INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM MULHERES IDOSAS COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PHYSICALTHERAPY INTERVENTION ON ELDERLY WOMANS WITH URINARY INCONTINENCE: A INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7388131


Gerlane de Macedo Constâncioa, Nágila Lima Costab, Stephanie Rocha Galvãoc, Maria Evangelina de Oliveirad Francisco Valmor Macedo Cunhae


RESUMO

Introdução: A incontinência urinária (IU) é definida como qualquer perda miccional de forma involuntária, se tornando um dos problemas de saúde mais comuns entre as mulheres idosas e, consequentemente, gerando um impacto negativo na qualidade de vida. Objetivo: realizar um levantamento na literatura sobre as intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da IU em idosas, assim como, verificar a eficácia desses procedimentos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa utilizando as bases de dados ScieLO, LILACS, Google Acadêmico, MEDLINE e PubMed. Para a escolha dos artigos empregou-se os critérios de inclusão: artigos científicos publicados entre os anos de 2017 a 2022; que tenham sido publicados em língua portuguesa e/ou inglesa e que incluam como participantes idosas com incontinência urinária. Foram excluídos deste estudo: artigos publicados anteriormente ao período referido, artigos científicos de revisões bibliográficas e que não abrangiam intervenções fisioterapêuticas, artigos duplicados em bases de dados, que enfatizam a incontinência urinária masculina e infantil; artigos na língua espanhola e tratamento conservador através de medicamentos. Resultados: Após a aplicação dos critérios metodológicos, foram selecionados sete artigos, ambos relataram melhora dos sintomas miccionais através do treinamento dos músculos do assoalho pélvico, cinesioterapia associado a exercícios de Kegel, o uso de eletroestimulação e exercícios do método pilates. Conclusão: Conclui-se que as modalidades de tratamento utilizadas nos diferentes tipos de intervenção fisioterapêutica alcançaram resultados promissores e melhora significativa dos sintomas miccionais.

Palavras-Chave: incontinência urinária; fisioterapia; idosas.

ABSTRACT

Background: Urinary incontinence (UI) is defined as any involuntary voiding, becoming one of the most common health problems among elderly women and, consequently, generating a negative impact on quality of life. Aim: to carry out a survey in the literature on physiotherapeutic interventions used in the treatment of UI in elderly women, as well as to verify the effectiveness of these procedures. Methods: This is an integrative review using ScieLO, LILACS, Google Scholar, MEDLINE and PubMed databases. For the choice of articles, the inclusion criteria were used: scientific articles published between the years 2017 to 2022; that have been published in Portuguese and/or English and that include elderly women with urinary incontinence as participants. The following were excluded from this study: articles published prior to the referred period, scientific articles from bibliographic reviews that did not cover physiotherapeutic interventions, duplicate articles in databases that emphasize male and child urinary incontinence; articles in the Spanish language and conservative treatment through medication. Results: After applying the methodological criteria, seven articles were selected, both of which reported improvement in urinary symptoms through pelvic floor muscle training, kinesiotherapy associated with Kegel exercises, the use of electrostimulation and pilates method exercises. Conclusion: It is concluded that the treatment modalities used in the different types of physiotherapeutic intervention achieved promising results and a significant improvement in urinary symptoms.

Keywords: urinary incontinence; physicaltherapy; elderly woman.

INTRODUÇÃO

A incontinência urinaria (IU) corresponde a qualquer perda involuntária de urina, tornando-se um problema comum que atinge mulheres em qualquer período da vida (PIVETTA, et.al. 2021).

Diversos fatores estão relacionados as causas da incontinência urinária (IU) estando associados com a idade avançada, raça, obesidade, partos vaginais, infecção do trato urinário, sedentarismo, hipoestrogenismo na menopausa, além de mediações e cirurgias que podem provocar a diminuição do tônus muscular do assoalho pélvico (EVANGELISTA, et. al. 2021).

Determinados distúrbios urinários em idosas podem ser ocasionados pela perda da capacidade de armazenamento de urina na bexiga, passando de 500 para 300ml, contribuindo para o aumento da frequência urinária e repercutindo negativamente sobre a qualidade de vida e qualidade do sono (DABBOUS, 2019).

O envelhecimento desencadeia uma série de alterações fisiológicas no organismo feminino, dentre elas, a atrofia muscular e a substituição do tecido muscular por adiposo. Tais alterações afetam também os músculos do assoalho pélvico (MAP), provocando diminuição da força de contração muscular podendo levar a disfunção como a IU (MAZO, et. al. 2021).

A incontinência urinária (IU) pode ser classificada de três formas: incontinência urinária de esforço (IUE), caracterizada pela perda urinária após aumento da pressão intra-abdominal a pequenos esforços, como tosse e espirros; incontinência urinária de urgência (IUU) determinada pela vontade súbita e incontrolável de urinar; e a incontinência urinária mista (IUM), quando perduram sintomas de IUE E IUU (JORGE, et. al. 2018).

Frequentemente fazem parte do quadro clínico as alterações que comprometem o convívio social, depressão e isolamento, perda de autoestima, resultando em problemas psicológicos e sociais. Porém, a demora da procura por tratamento da incontinência urinária (IU) dar-se ao fato de ser considerado erroneamente uma sequência natural de envelhecimento tal como a falta de conhecimento sobre a temática, vergonha e medo de consultar os profissionais de saúde (CAVENAGHI, et. al. 2020).

A fisioterapia apresenta uma grande importância no tratamento da IU, contendo diversos métodos para o diagnóstico clínico. Podendo ser invasivos como cones vaginais, biofeedback, perineômetro e eletroestimulação que tem como objetivo fortalecer a musculatura perineal e melhora da percepção da musculatura utilizada. Os métodos não invasivos são a reeducação comportamental para estabelecer o ritmo miccional, a estimulação magnética perineal e a cinesioterapia (MARTINEZ, et.al. 2020).

Diante disso, o objetivo deste estudo foi realizar um levantamento na literatura sobre as intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da IU em idosas, assim como verificar a eficácia desses procedimentos.

METÓDOS

Trata-se de uma revisão integrativa de estudos coletados eletronicamentenas Bases de Dados (Scientific Eletronic Library (SciELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Google Scholar (Google Acadêmico),Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica(MEDLINE) e PubMed. A investigação utilizou os seguintes descritores: incontinência urinária, fisioterapia e idosas,bem como seus correspondentes em inglêsurinary incontinence, physiotherapy, elderly. De acordo com os descritores em Ciência da Saúde (DeCS), combinados com o operador lógico AND.

Para a escolha dos artigos empregou-se os critérios de inclusão: artigos científicos publicados entre os anos de 2017 a 2022, que tenham sido publicados em língua portuguesa e/ou inglesa e que incluam como participantes idosas com incontinência urinária. Foram excluídos deste estudo: artigos publicados anteriormente ao período referido, artigos científicos de revisões bibliográficas e que não abrangiam intervenções fisioterapêuticas, artigos duplicados em bases de dados, que enfatizam a incontinência urinária masculina e infantil; artigos na língua espanhola e tratamento conservador através de medicamentos.

O processo de seleção dos estudos ocorreu após leitura dos resumos, onde foram realizados fichamentos dos artigos por ano de publicação, relevância e que se enquadravam aos objetivos desta pesquisa.

Os dados extraídos foram: autor e ano, população, recursos de intervenção e foco do estudo.

RESULTADOS

Ao final da busca pelos resultados, foram encontrados 30 artigos que continham os descritores da busca. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, 07 artigos foram selecionados para análise e escolhidos conforme a sua qualidade metodológica. O processo de seleção dos artigos está descrito no fluxograma que corresponde a Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma da captação dos artigos que serão selecionados.

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com a análise desta revisão, os tipos de IU mais relatados foram a IUE e a IUM. Os meios de intervenções mais utilizados no tratamento foram: treinamento dos músculos do assoalho pélvico, cinesioterapia/exercícios de Kegel, eletroestimulação, biofeedback e pilates (descritos no Quadro 1).

Quadro 1. Análise das intervenções fisioterapêuticas e resultados.

AUTOR E ANOAMOSTRAAVALIAÇÃOMÉTODOSRESULTADOS
Souza, et. al. 2017

10 idosas com idade acima de 60 anos que apresentam pouca ou nenhuma DAP.Mensuração da pressão perineal intracavitária por meio do perineômetro de Kegel (dispositivo de biofeedback que capta a pressão gerada durante a ativação da MAP.Foram realizadas 24 sessões; 2 vezes por semana; com duração de 60 min; por um período de 12 meses. Divididas por 11 posturas diferentes do Método Pilates: Pilates Breathing, Spine Stretch, Swan, Sholder Bridge, Hundreds, Double Leg Stretch, Footwork, Roll up, Single Leg Strech, Leg Pull Back, Kick front and back. A gradação dos exercícios foi baseada no aumento do número de repetições do exercício e nas variações posturais de iniciantes para intermediárias e avançadas, com movimentos repetidos de 6 a 8 vezes cada.
O estudo demonstrou efetividade do Método Pilates, bem como, melhora da funcionalidade e contratilidade da musculatura da MAP. Dito isso, o treinamento global que o método Pilates proporciona, poderá trazer melhoras significativas na funcionalidade do AP e, assim, prevenir as disfunções urogenitais, como é o caso de IU, tão comuns em mulheres idosas.
Brandenburg, et.al, 201736 mulheres de 30 a 74 anos com IU. Grupo eletroestimulação (18) e grupo cinesioterapia (18)Avaliação funcional do AP por meio do perineômetro digital que capta a pressão gerada durante a ativação da MAP. Questionário King’s Health Questionnaire (KHQ) para avaliar a qualidade de vida e a qualificação da perda urinária dos pacientes; Teste do absorvente (Pad Test) para avaliar a perda urinária.
Foram realizadas 20 sessões; 3 vezes por semana; por 3 meses. Protocolo de cinesioterapia: 6 exercícios, sendo 2 específicos para musculatura abdominal, 2 para o AP e 2 associados a contrações do AP, musculatura adutora e glútea. Protocolo de eletroestimulação: aparelho de eletroestimulação funcional de baixa frequência (100 Us; 50Hz; 2seg tempo de contração, 1seg de tempo de repouso; 20 min).O estudo demostrou resultados positivos aos protocolos de cinesioterapia e eletroestimulação no tratamento para a IU. No entanto, a cinesioterapia teve uma maior relevância, por ser a opção terapêutica mais viável comprovada pelos resultados do Pad test e KHQ.
Holzschuh, et. al. 20192 mulheres pós menopausa, sendo paciente 1 (66 anos) e a paciente 2 (71 anos) com IU.
Avaliação funcional do AP por meio do perineômetro de Kegel (dispositivo de biofeedback que capta a pressão gerada durante a ativação da MAP. Questionário International Consultation on Incontinence Questionnaire-Short Form (ISIQ-SF) para avaliar o impacto da IU na qualidade de vida e a qualificação da perda urinária dos pacientes.Foram realizadas 10 sessões; 3 vezes na semana; com duração de 45 min. Dividida por um programa de tratamento com uso de cones vaginais e cinesioterapia, associados a exercícios de Kegel.O estudo mostrou que o protocolo de tratamento levou há resultados positivos em ambas as pacientes, pois apresentaram aumento da força de contração muscular e melhora na qualidade de vida, bem como, redução da perda de urina.

Silva, et. al. 2019Mulher de 83 anos com IUM.Avaliação fisioterapêutica padrão da clínica escola, o qual foi aplicado antes e após o período de tratamento, destacando predominantemente os aspectos referentes à força da MAP e a frequência urinária, sendo avaliados ainda especificamente os reflexos cutâneo anal e clitoriano, além do reflexo da tosse.Realizado 2 vezes na semana; com duração de 60 min; durante 3 meses. A conduta de tratamento envolveu: eletroestimulação, mais precisamente o TENS, utilizando os seguintes parâmetros: duração de pulso= 100 US, frequência= 10 HZ, colocando-se dois eletrodos na panturrilha, sendo um colocado na região do tibial posterior, e outro no maléolo medial, durante 30 min, associados a cinesioterapia e treino de padrão ventilatório.Pode-se observar que a idosa está apresentando melhoras significativas na musculatura trabalhada, visto que foi relatada pela mesma a diminuição da frequência miccional após as sessões de atendimento, tanto pela diminuição dos números de idas ao banheiro, como pelo fato de conseguir segurar a urina por um tempo maior.
Rajan, et. al. 2019Foram incluídas no estudo mulheres na faixa etária de 50 a 80 anos com queixa de IU identificada por diagnóstico e histórico médico suscetível de afetar suas capacidades funcionais do dia a dia.Questionário ICIQ-SF (International Consultation on Incontinence Questionnaire Urinary Incontinence -Short Form) para avaliar a gravidade da IU na qualidade de vida e logo em seguida orientadas a realizar os exercícios para fortalecimento dos MAP e o QUID (Questionnaire for Female Urinary Incontinence Diagnosis) foi utilizado para identificar o tipo de IU.Os pacientes foram orientados sobre os tipos de exercícios da MAP com ajuda de gravação vídeo de aproximadamente 10 minutos de forma individual. Os colaboradores da pesquisa foram instruídos a praticar o TMAP em casa, realizando 03 sessões durante o dia sendo cada sessão com duração de 3 a 4 minutos consistindo em 10 contrações por 10 segundos, seguida de 10 segundos de relaxamento. Os indivíduos receberam um livro de registro para anotar durante 04 semanas os exercícios realizados.O presente estudo trouxe benefícios para os pacientes e os achados da pesquisa enfatizam a necessidade de incluir a prática de exercícios musculares do assoalho pélvico como uma forma preventiva e um tratamento eficaz.
Martinez, et. al. 2020.Os pacientes da pesquisa foram selecionados7 idosos de ambos os sexos de idade igual ou superior a 60 anos onde foram selecionados três participantes separados em dois grupos: grupo A com dois pacientes e grupo B com um paciente.
King’s Health Questionnaire (KHQ). O International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF) que avalia o impacto da IU na qualidade de vida e a qualificação da perda urinária dos pacientes analisados
Foram realizados aplicação da auriculoterapia separados em dois grupos sendo Grupo A recebendo 7 atendimentos em 4 semanas e Grupo B com 4 semanas sem atendimento. No início dos atendimentos era aplicada a auriculoterapia nos dois pacientes e em seguida realizados exercícios fisioterapêuticos de cinesioterapia através de fortalecimento da MAP. Fortalecimento de membros inferiores (MMII) era realizado com resistência de thera band para trabalhar com os abdutores do quadril, exercícios de apertar a bola no meio dos MMII para os adutores, e exercício de ponte para trabalhar glúteos.O estudo com os métodos adotados mostrou melhora na diminuição da perda urinária pôde ser notada em pouco tempo consequentemente melhorando a qualidade de vida dos idosos, mostrando eficácia da auriculoterapia como tratamento complementar da fisioterapia.
Pivetta, et. al. 202116 idosas com idade média de 60 a 85 anos, sedentárias com IU.
Short Form (ICIQ-SF) que avalia o impacto da IU na qualidade de vida; Female Genital Self-Image Scale (FGSIS). Composto por sete perguntas com quatro opções de respostas.
Foram realizadas 16 sessões, duas vezes na semana, durante oito semanas. Com duração aproximada de 50 min, dividida em aquecimento, parte principal que envolveu os exercícios de fortalecimento em geral e alongamentos.Os resultados apontaram que o método Pilates na Água, para o tratamento da IU e auto imagem genital de idosas sedentárias mostraram uma significativa redução da perda miccional, bem como levou uma melhora na qualidade de vida e uma elevação de autoimagem genital positiva para as participantes do presente estudo.
Fonte: Dados fictícios, apenas para fins ilustrativos

DISCUSSÃO

Nos últimos anos o Brasil vem enfrentando grandes mudanças na pirâmide etária e consequentemente o aumento do envelhecimento no país, ocasionando alterações fisiológicas revertidas em sérios problemas de saúde pública. Dentre essas alterações, destacam-se a atrofia muscular e a modificação de tecido muscular por adiposo, acometendo diretamente a MAP e, consequentemente, gerando diminuição da força de contração muscular, o que leva à um conjunto de disfunções perineais (SOUZA, et. al. 2017).

Desta forma, no que diz respeito às mulheres idosas, as disfunções do assoalho pélvico (DAP) surge como motivo de preocupação, dentre elas destaca-se a incontinência urinária (IU), devido à alta prevalência de impacto negativo na qualidade de vida (SILVA, et. al. 2017).

Relatado como um dos problemas de saúde mais comuns entre as mulheres de todas as faixas etárias, a incontinência urinária (IU) é descrita como qualquer perda involuntária de urina, sendo capaz de causar danos diretamente no controle neural da bexiga e músculos do assoalho pélvico, a qual pode ser classificada em incontinência urinária de esforço (IUE), caracterizada pela perda urinária após aumento da pressão intra-abdominal a pequenos esforços, como tosse e espirros; incontinência urinária de urgência (IUU), determinada pela vontade súbita e incontrolável de urinar; e a incontinência urinária mista (IUM), quando perduram sintomas de IUE E IUU (JORGE, et. al. 2018).

O principal objetivo desse estudo foi realizar um levantamento literário sobre os tipos de intervenções fisioterapêuticos utilizados no tratamento de IU que atingem mulheres idosas, assim como, verificar a eficácia destes procedimentos.

Nas modalidades de tratamento encontradas na literatura destacam-se os exercícios de treinamento dos músculos perineais, cinesioterapia associado a exercícios de Kegel, o uso de eletroestimulação e o método pilates, que vem apresentando resultados relevantes tanto na melhora da qualidade de vida, quanto no controle de perdas urinárias.

Um estudo publicado por (HOLZSCHUH, et.al. 2019) referente a duas mulheres pós menopausa, sendo a 1ª paciente com 66 anos e a 2ª paciente com 71 anos, ambas com IUE, mostrou resultados positivos, havendo melhora na qualidade de vida e redução na perda urinária após realização do protocolo de tratamento com o uso de cones vaginais e cinesioterapia, associados a exercícios de Kegel.

SILVA, et. al. 2019, realizou um estudo de caso referente a 1 paciente de 83 anos com relato de IUM, a mesma, informou que fez 6 partos vaginais e 2 cirurgias no períneo. O protocolo de tratamento seguido para este caso foi iniciado com o uso de eletroestimulação associados a cinesioterapia e exercícios respiratórios, mostrado grandes resultados para o tratamento da IU e melhora da MAP. Nesses casos, a utilização da eletroestimulação, age como mecanismo de transmissão afim de estimular os músculos relaxados, proporcionando a contração das fibras rápidas e lentas do tipo 1 e tipo 2.

O fortalecimento da MAP é destacado como uma das principais modalidades de tratamento relatada no decorrer desta revisão. RAJAN, et. al. 2019 realizou um estudo que mostra a capacidade e eficiência dos pacientes de realizarem os exercícios indicados que tem como finalidade o fortalecimento da MAP, no qual foram instruídos antes de serem efetuados no ambiente domiciliar, levando mais conforto e comodidade nos mesmos, ressaltando o fato de ser relatado a melhora desses indivíduos e os deixando ativos fisicamente.

Apesar da eficácia da eletroestimulação no tratamento da IU, estudos apontam a cinesioterapia como opção terapêutica mais viável à longo prazo, por permitir continuidade do tratamento com os exercícios em domicílio, comprovadamente benéficos à saúde, dando autonomia e empoderamento para as pacientes afetadas (BRANDENBURG, et. al. 2017).

As intervenções fisioterapêuticas são consideradas terapias de primeira linha no que diz respeito ao tratamento conservador, sendo as mais recomendadas para o tratamento de IU, objetivando a melhora da força e função da MAP, com o intuito de minimizar as complicações e danos à saúde e funcionalidade (FREITAS, et.al. 2020).

Compreendemos que a fisioterapia se mostra de grande importância no tratamento dessa patologia, existindo um leque de possibilidades que auxiliam no processo de recuperação. MARTINEZ, et. al. 2020, realizou uma análise onde relatou a importância da cinesioterapia associada a auriculoterapia como um método terapêutico complementar na IU. No estudo descrito, foram utilizados pontos que estimulam a sustentação da MAP, controle da ansiedade e diminuição da tensão muscular. A pesquisa foi realizada com três pacientes idosos, ambos com idade acima de 60 anos, que realizaram os atendimentos em fisioterapia uroginecológica e auriculoterapia associados com exercícios de cinesioterapia, emitindo resultados na diminuição da perda urinária em pouco tempo dispondo de melhora nos aspectos de limitação física e social. Contudo, apesar dos dados positivos, o referente estudo descreve a carência no desenvolvimento de pesquisas com o tema abordado, levando a importância e comprovação dos métodos adotados e seus respectivos resultados.

Considerando as modificações durante o processo do envelhecimento, alguns fatores estão diretamente relacionados aos aspectos físicos e emocionais, especificamente como a redução da força muscular. Vários recursos fisioterapêuticos são implementados na tentativa de reestabelecer a segurança e satisfação do idoso (CRIVELLARO, et. al, 2021).

Uma alternativa pouco encontrada na literatura e que pode ser uma das preferências da fisioterapia para exercitar a MAP, é o Método Pilates, que abrange a soma de movimentos que fortalecem e aumentam a flexibilidade de todo o corpo, ao invés de gerar concentração somente em uma classe muscular (SILVA, et.al, 2021).

Na análise realizada por PIVETTA, et.al, 2021, referente a dezesseis idosas sedentárias de 60 a 85 anos com queixas de IU, adotou-se o método Pilates na Água como principal recurso no tratamento com ênfase no aumento da força e flexibilidade. As atividades propostas foram divididas em aquecimento, exercícios de fortalecimento e alongamentos que manifestaram resultados significativos na redução da perda miccional.

O PA é reconhecido como um recurso inovador, tornando uma adaptação do método Pilates-solo, cujo primeiros registros foram encontrados em 2005, com a finalidade de possibilitar um tratamento para diversas patologias, assim como a IU (PIVETTA, et.al, 2021).

CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste trabalho possibilitou uma análise da importância da fisioterapia no tratamento de idosas incontinentes. Apesar da escassez de evidências em estudos relacionados ao tema, foram observados que as modalidades de tratamentos utilizadas e da intervenção fisioterapêutica alcançaram resultados promissores e melhora significativa dos sintomas miccionais e, assim, dando a elas uma melhor qualidade de vida.

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aAcadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: gerlanemacedo012@gmail.com

bAcadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: nagilalimac@hotmail.com

cAcadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: sthephanie.rocha.399@gmail.com

dFisioterapeuta. Docente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Fisioterapeuta do Hospital de Doenças Infectocontagiosas Natan Portela. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: linalima28@gmail.com

eDocente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: orfeuyeuridice@gmail.com