMS and PEDro. Results: Four articles were selected for the research. Of these, three showed improvements in functional capacity, muscle strength and symptoms; one article reported a reduction in length of stay, while another showed a reduction in the readmission rate. Conclusion: Despite the limited evidence regarding the reduction in length of stay, the studies that analyzed the effects on symptoms, physical conditioning, functionality and quality of life had favorable results. Thus, there is a need for more research into length of stay.

Keywords: Community-acquired pneumonia, rehabilitation, Physiotherapy.

1.     INTRODUÇÃO

A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo, atingindo anualmente mais de 600 mil brasileiros. Em 2023, mais de 240 mil pacientes foram hospitalizados com pneumonia na região sudeste. As grandes taxas de mortalidade e hospitalização relacionam-se com a idade do paciente, sendo a população idosa e infantil mais afetadas (Brasil, 2024; ALVES et al., 2024).

O diagnóstico da doença está baseado na história clínica, no exame físico, no raio x de tórax e também em hemoculturas e biomarcadores. No exame físico, durante a ausculta pulmonar, as alterações mais comumente encontradas são roncos, estertores e atrito pleural. A utilização de exames de imagem, como a tomografia computadorizada e os raios X do tórax, é amplamente empregada para apoiar o diagnóstico da PAC. É essencial realizar uma identificação ágil dos sintomas, como tosse com ou sem secreção, febre, taquicardia, fadiga, dor torácica pleurítica ou dispneia, para assim buscar um melhor prognóstico e tratamento para os pacientes acometidos pela PAC (ALVES et al., 2024; CORRÊA et. al., 2018; GROSSMAN e PORTH, 2016).

Os pacientes hospitalizados com a PAC, estão sujeitos a perda de capacidade funcional, força e massa muscular. Esse declínio funcional contribui para o aumento de reinternações, piora do prognóstico, com redução da capacidade física e da qualidade de vida do paciente, processo acentuado pelo fato de que a PAC está associada ao repouso excessivo, levando os pacientes a adotarem comportamentos inativos durante a hospitalização, o que intensifica a perda muscular global e a funcionalidade (RICE et al., 2019; RYRSØ et al., 2024).

O tempo excessivo de hospitalização, está diretamente ligado a maiores perdas na capacidade funcional. Nesse contexto, as intervenções fisioterapêuticas atuam de forma crucial, reduzindo as consequências negativas geradas pelo período de imobilidade, e amenizando a repercussão da doença na vida desses pacientes (CHEN, et al., 2020; RYRSØ et al., 2024).

Tendo em vista o impacto das hospitalizações agudas, é importante o rápido início do tratamento, sendo ele multiprofissional, em que o médico é responsável pela prescrição de antibioticoterapia e outras medicações. A nutrição busca a diminuição da perda de massa muscular através de nutrientes e uma dieta equilibrada. Já a fisioterapia tem papel fundamental no tratamento desses pacientes, com objetivo de prevenir atelectasias, melhorar a troca gasosa, manter as vias aéreas pérvias e prevenir os efeitos deletérios do leito e da imobilidade (CORRÊA et. al., 2018).

A PAC é uma condição de saúde grave que traz consequências significativas tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde. Além disso, a deterioração da condição física do paciente está relacionada não só a um maior tempo de internação, mas também a um maior índice de mortalidade, com risco de reações adversas e outras infecções durante a hospitalização. Junto a essas questões, é importante destacar que com o aumento do tempo de internação, há também um aumento dos custos de hospitalização deste paciente. No ano de 2023, essa situação resultou em um substancial fardo econômico para o sistema de saúde do Brasil, com custos de serviços hospitalares relacionados ao tratamento de pneumonia alcançando 750 milhões de reais, de acordo com o DataSUS (Brasil, 2024; LARSEN et al, 2019).

Os tratamentos adjuvantes proporcionados pela fisioterapia mais conhecidos são a fisioterapia respiratória, que inclui ciclos ativos com técnicas de respiração, pressão expiratória positiva, drenagem postural, estímulo de tosse, técnica de HuFing, manobras desobstrutivas com percussão e manipulação osteopática. No entanto, a fisioterapia não deve se restringir somente à parte respiratória, visto que a PAC gera um impacto negativo na condição física do paciente (CHEN et al, 2022).

O condicionamento físico é definido como um conjunto de atividades físicas que visa a melhoria da saúde e da capacidade física, sendo composto pelo desenvolvimento de diversos componentes, como os sistemas cardiovascular, respiratório, muscular e metabólico. Considerando que a PAC é o tipo mais comum de pneumonia, é necessário esclarecer como o condicionamento físico impacta o prognóstico dos pacientes (RICE et. al, 2019; RYRSØ et al., 2024).

Pacientes com PAC relatam que após internação pela patologia tiveram dificuldade na realização de suas atividades de vida diária e diminuição da capacidade física (CHEN et al., 2020). Estudos com pacientes de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e pneumonia indicam que intervenções fisioterapêuticas focadas no estado funcional e físico melhoraram significativamente o quadro clínico. Esses resultados destacam a importância de correlacionar essas intervenções com os resultados funcionais e clínicos, e entender como essas intervenções contribuem para a melhora física e redução do tempo de internação em pacientes com PAC (RICE et al., 2020).

2.     OBJETIVO

O objetivo geral deste trabalho é avaliar as intervenções fisioterapêuticas baseadas em condicionamento físico e seu efeito no tempo de internação de pacientes hospitalizados com pneumonia adquirida na comunidade.

Os objetivos específicos são :

  • Analisar a contribuição dos exercícios físicos aeróbicos e de resistência muscular no condicionamento físico de pacientes com pneumonia.
  • Verificar o impacto das intervenções fisioterapêuticas na função pulmonar e na capacidade funcional.
  • Comparar a relação entre a melhora do condicionamento físico e a taxa de mortalidade e taxa de readmissão hospitalar de pacientes hospitalizados com pneumonia adquirida na comunidade.
3.     FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1.         FISIOPATOLOGIA DA PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE

A pneumonia é caracterizada como uma inflamação das partes parenquimatosas do pulmão e das vias respiratórias inferiores, incluindo alvéolos e bronquíolos. Assim, a PAC refere-se a essa inflamação, que ocorre fora do ambiente hospitalar. Essa condição pode ser descrita como uma infecção que resulta de agentes bacterianos ou virais, sendo adquirida em ambientes comunitários ou diagnosticada até 48 horas após a internação. A transmissão se dá por meio da exposição a microrganismos, como gotículas de saliva contaminada, contato direto com secreções infectadas ou ainda por aspiração (CORRÊA et al., 2018; GROSSMAN E PORTH, 2016).

Considerando os mecanismos de propagação e as causas, é possível identificar as bactérias e os vírus mais frequentes que contribuem para a PAC. As bactérias que se destacam são o Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus e os bastonetes gram-negativos. No que diz respeito aos vírus, os mais comuns incluem o vírus da influenza, o vírus sincicial respiratório, adenovírus, parainfluenza e, mais recentemente, o SARS-COV-2 (ALVES et al., 2024; GROSSMAN E PORTH, 2016; MENCHÉN et al., 2022).

Recentemente uma pandemia global surgiu, trazendo consigo um novo vírus como agente etiológico da PAC, o SARS-COV-2 ou covid-19. Este, causou mais de 300 milhões de casos em todo mundo e se mostra com um grande risco de mortalidade em pacientes hospitalizados (HAO, Y. et al., 2024; MENCHÉN et al. 2022)

Perante as causas apresentadas, é importante salientar que a PAC, está descrita como uma das principais causas de morte no Brasil, sendo um problema enfrentado por diversos países e correlacionada ao aumento da taxa de mortalidade e hospitalização por infecções (RYRSØ et al., 2024).

Quando adquirem a doença, os sintomas mais comuns são tosse com ou sem secreção, febre, taquicardia, fadiga, dispneia e dor torácica pleurítica, podendo até apresentar sintomas gastrointestinais. Relacionado a sintomatologia, quando hospitalizados, a PAC leva a uma diminuição da capacidade funcional, causada pela perda de força, massa muscular e potência, que tem como motivo principal o imobilismo durante o longo tempo de internação (ALVES et al., 2024; RYRSØ et. al, 2024).

O repouso excessivo durante a hospitalização leva a deterioração do estado funcional e condicionamento físico, que estão relacionados ao maior tempo de internação, morte, infecções, quedas, lesões, exacerbação das doenças, além do aumento dos custos hospitalares (CARNEIRO et al., 2021; LARSEN et al, 2019).

3.2.         DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico da pneumonia adquirida na comunidade (PAC) pode ser realizado por meio de exames microbiológicos, como cultura de escarro e testes moleculares, complementados pelo uso de biomarcadores. Entre os biomarcadores, a proteína C reativa (PCR) serve como indicador de infecção, enquanto a procalcitonina é eficaz na detecção de infecções bacterianas, apresentando resultados em até duas horas (CORRÊA et al., 2018).

Os exames de imagem, assim como a avaliação física, desempenham um papel crucial no diagnóstico da PAC. Durante o exame físico, a ausculta pulmonar muitas vezes revela alterações como roncos, estertores e atrito pleural. No raio X de tórax, é possível observar achados sugestivos da doença, como consolidações isoladas ou múltiplas, infiltrados bilaterais e áreas de “vidro-fosco”, que podem variar conforme o agente etiológico. A análise detalhada desses exames de imagem é fundamental para diferenciar a PAC de outras patologias pulmonares (ALVES et al., 2024; GROSSMAN E PORTH, 2016).

Existem alguns fatores agravantes, que podem contribuir para aumentar a gravidade da patologia, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), tabagismo, alcoolismo, demência, HIV, idade avançada (idade ≥ 70 anos). Os pacientes idosos com PAC apresentam grande risco de complicações cardíacas (ALVES et al., 2024).

A prescrição de medicamentos para o tratamento da PAC é predominantemente baseada no uso de antibióticos. A escolha do medicamento vai variar de acordo com a gravidade do paciente, e se o tratamento está ocorrendo na enfermaria, no ambulatório ou na unidade de terapia intensiva (UTI) (CORRÊA et. al., 2018).

Além disso, vale ressaltar que o tratamento da PAC é multiprofissional, englobando tratamento médico, fisioterapêutico e nutricional. Sabendo disso, cabe ao nutricionista manter uma hidratação adequada, evitar a perda de nutrientes e massa muscular. Além disso, o fisioterapeuta tem o papel de realizar a oxigenioterapia em caso de hipoxemia, ventilação mecânica se necessário, técnicas para melhora da condição respiratória e desobstrução das vias aéreas. Junto a fisioterapia é importante salientar o risco de perda funcional, por isso, é essencial a reabilitação fisioterapêutica durante e após a alta do paciente, evitando o aumento do risco de morte e possíveis reinternações (SIMONETTI et al. 2014).

3.3.         FISIOTERAPIA NA PAC

A fisioterapia na PAC está relacionada a diversos fatores, sendo eles prevenir agravos na fase ambulatorial, ou na unidade de terapia intensiva no hospital, trabalhando na melhora da oxigenação, na intervenção com ventilação mecânica invasiva e não invasiva, no fortalecimento da musculatura respiratória, na desobstrução das vias aéreas e prevenindo os efeitos deletérios do leito.

Dentre as especialidades fisioterapêuticas, a fisioterapia respiratória tem o objetivo de manter as vias aéreas pérvias, otimizar a troca gasosa e eliminar secreções. Como conduta destes objetivos são utilizadas algumas técnicas como a drenagem postural, estímulo de tosse e manobras desobstrutivas como a percussão e HuFing. Outras técnicas utilizadas incluem o ciclo ativo de respiração, e tem como objetivo melhorar a capacidade pulmonar total, englobando a reexpansão pulmonar, expiração forçada e a pressão expiratória positiva das vias aéreas, que visa manter os alvéolos expandidos na expiração para melhorar a oxigenação (CHEN et. al. 2022).

A fisioterapia tem grande importância no tratamento da PAC. No entanto, ela não deve se restringir à parte respiratória, pois devido às implicações da patologia os pacientes apresentam perda da capacidade física, que impacta diretamente nas atividades de vida diária. A perda dessa capacidade ocorre devido ao repouso excessivo durante a hospitalização e alimentação muitas vezes inadequada, que levam a perda de massa muscular, força e peso, prejudicando assim a marcha e o equilíbrio, diminuindo a qualidade de vida, e contribuindo para readmissões hospitalares, mortalidade e maior tempo de internação hospitalar (RICE et. al, 2019; RYRSØ et. al, 2024).

Nesse aspecto, o fisioterapeuta tem o dever de evitar a perda e melhorar a capacidade funcional dos pacientes hospitalizados. Alguns estudos destacam técnicas fisioterapêuticas usadas com os objetivos de prevenir os efeitos deletérios do leito, melhorar e manter a integridade funcional e física do paciente. Essas técnicas englobam a mobilização precoce, exercícios resistidos, exercícios aeróbicos e caminhada no corredor. Vale destacar que, a reabilitação física precoce durante a hospitalização por PAC, tem mostrado muito importante para melhora da eliminação das secreções, aumento da expansibilidade pulmonar, prevenção de agravos e melhora dos níveis de consciência (LARSEN et al, 2019; SHIMIZU et al, 2023).

As técnicas citadas já são muito utilizadas no tratamento fisioterapêutico de pacientes com hospitalização aguda ou DPOC, tendo em vista a importância da preservação e manutenção da capacidade funcional e física, no prognóstico das patologias. Contudo, ainda é necessário esclarecer se as intervenções voltadas para capacidade funcional dos pacientes hospitalizados com PAC, trazem melhores resultados no tempo de internação, na mortalidade e na readmissão hospitalar, esclarecendo os benefícios trazidos pelas intervenções voltadas para o condicionamento físico nesse cenário (CARNEIRO et al., 2021; IZQUIERDO et al., 2019).

4.     METODOLOGIA
4.1.         DESENHO DO ESTUDO

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa.

4.2.         AMOSTRA.
4.2.1.    Tipos de estudo

Serão utilizados ensaios clínicos randomizados e não-randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises.

4.2.2.    Tipos de intervenções

As intervenções que foram selecionadas incluem de exercícios aeróbicos e resistidos, mobilização precoce, técnicas de fisioterapia respiratória com manobras desobstrutivas e reexpansivas e estimulação elétrica neuromuscular.

4.2.3.    Fonte de estudos

Foram coletados estudos nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVSMS) e Directory of Open Access Journals (DOAJ) e PEDro.

4.2.4.    Período de busca

O período de busca foi restringido aos últimos 10 anos, de 2014 a 2024.

4.2.5.    Descritores da pesquisa

Os    descritores    usados    foram    “Community-Acquired                  Pneumonia”   e “rehabilitation”.

4.3.         CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos estudos publicados em revistas científicas e periódicos que abordam intervenções fisioterapêuticas realizadas em pacientes hospitalizados com PAC, com idade ≥ 18 anos, em artigos na língua portuguesa, espanhol e inglês, entre 2014 a 2024.

4.4.         CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos estudos com intervenções fisioterapêuticas realizadas em pacientes pediátricos com PAC. Além de estudos de caso, artigos de opinião e carta do editor.

4.5.         ESTRATÉGIA DE SELEÇÃO

Para a seleção dos estudos a pesquisadora fez uma busca de artigos nas bases de dados escolhidos (PubMed, PEDro, DOAJ, BVSMS). For realizada a leitura preliminar do título e do resumo, verificando se atende aos critérios de inclusão e exclusão. Os que não atenderam foram excluídos, e aos que atenderam, foi realizada a leitura analítica da metodologia do estudo, a fim de verificar se os estudos realmente atendem aos critérios previamente definidos. Os que não passaram, foram excluídos. Finalmente os que passaram por toda a triagem, e não foram excluídos fazem parte desta revisão.

5.     RESULTADOS

As buscas foram realizadas nas bases de dados PEDro, BVSMS, PubMed e DOAJ. Os artigos foram selecionados, e conforme os critérios de inclusão e exclusão, foram escolhidos os artigos incluídos no presente estudo (Figura 1).

Na base de dados PubMed 16 artigos foram encontrados, sendo que 4 atenderam os critérios necessárias. Na plataforma PEDro foi encontrado 1 artigo, que foi excluído por duplicidade. No BVSMS foram encontrados 502 artigos, que após análise os artigos não atenderam aos critérios necessários. No DOAJ, foram encontrados 26 artigos, destes nenhum atendeu aos critérios de seleção. Por fim, conforme os critérios estabelecidos, dos 545 artigos encontrados, foram selecionados somente 4 artigos para esta revisão.

Figura 1: Fluxograma

Fonte: autoria própria (2024)

Após a leitura dos artigos foram extraídas informações de cada artigo selecionado, como objetivo do estudo, a amostra utilizada por cada um, os instrumentos de avaliação utilizados, quais as intervenções realizadas e quais os resultados de cada um deles (Quadro 1).

As informações extraídas dos artigos incluídos nesta revisão (autores, ano, delineamento do estudo, objetivos do estudo, amostra, desfecho, instrumentos de avaliação, intervenções e os resultados dos estudos) foram inseridas no quadro 1.

  Título e Autor  ObjetivosDelineamento do estudo/AmostraInstrumentos de avaliação/Testes/Desfech o  Intervenções  Resultados
                        Inpatient rehabilitation improves functional capacity, peripheral muscle                 strength and quality of life in patients                       with community- acquired pneumonia:                  a randomized trial. JOSÉ, A. e DAL CORSO, S, 2016              Entre pessoas hospitalizadas por PAC,               um programa                              de reabilitação baseado          em exercícios                    para pacientes internados melhora                            os resultados funcionais,                        os sintomas,                     a qualidade de vida e a duração da internação hospitalar mais do que um regime de fisioterapia respiratória?                        Trata-se de um ensaio                      clínico randomizado. A amostra foi de pacientes internados com PAC a menos de 48 horas, com idade >    18    anos,      com consciência preservada             e deambulação independente.          Os pacientes foram avaliados por avaliadores cegos, usando de biomarcador a PCR, e foram caracterizados com base na idade, sexo, IMC e pontuação no CURB-65, a capacidade funcional foi medida com o teste de glittre activeties of dayli living. A capacidade de exercício foi medida usando o ISWT, a força muscular periférica foi medida usando um dinamômetro, a qualidade de vida foi medida com o SF- 36, a dispneia foi medida usando a escala do Medical Research Council, A função pulmonar foi medida usando um espirômetro portátil. Os desfechos analisados no estudo foram a capacidade funcional, a força muscular periférica, a dispneia e a duração da hospitalização.              Os pacientes do estudo foram divididos em dois grupos: Grupo controle: Recebeu fisioterapia respiratória padrão (50 min/dia x 8 dias), com percussão, tosse assistida e manobra de HuFing, caminhada, exercícios respiratórios e remoção de secreções. O grupo experimental: recebeu treinamento físico (50 min/dia x 8 dias), com aquecimento com movimentos ativos de membro superior;                            alongamento; exercícios resistidos para fortalecimento da musculatura periférica com 70% da carga máxima e escala de BORG; por fim exercício aeróbico com caminhada no corredor.Capacidade funcional: Teste de glittre activities of daily living: teve um tempo médio menor no grupo experimental (52 seg) em comparação com grupo controle (12 seg), resultando numa melhora maior no grupo experimental, sendo um desvio padrão de 39 segundos. Teste                    ISWT:                    melhorou significativamente mais no grupo experimental, com uma diferença de 130 metros, em relação ao grupo controle. Não houve diferenças significativas entre os grupos nas variáveis monitoradas durante o ISWT, como frequência cardíaca, SpO2, dispneia e fadiga. Força muscular periférica: Todos os músculos analisados demonstraram melhora média da força no grupo experimental e piora média no grupo controle, sendo significativamente estatística. Dispneia: O grupo experimental teve uma redução significativamente maior, com uma diferença média de 0,9 pontos do grupo controle. A função pulmonar permaneceu reduzida em ambos os grupos, sem alterações substanciais após as intervenções. Tempo de internação: O tipo de tratamento não influenciou significativamente a duração da internação: média de 12 dias no grupo experimental e média de 13 dias no grupo controle.
                Effect     of      early mobility      as                   a physiotherapy treatment                      for pneumonia:                       a systematic                    review and meta-analysis. LARSEN, T. et al, 2019        Analisar             a sistemática       do efeito               da mobilidade precoce durante a duração           da hospitalização (DH),                 a mortalidade e os resultados clínicos            no tratamento       de adultos hospitalizados por causa    de     uma PAC.              O artigo trata-se de uma                     revisão sistemática e meta- análise de dados, foram incluídos 4 artigos neste estudo. A  amostra  foi  de 69.492 pacientes, com idade entre 17 e 103 anos.                Os desfechos primários foram o tempo de permanência e mortalidade, já os secundários foram a taxa de readmissão hospitalar e visitas de emergência e medidas de função física, capacidade de exercício, sintomas e qualidade de vida.    Os artigos incluídos nesta revisão continham intervenções com movimentação no leito, mudança da posição horizontal para posição vertical por pelo menos 20 minutos durante as primeiras 24 horas de internação, com progressão; deambulação precoce e exercícios adaptativos ou assistivos dentro de 3 dias após a admissão por pelo menos 7 dias; e por fim exercício aeróbico uma vez ao dia com intensidade desejada e treinamento de resistência muscular periférica com uma carga inicial de 70% da força muscular periférica máxima por 8 dias.Tempo de internação: Dois dos artigos mostraram uma redução no tempo de internação no grupo intervenção, enquanto um terceiro não encontrou diferença significativa, e um quarto estudo observou um tempo de internação maior no grupo intervenção. Mortalidade: Dois   artigos          relataram                   que          não obtiveram          diferenças          estatísticas, outro artigo não citou e um quarto artigo mostrou mortalidade dentro de 30 dias menor no grupo intervenção Taxa de readmissão hospitalar: A readmissão hospitalar não teve diferenças estatísticas em nenhum dos artigos. Função física, capacidade de exercício, sintomas e qualidade de vida: Foram observados, mostrando um melhor resultado no grupo intervenção, porém esse tópico tem informações limitadas
  Effect of exercise training                     on prognosis                     in community- acquired pneumonia:                                          a randomized controlled trial.O     objetivo     foi investigar o efeito do        tratamento padrão combinado     com ciclismo supervisionado no leito ou exercícios com folhetos em comparação comNeste ensaio clínico randomizado,        186 pacientes com PAC foram                  designados para          Tratamento padrão (TP) (n = 62), ciclismo supervisionado            no leito com TP (n = 61) ou        exercícios    deOs pacientes foram avaliados e monitorados usando a escala de Borg para percepção de esforço, o oxímetro de pulso para saturação de O2 e frequência cardíaca (FC), o cálculo de frequência cardíaca máxima relacionada à idade (FC máxima = 220–idade), e o Índice  de  Comorbidade  deGrupo controle: Recebeu tratamento padrão conforme diretrizes                         dinamarquesas, incluindo fisioterapia quando necessário. Grupo                                   ciclismo supervisionado no leito: Foi aplicado 25 min de ciclo ergômetro no leito e 5 min de exercícios do livreto. De acordo com SpO2, FR e Borg, a intensidade do exercício aumentou gradualmente ao longo da admissão, assim como o tempo e a carga do ciclismo na camaTempo de internação: Não teve nenhuma alteração estatística significativa, sendo 6 (4-9) dias no grupo controle, 5 (4-8) dias no grupo ciclismo e 6 (3-9) dias no grupo exercícios de livreto. Taxa de readmissão em 90 dias: Foi de 35,6% no tratamento padrão, em comparação com 27,6% e 21,3% nos grupos de ciclismo e exercícios de  livreto,  sendo  uma  diferença significativa.
RYRSØ, C K et. al, 2024.o           tratamento padrão                    em pacientes internados           com PAC no tempo de internação, readmissão em 90 dias e mortalidade em 180 dias.livreto com TP (n = 63), a idade dos pacientes foi ≥18 anos.Charlson para avaliar comorbidades. O desfecho primário foi o tempo de internação. Os desfechos secundários foram readmissão em 90 dias e mortalidade em 180 dias. Um resultado exploratório foi o total de dias de readmissão dentro de 90 dias após a alta.Grupo Exercícios de livreto: Foram aplicados 30 min de exercícios supervisionados. Combinando exercícios de resistência simples de sustentação de peso corporal e caminhada. Os exercícios resistidos foram realizados à beira do leito e adaptados às habilidades do paciente. Sendo de 2-3 séries e 8-10 repetições, aumentando  gradualmente  a intensidade.A taxa de mortalidade em 180 dias: Foi de 10,2% no grupo controle, 10,3% no grupo de ciclismo e 9,8% no grupo de exercícios de livreto, não tendo uma diferença estatísticamente significativa entre eles. Dias de readmissão dentro de 90 dias após a alta: O total foi de 226 dias para o tratamento padrão, 161 para o ciclismo e 179 para os exercícios, indicando que as intervenções de exercício estavam associadas a menos dias de readmissão.
    Does    adding    an integrated physical therapy            and neuromuscular electrical stimulation therapy to              standard rehabilitation improve            functional outcome in elderly patients                 with pneumonia?                A randomised controlled trial. López-López et al 2019.      Comparar         os efeitos de              um programa integrado                      de fisioterapia e terapia elétrica com a reabilitação padrão                    para melhorar            o desempenho físico e funcional em             pacientes idosos internados com PAC.            Trata-se de um ensaio             clínico randomizado. A amostra consistiu em pacientes idosos hospitalizados devido a pneumonia, com idade ≥ 65 anos.Os instrumentos de avaliação foram volume expiratório forçado no primeiro segundo (vef1) para avaliar função pulmonar; Força de preensão manual foi usada como marcador de força muscular periférica; os níveis de independência foram avaliados usando a medida de independência funcional; e o Índice de Comorbidade de Charlson foi usado para avaliar comorbidades. O desempenho físico e funcional foi avaliado pela Bateria Curta de Desempenho Físico (SPPB); sintomas respiratórios, como dispneia, foram avaliados com a Escala de Borg modificada; a Escala de Gravidade da Fadiga foi usada para avaliar a gravidade da fadiga em pacientes; a severidade da tosse foi avaliada com o Questionário de Tosse de Leicester. O desempenho físico e funcional foi usado como principal medida de desfecho, os sintomas respiratórios, incluindo dispneia, fadiga e tosse, foram avaliados como medidas   de   desfecho secundárias.Grupo controle: recebeu cuidados diários normais durante o período de hospitalização,                         incluindo tratamento medicamentoso e oxigenoterapia ajustados pela equipe médica. Os cuidados diários usuais incluíram a realização de técnicas de respiração controlada. Grupo intervenção: recebeu os cuidados padrões mais intervenção fisioterapêutica com 10 min de aquecimento com exercícios respiratórios e de ADM; 30 min de estimulação elétrica               neuromuscular sobreposta a diferentes exercícios com resistência e sem resistência, aumentando o grau de  dificuldade  conforme  a tolerância do paciente; 5 min de relaxamento com exercícios respiratórios e alongamento. Em cada sessão, os indivíduos foram examinados quanto a sinais e sintomas adversos, como aumento da dor, dispneia grave, dessaturação e aumento da temperatura da pele.Desempenho físico e funcional: SPPB: foi significativamente maior no grupo de intervenção (5,91) em comparação ao grupo de controle (4,15), indicando uma melhora maior no desempenho físico geral. Teste de sentar e levantar SPPB: o grupo de intervenção obteve uma pontuação média de 2,17, enquanto o grupo de controle obteve 0,58., indicando melhora significativa no grupo intervenção em relação ao controle. Sintomas respiratórios: Tosse: A severidade da tosse também melhorou mais no grupo de intervenção, com uma diferença significativa em comparação ao grupo de controle Dispneia: houve redução da dispneia tanto no grupo controle quanto na intervenção, mas sem diferenças estatísticas entre os grupos. Fadiga: Houve uma redução nos níveis   de    fadiga   no         grupo           de intervenção, com uma pontuação média de 32,04 no início e 18,84 no final do estudo, em comparação a 46,22 e 17,40 no grupo de controle. Tempo de internação: não houve diferença significativa entre os grupos

Quadro 1: PAC (Pneumonia adquirida na comunidade); PCR (proteína C reativa); IMC (índice de massa corporal); CURB-65 (escore crítico para avaliar a gravidade da pneumonia adquirida na comunidade); Teste de glittre activities of daily living (avaliação da capacidade funcional); ISWT (Incremental Shuttle Walking Test); SF-36 (questionário de qualidade de vida); Escala de BORG (escala de esforço); Frequência cardíaca (FC); frequência respiratória (FR); Amplitude de movimento (ADM), Estimulação elétrica neuromuscular (EENM) .

6.     DISCUSSÃO

Os artigos incluídos nesta revisão abordam sobre intervenções fisioterapêuticas que melhorem o condicionamento físico de pacientes hospitalizados com PAC, e o impacto no tempo de hospitalização. A maioria dos artigos incluídos nesta revisão foram ensaios clínicos randomizados, e somente um foi uma revisão sistemática com meta-análise, todos relatam sobre os resultados das intervenções fisioterapêuticas no condicionamento físico, sintomas, mortalidade, readmissão e tempo de internação.

Portanto, dos artigos selecionados, alguns apresentavam protocolos com alongamento, aquecimento, exercícios resistidos e aeróbicos em comparação com fisioterapia respiratória. Outros compararam exercícios aeróbicos, com exercícios resistidos e caminhada, e o tratamento padrão com fisioterapia se necessário. Por outro lado, teve um artigo que apresentou técnicas de estimulação elétrica neuromuscular (EENM) com exercícios resistidos e fisioterapia respiratória comparado a cuidados padrão mais fisioterapia respiratória. Por fim, uma revisão sistemática com meta-análise, incluiu artigos que abordaram sobre mobilidade precoce e exercícios resistidos.

A pesquisa realizada por José e Dal Corso (2016) teve como objetivo avaliar se um protocolo de exercícios que incluía alongamentos, aquecimento, exercícios resistidos e atividades aeróbicas é mais eficaz do que a fisioterapia respiratória e caminhadas na promoção da capacidade funcional, fortalecimento muscular, alívio da dispneia e redução do tempo de internação. Os achados revelaram que o grupo submetido à intervenção com exercícios apresentou melhorias significativas na capacidade funcional, na força muscular periférica, na dispneia e na qualidade de vida. No entanto, não houve diferença na função pulmonar nem no tempo de internação entre os grupos. A função pulmonar permaneceu reduzida em ambas as intervenções, evidenciando que o programa de exercícios impactou de forma mais significativa as condições funcionais e musculares do que a capacidade pulmonar. Além disso, a pesquisa enfatiza que os critérios para a alta foram um dos elementos que impediram a variação no tempo de internação. Fatores como a situação financeira, a cognição e a capacidade de arcar com o tratamento foram considerados, assim como o estado físico do paciente no momento da alta hospitalar.

López-López et al (2019), por outro lado, utilizando de intervenções com fisioterapia respiratória, mobilidade e exercícios resistidos associadas a EENM em comparação com somente fisioterapia respiratória, encontrou melhora no desempenho funcional e físico, com melhora na marcha, no equilíbrio e no teste de sentar e levantar. Além da melhora mais evidente dos sintomas de tosse e fadiga no grupo intervenção, que podem ser explicadas pela implementação da fisioterapia respiratória junto dos exercícios e da EENM, mas não houve diferença significativa na dispneia e no tempo de internação dos pacientes hospitalizados.

Outro ensaio clínico randomizado, de Ryrsø et. al (2024), comparou cuidados padrão e fisioterapia quando necessário com ciclismo no leito mais exercícios resistidos, e também comparou com exercícios resistidos e caminhada. O autor investigou os efeitos das intervenções no tempo de internação, a taxa de readmissão hospitalar em 90 dias, taxa de mortalidade em 180 dias e número de dias de readmissão em 90 dias após a alta, e os resultados encontrados foram que não houve diferença significativa na mortalidade e no tempo de internação, porém na taxa de readmissão e nos dias de readmissão o grupo ciclismo e o grupo exercícios de livreto tiveram uma taxa menor que o tratamento padrão. Uma questão levantada no estudo foi que, no hospital onde a pesquisa foi realizada, a adoção de um protocolo de tratamento baseado em diretrizes e na alta precoce de pacientes com pneumonia, podem ter contribuído para a ausência de diferença no tempo de internação entre os grupos. Ainda assim, observou-se uma menor taxa de readmissão entre os pacientes que receberam intervenções com exercícios e ciclismo.

No estudo de Larsen et al (2019), a única revisão sistemática com meta-análise encontrada, foi analisada a sistemática do efeito da mobilidade precoce na duração da hospitalização, a mortalidade e os resultados clínicos no tratamento de adultos hospitalizados por conta da PAC. Os artigos incluídos neste estudo, continham intervenções como mobilização precoce, deambulação precoce, exercícios resistidos e exercícios aeróbicos, comparados aos cuidados habituais ou nenhuma reabilitação. Os resultados encontrados pelo autor foram que as intervenções baseadas na mobilidade precoce reduzem o tempo de internação, no entanto não houve efeito na mortalidade ou na taxa de readmissões hospitalares, apesar de não haver melhora significativa, as intervenções não causaram prejuízos ou efeitos adversos à saúde dos pacientes. Junto a isso, alguns estudos incluídos na revisão mostraram efeito na melhora da capacidade física, redução da gravidade da dispneia e na melhoria da qualidade de vida.

Apesar das pesquisas não apontarem um aumento no tempo de internação, somente um dos estudos destacou uma redução no tempo de internação, mostrando que não há efeito negativo, no período de hospitalização, com a implementação de intervenções baseadas no condicionamento físico em pacientes com pneumonia adquirida na comunidade. Além disso, em relação à taxa de mortalidade não há alterações quando comparado aos cuidados já adotados. Entretanto, na readmissão hospitalar, que foi investigada por dois autores, somente Ryrsø et. al (2024) apontou a redução da taxa de reinternações hospitalares, enquanto Larsen et al (2019) não teve alteração estatisticamente significativa quando comparada as intervenções ao cuidado padrão.

Os estudos revisados indicam que as intervenções fisioterapêuticas focadas no condicionamento físico de pacientes com PAC apresentam efeitos variados tanto na redução dos sintomas quanto na melhora da capacidade física. As intervenções que incluíram exercícios aeróbicos, resistidos, mobilidade precoce e, em alguns casos, EENM resultaram em melhorias significativas no desempenho funcional, força muscular, capacidade física, além de reduzir sintomas de fadiga, tosse e dispneia, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a maioria dos estudos não encontrou uma redução significativa no tempo de hospitalização. Quanto à mortalidade, não houve diferenças em relação aos cuidados padrão, e apenas um estudo mostrou redução na taxa de readmissão hospitalar, destacando a necessidade de mais pesquisas focadas na redução do tempo de internação.

7.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento de pacientes hospitalizados com PAC. Contudo, ao longo deste trabalho, verificou-se uma escassez de estudos de alta qualidade que evidenciam os efeitos da fisioterapia e do condicionamento físico no tempo de internação. Embora as evidências encontradas ainda não confirmem que as intervenções fisioterapêuticas diminuem o tempo de internação, é importante ressaltar que as intervenções focadas no condicionamento físico trazem benefícios nos sintomas, na capacidade funcional e na qualidade de vida dos pacientes, no entanto, são necessários mais estudos na área, que explorem como as intervenções fisioterapêuticas podem acelerar a recuperação e reduzir o tempo de hospitalização.

8.     REFERÊNCIAS

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