INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM TEA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10085276


Katriel Carvalho Oliveira1
Orientador: Prof. Trícia de Souza Barros2


RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurodesenvolvimento, marcado por um conjunto de condições caracterizado por alteração no nível sociocomunicativo e comportamental, e engloba déficit no funcionamento cerebral, acarretando no atraso de fala. O Autismo é subdividido em níveis que passam a estar relacionadas com a presença ou não de Deficiência Intelectual ou com o comprometimento da linguagem funcional, a intervenção fonoaudiológica é importante no desenvolvimento do TEA devido aos comprometimentos que há em algumas áreas. Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura. A pesquisa foi realizada por meio das seguintes plataformas de busca nas bases de dados: SCIELO, PubMed, MedLine, os critérios definidos para inclusão são publicações correlacionadas ao assunto pesquisado, datados entre 2010 e 2023. Utilizou-se como pergunta focalizadora: Quais os diferentes níveis desta síndrome? Sendo assim, este trabalho justifica-se, em conscientizar a população em adquirir mais conhecimento sobre o tema abordado.

Palavras-chave: autismo e níveis; intervenção fonoaudiológica; atraso de fala.

ABSTRACT

Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder, marked by a set of conditions that are characterized by socio-communicative and behavioral changes, and encompasses deficits in brain functioning, resulting in speech delay. Autism is subdivided into levels that are related to the presence or absence of Intellectual Disability or functional language impairment. Speech therapy intervention is important in the development of ASD due to the impairments in some areas. This work is a bibliographical review of the literature. The research was carried out using the following database search platforms: SCIELO, PubMed, MedLine, the criteria defined for inclusion are publications correlated to the subject researched. The focusing question was used: What are the different levels of this syndrome? Therefore, this work is justified in raising awareness among the population and acquiring more knowledge about the topic addressed.

Keywords: autism and levels; speech therapy intervention; speech delay.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho apontará conceitos e características sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que é definido como uma conjunção de comportamento, que engloba um conjunto de características definidoras , resultando em desafios no desenvolvimentos de habilidades sociais, de comunicação e cognitivas em crianças. Os sintomas do TEA geralmente se manifestam nos primeiros anos de vida, apresentando uma ampla variedade de manifestações de sintomas.

Conforme definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na Classificação Internacional das Doenças (CID-10), o TEA é um transtorno invasivo do desenvolvimento. Esse transtorno é caracterizado por comprometimentos notáveis nas respostas da criança, que se tornam evidentes desde a infância inicial. Esses comprometimentos podem impactar significativamente a vida da criança, manifestando-se em atraso na aquisição de linguagem, dificuldade na compreensão do discurso, uso de linguagem literal, repetição do que é ouvido(ecolalia) e, em muitos casos, uma falta de interesse ou habilidade para interação social .

A mais recente Classificação Internacional de Doenças Mentais – ONU – CID-11 que foi emitido em janeiro de 2022, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é identificado através do código 6A02, conforme a modificação F84.0, e suas subdivisões estão associadas à presença ou ausência de Deficiência Intelectual e/ou comprometimento da linguagem funcional. Essa classificação permite uma diferenciação mais precisa das características do TEA com base nesses aspectos.

O autismo foi notavelmente descrito em 1943 pelo psiquiatra infantil austríaco Leo Kanner, que era um médico, professor e pesquisador da Universidade Johns Hopkins. Sua contribuição pioneira na compreensão do autismo trouxe clareza ao entendimento desse transtorno.

As pessoas diagnosticadas com o espectro possuem certa dificuldade de socialização, nos dando a impressão de que estão sempre fechadas no seu mundo particular e não conseguem interação com outras pessoas.

De acordo com as pesquisas realizadas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma incidência estimada em 1% das crianças e adolescentes em todo o mundo. E no Brasil possui aproximadamente seiscentos mil crianças e adolescentes portadores do espectro. 

Outro fator importante epidemiologicamente é que o autismo apresenta maior prevalência no sexo masculino, afetando cerca de quatro meninos para uma menina acometida, assim sendo, calcula-se que ocorra um caso de autismo para cada 42 nascimento de meninos, quando para meninas a relação seria de um caso a cada 189 nascimento de meninas. O autismo é dividido em níveis e geralmente as meninas tendem a ter um nível mais grave de espectro.

O objetivo geral deste trabalho é mostrar na Literatura algumas das principais intervenções fonoaudiológicas em crianças com o TEA e Identificar na Literatura os métodos e protocolos validados para diagnóstico do autismo. Tem-se como Objetivo específico: descrever conceito e características do autismo, mostrar na pesquisa a etiologia do autismo e apresentar a classificação atualizada pela CID-11.

O Tema foi escolhido pelo autor, após verificar em diversas pesquisas bibliográficas o atraso na identificação precoce de crianças com o transtorno. Desta forma o presente trabalho visa mostrar na literatura a importância da intervenção fonoaudiológica precoce em crianças diagnosticadas com o transtorno. Sendo assim este trabalho justifica-se, em conscientizar a população em adquirir mais conhecimento sobre o tema abordado.

O autismo deve ser colocado em pauta sempre, devido aos impactos e consequências que causa na vida de seus portadores e familiares. Visto que os sinais se desenvolvem de forma sutil e aos poucos, além de obter vários níveis de gravidade, dificulta ainda mais sua detecção precoce, causando um impacto na vida do indivíduo e de todos os envolvidos.

Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura, onde a pesquisa foi realizada por meio das seguintes plataformas de busca nas bases de dados: SCIELO, PubMed, MedLine, os critérios definidos para inclusão são publicações correlacionadas ao assunto pesquisado.

A linha de pesquisa adotada foi na área da Linguagem e busca mostrar as intervenções e protocolos validados para autistas.

Quanto à estrutura, esta pesquisa apresenta-se em 3 capítulos, dispostos na seguinte forma: 

O 1º CAPÍTULO – AUTISMO E NÍVEIS: São apontados as contextualização da pesquisa, definição pelas CID 10 e 11, etiologia, estimativa mundial e subdivisões, todos encontrados em: OMS, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. American Psychiatric Association Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-IV .Organização Mundial de Saúde – OMS.  Classificação de Transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrição clínica e diretrizes diagnósticas.

O 2° CAPITULO – LINGUAGEM:  São apontados as contextualizações sobre linguagem, todos encontrados em artigos que estão referenciados pelos autores SCOPEL et.al., 2012 e Crestani et.al., 2013;.

O 3º CAPÍTULO- INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: São apontadas algumas das principais intervenções fonoaudiológicas e um conceito básico sobre intervenção, todos encontrados em artigos e no MANUAL DO AUTISMO- GUIA DOS PAIS PARA O TRATAMENTO COMPLETO, Vieira e Baldim 2017, Brito 2017, Lima et.al., 2010 e Assunção,2019.

2. AUTISMO E NÍVEIS 

Segundo o DSM-5, o TEA é definido por dificuldades de conversação, socialização, movimentos estereotipados, interesse restrito, e se apresenta do nível leve ao severo. O autismo é apontado pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais – DSM- IV, como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID).

Sabendo que para a Classificação dos Transtornos Mentais e hábitos da CID-10, as pessoas afetadas pelo Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), manifestam “anormalidades qualitativas nas interações sociais recíprocas em padrões de comunicação e apresentam um repertório de interesses e atividades restritas, estereotipados e repetitivos”.

Para a Organização Pan-Americana de Saúde-OPAS, o TEA começa a se manifestar ainda na infância e tende a progredir na adolescência, indo até a idade adulta.

2.1 Classificação e Subdivisões:

Conforme as diretrizes estabelecidas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM – 5 – TR e na Classificação de Doenças – CID – 11, que foram atualizadas em janeiro de 2022, o Transtorno do Espectro Autista é agora identificado pelo código 6A02, em substituição ao código F.84.0. Além disso, as subdivisões estão agora vinculadas a presença ou ausência de Deficiência Intelectual e/ou comprometimento da linguagem funcional. Essas mudanças visam proporcionar uma classificação mais precisa e abrangente do Transtorno do Espectro Autista.

Conforme as subdivisões estabelecidas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) na CID-11 é categorizado da seguinte maneira:

6A02.0 – Transtorno do Espectro Autista sem Deficiência Intelectual e com leve ou nenhuma afetação da linguagem funcional.

6A02.1 – Transtorno do Espectro Autista com Deficiência Intelectual e com leve ou nenhuma afetação da linguagem funcional.

A partir da atualização do DSM-5 para o DSM-5-TR, foram introduzidas novas subdivisões no Transtorno do Espectro Autista (TEA), que incluem o Desenvolvimento Intelectual e a linguagem funcional. Estas subdivisões são as seguintes:

6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem Deficiência Intelectual e com comprometimento da linguagem funcional. 

6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com Deficiência Intelectual e com comprometimento da linguagem funcional. 

6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com Deficiência Intelectual e ausência de linguagem funcional. 

6A02.Y – Outras manifestações especificadas do Transtorno do Espectro do Autismo.

 6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo não especificado.

O TEA passou a ser dividido em 3 níveis de suporte desde a 5ª edição do DSM, esse níveis foram subdivididos e podem ser identificados pela CID-11 das seguintes formas:

Nível 1 de suporte – Leve: pouco apoio

6A02.0 Transtorno do Espectro Autista sem Deficiência Intelectual (DI) e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional.

6A02.1 Transtorno do Espectro Autista com Deficiência Intelectual (DI) e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional

Nível 2 de suporte – Moderado: requer apoio substancial 

6A02.4: Autismo no Espectro sem Deficiência Intelectual (DI) e com falta de linguagem funcional.

6A02.5: Autismo no Espectro com Deficiência Intelectual (DI) e com falta de linguagem funcional.

Nível 3 de suporte – Severo: necessita de apoio muito substancial

6A02.4: Transtorno do Espectro Autista sem Deficiência Intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional.

6A02.5: Transtorno do Espectro Autista com Deficiência Intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional.

É importante destacar que o código “6A02.4 – Transtorno do Espectro Autista sem Deficiência Intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional” não foi incluído na versão final da CID-11.

(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais – DSM – 5 –TR e CID 11).

2.1.1 etiologia

Várias definições do autismo são faladas na literatura, acredita-se que sua etiologia pode ser decorrente de causas genéticas, síndrome ocasionada na gestação no início do pré-natal ou de fatores ambientais, produzindo um problema que dificulta o diagnóstico antecipado, evidenciando em um distúrbio múltiplo (CUNHA, 2010).

Isaias (2019) Fala que mesmo com o conhecimento mais amplificado sobre as bases genéticas, são muito poucos os estudos sobre a etiologia do transtorno do espectro autista, causando uma falta de concordância. 

Acredita-se que a combinação de fatores hereditários e eventos que ocorrem antes, durante e após o nascimento pode desempenhar um papel na manifestação do Transtorno do Espectro Autista (TEA). É relevante observar que há uma variedade de fatores patológicos que podem contribuir para o surgimento deste transtorno (REGO, 2012).

2.1.1.1 estimativa mundial e do Brasil

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2010, cerca de 0,76% das crianças globalmente faziam parte do espectro do Transtorno do Espectro Autista(TEA). Essa estimativa foi baseada em pesquisas realizadas em países que representam apenas 16% da população infantil global. Estudos mais recentes indicam que, durante o período de 2005 a 2009, a Coreia do Sul detinha a maior supremacia mundial do TEA, com 2,64% de incidência em crianças com idades entre 7 e 12 anos (KIM et al., 2011).

Quando se fala em autismo, a principal discussão é saber qual é a estimativa de autista em países desenvolvidos. E segundo Christensen et al (2006), a incidência e prevalência no mundo é de 1,5% de autistas. Embora haja uma carência de pesquisas que explorem a epidemiologia no TEA no Brasil, Ferreira (2008) relata que em 2006, em Santa Catarina houve uma prevalência de 1,31 autistas para cada 10.000 indivíduos.

3. LINGUAGEM

A comunicação é uma necessidade inerente ao ser humano, envolvendo o ato de compartilhar mensagens e receber respostas em troca. A linguagem pode ser explicada como um agrupamento organizado de símbolos, com propriedades específicas que exercem a finalidade de codificar, ordenar e estabelecer as informações sensoriais, possibilitando que vivências sejam comunicadas e seus conteúdos transmitidos (SCOPEL et al., 2012). A linguagem é um desenvolvimento difícil que não se atribui somente a comunicação verbal, mas integra outros aspectos como gestos, vocalizações e expressão.

O atraso de linguagem no autismo, são caracterizadas por atrasos ou ausência total de desenvolvimento desta habilidade. Dentre outras alterações, existe um grande comprometimento nos aspectos paralinguísticos e pragmáticos, podendo ser observado precocemente no bebê pela ausência de contato olho a olho, de gestos, do balbucio e das respostas aos sons emitidos por outras pessoas.

Para Crestani et al. (2013), o atraso de linguagem é caracterizado por importantes prejuízos na linguagem, tais como atrasos ou alterações na fala, pode afetar a escuta e leitura de uma criança. Mostram inconstância em suas manifestações, variando também o nível de intensidade e mutação ao decorrer do desenvolvimento.

4. INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 

Assunção (2019) a Intervenção Fonoaudiológica é grande e estende-se desde as orientações aos pais até as intervenções individuais ou grupais. Na prática, o fonoaudiólogo se dedica a valorizar todas as modalidades de comunicação nas situações cotidianas, destacando a ênfase no desenvolvimento da linguagem, que costuma ser a área mais impactada pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA), como mencionado por Lima et al. em 2010.

Para alcançar isso, o fonoaudiólogo intervém nas atividades do dia a dia, empregando estratégias que se baseiam em quadros de rotina diária. Nesses quadros, são abordadas diversas circunstâncias com o propósito de ensinar o nome e as funções dos objetos e partes do corpo. Essas situações podem incluir atividades como usar o banheiro, tomar banho, cumprimentar as pessoas, aguardar a vez para falar, despedir-se, alimentar-se e vestir-se. Essa abordagem tem como objetivo estimular o desenvolvimento de habilidades de comunicação verbal e não verbal, como ressaltado por Vieira e Baldir em 2017 e Brito em 2017.

Conforme orientado pelo Manual do Autismo, o papel do fonoaudiólogo é muito importante na estimulação da comunicação verbal e não verbal. Quando estimulada, essas crianças exibem ganhos muito importantes na fala, no ganho de autonomia e na evolução de sua qualidade de vida e de sua autoestima.

4.1 Intervenções Terapêuticas 

Terapia de Integração Sensorial

A terapia de integração sensorial auxilia a criança na interação com estímulos sensoriais presentes em seu ambiente. Crianças com autismo frequentemente enfrentam desafios ao lidar com informações sensoriais, como sons, luzes e odores. Nesse sentido, essa terapia ajuda crianças com dificuldades em responder a estímulos táteis, como o toque ou a textura de roupas, bem como com sensibilidades a estímulos sensoriais, como ruídos de trânsito ou aromas.

Abordagem TEACCH

O Método TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças com Autismo e Dificuldades de Comunicação) é uma estratégia educacional amplamente utilizada em crianças com autismo. Sua abordagem se concentra na instrução de habilidades, empregando pistas visuais, como cartões ilustrados ou representações gráficas que dividem tarefas em etapas menores para facilitar a compreensão e o aprendizado.

Método PECS

O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS – Picture Exchange Communication System) emprega cartões com símbolos para simplificar a aquisição de habilidades de comunicação. A criança utiliza esses cartões para questionar, responder a perguntas e participar em conversações.

Método Floortime

O Método Floortime direciona sua atenção para a promoção do desenvolvimento emocional e relacional da criança, com o objetivo de compreender seus sentimentos, suas relações com cuidadores e sua interação com os cinco sentidos.

Orientação Familiar e Psicoeducação

A orientação familiar e a disponibilização de material psicoeducativo representam as primeiras intervenções terapêuticas. Esse momento, que envolve a explicação do diagnóstico da criança e a discussão do plano de tratamento individual, pode ser emocionalmente carregado, repleto de preocupações e dúvidas para os pais. Portanto, o médico deve ser acolhedor e informativo, esclarecendo todos os aspectos relacionados ao diagnóstico e ao plano de tratamento. A família deve receber materiais, como livros, panfletos e informações online, para ajudar a compreender a psicopatologia associada ao autismo. A orientação e a psicoeducação com os pais desempenham um papel fundamental na melhoria da adesão ao tratamento e na construção de expectativas realistas em relação ao desenvolvimento da criança ao longo do tempo.

Enriquecimento do Ambiente

Essa terapia se fundamenta em uma intervenção descomplicada, contudo, com resultados positivos e impactantes, envolvendo a exposição da criança a um ambiente domiciliar repleto de uma variedade de estímulos sensoriais. Essa estratégia foi desenvolvida após observações de que crianças que cresceram em orfanatos na Romênia durante a ditadura de Nicolae Ceaușescu nas décadas de 1970 e 1980, com pouca estimulação, desenvolviam sintomas de autismo, conhecidos como síndrome autística pós-institucional. Estudos com animais demonstraram que aqueles que vivem em ambientes enriquecidos com estímulos sensoriais têm um desenvolvimento superior em comparação com aqueles privados de estímulos. Para enriquecer o ambiente, são realizadas atividades como exposição a diferentes fragrâncias de perfumes, audição de diversos ritmos musicais, atividades motoras variadas e muito mais. A criança é estimulada diariamente com uma série de exercícios envolvendo os cinco sentidos (olfato, tato, paladar, visão e audição). Pesquisas científicas indicam que essa abordagem de enriquecimento do ambiente proporciona melhorias significativas nos sintomas do autismo em crianças e adolescentes. Vale ressaltar que essa intervenção é mais eficaz quando aplicada a crianças com até 4 anos de idade.

Medicação

Embora não exista uma medicação específica para tratar o autismo, em alguns casos, podem ser usados medicamentos para tratar sintomas específicos que interferem no funcionamento global da criança. Por exemplo, medicamentos podem ser prescritos para controlar comportamentos agressivos, movimentos repetitivos, agitação, ansiedade e outros sintomas comportamentais problemáticos. Crianças com diagnósticos coexistentes, como transtorno de ansiedade generalizada, indivíduos com transtornos como déficit de atenção/hiperatividade, transtorno de humor e outros, também podem experimentar melhorias em seus sintomas associados por meio do uso de medicamentos.

Terapia Cognitivo-Comportamental

A terapia cognitivo-comportamental representa uma das abordagens mais amplamente empregadas no tratamento do TEA. Sua finalidade é auxiliar a criança a identificar suas emoções, regular seu estado emocional, controlar a aflição, minimizar impulsividade e aprimorar suas interações sociais. Além disso, o terapeuta visa reduzir condutas recorrentes Enquanto auxilia a criança ou adolescente a adquirir novas competências.

Treinamento em Habilidades Sociais 

O desenvolvimento de habilidades sociais desempenha um papel vital no tratamento do autismo, visto que muitos dos desafios enfrentados por essas crianças estão relacionados à interação social. O fonoaudiólogo busca ensinar e aperfeiçoar habilidades fundamentais para melhorar a comunicação e interação da criança, incluindo aspectos como estabelecimento de contato visual, a capacidade de reconhecer expressões faciais e a habilidade de iniciar e manter conexões. Isso pode envolver a contação de histórias e simulações de situações sociais. Posteriormente, a criança pratica essas habilidades em interações sociais reais, como comprar sorvetes ou conversar com novos amigos na escola.

Método ABA

O Método ABA (Applied Behavior Analysis – Análise do Comportamento Aplicado) é um tipo de tratamento comportamental que tem se destacado devido aos seus resultados eficazes. Esse método envolve o estudo do comportamento da criança, sua interação com o ambiente e as pessoas com quem ela interage. Com base nessa compreensão, são desenvolvidos treinamentos e estratégias específicas para corrigir comportamentos problemáticos e promover comportamentos desejados e funcionais. O uso de reforçadores positivos é uma estratégia comum nesse método. O progresso da criança é monitorado e avaliado minuciosamente. Diversas técnicas comportamentais podem ser aplicadas no âmbito do Método ABA para estimular a aprendizagem, motivação, comunicação e desenvolvimento de habilidades verbais. 

A maioria dos artigos destacam a Intervenção Fonoaudiológica como fator principal para a melhoria no quadro do Transtorno do Espectro Autista, diante disso será citado a seguir alguns métodos e algumas das intervenções fonoaudiológicas .

5. METODOLOGIA 

A escolha da abordagem metodológica para esta revisão bibliográfica envolveu a seleção criteriosa de métodos de pesquisa adequados ao escopo do trabalho. Dada a natureza exploratória e informativa desta pesquisa, optamos por uma abordagem qualitativa. A abordagem qualitativa permite uma análise mais aprofundada e interpretativa das informações disponíveis na literatura em relação ao transtorno do Espectro Autista (TEA) e à intervenção fonoaudiológica.

O procedimento de pesquisa bibliográfica consistiu na revisão abrangente da literatura relacionada ao tema do TEA e da intervenção fonoaudiológica. Este processo incluiu a busca ativa de artigos, livros, teses e outras fontes relevantes. A pesquisa foi realizada em plataformas de busca renomadas, incluindo SCIELO, PubMed e MedLine, devido à riqueza e diversidade das informações disponíveis nesses recursos.

As fontes de pesquisa selecionadas desempenharam um papel fundamental na obtenção de informações confiáveis e relevantes para a revisão bibliográfica. As plataformas SCIELO, PubMed e MedLine foram escolhidas devido à sua reputação como fontes confiáveis de literatura científica e médica. Essas bases de dados oferecem uma ampla gama de artigos e estudos relacionados ao TEA e à intervenção fonoaudiológica.

As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram “autismo e níveis,” “intervenção fonoaudiológica,” e “atraso de fala.” Além disso, aplicamos critérios de inclusão estritos para assegurar a excelência e relevância dos estudos selecionados. Os critérios de inclusão consideraram publicações que estavam diretamente relacionadas ao tema de autismo, níveis do transtorno, intervenção fonoaudiológica e atraso de fala.

Os estudos selecionados passaram por uma revisão crítica, considerando a adequação aos critérios de inclusão e a relevância para o escopo da pesquisa. As publicações que atenderam a esses critérios foram incluídas nesta revisão bibliográfica, garantindo que apenas as fontes mais pertinentes fossem analisadas.

Este capítulo fornece uma visão abrangente da metodologia adotada para conduzir a revisão bibliográfica sobre o transtorno do Espectro Autista e a intervenção fonoaudiológica. A escolha da abordagem, os procedimentos de pesquisa, as fontes utilizadas, as palavras-chave e os critérios de inclusão desempenharam um papel fundamental na qualidade e relevância da pesquisa. O próximo capítulo abordará os resultados obtidos a partir desta metodologia.

6. CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, exploramos em detalhes o Transtorno do Espectro Autista (TEA), um distúrbio embaralhado que afeta crianças globalmente. Investigamos sua definição, os diferentes níveis de gravidade, a etiologia e a prevalência do TEA, destacando sua importância na sociedade. A identificação precoce e intervenção no TEA são fundamentais para aprimorar a qualidade de vida das crianças afetadas e de suas famílias.

A análise da literatura e das intervenções fonoaudiológicas revelou a importância da atuação dos fonoaudiólogos no tratamento de crianças com TEA. A terapia fonoaudiológica desempenha um papel essencial na estimulação da comunicação com palavras e sem palavras, contribuindo para o desenvolvimento da linguagem e a melhoria da qualidade de vida das crianças com autismo.

Além disso, examinamos uma variedade de métodos terapêuticos utilizados no tratamento do TEA, como a terapia de integração sensorial, o método TEACCH, o método PECS, o método Floortime, a orientação familiar, o enriquecimento do ambiente, a medicação, a terapia cognitivo-comportamental, o treinamento em habilidades sociais e o método ABA. Cada um desses métodos oferece abordagens valiosas para atender às necessidades individuais das crianças com TEA, demonstrando a diversidade de opções de tratamento disponíveis.

Com base na metodologia de pesquisa adotada, conseguimos reunir informações importantes e relevantes sobre o TEA e a intervenção fonoaudiológica. No entanto, é importante destacar que o campo do autismo continua a evoluir, e novas pesquisas e descobertas são constantemente relatadas. Recomenda-se que futuras pesquisas continuem a explorar abordagens terapêuticas inovadoras e a aprimorar os métodos de diagnóstico do TEA.

Este trabalho teve como objetivo principal fornecer uma visão abrangente do TEA e das intervenções fonoaudiológicas, destacando a necessidade de conscientização e a importância de intervenções precoces para crianças com autismo. Esperamos que este TCC tenha contribuído para o entendimento desse transtorno e para a melhoria de vida das crianças afetadas e suas famílias.

REFERÊNCIAS 

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