INTERVENÇÃO NO AUTOCUIDADO DE PACIENTES DIABÉTICOS TIPO II ATENDIDOS EM UNIDADES NO BRASIL: REVISÃO NARRATIVA DURANTE O PERÍODO 2016-2023

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411302126


Jean Augusto de Sousa Tavares1; Ana Carolina Rocha E Silva2; Alexandre Gomes Menezes3; Remita Viegas Vieira4; Ivaneida Kzarina Olaia Ribeiro Pantoja5; Rodrigo Alexandre da Cunha Rodrigues6


RESUMO

INTRODUÇÃO: Estudos realizados no Brasil também corroboram a associação entre obesidade e DM2. Mais de 70% dos pacientes diagnosticados com a doença apresentam sobrepeso ou algum grau de obesidade, o que reforça a importância do autocuidado como medida preventiva e de tratamento. OBJETIVO: Avaliar a intervenção do autocuidado em pacientes com diabetes tipo II em unidades no Brasil. METODOLOGIA: O estudo é uma revisão narrativa da literatura, na qual foram utilizadas as bases eletrônicas do PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), a Scientific Electronic Library Online (SciELO) e a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para análise dos descritores mais adequados ao objetivo do estudo, optou-se por utilizar os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). RESULTADOS: Apresentação dos artigos que foram incluídos na  amostra, destacando o tipo de estudo, autor, ano, características da amostra e país/Estado, entre outros. DISCUSSÃO: A gestão do diabetes requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo educação em saúde, autocuidado e suporte médico contínuo. Estudos têm demonstrado a eficácia de intervenções focadas na promoção do autocuidado para melhorar os resultados de saúde em pacientes com diabetes. CONCLUSÃO: O estudo evidencia a importância do autocuidado, da educação em saúde e do suporte familiar no manejo do Diabetes Mellitus tipo 2. A colaboração entre médicos e pacientes, aliada à utilização de tecnologias, pode potencializar os resultados. Portanto, é essencial investir em programas de educação em saúde que priorizem a individualização e a colaboração para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com diabetes.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus, Autocuidado, Saúde.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Studies conducted in Brazil also corroborate the association between obesity and type 2 diabetes (DM2). More than 70% of patients diagnosed with the disease are overweight or have some degree of obesity, which reinforces the importance of sel-care as a preventive and treatment measure. OBJECTIVE: To evaluate the self-care intervention in patients with type 2 diabetes in units in Brazil. METHODOLOGY: The study is a narrative review of the literature, utilizing electronic databases such as PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), the Scientific Electronic Library Online (SciELO), and the Virtual Health Library (BVS). To analyze the descriptors most suitable for the study’s objective, the Health Sciences Descriptors (DeCS) were used. RESULTS: Presentation of the articles included in the sample, highlighting the type of study, author, year, sample characteristics, and country/state, among others. DISCUSSION: Managing diabetes requires a multidisciplinary approach, involving health education, self-care, and continuous medical support. Studies have demonstrated the effectiveness of interventions focused on promoting self-care to improve health outcomes in patients with diabetes. CONCLUSION: The study highlights the importance of self-care, health education, and family support in managing type 2 diabetes mellitus. Collaboration between doctors and patients, along with the use of technologies, can enhance outcomes. Therefore, it is essential to invest in health education programs that prioritize individualization and collaboration to improve the quality of life for patients with diabetes.

KEYWORDS: Diabetes Mellitus, Self-care, Health.

1 INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica complexa e multifatorial, caracterizada por hiperglicemia persistente e glicotoxicidade, que pode ser do tipo 1, de natureza autoimune e causada por deficiência insulínica absoluta, ou do tipo 2 (DM2), nos casos de resistência à ação da insulina nos órgãos periféricos. O DM2 representa em torno de 90% dos casos de DM (Batista et al., 2021; Brasil, 2024).

A prevalência mundial de DM vem aumentando de forma alarmante nas últimas décadas. Segundo dados da International Diabetes Federation (IDF), 537 milhões de adultos viviam com DM no mundo todo em 2021, com previsão de chegarem a 643 milhões em 2030. Essa tendência é preocupante, uma vez que o DM já é uma das principais causas globais de morte e deficiência (IDF, 2021). Já em relação à DM2, o aumento está associado ao crescimento significativo dos índices de obesidade, como resultado de uma série de fatores de risco, dentre eles, a transição nutricional – com o aumento do consumo de dietas altamente calóricas e ricas em carboidratos de rápida absorção – e o sedentarismo, frutos da urbanização, do envelhecimento populacional e da industrialização (Silva, 2023).

Estudos realizados no Brasil também corroboram a associação entre obesidade e DM2. Mais de 70% dos pacientes diagnosticados com a doença apresentam sobrepeso ou algum grau de obesidade, o que reforça a importância do controle do peso como medida preventiva e de tratamento. Além disso, a obesidade não afeta apenas a sensibilidade e secreção de insulina, mas também está associada a outras doenças graves, como câncer e doenças cardiovasculares, que contribuem significativamente para os índices de mortalidade global (SBD, 2019).

Ao longo de dez anos, o estado do Pará registrou um total de 53.954 internações por Diabetes Mellitus, com uma taxa de internação de 71,2 internações por 10 mil habitantes, demonstrando um aumento de 22,2% no período de 2008 a 2017. Analisando os dados por biênios, observa-se um aumento progressivo até 2014-2015, quando foi registrado o pico da série temporal com uma taxa de 16,1 internações por 10.000 habitantes. No biênio seguinte, 2016-2017, houve uma redução de 8,1% nas internações registradas. Esses dados indicam a relevância da Diabetes Mellitus como causa de internações no estado e destacam a importância de ações preventivas e de controle da doença para reduzir o impacto na saúde da população (Araújo et al., 2019).

A busca por mais compreensão sobre a DM deve ser estimulada, pois esta pode levar a complicações graves, como: doenças cardiovasculares; doença renal crônica; cegueira; amputações de membros e danos nos nervos, resultando em baixa qualidade de vida e elevados índices de mortalidade (Bernardes et al., 2023). No controle da glicemia, um parâmetro de avaliação é a verificação do nível de Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) (Little, Rohlfing e Sacks, 2019), visto que níveis próximos a 7% estão associados a menores complicacoes. Para alcançar as metas terapêuticas no manejo do diabetes, é fundamental que o paciente apresente metas de auto-cuidado eficazes. Isso inclui a administração correta da medicação prescrita, manutenção de uma dieta equilibrada e prática regular de atividades físicas (Barbosa, 2022). A redução dos níveis de glicemia é crucial para diminuir o risco de complicações associadas ao diabetes (Junior et al., 2020). Níveis de glicemia controlados são frequentemente utilizados como referência para a principal meta no manejo do diabetes (Nathan et al., 2008).

O auto-cuidado é um componente essencial no manejo do diabetes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o auto-cuidado é definido como “a capacidade de cuidar de si mesmo e de sua saúde” (World Health Organization, 2019). No contexto do diabetes, o auto-cuidado envolve a gestão diária da doença, incluindo monitoramento da glicemia, administração de medicamentos, alimentação saudável e exercícios físicos regulares (American Diabetes Association, 2022). Estudos demonstram que o auto-cuidado eficaz melhora os resultados de saúde dos pacientes com diabetes, reduzindo o risco de complicações e melhorando a qualidade de vida (Polonsky et al., 2019).

A intervenção no manejo do diabetes é crucial para controlar a doença e prevenir complicações. Uma abordagem multidisciplinar, que inclui educação, terapia medicamentosa, monitoramento contínuo e apoio emocional, é fundamental para o sucesso do tratamento. A educação do paciente é essencial para o auto-cuidado eficaz (Polonsky et al., 2019). O planejamento de cuidados individualizados melhora os resultados de saúde (American Diabetes Association, 2022). O acolhimento e apoio emocional são fundamentais para a adesão ao tratamento (Hagger et al., 2017).

O monitoramento contínuo da glicemia e outros parâmetros é crucial para o controle do diabetes (Nathan et al., 2008). A terapia medicamentosa adequada é fundamental para o controle glicêmico (Junior et al., 2020). A colaboração entre profissionais de saúde é essencial para o manejo eficaz do diabetes (World Health Organization, 2019).

Nesse contexto, a avaliação do autocuidado é essencial tanto para o tratamento do paciente individualmente, pois permite identificar possíveis falhas nas medidas de controle, quanto para a gestão em saúde, pois permite identificar áreas de melhoria nos programas de educação e suporte aos pacientes. Dessa forma, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos ao autocuidado dos pacientes e ofereçam o suporte necessário para que eles possam manter a doença sob controle e prevenir as complicações associadas ao DM2 (Magri et al., 2020).

Além disso, a realização de uma revisão sistemática permitirá a consolidação e análise dos dados disponíveis, fornecendo subsídios para a formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas à promoção do autocuidado dos pacientes com diabetes. Dessa forma, a pesquisa científica se torna uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de estratégias de saúde eficazes e baseadas em evidências, contribuindo para a melhoria da assistência e do controle do diabetes na região.

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a intervenção do autocuidado em pacientes com diabetes tipo II em unidades no Brasil.

2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar as práticas de autocuidado realizadas pelos pacientes com diabetes tipo II nos ambulatórios do país;

b) Analisar os fatores que influenciam o nível de autocuidado dos pacientes, como idade, gênero, tempo de diagnóstico, acesso a informações e suporte familiar;

c) Avaliar a adesão dos pacientes às recomendações médicas, como monitoramento da glicemia, alimentação saudável, prática de atividade física e uso adequado de medicações;

d) Comparar o nível de autocuidado dos pacientes com diabetes tipo II em diferentes regiões do Brasil.

3 METODOLOGIA

O estudo é uma revisão narrativa da literatura, na qual foram utilizadas as bases eletrônicas do PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), a Scientific Electronic Library Online (SciELO) e a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para análise dos descritores mais adequados ao objetivo do estudo, optou-se por utilizar os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

Na plataforma BVS, foram utilizados os seguintes descritores em saúde: “autocuidado” e “diabetes tipo II”, além dos filtros: texto completo, idioma português e inglês e ano de publicação de 2020 a 2023. Na plataforma MEDLINE, foram utilizados os mesmos descritores e os filtros “clinical trial”, “From 2020/01/01 to 2023/12/31”, “humans”, “diabetes”, “core clinical journals”, “nursing journals” e “adult: 19+ years”. Já na plataforma SciELO, os utilizados foram “autocuidado”, “diabetes tipo II” e “intervenção”, os filtros de idioma

O período de publicação dos artigos foi limitado entre 2020 e 2023. A seleção dos artigos envolveu as seguintes etapas: exclusão por duplicidade de título, leitura do resumo e leitura do artigo completo. A exclusão do artigo de forma completa foi realizada de modo independente, por um avaliador. Em caso de divergência, um segundo autor teve a opinião foi consultada.

Foram incluídos no estudo os artigos que avaliaram a intervenção no autocuidado de pacientes diabéticos tipo II, de natureza quantitativa, que utilizavam questionários específicos para diabetes ou autocuidado, que incluíssem pelo menos duas características sociodemográficas (idade, escolaridade, estado civil e gênero) e os artigos que apresentavam pelo menos duas características clínicas estabelecidas pelos pesquisadores (tipo de tratamento, complicações). A analise está exposta através do fluxograma (Figura 1).

Após a seleção dos títulos, os mesmos foram importados para o Software Excel®, com o objetivo de eliminar títulos duplicados e aqueles que não atendiam aos critérios de inclusão do estudo. Posteriormente, foi realizada uma análise detalhada dos resumos e dos artigos completos, permitindo a exclusão de estudos que não se alinhavam com os objetivos da pesquisa (Figura 1).

Figura 1. Fluxograma com as etapas de seleção dos artigos incluidos no estudo

4 RESULTADOS

A tabela 1 faz a apresentação dos artigos que foram incluídos na  amostra, destacando o tipo de estudo, autor, ano, caracteristicas da amostra e país/Estado.

Tabela 1 – Resultados organizados de acordo com as colunas em: Tipo de estudo; Autor; Ano; País/Estado; Caracteristicas da Amostra.

AutorAnoCaracteristicas da AmostraTipo de EstudoPaís/Estado
Fernandes BSM, Reis IA, Torres HC.2016A amostra foi composta por 210 participantes com diabetes, divididos em grupo experimental (104) e grupo controle (106). A média de idade dos participantes foi de aproximadamente 62,9 anos, com uma distribuição de gênero e nível educacional variado. A maioria dos participantes era do sexo feminino e apresentava diferentes níveis de escolaridade, desde analfabetos até ensino superior.Ensaio clínico randomizadoBrasil/Belo Horizonte
Moreira et al.,2017Total de voluntários: 109 Grupos: Grupo Tratado (GT) com 55 participantes e Grupo Controle (GC) com 54 participantes. Predominância do sexo feminino e baixo nível de escolaridade entre os participantesEnsaio clínico randomizadoMinas Gerais/Brasil
Aguair et al.,2017A amostra final da revisão integrativa resultou em cinco artigos que abordavam a temática da promoção do autocuidado para adolescentes com diabetes tipo 1. Os estudos foram realizados em países como Canadá, Noruega, Austrália e Brasil.revisão integrativa da literaturaCanadá, Noruega, Austrália e Brasil.
Bolilla et al.,2023foi utilizada uma entrevista semiestruturada e individual, com um roteiro de aspectos básicos a serem explorados, não fechado e focado nos objetivos da pesquisa. As entrevistas foram realizadas entre junho de 2019 e dezembro de 2020.Estudo qualitativo fenomenológico com abordagem descritivaBrasil
Lima et al.,2016Nove médicos e 184 pacientes registrados em duas clínicas em uma área carente de Granada (Andaluzia, Espanha) participaram do estudo. Pacientes adultos com diabetes tipo 2, baixo nível educacional e hemoglobina glicada (HbA1c) > 7% (53,01 mmol/mol) eram elegíveis. Os médicos no grupo de intervenção receberam treinamento em habilidades de comunicação e no uso de uma ferramenta para monitorar o controle glicêmico e fornecer feedback aos pacientes. O grupo de controle continuou o tratamento padrão. O desfecho primário foi a diferença na HbA1c após 12 meses.Ensaio clínico controlado randomizadoEspanha
Borda et al.,2016A amostra foi composta por 218 idosos diabéticos, dos quais 202 foram incluídos na análise após a exclusão de 16 questionários com inconsistências. As variáveis avaliadas incluíram tempo de diagnóstico do diabetes, presença de comorbidades, complicações crônicas, tabagismo e consumo de álcool.Estudo transversalBrasil/ Pernanbuco
Moura et al.,201955 pessoas participaram do estudoEstudo quase-experimentalBrasil
Fonte: O autor.

A maioria dos estudos envolveu adultos e idosos com diabetes tipo 2, enquanto Aguiar et al. (2017) abordou especificamente adolescentes com diabetes tipo 1. Os estudos brasileiros analisaram tanto regiões urbanas quanto áreas carentes, destacando as disparidades no acesso à saúde, especialmente no estado de Minas Gerais e em Pernambuco.

Grande parte dos estudos utilizou o método de ensaio clínico randomizado, enquanto outros adotaram delineamentos transversais para avaliar padrões de autocuidado. A pesquisa qualitativa (Bolilla et al., 2023) explorou as experiências dos pacientes por meio de entrevistas individuais.

Em relaçao a intervenções, alguns estudos como Fernandes et al. (2016) demonstrou que a intervenção educativa foi eficaz para melhorar o controle glicêmico, com uma redução significativa nos níveis de HbA1c no grupo experimental. Ja outros como Moreira et al. (2017) viu que um programa educativo focado no autocuidado dos pés apresentou melhorias significativas na integridade tissular dos pacientes tratados, enquanto o grupo controle não apresentou avanços comparáveis.

 Dentro das principais ferramentas o uso de tecnologias, como aplicativos móveis, facilita o autocuidado e melhora o engajamento dos pacientes (Aguiar et al., 2017; Choi et al., 2018). No entanto, fatores como baixa escolaridade, vida solitária e barreiras econômicas dificultam a adesão às práticas de autocuidado, especialmente entre idosos (Borda et al., 2016; Bolilla et al., 2023).

A tabela 2 destaca Desenho do estudo, Instrumentos de escala e os Resultados que foram incluidos atraves dos estudos selecionados.

Tabela 2 – Resultados organizados de acordo com as colunas em: Desenho do Estudo; Instrumentos de Escala; Resultados.

Desenho do EstudoInstrumentosResultados
O desenho do estudo foi um ensaio clínico randomizado, onde os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo experimental que recebeu intervenções telefônicas e um grupo controle que recebeu monitoramento convencional.Os instrumentos utilizados incluíram questionários para coletar dados sociodemográficos e econômicos, além de avaliações de controle metabólico, como a medição da hemoglobina glicada (glycohemoglobin).Os resultados mostraram que a intervenção telefônica teve um impacto positivo na adesão ao tratamento e no controle glicêmico dos participantes, com uma média de duração das chamadas de 14 minutos e diferentes taxas de sucesso nas tentativas de contato. O estudo também observou um aumento progressivo nos escores de autogestão no grupo experimental ao longo do tempo
O estudo foi um ensaio clínico randomizado, onde os participantes foram alocados em dois grupos: um grupo recebeu intervenções educativas sobre autocuidado dos pés, enquanto o outro grupo recebeu cuidados de rotina sem conhecimento da intervenção.Escala de Avaliação da Integridade Tissular: Pele e Mucosas dos Pés de Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2, adaptada a partir dos indicadores da NOC (Nursing Outcomes Classification). A escala inclui indicadores como lesão tecidual, hidratação, perfusão tissular, entre outros.O estudo encontrou significância estatística nas médias do risco de integridade tissular dos pés entre os grupos, com melhorias significativas no grupo tratado em comparação ao grupo controle ao longo do tempo.
O estudo é uma pesquisa que envolve a revisão integrativa da literatura e o desenvolvimento de um aplicativo móvel para o autocuidado de adolescentes com diabetes tipo 1 e 2.Suitability Assessment of Materials (SAM): Utilizado para a validação de conteúdo, com 21 itens distribuídos em seis aspectos avaliativos. Smartphone Usability Questionnaire (SURE): Utilizado para a validação técnica, com 31 itens.O aplicativo “DM Agendinha” foi avaliado positivamente pelos juízes de conteúdo e técnicos, sendo considerado uma tecnologia educativa superior. O estudo também identificou que ferramentas para automonitoramento são essenciais para adolescentes com diabetes tipo 1 e 2 e que novos aplicativos devem ser incentivados.
Para a coleta de dados, foi utilizada uma entrevista semiestruturada e individual, com um roteiro de aspectos básicos a serem explorados, não fechado e focado nos objetivos da pesquisa.As entrevistas foram realizadas entre junho de 2019 e dezembro de 2020. Foi realizada uma análise temática concomitantemente à coleta destas.Uma amostra final de 13 pessoas (4 homens e 9 mulheres) participou do estudo. A adesão às recomendações de autocuidado para os pés diabéticos é irregular. Os participantes explicam comportamentos de risco, apesar de saberem que podem causar lesões em pés antes considerados de alto risco. A avaliação do podólogo supõe um custo econômico que algumas pessoas não podem arcar.
Análises de regressão de dois níveis (paciente e provedor) controlando sexo, apoio social e comorbidade foram conduzidas.cluster pragmático de 12 meses. Nove médicos e 184 pacientes registrados em duas clínicas em uma área carente de Granada (Andaluzia, Espanha) participaram do estudo. Pacientes adultos com diabetes tipo 2, baixo nível educacional e hemoglobina glicada (HbA1c) > 7% (53,01 mmol/mol) eram elegíveis. Os médicos no grupo de intervenção receberam treinamento em habilidades de comunicação e no uso de uma ferramenta para monitorar o controle glicêmico e fornecer feedback aos pacientes. O grupo de controle continuou o tratamento padrão. O desfecho primário foi a diferença na HbA1c após 12 meses.Os níveis de HbA1c em 12 meses diminuíram em ambos os grupos. A análise multinível mostrou uma melhora maior no grupo de intervenção (diferença de HbA1c entre grupos = 0,16; p = 0,049). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos para dislipidemia, pressão arterial, índice de massa corporal e circunferência da cintura.
A coleta de dados ocorreu de agosto de 2014 a março de 2015. Brasil, especificamente na microrregião atendida pela Universidade Federal de Pernambuco. Estudo transversal.    O estudo utilizou um instrumento estruturado que incluiu blocos temáticos sobre variáveis sociodemográficas, clínicas, conhecimento sobre diabetes e atitudes para o autocuidado. Para análise estatística, foram utilizados testes como o Qui-Quadrado de Independência de Pearson e o teste Exato de Fisher, além de modelos de regressão logística.O estudo identificou que muitos idosos apresentavam conhecimento insuficiente sobre diabetes e atitudes negativas em relação ao autocuidado. Fatores como a escolaridade e a situação de viver sozinho influenciaram esses resultados, sugerindo a necessidade de intervenções educativas adaptadas às características da população idosa.
As intervenções educativas ocorreram em três encontros, semanais, com duração média de 60 minutos. Os dados foram coletados por meio do Questionário de Autocuidado com o Diabetes, antes e após as intervenções.As intervenções educativas ocorreram em três encontros, semanais, com duração média de 60 minutos. Os dados foram coletados por meio do Questionário de Autocuidado com o Diabetes, antes e após as intervenções.pós as intervenções, a maior diferença para melhor adesão ao autocuidado foi o item “inspecionar o interior dos sapatos antes de calçá-los”, com delta de 3,29 dias na semana no nível analítico. O pior foi “tomar injeções de insulina conforme recomendado”, com delta de 0,00 dias na semana no nível básico.
Fonte: O autor.

Em relação a tabela 2 os resultados clínicos mostraram melhorias nos níveis de HbA1c em grupos que receberam intervenções, destacando a eficácia de ações educativas (Fernandes et al., 2016; Lima et al., 2016). Também foram observados avanços na integridade tissular dos pés com o uso de escalas específicas (Moreira et al., 2017). No entanto, desafios como adesão irregular ao tratamento (Bolilla et al., 2023) e barreiras socioeconômicas em áreas carentes (Borda et al., 2016; Lima et al., 2016) dificultam a continuidade e eficácia das intervenções.

5 DISCUSSÃO

A gestão do diabetes requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo educação em saúde, autocuidado e suporte médico contínuo. Estudos têm demonstrado a eficácia de intervenções focadas na promoção do autocuidado para melhorar os resultados de saúde em pacientes com diabetes (Fernandes et al., 2016; Moreira et al., 2017; Aguiar et al., 2017).

No Brasil, estudos destacam a importância da educação em saúde para pacientes com diabetes, especialmente em áreas carentes (Fernandes et al., 2016; Borda et al., 2016). Além disso, a colaboração entre médicos e pacientes é fundamental para o sucesso do tratamento (Lima et al., 2016).

A revisão integrativa da literatura realizada por AGUIAR et al. (2017) ressalta a necessidade de estratégias de promoção do autocuidado para adolescentes com diabetes tipo 1. Já o estudo de BOLILLA et al. (2023) destaca a importância da abordagem qualitativa para compreender as experiências dos pacientes com diabetes.

Estudos mostraram que intervenções educativas podem melhorar a adesão ao tratamento e o controle glicêmico (Deakin et al., 2015; Norris et al., 2017). Além disso, a tecnologia pode ser uma ferramenta útil para o autocuidado (Choi et al., 2018).

No entanto, fatores sociodemográficos e clínicos podem influenciar a adesão ao autocuidado. Segundo a American Diabetes Association (2020), a escolaridade e a situação de viver sozinho podem afetar o conhecimento e as atitudes em relação ao autocuidado em idosos com diabetes.

A colaboração entre médicos e pacientes também é essencial para o sucesso do tratamento. Estudo de Stellefson et al. (2013) mostrou que a formação de médicos em habilidades de comunicação e o uso de ferramentas para monitorar o controle glicêmico podem melhorar os resultados de saúde.

Esses estudos enfatizam a importância da educação em saúde, do autocuidado e do suporte médico contínuo para pacientes com diabetes. Além disso, destacam a necessidade de abordagens personalizadas e colaborativas para melhorar os resultados de saúde.

A análise das atividades de autocuidado em pacientes com DM2 é crucial para entender como gerenciam sua condição. Identificar fatores que influenciam essas atividades pode ajudar a desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes

6 CONCLUSÃO

Os estudos evidenciam a importância do autocuidado, da educação em saúde e do suporte familiar no manejo do Diabetes Mellitus tipo 2. A personalização das intervenções, levando em conta as características individuais dos pacientes e suas comorbidades, é fundamental para melhorar a qualidade de vida e os resultados clínicos. Além disso, a adesão ao tratamento e a satisfação com os serviços de saúde são áreas que necessitam de atenção contínua para garantir um manejo eficaz do diabetes.

A gestão eficaz do diabetes depende de uma abordagem integrada que combine educação em saúde, autocuidado e suporte médico contínuo. A personalização das estratégias educativas, considerando fatores sociodemográficos e clínicos, é fundamental para melhorar a adesão ao tratamento e o controle glicêmico. A colaboração entre médicos e pacientes, aliada à utilização de tecnologias, pode potencializar os resultados. Portanto, é essencial investir em programas de educação em saúde que priorizem a individualização e a colaboração para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com diabetes.

REFERÊNCIAS

ALVES, Larissa de Fátima Pontes Aguiar; MAIA, Manoel Miqueias; ARAÚJO, Márcio Flávio Moura de; DAMASCENO, Marta Maria Coelho; FREITAS, Roberto Wagner Júnior Freire de. Desenvolvimento e validação de um aplicativo móvel para o autocuidado de adolescentes com Diabetes Mellitus tipo 1. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n. 5, p. 1691-1700, 2021. DOI: 10.1590/1413-81232021265.04602021.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. 2. Classification and diagnosis of diabetes: standards of medical care in diabetes—2020. Diabetes care, v. 43, n. Supplement_1, p. S14-S31, 2020.

BORBA, A. K. O. T.; ARRUDA, I. K. G.; LEAL, M. C. C.; DINIZ, A. S.; MARQUES, A. P. O. Conhecimento sobre o diabetes e atitude para o autocuidado de idosos na atenção primária à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 1, p. 125-136, 2019.

DA COSTA ARAÚJO, Cléo et al. Internações por diabetes mellitus no estado do Pará: distribuição espacial e fatores associados ao óbito. Nursing Edição Brasileira, v. 22, n. 257, p. 3226-3233, 2019. DOI: 10.36489/nursing.2019v22i257p3226-3233.

BARBOZA, Iana Carolina Meira. Carga de diabetes mellitus tipo 2 atribuível ao consumo de bebidas açucaradas no Brasil. 2022.

BATISTA, Karine Aparecida Spuri et al. Fisiologia e histopatologia do pâncreas na diabetes mellitus canina: Revisão. Pubvet, v. 15, n. 10, p. 1-11, 2021. https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n10a946.1-11

BERNARDES, Natã Gonçalves et al. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA AOS PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO2. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 11, p. 45-55, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i4.9748

BRASIL. Portaria Sectics/MS Nº 7, DE 28 de fevereiro DE 2024. periférica, v. 11, p. 14. Diário Oficial da União, Governo Federal, Brasília, DF, 1 mar. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2024/PORTARIASECTICSMSN7.pdf

FERNANDES, Bárbara Sgarbi Morgan; REIS, Iara A.; TORRES, Heloísa C. Avaliação do monitoramento telefônico na promoção do autocuidado em diabetes na atenção primária em saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 24, e2704, 2016.

JUNIOR, Salvador Viana Gomes et al. Revisão sobre a eficácia e segurança no uso de inibidores de co-transportadores de sódio-glicose-2 na fisiopatologia da diabetes mellitus tipo II. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 2, p. 2544-2562, 2020. DOI: 10.34119/bjhrv3n2-103

LITTLE, Randie R.; ROHLFING, Curt; SACKS, David B. The national glycohemoglobin standardization program: over 20 years of improving hemoglobin A1c measurement. Clinical chemistry, v. 65, n. 7, p. 839-848, 2019.

MAGRI, Suelen et al. Programa de educação em saúde melhora indicadores de autocuidado em diabetes e hipertensão. 2020.

MOREIRA, J. B.; MURO, E. S.; MONTEIRO, L. A.; IUNES, D. H.; ASSIS, B. B.; CHAVES, E. C. L. Educational strategies for the prevention of diabetes, hypertension, and obesity. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 54, e03624, 2020.

NATHAN, David M. et al. Translating the A1C assay into estimated average glucose values. Diabetes care, v. 31, n. 8, p. 1473-1478, 2008. DOI: 10.2337/dc08-0545

DOS SANTOS SALGADO, Maria Clara et al. Perfil sociodemográfico e clínico de usuárias do pré-natal de alto risco de uma unidade de referência especializada no interior da Amazônia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 24, n. 2, p. e14538-e14538, 2024. DOI: 10.25248/reas.e14538.2024

SILVA, Fátima Mayara Sousa. O uso da contagem de carboidratos na dieta de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2: uma estratégia nutricional. 2023.

SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2019-2020. Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: Clannad; 2019.

AQUINO, Camilla Maria Ferreira de. Avaliação de Custo-utilidade da Educação Continuada para o Manejo de Usuários com Diabetes Mellitus tipo 2, no Município de Itamaracá, Pernambuco–Brasil. 2014. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco..

DUARTE, Camila Kümmel et al. Nível de atividade física e exercício físico em pacientes com diabetes mellitus. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 58, p. 215-221, 2012.

ROCHA, Katia Regina de Oliveira Azevedo et al. Avaliação do conhecimento e do autocuidado do paciente diabético portador de doença infecciosa: proposta de uma estratégia de ação educativa. 2020. Tese de Doutorado.

VIANA, Vívian Cerqueira de Souza. Avaliação clínica e humanística em pacientes com transtornos mentais e diabetes mellitus atendidos em uma Unidade de Saúde da Família. 2018. Tese de Doutorado. brasil.

LARRÉ, Mariana Costa et al. Atividades de autocuidado de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em seguimento ambulatorial de um hospital universitário. 2017.

WILSON, Ana Maria Miranda Martins. Avaliação do autocuidado em díades de pacientes com insuficiência cardíaca e seus cuidadores. 2021. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

KUCHENBECKER, Ricardo de Souza. Impacto de um plano de alta hospitalar administrado a pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 e cardiopatia isquêmica. 2005.

SIMONS, Dione Alencar et al. Avaliação do perfil da demanda na unidade de emergência em Alagoas a partir da municipalização da saúde e do programa Saúde da Família. 2008. Tese de Doutorado.

HAMANN, Aquilles Henrique Garcia et al. ANÁLISE DO FATOR BIOPSICOSSOCIAL-EVOLUÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES DIABÉTICOS. Pensar Acadêmico, v. 21, n. 3, p. 1883-1892, 2023.

American Diabetes Association. (2020). Standards of Medical Care in Diabetes.

Choi, J. et al. (2018). Mobile health applications for diabetes management.

Deakin, T. et al. (2015). Structured patient education: the diabetes X-pert Programme.

Norris, S. et al. (2017). Self-management education for adults with type 2 diabetes.

Organização Mundial da Saúde. (2019). Diabetes.

Stellefson, M. et al. (2013). Physician communication and patient adherence to treatment.


1Residente De Clínica Médica, Uepa, Santarém, Pará, Brasil; Email: Jeanauguato@Gmail.Com

2Residente De Clínica Médica, Uepa Santarém, Email: Anacarol.Res@Gmail.Com

3Residente De Clínica Médica Uepa, Email: Agmmenezes@Outlook.Com

4Doutoranda, Unicamp,  São Paulo Remitaviegas@Outlook.Com

5Médica Nefrologista, Preceptora Uepa, Santarém, Email: Ivaneida.Pantoja@Hotmail.Com

6Médico Nefrologista, Preceptor, Uepa, Santarém Rodrigonefrologista@Gmail.Com