REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505272127
Marileia Vieira da Cruz1
Elisângela de Andrade Aoyama2
Karina Brito da Costa Ogliari3
Resumo:
O avanço das tecnologias digitais e mídias sociais têm revolucionado a forma como interagimos e nos comunicamos, oferecendo benefícios significativos, como a capacidade de conectar pessoas globalmente e acessar uma vasta quantidade de informações em tempo de tela um fluxo excessivo e muitas vezes contraditório de informações e comparações sociais prejudiciais exacerbadas pela exposição constante a imagens de vidas aparentemente perfeitas nas mídias sociais. Este estudo busca analisar de forma abrangente os impactos dessas tecnologias na saúde mental, abordando tanto os efeitos negativos quanto os positivos. O foco será avaliar como o uso excessivo das mídias digitais está associado ao aumento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, e identificar como essas ferramentas, quando utilizadas de maneira equilibrada, podem contribuir para o bem-estar e oferecer suporte psicológico. A metodologia adotada será uma revisão integrativa da literatura, que permitirá uma análise crítica das pesquisas existentes sobre o tema. O objetivo é desenvolver estratégias para otimizar o uso das tecnologias digitais, minimizando seus impactos negativos e potencializando seus benefícios para a saúde mental. O estudo visa, assim, contribuir para a formulação de políticas e práticas eficazes no campo da saúde digital, promovendo um uso mais saudável e consciente dessas ferramentas.
Palavras-chave: saúde; tempo de tela; tecnologia.
Abstract:
The advancement of digital technologies and social media has revolutionized the way we interact and communicate, offering significant benefits such as the ability to connect people globally and access vast amounts of information in real-time. However, this transformation also presents substantial challenges to mental health, including issues such as “infodemic” an excessive and often contradictory flow of information – and harmful social comparisons exacerbated by constant exposure to images of seemingly perfect lives on social media. This study aims to comprehensively analyze the impacts of these technologies on mental health, addressing both negative and positive effects. The focus will be on evaluating how excessive use of digital media is associated with increased mental health disorders such as depression and anxiety, and identifying how these tools, when used in a balanced manner, can contribute to well-being and offer psychological support. The methodology adopted will be a literature review, allowing for a critical analysis of existing research on the topic. The goal is to develop strategies to optimize the use of digital technologies, minimizing their negative impacts and enhancing their benefits for mental health. The study thus aims to contribute to the formulation of effective policies and practices in digital health, promoting a healthier and more conscious use of these tools.
Keywords: Health; Technology.
1. INTRODUÇÃO
As tecnologias digitais e o uso massivo das mídias sociais transformaram significativamente a forma como os indivíduos interagem, se comunicam e constroem conexões na contemporaneidade. Essas ferramentas possibilitam o compartilhamento de informações, ideias e experiências em tempo real e em escala global, superando barreiras geográficas e culturais. Além disso, proporcionam espaços para a expressão individual, a construção de redes sociais e o acesso a uma ampla variedade de conteúdo. Tais avanços têm contribuído para benefícios notáveis, como a ampliação do conhecimento, o fortalecimento de vínculos sociais e profissionais e o estímulo a movimentos sociais relevantes (Silva, 2023).
Entretanto, esse novo cenário digital também impõe desafios complexos, sobretudo no campo da saúde mental. Essa sobrecarga informacional dificulta a filtragem de conteúdo confiáveis, gerando estresse e fadiga mental, além de favorecer a propagação de desinformação, sendo assim, resulta no impacto emocional das constantes notificações e interações, que podem desencadear quadros de ansiedade e esgotamento (Freire et al., 2023).
Outro fator preocupante diz respeito às comparações sociais intensificadas pelas redes, nas quais prevalecem imagens idealizadas de sucesso e felicidade. Essa exposição contínua pode afetar negativamente a autoestima e gerar sentimentos de inadequação, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos como depressão e ansiedade, ou seja, a busca por validação através de curtidas e comentários muitas vezes leva a um comportamento compulsivo e a uma dependência emocional do ambiente digital (Silva, 2023).
Nesse contexto, a presente pesquisa tem como problemática central o questionamento sobre como o uso crescente das tecnologias digitais e das mídias sociais podem afetar a saúde mental dos indivíduos e de que forma essas ferramentas podem ser utilizadas para promover o bem-estar sem causar prejuízos. Parte-se da hipótese de que o uso excessivo dessas tecnologias está relacionado ao aumento de transtornos psíquicos, embora se reconheça que, quando utilizadas de forma moderada e consciente, tais ferramentas podem desempenhar um papel positivo na promoção da saúde mental (Passos; Kapczinski; Rabelo-Da-Ponte, 2023).
Segundo Oliveira (2024), a relevância do trabalho está na busca por compreender os impactos psicológicos da era digital e propor estratégias que favoreçam um uso saudável das tecnologias, contribuindo para minimizar seus efeitos adversos e maximizar seus benefícios. Ao articular os avanços tecnológicos com a saúde mental, o estudo se alinha às diretrizes mais atuais do campo da saúde digital e visa contribuir com práticas mais seguras e equilibradas nesse novo contexto.
Diante disso, torna-se imperativo analisar criticamente os efeitos do uso excessivo das tecnologias sobre o bem-estar psicológico, reconhecendo, ao mesmo tempo, o potencial dessas ferramentas para oferecer suporte emocional, facilitar o acesso a terapias digitais e promover qualidade de vida (Oliveira, 2024).
Assim, o objetivo geral desta pesquisa é discutir o impacto das tecnologias digitais na saúde mental, explorando tanto os efeitos prejudiciais quanto os possíveis benefícios proporcionados por essas ferramentas. O estudo buscará compreender a relação entre o uso intensivo das tecnologias digitais e o aumento de transtornos como depressão e ansiedade.
2. REVISÃO DE LITERATURA
O impacto das tecnologias digitais na saúde mental tem sido amplamente discutido nos últimos anos, especialmente devido à sua crescente integração no cotidiano de diferentes grupos populacionais. De acordo com Andrade et al. (2022), essa questão tornou-se ainda mais evidente durante a pandemia de COVID-19, período em que o tempo de exposição às telas aumentou de forma significativa, particularmente entre crianças e adolescentes. Esse aumento no uso de mídias digitais resultou em uma relação direta com o crescimento dos níveis de ansiedade entre esses jovens, conforme indicado pelos autores.
O uso prolongado dessas ferramentas tecnológicas, aliado à falta de atividades presenciais e à menor interação social, exacerbou sintomas de transtornos mentais. Andrade et al. (2022) ressaltam que essa sobrecarga tecnológica pode levar ao desenvolvimento de condições como depressão e ansiedade, o que destaca a urgência de se investigar com mais profundidade a influência do uso excessivo de tecnologias digitais na saúde mental. Nesse sentido, o estudo dos impactos negativos e positivos dessas ferramentas torna-se essencial para a compreensão de como as tecnologias podem ser utilizadas de forma consciente e equilibrada, minimizando seus riscos e potencializando seus benefícios.
Essa análise permite avaliar a necessidade de desenvolver estratégias de uso saudável das tecnologias, especialmente para populações mais vulneráveis, como crianças e adolescentes, que estão expostos a uma realidade digital cada vez mais intensa (Andrade et al., 2022). No entanto, os impactos das tecnologias digitais não se restringem a populações específicas, como crianças e adolescentes. Bustamante Van Wik e Mângia (2019) destacam a importância do cuidado em saúde mental para populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua, que também são afetadas pelas novas formas de comunicação e acesso à informação. Embora esse grupo enfrente outras prioridades em relação ao uso das tecnologias, a disponibilidade de serviços digitais de saúde pode representar uma oportunidade de apoio psicológico, facilitando o acesso a recursos de cuidado e assistência.
De forma mais ampla, Freire et al. (2023) discute os desafios da saúde mental na era digital, argumentando que o aumento do uso de tecnologias, apesar de trazer benefícios como o acesso a informações sobre saúde mental e suporte psicológico remoto, também pode contribuir para uma sobrecarga cognitiva e emocional. Isso se reflete no aumento dos casos de ansiedade e depressão, que, segundo os autores, estão frequentemente relacionados ao uso excessivo de plataformas digitais e redes sociais, onde os usuários ficam expostos a comparações sociais, fake news e informações potencialmente prejudiciais.
Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) oferecem uma abordagem prática e detalhada sobre o papel das tecnologias digitais na promoção da saúde mental, fornecendo diretrizes valiosas para profissionais que atuam na área. Os autores destacam que, embora o uso excessivo de tecnologias digitais esteja associado ao aumento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, essas mesmas ferramentas, quando adequadamente estruturadas e aplicadas, podem ser eficazes para fornecer suporte psicológico de qualidade. Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) salientam a importância de aplicativos voltados à saúde mental, que têm demonstrado grande eficácia na monitoração de sintomas e na oferta de intervenções terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), amplamente utilizada em contextos clínicos. Além disso, esses aplicativos facilitam a comunicação entre pacientes e profissionais de saúde mental, permitindo um acompanhamento mais próximo e contínuo.
Nesse sentido, o estudo complementa a visão apresentada por Andrade et al. (2022), que apontam o uso excessivo de tecnologias, especialmente durante a pandemia de COVID-19, como um fator contribuinte para o aumento dos níveis de ansiedade entre crianças e adolescentes. Enquanto Andrade et al. (2022) focam principalmente nos efeitos negativos do tempo prolongado de exposição às telas, Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) apresentam um contraponto, ao evidenciar que, quando usadas de maneira adequada e consciente, as tecnologias digitais podem ser uma ferramenta poderosa para a promoção do bem-estar mental.
Esse contraponto entre os dois estudos ressalta a dualidade das tecnologias digitais: por um lado, Andrade et al. (2022) alertam sobre os perigos do uso excessivo e indiscriminado, enquanto Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) enfatizam o potencial positivo das mesmas ferramentas quando utilizadas de forma moderada e com propósito terapêutico. Ambos os autores concordam que a chave está no equilíbrio e na forma como as tecnologias são integradas ao cotidiano e ao contexto da saúde mental (Passos; Kapczinski; Rabelo-Da-Ponte, 2023; Andrade Et Al., 2022)
O impacto das tecnologias digitais na saúde mental dos jovens também é um tema de destaque. Silva (2023) ressalta que, na era digital, os jovens são particularmente vulneráveis aos efeitos prejudiciais das mídias sociais, que podem intensificar sentimentos de isolamento, inadequação e dependência digital. No entanto, a autora também aponta que, quando usadas de forma consciente e moderada, as tecnologias podem ser uma ferramenta poderosa para promover o bem-estar psicológico, oferecendo recursos de apoio, informação e interação social positiva.
Este texto reforça a hipótese central do estudo, que sugere uma relação direta entre o uso excessivo das tecnologias digitais e o aumento de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Diversos estudos têm evidenciado que a exposição prolongada a esses recursos pode levar a um agravamento desses problemas, especialmente quando não há um equilíbrio adequado na forma como as tecnologias são utilizadas. Rabelo-da-Ponte (2023).
Andrade et al. (2022) fornecem uma análise detalhada sobre como a sobrecarga digital pode impactar negativamente a saúde mental dos indivíduos, ressaltando a necessidade urgente de um uso mais consciente e moderado dessas ferramentas. As evidências indicam que a intensidade do uso, associada à falta de limites e de estratégias de autocuidado, está diretamente relacionada ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão.
Por outro lado, a perspectiva apresentada por Oliveira (2024) oferece uma visão mais nuançada ao aplicar a Sociologia de Zygmunt Bauman para entender a influência das tecnologias digitais na sociedade contemporânea. Bauman, conhecido por suas análises sobre a modernidade líquida, sugere que a rápida transformação e a fluidez das relações sociais modernas são amplificadas pelas tecnologias digitais.
De acordo com Oliveira, essas tecnologias têm o potencial de moldar a sociedade de maneira complexa, criando um ambiente onde tanto os aspectos positivos quanto negativos estão presentes. Esta abordagem destaca que, apesar dos riscos associados ao uso excessivo, as tecnologias também podem oferecer novas formas de interação e apoio social, contribuindo para o bem-estar psicológico quando utilizadas de maneira apropriada.
Adicionalmente, Barros e Gutenberg (2024) exploram como a sociedade de consumo, uma temática central nas obras de Bauman e Gilles Lipovetsky, pode ser útil para compreender os efeitos das tecnologias digitais. A sociedade de consumo é caracterizada por uma busca incessante por novidades e pela satisfação imediata, aspectos que são exacerbados pelo ambiente digital atual.
Essa análise sugere que as tecnologias digitais não apenas facilitam a criação de novas formas de consumo e interação social, mas também ampliam as pressões e expectativas associadas à sociedade de consumo. Portanto, é crucial avaliar como esses fatores contribuem para o aumento de problemas de saúde mental e como podem ser gerenciados de forma a minimizar seus impactos negativos.
Por fim, a integração de perspectivas teóricas com dados empíricos sobre o uso das tecnologias digitais permite uma compreensão mais abrangente dos seus impactos. As pesquisas apontam que, enquanto o uso excessivo pode ser prejudicial, a abordagem equilibrada e estruturada dessas tecnologias pode promover o bem-estar e oferecer suporte psicológico. Assim, a chave para mitigar os riscos associados ao uso das tecnologias digitais está em promover uma abordagem que valorize tanto os benefícios quanto os desafios, incentivando práticas saudáveis e conscientes que favoreçam a saúde mental e o desenvolvimento positivo. A discussão continua a evoluir à medida que novas pesquisas e teorias oferecem perspectivas adicionais sobre como maximizar os benefícios das tecnologias digitais enquanto minimizam seus efeitos adversos.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada por meio de revisão bibliográfica, com o objetivo de compreender a influência das tecnologias digitais sobre a saúde mental. A pesquisa bibliográfica visou responder à seguinte questão norteadora: Quais são os impactos das tecnologias digitais na saúde mental? Foram selecionados trabalhos que procuravam explicar o assunto e estavam disponíveis em português, inglês e espanhol.
Com o intuito de compreender as percepções dos adolescentes a respeito do uso das redes sociais e sua influência na saúde mental, foi realizada uma revisão sistemática da literatura. A pesquisa seguiu critérios científicos rigorosos.
A busca por estudos foi conduzida entre fevereiro e março de 2025, nas bases de dados BVS, PubMed, SciELO e ResearchGate. Foram utilizados descritores em português, inglês e espanhol, tais como: “adolescentes”, “saúde mental”, “redes sociais”, “uso de telas”, “tecnologia” e “impactos psicológicos”. Como resultado, foram identificados 309 artigos relacionados à temática proposta.
Na etapa seguinte, aplicam-se os critérios de inclusão, considerando publicações entre os anos de 2020 e 2025, com foco na população adolescente e na relação entre redes sociais e saúde mental. Simultaneamente, foram aplicados critérios de exclusão, que eliminaram artigos duplicados, com acesso restrito, sem metodologia clara ou que não abordavam diretamente o tema da investigação.
Após a aplicação dos critérios, o número de estudos foi gradualmente reduzido. Inicialmente, os artigos duplicados e de acesso restrito foram eliminados. Em seguida, foram excluídos aqueles que, após a leitura dos títulos e resumos, não se enquadram no escopo da pesquisa. Por fim, com base na leitura na íntegra e na avaliação metodológica, a amostra final contemplou 12 artigos que atenderam a todos os critérios de elegibilidade.
4. RESULTADOS
A Figura 1 apresenta o fluxograma referente ao processo de seleção dos artigos incluídos nesta revisão integrativa. Inicialmente, foram identificados um total de [309] estudos nas bases de dados BVS, PubMed, SciELO e ResearchGate., por meio de descritores previamente definidos. Após a leitura dos títulos e resumos, foram excluídos os artigos duplicados, os que não atendiam aos critérios de inclusão, como a publicação anterior ao período de 2020 a 2025, a disponibilidade do texto completo e a adequação ao tema proposto. Em seguida, procedeu-se à leitura na íntegra dos estudos elegíveis, resultando na inclusão final de 12 artigos que compuseram o corpus da análise.
Figura 1 – Seleção dos artigos para revisão integrativa. Brasília, DF, Brasil, 2025.


Quadro 1 – Referências sobre o Uso de Redes/Telas e Saúde Mental
Nº | Autor(es) | Título | Ano | Objetivo | Metodologia | Desfecho |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | Andrade, B.M. et al. | Tempo de tela e aumento da ansiedade em crianças e adolescentes durante a pandemia | 2022 | Investigar fatores relacionados à ansiedade e tempo de tela na pandemia | Revisão integrativa | Associação direta entre aumento do tempo de tela e sintomas ansiosos |
2 | Cruz, L.L.V. et al. | Saúde mental: os riscos em crianças e adolescentes pelo uso excessivo de telas | 2024 | Mapear evidências científicas sobre adoecimento psicológico pelo uso excessivo de telas | Revisão integrativa nas bases BVS e PubMed | Relação com ansiedade, depressão, distúrbios do sono e dificuldades sociais |
3 | Eisenstein, E. | Crianças, adolescentes e a era digital: benefícios e riscos | 2023 | Discutir os benefícios e riscos da era digital para jovens | Revisão teórica | Aponta riscos à saúde mental, mas reconhece benefícios na aprendizagem e comunicação |
4 | Freire, C.A.M. et al. | Desafios da saúde mental na era digital | 2023 | Refletir sobre os desafios contemporâneos para a saúde mental com as tecnologias digitais | Artigo de reflexão | Aponta a necessidade de mediação digital consciente e preparo dos profissionais |
5 | Freitas, R.J.M. et al. | Percepções dos adolescentes sobre o uso das redes sociais e sua influência na saúde mental | 2022 | Compreender como adolescentes percebem o uso das redes sociais e seus impactos | Estudo qualitativo descritivo | Identificou sentimentos de ansiedade, exclusão social e dependência |
7 | Frota, F.P.A. et al. | Tempo de tela e a repercussão cognitiva em adolescentes | 2024 | Analisar o impacto do tempo de tela na cognição de adolescentes | Estudo bibliográfico | Aponta déficit de atenção, queda no rendimento escolar e prejuízos cognitivos |
8 | Pieh, C. et al. | Smartphone screen time reduction improves mental health: a randomized controlled trial | 2025 | Avaliar os efeitos da redução do tempo de tela no bem-estar mental | Ensaio clínico randomizado | Redução do tempo de tela melhorou significativamente os indicadores de saúde mental |
9 | Silva, A.C.L. | Impacto da era digital na saúde mental dos jovens | 2023 | Discutir o impacto digital na saúde mental de jovens | Estudo teórico com base em literatura | Evidencia problemas de autoestima, vício digital, ansiedade e solidão |
10 | Laranjeiras, A.L.C. et al. | O uso excessivo das tecnologias digitais e seus impactos nas relações psicossociais… | 2021. | Discutir os impactos do uso excessivo das tecnologias digitais em diferentes fases do desenvolvimento humano | Revisão teórica | Aponta prejuízos nas interações sociais e no desenvolvimento psicossocial |
11 | Santos, V.V.S. et al. | Uso de telas e os perigos à saúde mental de crianças e adolescentes: revisão integrativa | 2024 | Analisar os impactos do uso de telas na saúde mental de crianças e adolescentes | Revisão integrativa | Relação com ansiedade, solidão, dependência digital e prejuízos emocionais |
12 | Cruz, L.L.V.; Viana, C.L.A.; Silva, J.O.; Costas, I.S.; Mourão, A.B.S. | Saúde mental: os riscos em crianças e adolescentes pelo uso excessivo de telas: uma revisão integrativa | 2024 | Revisar e analisar os riscos psicossociais associados ao uso excessivo de telas em crianças e adolescentes | Revisão integrativa | Evidenciou vínculos com quadros de ansiedade, depressão, distúrbios do sono e prejuízos na socialização |
5. DISCUSSÃO
Para compor a análise final deste estudo, foram selecionados 12 trabalhos que, a partir de critérios previamente definidos, se mostraram relevantes ao objetivo da pesquisa. Cada um desses estudos foi examinado de maneira detalhada, considerando informações-chave como autoria, título, ano de publicação, objetivos propostos, metodologia adotada e principais achados.
Com o intuito de proporcionar uma discussão mais aprofundada e organizada dos resultados, os estudos foram agrupados em duas categorias temáticas.
A primeira delas, intitulada “O uso excessivo de telas e impactos negativos para a saúde mental”, reúne pesquisas que evidenciam as consequências prejudiciais associadas ao uso desmedido de dispositivos digitais, como aumento da ansiedade, sintomas depressivos, distúrbios do sono e prejuízos no desenvolvimento social e emocional.
A segunda categoria, denominada “Uso consciente de telas e benefícios para o desenvolvimento e aprendizagem”, contempla estudos que destacam os impactos positivos do uso moderado e orientado de tecnologias digitais, especialmente em contextos educacionais e terapêuticos. As pesquisas agrupadas nesta categoria ressaltam o potencial das telas como ferramentas de apoio ao aprendizado, estímulo à criatividade, acesso à informação e desenvolvimento de habilidades cognitivas, quando utilizadas de forma supervisionada e com propósito definido.
Os dados apontam, de forma recorrente, para o surgimento ou agravamento de sintomas como ansiedade, depressão, distúrbios do sono e isolamento social, especialmente entre crianças, adolescentes e jovens adultos. Tais estudos não apenas quantificam os efeitos do tempo de tela, mas também discutem aspectos qualitativos, como o tipo de conteúdo consumido, a ausência de mediação parental e o papel das redes sociais na construção da autoimagem e das relações interpessoais.
A análise mostra que as tecnologias digitais podem ter efeitos tanto positivos quanto negativos na saúde mental. Andrade et al. (2022) mostram que o uso excessivo de telas, especialmente durante a pandemia de COVID-19, aumentou a ansiedade, especialmente entre jovens. O excesso de informações e a exposição constante a mídias digitais contribuíram para esse problema.
Freire et al. (2023) ressalta que, embora as tecnologias digitais ofereçam benefícios, também podem causar sobrecarga mental, como ansiedade e depressão, principalmente por causa das comparações sociais e informações falsas nas redes sociais. Isso mostra a necessidade de políticas e programas que promovam um uso mais seguro das tecnologias.
Por outro lado, Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) destacam que, quando usadas de forma moderada, as tecnologias digitais podem ser muito úteis para a saúde mental. Aplicativos de saúde mental, por exemplo, ajudam a monitorar sintomas e a oferecer apoio psicológico. Esses recursos podem facilitar a comunicação entre pacientes e profissionais e oferecer suporte de qualidade.
Silva (2023) aponta que os jovens são especialmente afetados pelas mídias sociais, podendo sentir mais isolamento e insegurança. No entanto, quando usados com cuidado, as tecnologias digitais podem oferecer suporte emocional e social.
Sendo assim, a análise do impacto das tecnologias digitais na saúde mental revela uma complexidade significativa, nesse contexto se refere a diversos fatores interligados que influenciam a relação entre o uso de tecnologias digitais e a saúde mental A hipótese de que o uso excessivo de tecnologias digitais está associado a um aumento de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, foi confirmada em grande parte pelos estudos revisados. Andrade et al. (2022) e Freire et al. (2023) corroboram que a exposição prolongada a mídias digitais pode exacerbar sintomas de transtornos mentais. Esse efeito é particularmente evidente entre crianças e adolescentes, que são mais vulneráveis às influências das tecnologias digitais.
No entanto, a pesquisa também confirmou a hipótese de que, quando usadas de maneira equilibrada e consciente, as tecnologias digitais podem promover o bem-estar mental. Passos, Kapczinski e Rabelo-da-Ponte (2023) mostraram que aplicativos e plataformas digitais podem oferecer suporte psicológico significativo, quando bem estruturados e aplicados de forma adequada. Silva (2023) também apontou que, apesar dos desafios, às tecnologias digitais podem fornecer recursos valiosos para a promoção da saúde mental.
Portanto, o objetivo geral do estudo teve como foco analisar o impacto das tecnologias digitais na saúde mental, considerando tanto seus efeitos prejudiciais quanto seus benefícios. Identificou-se que há riscos associados ao uso excessivo, mas o uso equilibrado traz oportunidades para promover o bem-estar psicológico através de uma utilização moderada e consciente das tecnologias.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo explora o impacto das tecnologias digitais na saúde mental, considerando tanto os aspectos prejudiciais quanto os benefícios dessas ferramentas. A pesquisa confirma a hipótese de que o uso excessivo das tecnologias digitais está associado a um aumento nos problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, especialmente em populações vulneráveis, como crianças e adolescentes. A exposição prolongada a mídias digitais tem sido identificada como um fator que pode agravar sintomas de transtornos mentais.
No entanto, também foi constatado que, quando utilizadas de maneira equilibrada e consciente, as tecnologias digitais podem promover o bem-estar psicológico e fornecer suporte de qualidade. Aplicativos e plataformas digitais, quando bem estruturados, têm o potencial de serem ferramentas eficazes para a promoção da saúde mental.
O estudo alcançou seus objetivos ao proporcionar uma compreensão abrangente dos efeitos positivos e negativos das tecnologias digitais na saúde mental. A relevância da pesquisa reside em sua contribuição para a discussão sobre como utilizar as tecnologias de forma saudável e consciente, e na oferta de diretrizes para práticas e políticas que minimizem os impactos negativos e maximizem os benefícios.
REFERÊNCIAS
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1Graduando do Curso de enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: maribsb77@gmail.com.
2Mestra em Engenharia Biomédica. Pós-graduada em Docência do Ensino Superior e Gestão em Educação Ambiental. Graduada em Ciências Biológicas e Pedagogia. Docente no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Brasília, Distrito Federal, Brasil. E-mail: elisangela.aoyama@uniceplac.edu.br.
3Doutoranda em Ciências e Tecnologias em Saúde pelo PGCTS da FCST/UNB. Graduada em enfermagem. Docente no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Brasília, Distrito Federal, Brasil. E-mail: karina.ogliari@uniceplac.edu.br.