INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA NA REABILITAÇÃO DE DEPENDENTES QUÍMICOS: REVISÃO SISTEMÁTICA

PHARMACEUTICAL INTERVENTION IN THE REHABILITATION OF DRUG ADDICTS: A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10204350


Benedito Ezio Bueno Cintra1
Haylla Marcos de Carvalho1
Jefferson Melo de Castro1
Renata Furtado da Silva1
Orientadora: Anne Cristine Gomes de Almeida²
Orientador: Weison Lima da Silva²


RESUMO

Introdução: O consumo de substâncias ilícitas aumentou relativamente nas últimas décadas. Assim, a dependência química pode causar sérios danos, afetando a saúde, a vida familiar e social dos usuários, levando-os a cometer crimes e promiscuidade para obtenção de drogas.

Objetivos: demonstrar a importância da atuação do farmacêutico na reabilitação de dependentes químicos.

Métodos: Este estudo trata- se de uma revisão sistemática. A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados Scielo, BVS e PubMed.Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: artigos completos, artigos em língua inglesa, espanhol e português, artigos que estejam de acordo com descritores delimitados, artigos de estudo de caso, relato de experiencia, estudo de campo, estudo transversais, estudos descritivos e artigos publicados entre 2013 a 2023.

Resultados: Os tratamentos disponíveis para usuários e dependentes químicos envolvem uma abordagem multidisciplinar, combinando terapias psicossociais, suporte comportamental e, em alguns casos, intervenção farmacológica. Medicamentos como Disulfiram, topiramato, fluoxetina, clorpromazina e diazepam são comumente empregados na reabilitação. O farmacêutico desempenha um papel vital na equipe de reabilitação, monitorando e ajustando a terapia medicamentosa, educando sobre o uso adequado e colaborando com outros profissionais para garantir uma abordagem integrada e eficaz no tratamento de dependentes químicos.

Conclusão: A pesquisa possibilitou a construção de uma análise sobre a relevância do papel do farmacêutico na reabilitação de dependentes químicos. Sua participação se destaca na gestão e monitoramento da terapia medicamentosa, fornecendo suporte essencial para minimizar riscos, otimizar a eficácia do tratamento e assegurar a segurança do paciente.

Descritores: Intervenção farmacêutica, Dependência química, Reabilitação.

ABSTRACT

Introduction: The use of illicit substances has increased relatively in recent decades. Thus, chemical dependence can cause serious damage, affecting the health, family and social life of users, leading them to commit crimes and promiscuity to obtain drugs.

Objectives: demonstrate the importance of the pharmacist’s role in the rehabilitation of drug addicts.

Methods: This study is a systematic review. The search for articles was performed in the Scielo, VHL and PubMed databases. The following inclusion criteria were considered: full articles, articles in English, Spanish and Portuguese, articles that are in accordance with delimited descriptors, case study articles, experience report, field study, cross-sectional study, descriptive studies and delimited articles from 2013 to 2023.

Results: The treatments available to drug users and addicts involve a multidisciplinary approach, combining psychosocial therapies, behavioral support and, in some cases, pharmacological intervention. Medications such as Disulfiram, topiramate, fluoxetine, chlorpromazine, and diazepam are commonly employed in rehabilitation. The pharmacist plays a vital role in the rehabilitation team by monitoring and adjusting drug therapy, educating on proper use, and collaborating with other professionals to ensure an integrated and effective approach to treating drug addicts.

Conclusion: The research enabled the construction of an analysis on the relevance of the role of the pharmacist in the rehabilitation of drug addicts. Their participation stands out in the management and monitoring of drug therapy, providing essential support to minimize risks, optimize treatment efficacy, and ensure patient safety.

Keywords: Pharmaceutical intervention, Chemical dependence, Rehabilitation.

INTRODUÇÃO

Os relatos de uso de drogas são muito antigos. Pode-se encontrar literatura sobre ingerir álcool em 6000 a.C. Sabe-se que o ópio é conhecido desde os tempos antigos. A cannabis tem sido usada para fins terapêuticos na China desde 1730 a.C (Oliveira, 2015). As drogas têm sido usadas em cerimônias e celebrações religiosas ao longo dos séculos. E como remédio para tratar várias doenças, mas naquela época relata-se havia poucos problemas relacionados ao uso de drogas (Carneiro, 2018).

A partir do século XX, observou-se uma transformação na percepção das drogas, que passaram a ser reconhecidas como uma questão significativa no âmbito da saúde pública (Barreto, 2013). A construção social da moralidade em torno do tema desencadeou uma maior atenção para os desafios associados ao uso de substâncias. A evolução desse entendimento levou a abordagens mais abrangentes, considerando não apenas os aspectos legais, mas também os impactos na saúde coletiva (Sanches; Vecchia, 2018).

O aumento relativo no consumo de substâncias ilícitas nas últimas décadas. Esse fenômeno levanta preocupações significativas no âmbito social e de saúde pública. A ascensão do consumo dessas substâncias destaca a necessidade de abordagens eficazes de prevenção e intervenção, visando mitigar os impactos negativos na sociedade (Teixeira; Costa; Monteiro, 2021).

A dependência química pode acarretar danos substanciais, comprometendo a saúde e a dinâmica familiar e social dos usuários. Essa condição muitas vezes conduz os indivíduos a envolverem-se em atividades criminosas e comportamentos promíscuos na busca pela obtenção de drogas (Santos, 2017).

A dependência química tem sido um grande desafio para a saúde pública, e a saúde pública atualmente busca alternativas que visem a redução de danos, não a interrupção do uso (Ferreira, 2021).

De acordo com a definição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a dependência é caracterizada por um espectro de sintomas cognitivos, comportamentais e físicos que indicam que um indivíduo continua a usar uma substância apesar dos problemas significativos associados a ela (Medeiros et al., 2013; Schlindwein-Zanini; Sotili, 2019).

A dependência química refere-se a um estado mental e físico compulsivo, persistente ou recorrente, caracterizado por distúrbios físicos, psicológicos e comportamentais relacionados ao consumo de substâncias (Ribeiro; Laranjeira, 2015).

Um estudo abrangente epidemiológico envolvendo uma amostra de 10.000 indivíduos com idades entre 12 e 65 anos, revelou que uma parcela significativa da população já teve experiência com substâncias psicoativas. Os dados apontam que 70% dos homens e 59% das mulheres experimentaram algum tipo de substância ao longo de suas vidas. Dentre as substâncias analisadas, o álcool despontou como a mais amplamente utilizada, seguido pela maconha, tabaco e crack (Coutinho, 2019).

A partir da última década, o Ministério da Saúde editou uma série de leis e portarias com o objetivo de estabelecer diretrizes para o funcionamento dos serviços, apontar as atividades a serem realizadas e estabelecer metas de intervenção e tratamento no atendimento às pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas (Trevisan; Castro, 2019).

Conceitos frequentemente utilizados na política de saúde mental também são utilizados para abordar esse público, como reinserção social, reabilitação psicossocial e inclusão social (Sanches; Vecchia, 2018).

Este fenômeno é considerado uma doença crônica, afetando tanto a mente quanto o corpo, e representa um desafio significativo tanto para o indivíduo quanto para a sociedade em termos de saúde e bem-estar. O problema abrange não apenas aspectos clínicos, mas também implica questões sociais, exigindo abordagens holísticas para prevenção, tratamento e reintegração na sociedade (Carvalho; Chrisostomos, 2016).

A intervenção farmacêutica na reabilitação de dependentes químicos desempenha um papel significativo ao proporcionar abordagens terapêuticas específicas para mitigar os efeitos da dependência. A utilização de medicamentos, devidamente orientada e integrada a programas de tratamento abrangentes, visa aliviar sintomas de abstinência, facilitar a desintoxicação e contribuir para a estabilidade emocional dos pacientes (Souza; Oliveira, 2016).

O objetivo geral do trabalho deste trabalho e demonstrar a importância da atuação do farmacêutico na reabilitação de dependentes químicos. Os objetivos específicos são: descrever os principais tratamentos disponíveis para os usuários e dependentes; demonstrar os principais medicamentos utilizados na reabilitação de dependentes químicos e abordar o papel do farmacêutico na reabilitação de dependentes químicos e suas possíveis intervenções.

METODOLOGIA

A pesquisa trata-se de uma Revisão Sistemática da Literatura. Para pesquisa foram empregados para busca as seguintes bases de dados: National Institutos of Health’s National (Pubmed); Scientific Electronic Library Online (SCIELO) E Biblioteca Virtual da Saúde (BVS).

Foram usadas para a realização da pesquisa os seguintes descritores: “Intervenção farmacêutica”, “Dependência química”, “Reabilitação”; “Pharmaceutical intervention”, “Chemical dependence”, “Rehabilitation”; “Intervención farmacéutica”, “Dependencia química”, “Rehabilitación”. Usados em conjunto com o operador booleano “AND”. Enquanto em outros bancos de dados, o mesmo termo e o operador booleano “AND” são usados ​​como chaves. As listas de referências dos estudos identificados também foram pesquisadas.

Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: artigos completos, artigos em língua inglesa, espanhol e português, artigos que estejam de acordo com descritores delimitados, artigos de estudo de caso, relato de experiencia, estudo de campo, estudo transversais, estudos descritivos e artigos delimitado de 2013 a 2023.

Foram excluídos os resultados de artigos que não estejam de acordo com idioma estabelecido, artigos de revisão, editoriais, cartas ao editor, notícias, revisões e artigos ou resumos publicados em anais de congressos ou revistas científicas. Todos os estudos selecionados são totalmente acessíveis sem contato com os autores.

Ao término do processo, foram escolhidos os artigos alinhados aos critérios predefinidos no estudo, sendo gradualmente incorporados para compor o trabalho. A seleção criteriosa permitiu a integração de informações pertinentes, contribuindo para a construção de uma base sólida e relevante. Esse método de inclusão progressiva assegura a consistência e qualidade do material incorporado, refletindo a abordagem metódica adotada no desenvolvimento do trabalho.

No que concerne ao quantitativo de pesquisa foram selecionados 1095 artigos inicialmente sobre o tema. Posteriormente foram selecionados 15 artigos, onde os mesmos foram incluídos de acordo com parâmetro adotados no presente artigo científico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 proporcionou uma exposição das características dos estudos incorporados, destacando informações essenciais como autores/ano, título, tipo de estudo, objetivo e conclusão. Esses elementos fornecem uma síntese concisa, permitindo uma rápida compreensão das particularidades de cada pesquisa analisada. A organização sistemática desses dados facilita a revisão e interpretação, sendo instrumental para os leitores na identificação dos principais aspectos abordados em cada estudo.

Figura 1 – Fluxograma de seleção de artigos.

Fonte: elaborado pelos autores.

Quadro 1 – Principais resultados da pesquisa.

Autores/AnoTítuloTipo de estudoObjetivoConclusão
Ricarte et al. (2014)Intervenção farmacêutica no tratamento de tabagistasPesquisa quantitativa e descritivaDemonstrar o impacto da intervenção farmacêutica durante o tratamento multidisciplinar de tabagistas em Campina Grande, Paraíba,Foi realizado um estudo com 105 participantes voluntários, de ambos os sexos e idade superior a 18 anos, onde foi introduzido tratamento farmacológico com bupropiona e orientação acerca do medicamento prescrito. Durante um período de 15 e 15 dias os farmacêuticos anotaram as principais reações adversas do tratamento tal como: boca seca, insônia e irritabilidade, foram a queixas dos tabagistas. Dentre os participantes foi identificado que 30% dos participantes relataram nenhum sintoma de abstinência e 28% informaram que tinha insônia. Em suma, os sintomas de abstinência são barreiras encontradas pelos pacientes pretensos a se absterem da nicotina. Dessa forma, o tratamento realizado foi fundamental para conclusão do tratamento da dependência química da nicotina.
Jesus et al. (2014)Perfil farmacoterapêutico de usuários de crack internados em hospital público de Santa Maria-RS.Pesquisa qualitativa, transversal, de caráter descritivoAnalisar, por meio de prontuários médicos, o perfil farmacológico dos pacientes dependentes de crack internados na ala psiquiátrica do Hospital Casa de Saúde de Santa Maria, RS.Neste estudo em análise de 20 prontuários de pacientes usuários de crack internados na enfermaria psiquiátrica do Hospital Casa de Saúde de Santa Maria. Foram introduzidos medicamentos para reduzir os sintomas de abstinência assim os tratamentos farmacológicos utilizados para tratar dependentes químicos incluem diferentes classes de medicamentos, como vitaminas, antianêmicos, antidepressivos, antipsicóticos, analgésicos, anti-inflamatórios, antivertiginosos, antiepilépticos, antibióticos e antiparkinsonianos. De acordo com medicamentos propostos para atenuar os sintomas evidenciou-se que a internação e o uso de medicamentos diminuem 100% os malefícios da abstinência da droga.
Santos (2017)Intervenções farmacêuticas na adesão ao tratamento farmacológico em usuários do centro de atenção psicossocial para álcool e outras drogasFoi realizado um estudo longitudinalAvaliar o efeito de intervenções farmacêuticas (IF) na adesão ao tratamento farmacológico em usuários do CAPSad, localizado na cidade de Lagarto- SE, utilizando a MMAS-8.Na pesquisa realizada com 30 dependentes químicos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPSad) na cidade de Lagarto-SE, foram apresentados os tratamentos farmacêuticos, com utilização de ações educativas como inserção de vídeos educativos, palestra, roda de conversa. Foram também apresentadas tabelas que ilustravam os horários de administração dos medicamentos para facilitar o entendimento da posologia. Foram também realizadas ações informar, orientar e educar os usuários, a família e os cuidadores sobre temas relacionados à saúde e ao uso racional de medicamentos. Ao final foram identificados que apenas 26,7% fizeram adesão Terapêutica, que motivo principal foi que ao longo do tratamento esqueceram de tomas os medicamentos.
Sodré et al. (2021)Potenciais interações medicamentosas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas em uma capital do Nordeste brasileiro.Trata-se um estudo transversal descritivo e retrospectivo com abordagem quantitativaAvaliar os potenciais interações medicamentosas em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e DrogasO estudo foi realizado com 60 prontuários de pacientes sob tratamento no CAPS-ad da cidade de São Luís, capital do Maranhão. Foram identificados 40% faziam uso de dois medicamentos e 31% faziam uso de três medicamentos. Verificou-se ainda 80% de potencial interação de gravidade moderada sendo a associação entre clonazepam e amitriptilina a mais frequente. Dessa forma, essa condição pode acarretar eventos adversos, como baixa ou não efetividade da farmacoterapia, alterações orgânicas, descontinuidade do tratamento, entre outros.
Silva e Lima (2017)Assistência Farmacêutica na Saúde Mental: um diagnóstico dos Centros de Atenção PsicossocialEstudo transversal, quantitativoDescrever as condições da AF nos CAPS na região denominada Médio Paraopeba no Estado de Minas Gerais.Em uma pesquisa realizada nas cidades de Betim (MG), Brumadinho (MG), Contagem (MG), Esmeraldas (MG), Ibirité (MG), Igarapé (MG) e São Joaquim de Bicas (MG) todos com a presença da CAPS, dentre a população entendidas com muitos dependentes químicos, foi identificado a relevância do farmacêutico na cadeia de assistência à saúde. Visto que a dispensação de medicamentos é uma essencial para informar e educar o usuário, fator importante para o sucesso do tratamento, além de poder identificar, reduzir ou até mesmo corrigir riscos associados à sua farmacoterapia.
Barbosa (2021)Tratamento farmacológico eficaz no uso e manuseio do antietanol para usuários de crackPesquisa exploratória e descritivaAnalisar a eficácia do tratamento a usuários de crack associados ao uso de antietanol.O advento do crack trouxe preocupações maiores por suas consequências impactantes para o indivíduo e toda a sociedade. A inserção do antietanol em 100% eficiente e pode beneficiar o tratamento de usuários de crack, porém verifica-se para tal confirmação, não somente seu uso em usuários de crack, mas para dependentes químicos de outras substâncias entorpecentes. Cabe ressaltar que para atender esses usuários, é necessário dispor de equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Boger et al. (2018).Medicamentos sujeitos a controle especial mais utilizados em centros de atenção psicossocial em uma cidade do Paraná.Pesquisa quantitativa e retrospectiva.Identificar os medicamentos, sujeitos a controle especial, mais utilizados na farmacoterapia emergencial em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Curitiba/PR no período compreendido entre 2013 a 2016.Na pesquisa desenvolvida em dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em Curitiba/PR entre 2013 a 2016, no CAPS III direcionada para a área de Álcool e outras Drogas (AD). Apresentou o maior número de medicamentos utilizados: Diazepam 5mg, Haloperidol Decanoato 50mg/ml injetável, perideno Lactato 5mg/mL injetável. O farmacêutico tem papel de referência para o apoio técnico-pedagógico às equipes para o uso racional dos medicamentos, evitando o uso inadequado de psicotrópicos no município, prestando um serviço de qualidade aos pacientes e contribuindo para a integralidade do cuidado.
Mendes e Horr (2014)Vivência nas ruas, dependência de drogas e projeto de vida: um relato de experiência no CAPS-adPesquisa exploratória e descritivaDescrever uma intervenção no CAPS ad Continente em Florianópolis e a construção do projeto terapêutico singular no processo de reabilitação psicossocial de um usuário morador de rua com dependência de álcool.No estudo realizado no CAPS da cidade de Florianópolis, para tratamento de dependente químicos são desenvolvidos atividades diárias, atendimento individual, atendimento em grupos, oficinas terapêuticas, atendimento aos familiares, reuniões semanais com as equipes de referência e os usuários, assembleia e visitas domiciliares. O CAPS atua para realizar o dependente químico a residir na Casa de Apoio Social, uma casa de passagem que serve como um dispositivo de alta complexidade da Secretaria de Assistência Social.
Ferreira et al. (2020)Perfil farmacoterapêutico em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad) do Nordeste brasileiroEstudo exploratório, descritivo, retrospectivoVerificar o perfil farmacoterapêutico dos pacientes acompanhados em CAPS-ad de uma capital do nordeste brasileiro.Verificou-se a prescrição de medicamentos psicotrópicos em preponderância como os benzodiazepínicos e antidepressivos, além de associação e a presença da polifarmácia, o que reforça a importância da inserção do farmacêutico no serviço. Desse modo, ressalta-se a importância do papel do farmacêutico junto à equipe de saúde visando promover o uso racional dos medicamentos bem como o controle das reações adversas e êxito na terapia medicamentosa.
Freitas et al. (2013)Atenção farmacêutica aos usuários do Centro de Atenção Psicossocial–CAPS VIEstudo de caso e levantamento epidemiológicoColetar dados para que no futuro estudantes do curso de farmácia possam desenvolver estratégias e intervenções farmacêuticas com relação à automedicação.Foi realizado um estudo com 1500 prontuários no CAPS da cidade de Quixadá, no Estado do Ceara. Onde foi aplicado um questionário para o levantamento epidemiológico dos pacientes, evidenciou que maioria são de classes mais pobre da sociedade e com baixo grau de escolaridade, os dependentes químicos representaram 9% dos resultados, que em suma maioria utilizavam dissulfiram comprimido 250 mg. Em suma, a atenção farmacêutica coopera com o paciente e outros profissionais na implementação e na monitorização de um plano farmacoterapêutico, visando a produzir resultados terapêuticos específicos para o paciente.
Kremer (2022)Perfil epidemiológico dos pacientes em tratamento em um centro de atenção psicossocial do município de Curitiba-PR.Estudo descritivo, retrospectivo de desenho transversalLevantar o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos nos CAPS do município de Curitiba, no Paraná,Em estudo realizado no CAPS do município de Curitiba, com 73 prontuários de usuários com a idade de 20 a 39 anos, dentre os quais, 57,53% eram do sexo feminino com predominância de 63% de usuários com a idade de 20 a 39 anos, sendo a 72,6% a maioria da raça branca. A escolaridade representa que 50,7% não tinham o ensino médio completo. Os dependentes químicos representam 43% dos prontuários pesquisados. O motivo da dependência química reveladas eram conflitos familiares 37%, e a presença de histórico de abuso (34,20%) foram os dados mais relevantes. A classe de medicamentos mais empregadas eram os Antipsicótico com 60,3% e medicamentos psiquiátricos mais utilizados foram a fluoxetina com 42,5%, clorpromazina 30%, diazepam 26%. No contexto de dependentes químicos, esses medicamentos podem ser prescritos para gerenciar sintomas associados à abstinência, ansiedade ou outros distúrbios psiquiátricos coexistentes.
Kampman et al. (2013)A double-blind, placebo-controlled trial of topiramate for the treatment of comorbid cocaine and alcohol dependence.O estudo foi duplo-cego, controlado por placeboTestar a capacidade do topiramato em promover a abstinência de cocaína e álcool entre pacientes viciados em ambas as drogas.O topiramato aumenta a atividade GABAérgica e antagoniza o subtipo AMPA/cainato dos receptores de glutamato. Através destes mecanismos de ação, o topiramato pode reduzir a recompensa pelo álcool e pela cocaína e pode reduzir o desejo pelo álcool e pela cocaína.
Lacerda et al. (2013)Topiramato no contexto da dependência de substâncias psicoativasPesquisa exploratória e descritivaBuscar informações sobre a dependência ao álcool bem como seu tratamento.O topiramato por possuir vários mecanismos de ação; como o bloqueio dos canais de sódio, potencialização da ação gabaérgica, redução da atividade excitatória glutamatérgica, inibição dos canais de alta voltagem e inibição da anidrase carbônica. Por esses vários mecanismos, o topiramato é indicado para vários transtornos psicoativos, dentre eles a dependência etílica.
Knevitz e Buccini (2018)Psicofármacos no tratamento da dependência químicaPesquisa exploratória e descritivaRevisar o modo de atuação dos psicofármacos no tratamento das dependências, além de verificar sua relação com as principais classes de substâncias de abuso.Dissulfiram consiste no primeiro medicamento aprovado pelo FDA para combater a dependência de álcool e está disponível há mais de 50 anos. Atua na inibição da enzima aldeído desidrogenase, convertendo o acetaldeído em acetato na quebra de álcool.
Kimishima, Olson e Janda (2018)Investigations into the efficacy of multi-component cocaine vaccinesEstudo experimentalExaminar a eficácia de uma vacina tricomponente contra cocaínaEm experimento laboratorial, foi conduzido um teste com uma vacina tricomponente, revelando que está e uma versão composta por componentes individuais análogos demonstraram capacidade semelhante de induzir a produção de anticorpos anticocaína altamente específicos em camundongos. Além disso, a vacina mostrou eficácia acima de 50% ao bloquear os efeitos estimulantes da cocaína em testes hiperlocomotores. Esses resultados promissores indicam um potencial significativo para o desenvolvimento de estratégias vacinais que visam atenuar os efeitos da cocaína, oferecendo perspectivas promissoras para abordagens terapêuticas na área da dependência química.

Principais tratamentos disponíveis para os usuários e dependentes

No estudo Ricarte et al. (2014), foi realizado um estudo com 105 participantes voluntários foi introduzido tratamento farmacológico com bupropiona e orientação acerca do medicamento prescrito. Dentre os participantes foi identificado que 30% dos participantes relataram nenhum sintoma de abstinência e 28% informaram que tinha insônia. Em suma, os sintomas de abstinência são barreiras encontradas pelos pacientes pretensos a se absterem da nicotina. Dessa forma, o tratamento realizado foi fundamental para conclusão do tratamento da dependência química da nicotina.

Para Jesus et al. (2014), no estudo com pacientes usuários de crack internados na enfermaria psiquiátrica do Hospital Casa de Saúde de Santa Maria. Os medicamentos para tratamentos, como vitaminas, antianêmicos, antidepressivos, antipsicóticos, analgésicos, anti-inflamatórios, antivertiginosos, antiepilépticos, antibióticos e antiparkinsonianos. O uso de medicamentos diminuiu em 100% os sintomas de abstinência os malefícios da abstinência da droga.

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e responsável pela recuperação psicossocial de usuários de drogas, conta com um farmacêutico em sua equipe multidisciplinar. Responsável pela gestão das atividades do Departamento de Farmácia e participação no envolvimento clínico diretamente relacionado com a medicação dos beneficiários em reabilitação (Mendes; Horr, 2014).

Conforme a pesquisa conduzida por Santos (2017) no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Lagarto-SE, o método terapêutico adotado envolveu o uso de vídeos educativos e palestras em rodas de diálogo de fácil compreensão. No entanto, os resultados revelaram que 26,7% dos dependentes químicos demonstraram uma baixa adesão à terapia, sendo que a principal razão apontada foi o esquecimento, conforme indicado pelas respostas dos pacientes. Esses dados destacam desafios na implementação do tratamento proposto, sugerindo a necessidade de estratégias adicionais para melhorar a participação efetiva dos indivíduos no processo terapêutico.

Este estudo de Sodré et al., (2021), a pesquisa validou numerosas interações medicamentosas entre usuários do CAPS, destacando riscos potenciais, como tratamento medicamentoso inadequado, alterações orgânicas e interrupção do tratamento. Esses resultados enfatizam a importância da gestão cuidadosa da farmacoterapia, visando prevenir eventos adversos e melhorar a eficácia do tratamento. A identificação dessas interações fornece subsídios valiosos para aprimorar protocolos de prescrição, promovendo uma abordagem mais segura e efetiva no contexto do Centro de Atenção Psicossocial.

Em experimento laboratorial realizado por Kimishima et al. (2018), foi conduzido um teste com uma vacina tricomponente, revelando que está e uma versão composta por componentes individuais análogos demonstraram capacidade semelhante de induzir a produção de anticorpos anticocaína altamente específicos em camundongos. Além disso, a vacina mostrou eficácia acima de 50% ao bloquear os efeitos estimulantes da cocaína em testes hiperlocomotores.

Principais medicamentos utilizados na reabilitação de dependentes químicos

Segundo a pesquisa de Barbosa (2021), a inclusão do Disulfiram (antietanol) demonstrou eficácia de 100% e apresenta potencial para beneficiar o tratamento não apenas de usuários de crack, mas também de dependentes químicos de outras substâncias entorpecentes. Para validar plenamente essa conclusão, é essencial realizar uma avaliação abrangente do seu uso em diferentes contextos de dependência.

Corroborando com afirmativa acima, Knevitz e Buccini (2018), o dissulfiram, uma droga que atua como inibidor da dopamina-β-hidroxilase, demonstra a capacidade de aumentar os níveis de dopamina. Esta característica confere ao dissulfiram eficácia no tratamento do alcoolismo, embora seu mecanismo de ação envolva a indução de reações adversas desagradáveis após o consumo de álcool. Essas reações, como náuseas e desconforto, criam uma aversão condicionada ao álcool, incentivando a abstinência.

No estudo conduzido por Kremer (2022) no CAPS de Curitiba, observou-se que 43% dos prontuários pesquisados pertenciam a dependentes químicos. Entre os medicamentos mais frequentemente prescritos, os antipsicóticos destacaram-se, representando 60,3% das prescrições, enquanto os medicamentos psiquiátricos mais utilizados foram a fluoxetina (42,5%), clorpromazina (30%) e diazepam (26%). Essa abordagem farmacológica sugere uma estratégia voltada para o gerenciamento de sintomas associados à abstinência e a distúrbios psiquiátricos coexistentes.

Segundo Lacerda et al. (2013), o topiramato é um medicamento antiepiléptico que inibe a excitabilidade da transmissão do glutamato. Acredita-se que esta propriedade possa reduzir a liberação de dopamina no Núcleo Accumbens Humano (ACC) em resposta ao consumo desordenado de álcool. Embora o topiramato não seja aprovado pela Federal Drug Administration (FDA) para tratar a dependência de álcool, os dados que comparam este anticonvulsivante ao placebo mostram redução do consumo de álcool e aumento da abstinência.

Na pesquisa de Kampman et al. (2013)., o autor explana que o topiramato é um medicamento promissor para a dependência de álcool. O topiramato apresenta diversos mecanismos de ação diferentes. Ao aumentar a atividade GABAérgica no núcleo accumbens, o topiramato pode reduzir a liberação de dopamina associada ao uso de cocaína ou álcool e reduzir os efeitos reforçadores da cocaína e do álcool. Além disso, o topiramato inibe a neurotransmissão do glutamato através de um bloqueio dos receptores AMPA/cainato. Isso pode reduzir o desejo por álcool e cocaína associado à exposição a estímulos condicionados.

Papel do farmacêutico na reabilitação

O desenvolvimento da assistência farmacêutica tem como premissa, primeiramente, o uso racional dos medicamentos para evitar quaisquer danos à saúde e ao bem-estar dos pacientes no contexto da dependência química. Ao delinear esses perfis de pacientes, estratégias e intervenções medicamentosas podem ser desenvolvidas para promover o uso racional de medicamentos, melhorar a adesão do paciente ao tratamento e melhorar a qualidade de vida. Traçar o perfil epidemiológico é importante para fornecer informações que subsidiem programas de pesquisa e atendimento farmacêutico com base nas características dos pacientes atendidos, independentemente de o serviço ser especializado ou não (Freitas et al. 2013).

É importante ressaltar a presença dos profissionais farmacêuticos nas farmácias públicas e privadas, seja na organização da movimentação de medicamentos, estoque, registros legais, aquisição, dispensação e atendimento ao paciente. O farmacêutico tem papel de referência no apoio técnico e didático à equipe para o uso racional de medicamentos, evitando o uso inadequado de medicamentos psicotrópicos no município, prestando serviços de qualidade aos pacientes e promovendo uma assistência integral (Boger et al., 2018).

Os farmacêuticos desempenham um papel importante na cadeia de cuidados de saúde. A dispensação é uma oportunidade de informar e educar os usuários, fator importante para o sucesso do tratamento, além de identificar, reduzir e até corrigir riscos associados à farmacoterapia. As práticas de cuidados diferenciados e intervenções farmacológicas para usuários dependentes químicos permanecem escassas nas farmácias de atenção primária e nos CAPS em todo o país (Silva et al., 2020).

O farmacêutico pode estar envolvido na administração e no monitoramento de medicamentos prescritos para ajudar no tratamento da dependência química. Isso pode incluir medicamentos para redução de danos, ou outros medicamentos que ajudam a reduzir os sintomas de abstinência e a diminuir o desejo por substâncias (Mendes et al., 2014).

Os farmacêuticos que atuam com dependentes químicos têm como papel promover a adesão do paciente ao tratamento, informar sobre os efeitos adversos, as interações medicamentosas e alimentares, a duração do tratamento e a dosagem dos medicamentos utilizados, bem como garantir o uso e a participação racional dos medicamentos e interagir com múltiplas disciplinas. A equipe (médicos, nutricionistas, enfermeiros, fisioterapeutas, etc.) analisa a evolução do estado do paciente e contribui para a sua recuperação e reintegração na família e na sociedade (Ferreira et al., 2020).

CONCLUSÃO

A pesquisa permitiu desenvolver uma analisar da importância do papel do farmacêutico na reabilitação dos dependentes químicos. Dessa forma, a finalidade dos medicamentos é prevenir ou reduzir os sintomas de abstinência. Portanto, desempenha um papel importante no tratamento de dependentes químicos.

A incorporação de intervenções farmacológicas realizadas é essencial para melhorar otimizar a adesão à medicação dos pacientes. Campanhas educativas e distribuição de materiais educativos para apoiar a correta manutenção do tratamento prescrito, aliadas ao envolvimento familiar, têm se mostrado meios altamente eficazes de mudar o comportamento dos usuários de drogas em relação à adesão ao medicamento e à redução de danos.

REFERENCIAS

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¹ Discentes do Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário Fametro

² Docente do Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário Fametro