PHYSICAL EXERCISE INTERVENTION IN PATIENT TREATMENT WITH PARKINSON’S DISEASE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8092700
Celismar Alves da Silva1
Francisco Navarro2
RESUMO
A Doença de Parkinson é uma patologia degenerativa das células cerebrais responsáveis pela coordenação do movimento. As atividades físicas e os esportes são orientados para melhorar a postura e o desenvolvimento físico. O artigo tem como objetivo mostrar se os exercícios físicos poderiam produzir aumentos de força no melhoramento funcional dos portadores da doença de Parkinson. Para a efetivação deste trabalho, optou-se por se fazer uma pesquisa descritiva e para isso, efetuou-se um referencial através de livros, artigos e rede eletrônica (Internet), com dados relativos ao assunto. A Doença de Parkinson é uma enfermidade degenerativa das células cerebrais produtoras da dopamina. A dopamina é responsável pela coordenação do movimento. A patologia acomete principalmente indivíduos idosos. As principais manifestações da doença são os tremores, a lentidão dos movimentos, o desequilíbrio, alterações na fala e na escrita, quedas frequentes, marcha irregular e coordenação motora prejudicada. É preciso questionar se as atividades voltadas para essa população preocupam-se com o bem estar geral desse indivíduo considerando necessidades particulares; físicas e emocionais, ou limitam-se apenas à diminuição de tremores, melhor desempenho da caminhada e equilíbrio e das atividades da vida diária, dentre outros. Nenhum artigo indica a prática de atividades físicas a partir de uma proposta sistematizada e específica ou não para pessoas com Parkinson, dentro do contexto da Educação Física. Há somente sugestões de educadores físicos para tal modalidade.
Palavras-chave: Doença de Parkinson; Atividade física; Educador físico; Qualidade de vida.
ABSTRACT
Parkinson’s disease is a degenerative disorder of the brain cells responsible for the coordination of movement. Physical activities and sports are oriented to improve posture and physical development. The article aims to show that the exercise could produce strength gains in functional improvement of patients with Parkinson’s disease. For the realization of this work, we decided to do a descriptive and for this, we performed a benchmark through books, articles and electronic network (Internet), with data on the subject. Parkinson’s disease is a degenerative disorder of the dopamine producing brain cells. Dopamine is responsible for the coordination of movement. The disease mainly affects older individuals. The main manifestations of the disease are tremors, slowness of movements, imbalance, changes in speech and writing, frequent falls, irregular gait and impaired motor coordination. One must question whether the activities for this population are concerned with the general welfare of that individual considering particular needs; physical and emotional, or limited only to decrease tremors, better performance of walking and balance and activities of daily living, among others. No article indicates the practice of physical activities from a systematic proposal and specifies whether or not for people with Parkinson’s, within the context of Physical Education. There are only suggestions of physical educators for this modality.
Keywords: Parkinson’s disease; Physical activity; Physical educator; Quality of life.
INTRODUÇÃO
A Doença de Parkinson é uma patologia degenerativa das células cerebrais responsáveis pela coordenação do movimento. Quando se fala em doença de Parkinson vem à mente pessoas com dificuldades motoras, tremores, mas isso é apenas uma pequena visão do que acontece realmente.
Apesar de saber que os exercícios físicos conservam a atividade muscular e flexibilidade articular, pouco é sabido e publicado sobre a doença de Parkinson, uma vez que as atividades existentes atualmente para o Parkinson se limitam apenas a área da fisioterapia e a terapia ocupacional.
As atividades físicas e os esportes são orientados para melhorar a postura e o desenvolvimento físico, sendo atualmente a Educação Física uma parte importante do programa de educação geral, mesmo que ainda pouco explorada na área estudada especificamente.
Devido à raridade de trabalhos publicados relacionando a atividade física e a Doença de Parkinson, o objetivo da nossa pesquisa é realizar uma revisão de literatura que aborda esse assunto.
O objetivo desse estudo foi de mostrar se o protocolo de exercícios físicos poderia produzir aumentos de força no melhoramento funcional dos portadores da doença de Parkinson.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a efetivação deste trabalho, optou-se por se fazer uma pesquisa descritiva, visando descrever percepções, expectativas e sugestões de estudos e pesquisas acerca da educação física aplicada ao portador de Doença de Parkinson.
Quanto aos meios, efetuou-se um levantamento bibliográfico através de livros, artigos, fascículos, teses, dissertações e rede eletrônica (Internet), com dados relativos ao assunto.
Para realização dos objetivos propostos para o estudo, utilizou-se o método de pesquisa, objetivando reunir informações mais consistentes no tocante, a saber, até que ponto havia o conhecimento adequado sobre a atividade física como meio de tratamento para o parkinsoniano. Os dados levantados foram analisados e interpretados de acordo com a literatura pesquisada. Sempre que possível, o processo de interpretação se deu ancorado na literatura.
Para análise desses dados realizou-se a revisão de literatura, utilizando para a pesquisa diferentes palavras chave, buscando através de sites sobre o tema, revistas e artigos.
Foi encontrado um número significativo de referências que se relacionam à combinação das palavras chaves “Parkinson” e “atividade física”, porém essas publicações descrevem a atividade física a partir de testes com estímulos elétricos, sensoriais, movimentos flutuantes, eficácia de medicamentos na qualidade de vida e atividades diárias, efeitos motores, onde o profissional qualificado seria o fisioterapeuta. Nenhum artigo indica a prática de atividades físicas a partir de uma proposta sistematizada e específica ou não para pessoas com Parkinson, dentro do contexto da Educação Física. Há sugestões de educadores físicos para tal modalidade
RESULTADOS
AUTOR | AMOSTRA | PERÍODO | MÉTODO, INTENSIDADE E VOLUME | RESULTADOS |
Braga et al | 1 | 26 sessões, 1 hora e 30 minutos, 2 vezes por semana | Caminhada Trabalho resistido Alongamentos | Melhora no fortalecimento muscular |
Paula et al | 17 | 12 semanas, 3 vezes por dia | Força muscular Desempenho funcional Velocidade da marcha | Melhora no desempenho funcional |
Soares e Peyré-Tartaruga | 1 | 26 sessões , 1hora e 30 minutos por dia | Exercícios aeróbico Fortalecimento muscular alongamentos | Melhora na força muscularAmplitude de movimentos dos membros superiores |
Christofoletti et al | 23 | 1 vez por semana por 6 meses | Exercícios estimuladores de força, equilíbrio e coordenação motora | Benefícios consideráveis |
DISCUSSÃO
A Doença de Parkinson é uma enfermidade degenerativa das células cerebrais produtoras da dopamina. A dopamina é responsável pela coordenação do movimento. A patologia acomete principalmente indivíduos idosos. Geralmente, inicia-se aproximadamente aos 60 anos de idade, mas atinge também indivíduos antes dos 40 anos. Os doentes com essa idade são denominados parkinsonianos de início precoce. A doença pode acometer ambos os sexos e em diferentes raças, mas há estudos que indicam que os homens são acometidos duas vezes mais que as mulheres. (OXTOBY & WILLIANS 2000; PIEMONTE, 2003).
Segundo Christofoletti (2009) a doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa muito prevalente no mundo. “A condição debilitante e progressiva é preocupante devido à perda motora.”
De acordo com Soares e Peyré-Tartaruga (2010) portadores de Doença de Parkinson devem ser encorajadas a manterem-se ativas, principalmente para desempenhar atividades aeróbicas para buscar a segurança na capacidade de realizar algumas tarefas.
As principais manifestações da doença são os tremores, a lentidão dos movimentos, o desequilíbrio, alterações na fala e na escrita, quedas frequentes, marcha irregular e coordenação motora prejudicada.
Esses aspectos mostram que a Doença de Parkinson, não causa apenas prejuízos ligados à saúde física, mas os comprometidos podem também avançam ao nível emocional. É preciso questionar se as atividades voltadas para essa população preocupam-se com o bem estar geral desse indivíduo considerando necessidades particulares; físicas e emocionais, ou limitam-se apenas à diminuição de tremores, melhor desempenho da caminhada e equilíbrio e das atividades da vida diária, dentre outros.
Acredita-se, que uns melhores desempenhos desses fatores citados mostram-se positivos para uma melhor qualidade de vida de indivíduos parkinsonianos.
Através da revisão bibliográfica, os exercícios e atividades físicas aplicados aos parkinsonianos, são trabalhos que não se relacionam diretamente com a proposta de atividade física que estava sendo procurada, ou seja, atividades vinculadas ao compromisso do profissional de Educação Física.
É importante que se estabeleça uma diferença entre a atividade física proposta e a atividade física encontrada na pesquisa bibliográfica. Porém, Bouchard e Shepard (1993) definem a atividade física como sendo todo e qualquer movimento do corpo realizado por grupos musculares causando gasto energético. Foi encontrado inúmeras atividades físicas para doentes de Parkinson, no entanto, estas estão inseridas no processo de reabilitação. Essa atividade aplicada no contexto da reabilitação, visando a melhora da postura, aumento da flexibilidade, força e resistência da pessoa com Doença de Parkinson, apontada por Teive (2000), é de responsabilidade fisioterápica.
É preciso contextualizar essas atividades físicas para doentes de Parkinson, dentro do âmbito da Educação Física. Educadores físicos acreditam que essas atividades podem e precisam ser desenvolvidas por profissionais inseridos nessa área de formação, pois estes possuem pré-requisitos para o desenvolvimento de trabalhos com essa população, pois trazem no currículo disciplinas de anatomia, fisiologia, psicologia, filosofia e atividade física adaptada.
O educador físico tem a interdisciplinaridade na sua formação e isso lhe dá amparo para a realização de um trabalho corporal mais globalizado, considerando o ser humano, mais que um simples doente de Parkinson, mas um ser físico, social e emocional, sendo preciso abranger esses aspectos em detrimento da melhora desse paciente, onde a educação física pode ser encontradas em diversos programas de atividades e reabilitação, podendo assim tornar o dia a dia do parkinsoniano mais prazeroso e com melhor qualidade de vida.
De acordo com Braga et al (2014) a doença de Parkinson (DP), descrita por James Parkinson em 1817, é descrita como uma patologia degenerativa primária, que se localiza na substância negra compacta, onde é sintetizada a dopamina; de evolução crônica e progressiva é composta por vários sinais e sintomas relacionados a desordens motoras. E para Stokes (2000), pode ser secundária a outras doenças neurológicas, como a encefalite letárgica ou doença de Alzheimer, recebendo assim o nome de Síndrome de Parkinson.
Para O’Sullivan e Shimitiz (1993) é uma patologia relacionada à degeneração dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina, que tem suas células na substância negra. À medida que a doença progride e os neurônios se degeneram, eles desenvolvem corpos citoplasmáticos inclusos. (O ́SULLIVAN; SHIMITZ, 1993).
E Teixeira e Cardoso (2004) mostram que a prevalência da Doença de Parkinson é estimada em cem a duzentos casos para cada cem mil pessoas. É estimado uma incidência de 1 para 400 para a população como um todo e 1 para 200 para a população a partir de 40 anos de idade. No Brasil, estudos mostram que 3,4 % da população acima de 64 anos de idade têm a Doença de Parkinson (AZEVEDO; CARDOSO, 2009).
Segundo Lodovici (2006) geralmente é mais frequente acima dos 60, embora uma pequena porcentagem possa ser acometida pela doença na faixa dos 40, e até 30 anos. E conforme De Rijk, (1997, apud NAKABAYASHI, 2008) pode ser considerada a segunda doença neurodegenerativa senil mais comum, acometendo cerca de 1% a 2 % da população acima de 65 anos. O sexo masculino apresenta incidência maior da doença do que as mulheres (O´SULLIVAN; SHIMITZ, 1993).
De etiologia desconhecida, entretanto, considera-se como fator etiológico mais importante, a combinação de predisposição genética combinada à presença de fatores ambientais (SANFELICE, 2004).
Tem como característica três sinais clássicos: rigidez, bradicinesia e tremor. O aparecimento destes sinais tem como causa a deficiência da dopamina que desempenha importante papel no funcionamento dos núcleos da base (O´SULLIVAN; SHIMITZ, 1993).
E Stokes (2000) explica que em situação normal, o equilíbrio dos eventos inibitórios e excitatórios nos núcleos da base e no córtex motor permitem a manutenção da postura e do movimento normal, porém, quando este equilíbrio é prejudicado, aparecem sinais e sintomas de rigidez, alterações posturais e bradicinesia, o que podem ser observados no portador de Parkinson.
Para Lodovici (2006) Portadores de Parkinson têm suas atividades básicas alteradas. As atividades antes realizadas com rapidez e desembaraço, passam a ser realizadas lentamente e com muito esforço, levando mais tempo para desempenhar as atividades diárias como higiene, vestuário, alimentação e precisam aprender novos meios para realizá-las. Mesmo com a maioria dos sintomas sendo de ordem motora, manifestações de ordem não motora também podem acontecer, como o comprometimento da memória, depressão, distúrbios do sono e alterações no sistema nervoso autônomo.
Normalmente, a doença inicia-se com o tremor em repouso ou escrita diminuída (micrografia). Com o passar do tempo, a rigidez e a bradicinesia são notadas e começam a ocorrer alterações posturais.
O tremor é caracterizado como sendo de repouso, e costuma envolver inicialmente as mãos, podendo atingir também lábios, membros inferiores, porém raramente acomete pescoço, cabeça ou voz (SAMII; 2004 apud SILVA, FAGANELLO, 2011). Esse tremor pode aumentar durante a marcha, no esforço mental e em situações de tensão emocional, e desaparecer durante o sono. O tremor pode ser uni ou bilateral, normalmente acomete primeiro uma mão e com a progressão da doença pode tornar-se bilateral, com regularidade, com movimentos alternados de flexo-extensão dos dedos, adução e abdução do polegar, produzindo um gesto como se estivesse “contando moedas” (CARVALHO, 2000; MOREIRA; TOSO NETO, 2007; CAMBIER; MASSON; DEHEN, 1999).
A rigidez muscular surge do aumento da resistência que os músculos oferecem ao movimento passivo. (LODOVICI, 2006; SHIMITZ, 1993). Essa rigidez pode ter distribuição desigual, iniciando em um membro ou em um dos lados e eventualmente disseminando-se até envolver todo o corpo (O´SULLIVAN; SHIMITZ, 1993).
A bradicinesia, outro sintoma, é a diminuição e lentidão dos movimentos, pois estes são afetados, como o início, alteração de direção, interrupção e início de um movimento, assim como também mudanças na velocidade, equilíbrio, marcha e expressão facial estão presentes no parkinsoniano. Os estudos mostram que as unidades motoras retardam e, caracteriza-se por pausa e incapacidade de aumentar a velocidade de disparo. (LODOVICI, 2006; O´SULLIVAN; SHIMITZ, 2004).
A deglutição, fala e tosse também são afetados. A incapacidade de deglutir automaticamente a saliva faz com que o paciente apresente sialorréia involuntariamente; alterações na fala e na voz também podem ocorrer, apresentando como distúrbios vocais mais comuns a rouquidão e a soprosidade, com evidente redução de intensidade, imprecisão articulatória e gama tonal reduzida. Complicações respiratórias podem ocorrer com frequência, devido à ineficiência da tosse (SANFELICE, p.11, 2004).
De acordo com Stokes (2000) ocorrem as complicações respiratórias devido a postura adotada na DP, onde a postura em flexão relacionada com a rigidez da musculatura intercostal diminui a mobilidade da caixa torácica e causa a redução da expansão pulmonar na inspiração e depressão torácica na expiração, levando a limitação progressiva da ventilação.
Já MENESES e TEIVE (1996) explicam que com a progressão da doença os pacientes assumem uma postura característica, com a cabeça e o tronco curvados e com muita dificuldade para ajustar a postura quando se inclinam ou quando se deslocam. A postura fica instável por causa da perda de reflexos posturais. Esta instabilidade pode se manifestar apenas durante as mudanças bruscas de direção, marcha e com o tempo pode se agravar e causar quedas frequentes (CARVALHO, 2000). A alteração da postura diminui a capacidade de equilibrar, principalmente quando o portador for submetido a situações de estresse, fadiga ou pressa, deixando-o com desequilíbrio (NAVARRO; ARAGÃO, 2006).
Estudos mostram que quanto à prevalência, existem cerca de 180 a 250 portadores por 100.000 habitantes. No que se refere à incidência, ou seja, casos novos de uma doença dentro de um período há uma estimativa de 100 a 200 casos por cada 100.000 habitantes. Com o aumento da idade acomete cerca de 1ª 3% da população acima dos 60 anos.
A doença de Parkinson está presente em todas as regiões do mundo, acomete homens e de todas as raças e classes socioeconômicas. Os sintomas aparecem após os 50 anos, com média também aos 50 anos. Há casos que se iniciam os sintomas antes dos 40 anos e são chamados de doença de Parkinson de início precoce.
Segundo Kwolek (2000) e Sanches (2003) o tratamento dos pacientes portadores de Parkinson deve ter início prévio, complexo e contínuo. É um tratamento individualizado, pois cada paciente tem um conjunto peculiar de sinais e sintomas, resposta a medicações e uma série de necessidades individuais que
A necessidade de apoio ao portador dessa doença se torna importante, relevando o papel da família e suas responsabilidades quanto ao cuidado. Por causa da inexistência de cura da doença, a qualidade de vida pode se tornar a prioridade dos pacientes, pois o fundamental é sentir-se bem. A família deve ser a responsável pela saúde de seus membros, precisando por isso ser ouvida e estimulada a participar de todo o processo de cuidar. Isto é importante, porque muitas vezes elas relatam necessidades e expectativas que não recebem suporte dos profissionais da saúde, que focam apenas o doente e esquecem-se da família. No entanto, perante às dificuldades vivenciadas e em contato com uma doença crônica em seu meio, a família pode ou não se manter unida, tornar ou não, os laços afetivos fortificados entre eles e desenvolver ou não algumas prioridades em suas vidas. O envolvimento do paciente e seus familiares ao método terapêutico é de suma importância para um tratamento bem sucedido (SANFELICE, 2004; PETERNELLA; MARCON, 2009).
De acordo com Azevedo et al ( 2006) os benefícios da prática de atividade física regular e orientação adequada contribuem para uma melhor qualidade de vida. No paciente com Parkinson os exercícios têm relevância adicional, pois visam os aspectos motores, psicológicos e sociais.
A atividade física não leva ao desaparecimento da doença, mas pode retardar sua progressão, essencialmente no que se refere à rigidez muscular e lentidão dos movimentos, além de melhorar a sensação de bem estar e o estado funcional do portador de Parkinson (Hauser & Zesiewicz, 2001; Shepard, 1998; Kuroda et al., 1992, Shankar, 2002).
Segundo Comella et al (2004) estudos mostram que a prática de atividades físicas proporcionam benefícios a indivíduos com Parkinson,mas essa prática precisa ser regular, uma vez que seus benefícios podem desaparecer após um período de interrupção dessas atividades.
Smith (2003); Sasco et al (1992), lembram que a atividade física tem efeito neuroprotetor sobre o cérebro e auxilia na proteção de várias doenças neurodegenerativas. Os exercícios podem diminuir a vulnerabilidade da dopamina aos agentes agressores, uma vez que a plasticidade do cérebro e seu poder regenerador podem ser melhorados com a atividade física ( SHANKAR, 2002).
E de acordo com Paula et al ( 2011) o uso combinado de condicionamento aeróbico e fortalecimento muscular resulta em melhoras nas medidas de desempenho funcional e de capacidade física dos indivíduos com parkinsonismo.
Para Piemonte (2002) é comum o doente apresentar diferentes graus de dificuldades para deambular. Mesmo no início da doença alguns indivíduos podem apresentar o compasso e tamanho dos passos diminuídos, mesmo que a força, flexibilidade, postura e equilíbrio ainda não foram prejudicadas. Isto ocorre porque os núcleos de base responsáveis pelo andar, estão afetados.
Miyai (2000) relata que elaborou um treino de caminhada durante 4 semanas com suporte de 20% do peso corporal em indivíduos com doença de Parkinson. Obteve melhora nas atividades de vida diária, marcha e na parte motora, conseguindo resultados superiores daqueles obtidos apenas com o manejo da fisioterapia de forma isolada.
Caminhar diariamente e aumentar a distância percorrida de forma gradual é um excelente exercício. Prestar atenção enquanto caminha é uma regra a ser sempre lembrada. Caso contrário, é muito provável que ocorram duas alterações da marcha, conhecidas como festinação e congelamento.
O paciente pode começar a caminhar normalmente, mas após alguns passos, pode ser que estes se tornem pequenos, e o corpo tenderá a cair para a frente. Sem perceber, começa-se a caminhar mais rapidamente. É a festinação. O paciente pode sentir os pés presos no chão, sem conseguir reiniciar a marcha, é o congelamento.
Durante a marcha, o paciente pode sentir alguma dessas alterações e assim, o orientador físico pode seguir as seguintes instruções: colocar os pés firmemente no chão, corrigir a postura, deixando-a mais ereta possível, com os pés separados.
Para mudar a direção da marcha, nunca rode sobre um dos pés ou cruze as pernas, pois poderá perder o equilíbrio.
Piemonte (2002) indica que a prática da caminhada terá maior resultado se a mesma for realizada em ambiente tranquilo onde o paciente mantenha atenção sobre os passos garantindo seu equilíbrio.
Para Oxtoby e Williams (2000), a caminhada é uma ótima forma de exercício, assim como um meio de manter a independência e conservar sob controle os interesses e atividades do portador da doença de Parkinson.
Para a realização de uma caminhada mais segura e prazerosa para indivíduos é preciso:
Ao andar ou ficar de pé, os pés devem ser mantidos separados aproximadamente 25 cm e não deve se cruzar; os pés devem elevar-se de maneira exagerada para desencorajar o arrastar de pé; os dedos devem varrer o chão para se evitar tropeços; a oscilação dos membros superiores deve ser exagerada; o paciente deve olhar para frente e não para o chão; os passos devem tender a ser mais longos; ao se virar, o paciente deve planejar fazer um grande arco, sem cruzar os pés; quando o paciente perceber que o andar está rápido, deve-se prontamente parar em pé, voltando ao ritmo inicial; a marcha pode ser reassumida com passos altos e longos ( AZEVEDO et al, 2006).
Segundo Okamoto (1990), a segurança na deambulação independente depende da postura, equilíbrio e movimentos coordenados do paciente ao iniciar e parar a atividade de caminhada.
Já para Scandalis et al ( 2001); Gallahue ( 2003) a diminuição da força muscular acontece de forma efetiva no parkinsoniano. A fraqueza acometida pela doença leva os indivíduos à insegurança, à realização das atividades estritamente necessárias, levando a uma maior atrofia muscular e consequente diminuição da força. Mas o ganho de força muscular poderá vir através de um programa adequado de treinamento para os membros inferiores, o que efetivará o condicionamento e manutenção do equilíbrio diminuindo quedas que, agravadas pela perda de equilíbrio, são frequentes nos parkinsonianos.
Shankar (2002), em um estudo de 12 semanas formado por treinamento de caratê, que envolvia a parte superior do corpo junto com um programa de exercícios desenvolvido pelo United Parkinson Foundation, com dois grupos de parkinsonianos, conseguiu detectar benefícios na melhora da marcha, tremor e coordenação motora.
De acordo com Hauser & Zesiewicz (2001), exercícios de mobilidade, alongamentos e fortalecimento, ajudam imensamente para os parkinsonianos, uma vez que contribuem para manter a capacidade de caminhar, aumenta a flexibilidade, previne a postura encurvada e mantém a mobilidade e a função mesmo com o aumento da bradicinesia e rigidez.
E HAUSER, (2000); NOBREGA et al., (1999) exercícios de alongamento visam maior flexibilidade e devem fazer parte de uma proposta de atividades físicas para indivíduos parkinsonianos, pois ajudam a diminuir a rigidez muscular desses indivíduos, auxilia na melhora da postura encurvada comum no portador de Doença de Parkinson.
Ogloian (2001) explica que a doença de Parkinson (DP) afeta o sistema nervoso central e se manifesta, geralmente, por anomalias na conduta muscular. Tem como sintomas primários tremor dos dedos ou em outros músculos dos membros inferiores quando em repouso, rigidez na postura, bradicinesia, reflexos posturais prejudicados e distúrbios de marcha associados.
O treinamento resistido faz parte de um programa de exercícios indicado para aumentar a força muscular e a capacidade funcional de adultos idosos e indivíduos que apresentam o mesmo quadro resultante de doença ou de incapacidade como artrite. A perda de força e de massa muscular é uma forma de degradação fisiológica, apesar da efetividade da farmacologia. É uma técnica que pode também ser mantida facilmente pelo paciente e pode ser eficiente com a manutenção dos exercícios.
A marcha Parkinsoniana, uma característica da doença, apresenta diminuição dos passos largos, moderada diminuição do compasso e acima de tudo, da velocidade de movimento, assim como os distúrbios associados na amplitude do movimento. É geralmente aceito que o treinamento de força melhora a marcha, embora poucas medidas quantitativas tenham sido encontradas para mostrar que o treino de força melhora a marcha em pacientes portadores de Doença de Parkinson.
O treinamento resistido promove um pequeno, mas consistente aumento no ângulo postural da cabeça relativo ao chão, durante a marcha dos parkinsonianos.
O treinamento resistido pode melhorar a qualidade de vida em pacientes parkinsonianos, pois melhora o equilíbrio, ajuda na locomoção, fortalece os músculos específicos do treinamento, melhora ainda o estado emocional dos pacientes e sua auto-estima, pois dá uma sensação de segurança, por conseguir diminuir sua dependência funcional.
Os parkinsonianos podem praticar qualquer esporte, no entanto, é mais seguro escolher aquele adequado para a sua condição. Os jogos precisam ser praticados de acordo com a condição física e o grau de comprometimento motor.
Segundo Oxtoby & Williams (2000), “indivíduos com Parkinson que já praticam algum tipo de esporte, de maneira alguma precisam parar por causa da Doença”. Todo exercício praticado com moderação, que traga prazer ao praticante, traz benefícios.
É importante ao indicar exercícios ao parkinsoniano, avaliar o nível da doença, verificar a condição motora já afetada e introduzir atividades que possam se adequar a esse nível.
De acordo com Hauser & Zesiewicz (2001), para que as atividades possam alcançar resultados é preciso introduzir atividades físicas que o paciente goste de praticar, para que haja aceitação e continuidade nos programas de exercícios garantido assim os benefícios vinculados a esta prática.
A terapia física e esportiva, em especial as atividades de resistência, entre indivíduos com Doença de Parkinson, proporciona melhoras significativas no humor.
Goetz et al. (1993); Szekely et al. (1982), relatam que a redução da ansiedade e do sentimento de isolamento parkinsonianos estão dentro dos grupos que realizam atividades físicas e esportivas.
CONCLUSÃO
Não foram encontradas pesquisas significativas na área da Educação Física que abordam pessoas com Doença de Parkinson.
Diante do que foi visto, um programa de atividade física com esta perspectiva, além do ganho funcional, pode fragmentar as experiências corporais do indivíduo, enfatizados na prática do professor de Educação Física.
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1Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Estácio de Sá – Fisiologia do Exercício: Prescrição do Exercício. Celismar_alves@hotmail.com
2Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício. E-mail: ac-navarro@uol.com.br