INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE ÚLCERAS EM PACIENTES COM DIABETES TIPO 2: REVISÃO INTEGRATIVA

NURSING INTERVENTIONS TO PREVENT ULCERS IN PATIENTS WITH TYPE 2 DIABETES: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411300814


Maria Vitória Dos Santos1
Jandson de Oliveira Soares2


RESUMO 

Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 é uma das principais causas de complicações crônicas, como úlceras nos pés, que podem resultar em amputações e perda de qualidade de vida. Método: Este trabalho revisa a literatura de 2018 a 2024 para analisar as intervenções de enfermagem mais eficazes na prevenção dessas úlceras. Resultados e Discussão: A revisão sistemática incluiu 11 estudos que abordam estratégias como educação em saúde, avaliação contínua de risco e cuidado com os pés. Os resultados mostraram que a educação e o acompanhamento contínuo dos pacientes são essenciais, e o uso de tecnologias assistivas, como palmilhas ortopédicas, é eficaz em pacientes de alto risco. No entanto, o maior desafio é garantir a adesão dos pacientes às orientações. Conclusão: Conclui-se que as práticas de enfermagem são eficazes, mas é necessário maior foco na adesão dos pacientes e acesso a tecnologias preventivas. 

Descritores: Diabetes tipo 2; Úlcera por pressão; Cuidados de Enfermagem 

ABSTRACT 

Introduction: Type 2 diabetes mellitus is one of the main causes of chronic complications, such as foot ulcers, which can result in amputations and loss of quality of life. Method: This work reviews the literature from 2018 to 2024 to analyze the most effective nursing interventions in preventing these ulcers. Discussion and resultad: The systematic review included 11 studies that address strategies such as health education, continuous risk assessment and foot care. The results showed that education and continuous monitoring of patients are essential, and the use of assistive technologies, such as orthopedic insoles, is effective in high-risk patients. However, the biggest challenge is ensuring patients adhere to the guidelines. Conconsion: It is concluded that nursing practices are effective, but greater focus is needed on patient adherence and access to preventive technologies. 

Descriptors: Type 2 diabetes Diabetic; Pressure ulcer; Nursing care

INTRODUÇÃO 

O objeto de estudo para este, trata-se das intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes do tipo 2. A motivação para o mesmo se deu após ver casos no estágio extracurricular, me despertou interesse, e pude ver a importância da enfermagem.

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crônica caracterizada por hiperglicemia decorrente da resistência à insulina ou da diminuição da sua produção. Entre as diversas complicações relacionadas ao DM2, as úlceras nos pés destacam-se por serem uma das causas mais comuns de hospitalizações prolongadas, aumento da morbidade e mortalidade, além de representarem um importante fator de risco para amputações (Rossaneis et al., 2019). 

Estima-se que cerca de 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão uma úlcera em algum momento da vida, sendo que as chances de recidiva são consideráveis mesmo após o tratamento (Oliveira et al., 2019).

A presença de úlceras em membros inferiores está diretamente relacionada à neuropatia diabética, à insuficiência vascular periférica e à imunossupressão crônica observada nesses pacientes (Bruning et al., 2020). 

Essas lesões, muitas vezes indolores, podem evoluir para infecções graves e gangrena, sendo responsáveis por aproximadamente 85% das amputações de membros inferiores não traumáticas em pacientes com DM2 (Brasil, 2022). 

Diante desse cenário alarmante, a prevenção das úlceras em pacientes diabéticos tornou-se uma prioridade nas práticas de enfermagem, visando reduzir os riscos de complicações severas e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos (Oliveira et al., 2019).

As intervenções de enfermagem desempenham um papel fundamental na prevenção e manejo das úlceras diabéticas. O cuidado centrado no paciente, com ênfase na educação em saúde, é fundamental para o sucesso da prevenção, sendo as orientações sobre o autocuidado dos pés uma das principais estratégias utilizadas (Albuquerque et al.,2024).

A inspeção regular dos pés, a escolha adequada de calçados, a hidratação da pele e o controle rigoroso da glicemia são medidas preventivas que devem ser monitoradas pela equipe de enfermagem, com o objetivo de identificar precocemente qualquer sinal de complicação e agir preventivamente (Ferreira et al., 2024).

Entre as intervenções mais eficazes, destaca-se a educação contínua para os pacientes sobre os cuidados com os pés, o que inclui instruções sobre a importância da higienização diária, a inspeção cuidadosa das áreas plantares e a necessidade de manter os pés secos e protegidos (Ferreira et al., 2024).

Esse processo educativo é uma das principais responsabilidades do enfermeiro, que atua na promoção de hábitos saudáveis e na conscientização dos pacientes e seus familiares quanto aos riscos associados ao manejo inadequado do DM2. Estudos recentes têm demonstrado que programas de educação em saúde, aliados ao acompanhamento periódico, resultam em uma redução significativa na incidência de úlceras em pacientes com diabetes (Oliveira, et al., 2020).

Outro aspecto importante na prevenção das úlceras diabéticas é o uso de tecnologias de suporte. O avanço de tecnologias como palmilhas customizadas, sensores de pressão plantar e dispositivos para monitoramento da glicemia em tempo real tem sido incorporado à prática de enfermagem como forma de aprimorar o cuidado preventivo (Lira et al., 2023).

Essas ferramentas permitem uma intervenção precoce, reduzindo a pressão em áreas vulneráveis dos pés e diminuindo o risco de formação de úlceras. Além disso, o uso de terapias baseadas em pressão negativa tem se mostrado eficaz no tratamento de feridas já estabelecidas, acelerando o processo de cicatrização e minimizando o risco de infecção (Brasil, 2022).

No entanto, o sucesso dessas intervenções depende do trabalho multidisciplinar, em que o enfermeiro atua como um elo essencial entre os pacientes, seus familiares e outros profissionais da equipe de saúde (Teston et al., 2018).

O manejo adequado das úlceras diabéticas exige uma abordagem integrada que inclua profissionais de diversas áreas, como endocrinologistas, podólogos e nutricionistas, para garantir o tratamento holístico e eficaz do paciente. A participação ativa da equipe de enfermagem é fundamental para o acompanhamento contínuo do paciente, a avaliação periódica dos fatores de risco e a implementação de planos de cuidados individualizados (Carro et al., 2022).

Além das intervenções diretas voltadas para o cuidado dos pés e a educação dos pacientes, um fator crucial na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes tipo 2 é a constante capacitação dos profissionais de enfermagem. Considerando a rápida evolução das tecnologias e das diretrizes de cuidados, os enfermeiros precisam estar continuamente atualizados sobre as melhores práticas para o manejo de pacientes diabéticos. Programas de educação continuada em saúde, que envolvem treinamentos sobre novas abordagens terapêuticas, o uso de tecnologias assistidas e a promoção do autocuidado, têm demonstrado impactos positivos na melhoria dos desfechos clínicos (Trivellat et al., 2018).

A atualização constante dos enfermeiros, além de ser uma exigência ética, é também uma estratégia para a prevenção eficaz das úlceras e a redução das taxas de complicações graves, como amputações (Trivellat et al., 2018).

A incorporação de tecnologias emergentes ao cuidado de enfermagem também tem ampliado as possibilidades de prevenção e monitoramento de úlceras em pacientes com DM2. Dispositivos como sensores de monitoramento contínuo de glicose, aplicativos de telemedicina e palmilhas sensorizadas que detectam alterações de pressão e temperatura nos pés são ferramentas inovadoras que têm se mostrado eficazes no acompanhamento de pacientes em tempo real (Lira et al., 2023).

Essas inovações permitem um monitoramento mais preciso e proativo, garantindo intervenções rápidas em casos de alterações, o que é especialmente relevante para pacientes com neuropatia diabética, que muitas vezes não percebem os primeiros sinais de lesões (Silva et al.,2022)

Além disso, as políticas públicas desempenham um papel essencial na estruturação e implementação de programas de prevenção e tratamento de úlceras diabéticas. A criação de protocolos clínicos, como os estabelecidos pelo Ministério da Saúde, orienta a atuação dos profissionais de saúde e estabelece diretrizes para o cuidado integral do paciente diabético (Brasil, 2022). 

Tais diretrizes incluem a distribuição de materiais educativos, a promoção de campanhas de conscientização sobre o diabetes e a oferta de atendimentos especializados, como serviços de podologia e equipes multidisciplinares, que contribuem para a detecção precoce e o tratamento das úlceras (Silva et al.,2022)

Ademais, as políticas de saúde devem se preocupar em garantir o acesso equitativo aos cuidados, especialmente em áreas mais vulneráveis, onde a prevalência de complicações diabéticas pode ser maior devido à falta de infraestrutura e recursos adequados. A atuação da enfermagem nessas regiões é crucial, pois o enfermeiro muitas vezes desempenha o papel de coordenador do cuidado, promovendo a educação em saúde e articulando o acesso aos serviços especializados. A inserção de tecnologias de saúde, juntamente com a capacitação de equipes de enfermagem, torna-se ainda mais relevante no contexto de regiões com recursos limitados, onde o cuidado preventivo pode evitar complicações que exigiriam tratamentos mais complexos e dispendiosos (Vallejo; Achterberg, 2020).

Diante do exposto se faz necessário uma pergunta para nortear este estudo: quais são intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes do tipo 2? Logo o objetivo será  descrever as intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes do tipo 2.

Intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes tipo 2 se baseia na alta prevalência de complicações relacionadas à doença, especialmente em relação a problemas nos membros inferiores, como as úlceras diabéticas. Essas lesões representam uma das complicações mais graves do diabetes, estando associadas a altas taxas de morbidade, hospitalizações prolongadas e, em casos graves, amputações. Pacientes com diabetes tipo 2 frequentemente apresentam neuropatia periférica e insuficiência vascular, condições que aumentam o risco de desenvolver úlceras nos pés. A enfermagem desempenha um papel essencial na prevenção dessas complicações, realizando ações educativas, orientando sobre os cuidados com os pés e promovendo a adesão às boas práticas de autocuidado, além de monitorar sinais precoces de lesão. Intervenções adequadas podem reduzir significativamente a incidência de úlceras e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Portanto, este trabalho é relevante para explorar como a equipe de enfermagem pode atuar preventivamente, evidenciando a importância de abordagens proativas para minimizar riscos e otimizar o cuidado com pacientes diabéticos.

METODOLOGIA 

  Este estudo é uma revisão integrativa de literatura focada nas intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes tipo 2, focando como a enfermagem pode agir para prevenção das úlceras diabéticas. Utilizou-se uma abordagem qualitativa e quantitativa com as bases de dados National Library Of Medicine (PubMed), Scielo, e ocorreu no período de junho e setembro de 2024. A revisão abrange os anos de 2018 a 2024. 

A análise dos dados foi realizada de forma descritiva, utilizando-se o método de análise de conteúdo. Após a leitura completa dos artigos, os dados foram agrupados por temas e categorias, de forma a identificar as principais estratégias de prevenção utilizadas pelos enfermeiros no cuidado de pacientes com diabetes tipo 2. Além disso, foi realizada uma comparação crítica entre os achados, destacando as lacunas e as contribuições para a prática de enfermagem. 

Os Critérios de Inclusão foram estudos publicados entre 2018 e 2024,  Publicações em Espanhol, Inglês e Português, estudos que abordam as intervenções de enfermagem e úlceras diabéticas. 

Os Critérios de exclusão foram, estudos fora do escopo temporal especificado, artigos não revisados por pares, estudos que não abordam diretamente as intervenções de enfermagem, estudos com amostras pequenas e não representativas. 

A busca foi refinada utilizando os seguintes marcadores booleanos: ⁠” Úlceras “AND “Cuidados De Enfermagem” AND “Diabetes”. 

Quadro 1- Número de artigos encontrados segundo os descritores. 

DESCRITORES     PubMed     Scielo 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AND ÚLCERAS POR PRESSÃO  11  15 
“ÚLCERAS POR PRESSÃO” AND “DIABETES  23  81 
ÚLCERAS POR PRESSÃO  “AND “CUIDADOS DE ENFERMAGEM” AND “DIABETES   20   23 
    TOTAL 

Fonte: Autores, 2024 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

            A análise dos estudos selecionados revelou um conjunto de intervenções de enfermagem eficazes na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Ao todo, foram analisados 173 artigos publicados entre os anos de 2018 a  2024, e selecionado 11 artigos que se concentraram em três principais categorias de intervenção: educação em saúde, avaliação contínua de risco e cuidados com os pés. 

Quadro 2 – Artigos selecionados de acordo com títulos, autores, ano de publicação, objetivos e conclusões. 

Autores Título Ano Objetivos Conclusões 
01  Teston E.F; Spigolon D.N; Maran E; Santos A.L,Matsuda L.M;  MarconS.S. Nurses’ perspective on  health education in Diabetes Mellitus Care. 2018 Investigar a perspectiva dos enfermeiros sobre a educação em saúde no cuidado aoDiabetes Mellitus. Enfermeiros consideram que a  educação em saúde é  essencial para o autocuidado e  a gestão eficaz do diabetes,  reforçando a necessidade de estratégias educativas contínuas. 
02Lira J.A.C; Rocha A.S.C;Bezerra S.M.G; Nogueira P.C; Santos A.M.R;Nogueira L.T. Effects of educational  technologies on  the prevention and treatment of diabetic ulcers: A systematic review and metaanalysis. 2023   Avaliar os efeitos das tecnologias educacionais na prevenção e tratamento de úlceras diabéticas. Tecnologias educacionais  contribuem significativamente  para a prevenção e o manejo  de úlceras diabéticas,  sugerindo sua implementação ampla em programas de saúde. 
03Ferreira, E.; Silva Dos Anjos, T.S.A.; Carvalho Ferreira, B. .; Santos Souza, I. E. .; SantosSilva, J. R. .; Miyar Otero , L. Exame Do Pé Diabético:  Fatores De Risco De  Ulceração Em Pacientes  Com Diabetes Mellitus.  2023  Identificar fatores de risco de ulceração em pacientes diabéticos. Fatores de risco como  neuropatia e falta de  autocuidado são determinantes para ulcerações em diabéticos, e intervenções preventivas são essenciais para mitigar esses riscos. 
04Moreira Albuquerque, J. H.; Alves De Freitas, N.; Teodoro Farias, Q. L.; Da Silva Oliveira, K.; Martins Moreira, R. M. .; Cunha ,A. M.; Silva Santana , E.J.; Araújo Madeira, B. Formação De Profissionais Sobre  Cuidado e Autocuidado  De Usuários Com Diabetes Mellitus.  2024   Analisar a formação de profissionais sobre o cuidado e autocuidado em diabetes. A formação adequada de  profissionais em autocuidado  com diabetes melhora o  atendimento e empodera os pacientes, reduzindo complicações associadas. 
05Oliveira , D.C; Brandão,M.G.A.S; Araújo, M.F.M;Frota, N.M; Veras, V.S; Estratégias educativas  para prevenção de úlceras nos pés em pessoas com diabetes mellitus: uma revisão integrativa. 2021    Revisar estratégias educativas para prevenir úlceras nos pés de pessoas com diabetes. Estratégias educativas  demonstram eficácia na  prevenção de úlceras nos pés  de pacientes com diabetes, destacando a importância de programas educativos na prática clínica. 
06Oliveira, M.F de et al. Feridas em membros inferiores em diabéticos e não diabéticos: estudo de sobrevida. 2019  Comparar a sobrevida de feridas em membros inferiores entre diabéticos e não diabéticos. A sobrevida das feridas é  menor em pacientes  diabéticos, reforçando a  necessidade de  acompanhamento especializado e intervenção precoce para evitar complicações graves. 
07Rossaneis, M.A et al. Fatores associados ao controle glicêmico de pessoas com diabetes mellitus. 2019  Identificar fatores associados ao controle glicêmico em pessoas com diabetes. Diversos fatores  socioeconômicos,  comportamentais e clínicos  influenciam o controle glicêmico, e abordagens personalizadas são essenciais para o sucesso no manejo do diabetes. 
08Trivellato, M.L.M et al. Práticas avançadas no cuidado integral de enfermagem a pessoas com úlceras cutâneas. 2018  Examinar práticas avançadas no cuidado integral de enfermagem a pacientes com úlceras cutâneas. Práticas avançadas de  enfermagem são eficazes no  cuidado integral de pacientes  com úlceras cutâneas, e sua  adoção pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 
09Carro, G. V; Saurral, R; Witman, E. L; Braver, J. D; David, R; Alterini, P. A; Illuminati, G.; Carrió, L. M; Torres, J. C. Ataque de pie diabético.  Descripción  fisiopatológica,  presentación clínica, tratamiento y evolución 2023 Descrever a fisiopatologia, apresentação clínica, tratamento e evolução do pédiabético O tratamento do pé diabético requer uma abordagem multidisciplinar e  personalizada, enfatizando a  importância da prevenção e do diagnóstico precoce. 
10Silva, H. C. D. A. E; Acioli,S; Fuly, P. D. S. C;Nóbrega, M. M. L. D; Lins,S. M. S. B; Menezes, H. F.Construction and  validation of nursing  diagnoses for people with  diabetic foot ulcers. 2022  Construir e validar diagnósticos de enfermagem para pessoas com úlceras diabéticas. Diagnósticos de enfermagem  específicos para úlceras  diabéticas ajudam na criação  de planos de cuidado mais eficazes, melhorando o atendimento. 
11Vallejo, L; & Achterberg, J;Uso de una matriz autóloga en el tratamiento de úlceras de pie diabético, con espectroscopia de infrarrojo cercano y medidor de pH dérmico. 2020     Avaliar o uso de matriz autóloga e tecnologias no tratamento de úlceras do pé diabético. O uso de matriz autóloga e  tecnologias avançadas  mostrou-se eficaz no  tratamento de úlceras  diabéticas, oferecendo uma alternativa promissora para a prática clínica. 

Fonte: Autores, 2024. 

A análise dos estudos revisados destaca a importância da educação em saúde e das tecnologias educacionais na prevenção e tratamento de úlceras em pacientes com diabetes mellitus. De acordo com Teston et al. (2018), os profissionais de enfermagem reconhecem a educação como um componente essencial no cuidado do diabetes, sendo uma prática que favorece o autocuidado dos pacientes. No entanto, os enfermeiros enfrentam obstáculos, como a falta de recursos e de tempo, que limitam a aplicação das atividades educativas. Esse cenário enfatiza a necessidade de apoio institucional para melhorar o suporte educacional fornecido aos pacientes com diabetes. 

O estudo sistemática de Lira et al. (2023) evidencia que o uso de tecnologias educacionais, como aplicativos e plataformas digitais, contribui significativamente para a prevenção de úlceras diabéticas. Os dados indicam que essas tecnologias podem reduzir as taxas de complicações associadas ao diabetes, principalmente ao aumentar o conhecimento e a adesão dos pacientes ao autocuidado. Tais achados sugerem que a integração de tecnologias nos serviços de saúde deve ser considerada como estratégia para melhorar o acompanhamento do diabetes e prevenir úlceras. 

Por sua vez, Ferreira et al. (2023) investigaram os fatores de risco para ulceração nos pés em pacientes com diabetes, como a neuropatia e deformidades nos pés, que são exacerbadas pela falta de cuidados regulares. Os autores recomendam a implementação de programas de exame rotineiro dos pés, para que seja possível detectar precocemente sinais de ulceração. Estes achados corroboram os resultados de Rossaneis et al. (2019), que também destacam a importância de intervenções educativas para o controle glicêmico adequado, visto que este fator está associado à redução do risco de ulceração e amputações. 

O estudo de Moreira Albuquerque et al. (2024), que destaca a importância da formação continuada de profissionais da saúde sobre o cuidado com diabetes. Os autores observaram que a capacitação dos profissionais aumenta a eficácia do atendimento e fortalece o vínculo dos pacientes com as práticas de autocuidado. Isso sugere que programas de treinamento podem ser um recurso valioso para a promoção da saúde e a prevenção de complicações em pacientes diabéticos. 

Oliveira et al. (2021) trazem em seu estudo as estratégias educativas como essenciais na prevenção de úlceras nos pés de pacientes com diabetes. A pesquisa indica que programas educativos regulares resultam em maior adesão ao autocuidado, com diminuição na incidência de úlceras e melhor qualidade de vida para os pacientes. Esses achados são reforçados por Oliveira et al. (2019), que, em um estudo de sobrevida, concluíram que pacientes com diabetes têm um risco significativamente maior de desenvolver úlceras quando comparados a pacientes sem a condição, ressaltando a necessidade de intervenções preventivas. 

Silva et al. (2022) construíram e validaram diagnósticos de enfermagem específicos para pacientes com úlceras diabéticas, abordando aspectos específicos do autocuidado e dos fatores de risco. A pesquisa contribui para a prática clínica ao fornecer um guia mais detalhado para os profissionais, visando um atendimento personalizado. Da mesma forma, Vallejo e Achterberg (2020) investigaram o uso de uma matriz autóloga para o tratamento de úlceras, utilizando tecnologia avançada como a espectroscopia de infravermelho. Os resultados apontaram que a matriz autóloga promove uma recuperação mais rápida das úlceras, oferecendo uma opção inovadora e eficaz para o manejo das lesões. 

Esses estudos demonstram, em conjunto, que tanto o investimento em tecnologias educacionais quanto a capacitação de profissionais de saúde são fundamentais para a prevenção e o tratamento de úlceras diabéticas. A educação do paciente e o apoio clínico contínuo são essenciais para que indivíduos com diabetes possam adotar práticas preventivas eficazes. Assim, conclui-se que políticas de saúde pública devem priorizar o acesso a tecnologias e a formação profissional, visando a redução de complicações do diabetes e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. 

CONCLUSÃO 

  O estudo evidenciou a importância das intervenções de enfermagem na prevenção de úlceras em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, destacando o papel central dos profissionais de saúde no cuidado contínuo e na educação do paciente. As estratégias mais eficazes incluem educação em saúde, avaliação de riscos e cuidado diário com os pés, com comprovada eficácia na redução de complicações severas, como as úlceras diabéticas. 

Os estudos analisados indicam que as intervenções educativas promovem o autocuidado e a qualidade de vida dos pacientes. A avaliação contínua de riscos permite uma abordagem preventiva mais eficaz, identificando fatores que podem ser mitigados rapidamente pela equipe de enfermagem. O acompanhamento dos cuidados com os pés também é essencial para reduzir a incidência de lesões. Contudo, desafios na adesão dos pacientes aos cuidados indicam a necessidade de estratégias mais eficazes de engajamento. 

As intervenções de enfermagem no cuidado preventivo do diabetes, especialmente em relação à ulceração dos pés, são fundamentais para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos pacientes. Programas educativos e tecnologias de suporte favorecem a adesão ao autocuidado, essencial para o controle do diabetes. A capacitação contínua dos enfermeiros permite um atendimento especializado e integral, com impacto positivo na prevenção de complicações. 

Conclui-se que as intervenções de enfermagem são cruciais para a prevenção de úlceras em pacientes diabéticos e devem ser parte integrante dos protocolos de cuidado. Investimentos em educação, treinamento e tecnologias de suporte são necessários para garantir o acesso a essas intervenções. Futuros estudos devem focar na padronização das práticas preventivas e no aumento da adesão dos pacientes, visando a uma melhor qualidade do cuidado e à redução de complicações a longo prazo. 

REFERÊNCIAS 

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2.CARRO, G. V.; SAURRAL, R.; WITMAN, E. L.; BRAVER, J. D.; DAVID, R.; ALTERINI, P. A.; ILLUMINATI, G.; CARRIÓ, L. M.; TORRES, J. C. Ataque de pie diabético. Descripción fisiopatológica, presentación clínica, tratamiento y evolución [Diabetic foot attack. Pathophysiological description, clinical presentation, treatment and outcomes]. Medicina, 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33048798/. Acesso em: 3 set. 2024. 

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6.OLIVEIRA, D. C.; BRANDÃO, M. G. A. S.; ARAÚJO, M. F. M.; FROTA, N. M.; VERAS, V. S. Estratégias educativas para prevenção de úlceras nos pés em pessoas com diabetes mellitus: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Enfermagem Atual, 2021. Disponível em: http://www.scielo.sa.cr/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S140945682021000100011. Acesso em: 3 set. 2024. 

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9.SILVA, H. C. D. A. E.; ACIOLI, S.; FULY, P. D. S. C.; NÓBREGA, M. M. L. D.; LINS, S. M. S. B.; MENEZES, H. F. Construction and validation of nursing diagnoses for people with diabetic foot ulcers. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 56, 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35510834/. Acesso em: 3 set. 2024. 

10.TESTON, E. F.; SPIGOLON, D. N.; MARAN, E.; SANTOS, A. L.; MATSUDA, L. M.; MARCON, S. S. Nurses’ perspective on health education in Diabetes Mellitus Care. Revista Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2018, p. 2735-42. [Thematic Issue: Good practices in the care process as the centrality of the Nursing]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/ZGkvcBv4h3wdwk4sxPCM5jL/?format=pdf&lang=e n. Acesso em: 3 set. 2024. 

11.TRIVELLATO, M. L. M. et al. Práticas avançadas no cuidado integral de enfermagem a pessoas com úlceras cutâneas. Acta Paulista de Enfermagem [online]. v. 31, n. 6, pp. 600-608, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/19820194201800083. Acesso em: 3 set. 2024. 

12.VALLEJO, L.; ACHTERBERG, J. Uso de uma matriz autóloga no tratamento de úlceras de pé diabético, com espectroscopia de infravermelho próximo e medidor de pH dérmico. Journal of Wound Care, 2020 (LatAm sup 3), p. 24–31. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33249991/. Acesso em: 3 set. 2024.


1 Centro Universitário CESMAC; vitoriasantosbse@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0005-2372.3468
2 Centro Universitário CESMAC; jandson.oliveira@cesmac.edu.br;
ORCID: https//orcid.org/0000.0002.3964.2268