INTERNAÇÃO HOSPITALAR POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NO ESTADO DA PARAÍBA

HOSPITALIZATION DUE TO STROKE IN THE STATE OF PARAÍBA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505221808


José Antônio de Oliveira Segundo
Felipe Longo Correia Araújo
Ana Mayara Pereira Vilar Trigueiro
Wagner Irineu Medeiros de Souza
Rayne Borges Torres Sette
Orientador: Prof. Me. Célio Diniz Machado Neto


Resumo

Esse estudo teve como objetivo avaliar as internações hospitalares por acidente vascular cerebral no estado da Paraíba entre 2021 e 2023. Baseou-se em uma abordagem descritiva, com análise de dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-MS), disponibilizados em domínio público. A pesquisa buscou compreender os padrões dessas internações ao longo do tempo, destacando aspectos como faixa etária, sexo, residência e as causas de hospitalização, classificadas segundo a CID-10, abrangendo o código I64. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem apresentado um aumento de incidência entre adultos, o que tem despertado maior atenção da comunidade científica e dos gestores em saúde pública. Essa mudança no perfil epidemiológico amplia significativamente o impacto social da doença, pois compromete indivíduos em idade produtiva, gerando consequências econômicas e familiares. Em idosos, o AVC permanece como uma das principais causas de mortalidade e incapacidade, exigindo cuidados prolongados e elevando os custos com reabilitação. Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem temporal e espacial, baseada em dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Os indicadores foram selecionados conforme a disponibilidade dos dados e sua relevância para a análise em saúde pública, utilizando-se os programas Tabwin® e Excel® para a tabulação e organização dos dados. No período analisado, foram registradas 10.348 internações por AVC na Paraíba, sendo a maioria em indivíduos do sexo masculino (5.278) em comparação ao sexo feminino (5.070). A faixa etária mais acometida foi a de 80 anos ou mais, com média de permanência hospitalar de 7,2 dias para ambos os sexos. Contudo, observou-se maior tempo de internação entre meninos de 1 a 4 anos (19,3 dias) e meninas com menos de 1 ano (18,6 dias). Os maiores custos com internações concentraram-se entre os pacientes com 80 anos ou mais, totalizando R$ 4.338.908,14. Conclui-se que o AVC afeta majoritariamente indivíduos com mais de 60 anos, com maior incidência entre homens, e que os custos hospitalares se elevam com o avanço da idade.

Palavras-chave: Internação. AVC. Epidemiologia.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate hospital admissions due to stroke in the state of Paraíba between 2021 and 2023. It was based on a descriptive approach, with analysis of secondary data obtained from the Hospital Information System (SIH-MS), available in the public domain. The research sought to understand the patterns of these hospitalizations over time, highlighting aspects such as age group, gender, residence and causes of hospitalization, classified according to the ICD-10, covering code I64. Stroke has shown an increase in incidence among adults, which has attracted greater attention from the scientific community and public health managers. This change in the epidemiological profile significantly amplifies the social impact of the disease, as it compromises individuals of working age, generating economic and family consequences. In the elderly, stroke remains one of the main causes of mortality and disability, requiring long-term care and raising rehabilitation costs. This study is a descriptive research, with a temporal and spatial approach, based on data from the Hospital Information System of the SUS (SIH/SUS). The indicators were selected according to the availability of the data and their relevance for public health analysis, using the Tabwin® and Excel® programs for tabulation and organization of the data. In the period analyzed, 10,348 hospitalizations for stroke were recorded in Paraíba, most of them in males (5,278) compared to females (5,070). The most affected age group was 80 years or older, with a mean hospital stay of 7.2 days for both sexes. However, a longer hospital stay was observed among boys aged 1 to 4 years (19.3 days) and girls under 1 year old (18.6 days). The highest costs with hospitalizations were concentrated among patients aged 80 years or older, totaling R$ 4,338,908.14. It is concluded that stroke affects mostly individuals over 60 years of age, with a higher incidence among men, and that hospital costs increase with advancing age. These findings highlight the need to strengthen public policies aimed at preventing stroke and promoting healthy aging.

Keywords: Hospitalization. Stroke. Epidemiology.

1. INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de óbito e incapacidade, impactando a saúde pública devido à alta prevalência e aos custos financeiros associados ao tratamento e à reabilitação dos pacientes acometidos (Gagliardi, 2009). Conhecida por sua natureza silenciosa e repentina, a doença frequentemente leva a sequelas significativas que prejudicam a qualidade de vida dos sobreviventes, gerando déficits motores, sensoriais e cognitivos de variados graus. 

Segundo o Conselho Federal de Medicina (2016), o AVC pode manifestar-se através de sintomas como hemiplegia, hemiparesia, afasias e perda parcial do campo visual, dependendo da área cerebral afetada. A gravidade e a imprevisibilidade do AVC fazem com que ele seja não apenas uma questão médica, mas também social e econômica, devido ao impacto na vida produtiva dos indivíduos e ao aumento da demanda por cuidados permanentes (Organização mundial da saúde, 2006).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o AVC como uma interrupção neurológica súbita e de origem vascular, cujos sintomas persistem além de 24 horas ou levam à morte (World Health Organization, 2006). Estima-se que aproximadamente 80% dos casos de AVC sejam isquêmicos, ocorrendo pela obstrução de vasos sanguíneos devido à presença de coágulos ou placas ateroscleróticas, o que provoca redução no fluxo de oxigênio para áreas específicas do cérebro, resultando em danos cerebrais potencialmente irreversíveis. 

O AVC hemorrágico, que representa os outros 20% dos casos, ocorre quando há ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, geralmente associada a picos de pressão arterial elevada, o que causa vazamento de sangue e compromete o funcionamento normal do tecido cerebral (Carvalho et al., 2015).

Os fatores de risco para o AVC são amplamente conhecidos e incluem a idade avançada, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, tabagismo, além de condições como a fibrilação atrial, que elevam o risco de trombose e embolia cerebral. Diante dessa variedade de fatores, torna-se evidente a importância de intervenções tanto preventivas quanto reabilitadoras para mitigar os impactos do AVC (Conselho Federal de Medicina, 2016; Massaro; Lip, 2016; Pimentel; Santos Filha, 2019).

A análise das internações hospitalares por acidente vascular cerebral é fundamental para compreender a epidemiologia da doença, identificar fatores de risco e desenvolver políticas públicas de saúde voltadas à prevenção e manejo (Rouquayrol & Almeida Filho, 2021). O AVC, além de ser uma das principais causas de hospitalização, também contribui para altas taxas de incapacidade, representando um desafio significativo para a reabilitação e reintegração social dos pacientes (Donkor, 2018). 

O AVC é uma das condições que mais geram hospitalizações e custos no sistema de saúde, exigindo cuidados multidisciplinares e integração entre prevenção, tratamento agudo e reabilitação (Liu et al.,2011).

A alta prevalência de internações por AVC está diretamente ligada a fatores de risco modificáveis, como tabagismo, sedentarismo e má alimentação, destacando a importância de políticas de prevenção primária (Benjamin et al., 2019). As internações hospitalares por AVC representam uma janela crítica para intervenções médicas, sendo que o tratamento adequado durante a hospitalização pode reduzir substancialmente as sequelas e os custos associados à doença (Adams et al., 2007)

A fisioterapia desempenha um papel essencial na reabilitação dos pacientes pós-AVC, visando a recuperação funcional e o aumento da independência nas atividades de vida diária (AVDs). Os fisioterapeutas são responsáveis por planejar e aplicar intervenções específicas que considerem as limitações e potencialidades individuais de cada paciente, utilizando técnicas que favoreçam a neuroplasticidade e promovam a reeducação dos movimentos comprometidos. 

Entre os recursos terapêuticos disponíveis estão os exercícios de fortalecimento muscular, a reabilitação da marcha e a eletroestimulação, que facilitam a recuperação de funções motoras, como a mobilidade e o equilíbrio, além de trabalharem aspectos sensoriais e proprioceptivos dos pacientes (Francisco, 2016; Teixeira, 2008; Conforto & Ferreira, 2009).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma síndrome clínica caracterizada por um déficit neurológico súbito, causado por uma interrupção do fluxo sanguíneo cerebral, podendo ocorrer de forma isquêmica ou hemorrágica (Kumar; Abbas; Fausto, 2019). O AVC pode ser classificado em dois tipos principais: o isquêmico, causado pela obstrução de vasos sanguíneos, e o hemorrágico, resultante da ruptura de vasos, ambos com consequências graves à função cerebral (Ministério da Saúde do Brasil, 2019).

Os acidentes vasculares cerebrais são as principais causas de morte e incapacidades neurológicas no mundo, representando um grande desafio para os sistemas de saúde (World Health Organization, 2020).

2.2 TIPOS DE AVC

O AVC isquêmico ocorre devido à oclusão de artérias, geralmente por trombos ou êmbolos, enquanto o AVC hemorrágico é causado pelo rompimento de vasos sanguíneos, levando a hemorragias intracranianas (Istilli et al., 2020). Os mecanismos fisiopatológicos do AVC incluem oclusão trombótica, embolia e ruptura vascular, que resultam em morte neuronal e disfunção cerebral dependendo da área afetada (Kumar; Abbas; Fausto, 2019).

O AVC isquêmico corresponde a aproximadamente 85% dos casos de acidente vascular cerebral, enquanto o hemorrágico representa cerca de 15%, porém com taxas de mortalidade mais elevadas (Sociedade brasileira de doenças cardiovasculares, 2021). No AVC isquêmico, a interrupção do fluxo sanguíneo provoca isquemia tecidual, podendo evoluir para infarto cerebral em minutos se não houver intervenção (Who, 2020).

O AVC hemorrágico é frequentemente associado à hipertensão arterial crônica, que fragiliza as paredes dos vasos sanguíneos, predispondo à ruptura (Kumar; Abbas; Fausto, 2019). As manifestações clínicas do AVC incluem hemiparesia, afasia, alterações visuais e, em casos graves, coma, dependendo da localização e extensão da lesão (Ministério da saúde do Brasil, 2019).

2.3 EPIDEMIOLOGIAS DO AVC NA PARAÍBA

Acidente vascular cerebral é a segunda principal causa de morte e a terceira principal causa de incapacidade em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 6,2 milhões de óbitos anualmente (World Health Organization, 2020). No Brasil, o AVC é uma das maiores causas de morbimortalidade, representando aproximadamente 9% de todas as mortes registradas no país, com taxas superiores à média global (Ministério de saúde do Brasil, 2020).

Na região Nordeste do Brasil, incluindo a Paraíba, as taxas de mortalidade por doenças cerebrovasculares continuam entre as mais altas, devido a fatores como desigualdade socioeconômica e limitado acesso a serviços de saúde (Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, 2021).

O Brasil apresenta variações significativas nas taxas de mortalidade por AVC entre suas regiões, sendo o Nordeste uma das áreas mais afetadas, com índices que chegam a 50% acima da média nacional em determinados municípios (Ministério da saúde do Brasil, 2020). Na Paraíba, os dados indicam que o AVC é a principal causa de morte por doenças neurológicas, com maior prevalência em mulheres acima de 60 anos e em homens com histórico de hipertensão e diabetes (Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, 2021).

Entre 2021 e 2023, observou-se um aumento expressivo no número de internações por AVC na Paraíba, refletindo tanto o envelhecimento populacional quanto a falta de controle efetivo dos fatores de risco (Datasus, 2023). A incidência do AVC aumenta exponencialmente com a idade, dobrando a cada década após os 55 anos, e é mais prevalente em homens, embora as mulheres apresentem maior mortalidade e pior recuperação funcional (Istilli et al., 2020).

O nível socioeconômico tem um impacto significativo na morbidade e mortalidade por AVC, pois populações mais pobres têm menor acesso a diagnósticos precoces, tratamentos eficazes e medidas de prevenção. (Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, 2019).

No Brasil, pessoas negras têm maior risco de desenvolver AVC, devido à maior prevalência de fatores como hipertensão arterial e menor acesso a cuidados médicos adequados (Ministério da saúde do Brasil, 2019). As mulheres tendem a apresentar maior mortalidade por AVC devido à maior prevalência de hipertensão na pós-menopausa e ao diagnóstico tardio (World Health Organization, 2020).

2.4 IMPACTOS DO AVC NA SAÚDE PÚBLICA

O acidente vascular cerebral é responsável por aproximadamente 12% das mortes globais, sendo um dos principais contribuintes para a carga de doenças crônicas em países em desenvolvimento (Feigin et al., 2021).

Embora as taxas de mortalidade por AVC tenham diminuído em países de alta renda, elas permanecem preocupantes em países de média e baixa renda, representando 86% das mortes globais por AVC (Gbd stroke colaborators, 2021). A prevalência do AVC tem aumentado devido ao envelhecimento populacional e ao aumento de fatores de risco como hipertensão, diabetes e obesidade (Sacco et al., 2020).

O AVC é a principal causa de anos vividos com incapacidade (YLDs) em adultos, refletindo seu impacto substancial na saúde pública (Who, 2020). Até 70% dos pacientes que sobrevivem a um AVC enfrentam alguma forma de limitação funcional, variando de dificuldades motoras e cognitivas a alterações comportamentais (Hackett et al., 2020).

Pacientes que sobreviveram ao AVC frequentemente enfrentam desafios na reintegração social e laboral, com impacto direto em sua qualidade de vida (Donkers et al., 2019). O custo direto do tratamento e da reabilitação do AVC representa uma carga significativa para os sistemas de saúde, especialmente em países em desenvolvimento, onde os recursos são limitados (Zhu et al., 2021). As despesas relacionadas ao AVC, incluindo custos médicos e perda de produtividade, ultrapassam US$ 721 bilhões por ano globalmente (Feigin et al., 2021).

O impacto financeiro do AVC afeta não apenas os sistemas de saúde, mas também as famílias, que frequentemente arcam com os custos indiretos associados a cuidados prolongados e perda de renda (Wiegers et al., 2020). Em países de renda média e baixa, como o Brasil, a falta de acesso a reabilitação adequada aumenta os custos de longo prazo relacionados ao AVC, além de agravar as desigualdades sociais (Sacco et al., 2020).

3. METODOLOGIA 

O estudo teve como objetivo avaliar as internações hospitalares por Acidente Vascular Cerebral no estado da Paraíba entre 2021 e 2023. Baseou-se em uma abordagem descritiva, com análise de dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-MS), disponibilizados em domínio público.

A pesquisa buscou compreender os padrões dessas internações ao longo do tempo, destacando aspectos como faixa etária, sexo, residência e as causas de hospitalização, classificadas segundo a CID-10, abrangendo os códigos I64.

Os indivíduos analisados foram organizados por categorias etárias, desde menores de 1 ano até idosos com 80 anos ou mais, permitindo a identificação de grupos mais afetados. Os dados também foram avaliados de forma temporal, cobrindo três anos consecutivos, e espacial, considerando a distribuição dos casos no estado da Paraíba. A seleção dos indicadores baseou-se na sua relevância para as condições de saúde da população e na disponibilidade de informações para o período estudado.

A análise foi conduzida por meio de estatística descritiva, possibilitando a identificação de tendências nas internações e padrões associados às variáveis de estudo. Por utilizar informações públicas, o trabalho não exigiu aprovação de um comitê de ética.

Os achados contribuem para o conhecimento do impacto do acidente vascular cerebral na saúde pública local, ajudando a direcionar políticas de prevenção e manejo mais eficazes. O estudo reforça a importância do monitoramento contínuo das hospitalizações para o planejamento de intervenções que reduzam a carga dessas doenças na população.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Na tabela 1, mostra que entre 2021 e 2023, a Paraíba registrou 10.348 internações hospitalares por acidente vascular cerebral (AVC), com predominância no sexo masculino (5.278 casos) em relação ao feminino (5.070 casos). A faixa etária mais afetada foi a de 80 anos ou mais, totalizando 2.297 internações, evidenciando a vulnerabilidade da população idosa a essa condição. Em contrapartida, as faixas etárias mais jovens, como menores de 1 ano, 1 a 4 anos e 5 a 9 anos, apresentaram um número significativamente menor de internações, somando apenas 29 casos. Observa-se ainda que, a partir dos 60 anos, há um aumento nas internações, indicando uma maior concentração de casos entre os idosos. Esses dados ressaltam a importância de estratégias de prevenção e cuidados direcionados, especialmente para a população idosa, visando à redução da incidência e das complicações associadas ao AVC. Colocar os pontos nos valores.

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS)

A análise dos dados apresentados na Tabela 1 evidencia a predominância de internações hospitalares por Acidente Vascular Cerebral (AVC) na população idosa, especialmente entre indivíduos com 60 anos ou mais. Esse padrão está de acordo com a literatura, que aponta o envelhecimento como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cerebrovasculares (Lotufo, 2011).

O aumento significativo de internações a partir dessa faixa etária pode ser explicado pela maior prevalência de comorbidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias e doenças cardíacas, que estão diretamente associadas ao risco de AVC (Mancini et al., 2020).

De acordo com Silva et al. (2020), a idade avançada está relacionada a alterações estruturais e funcionais no sistema vascular, como a perda da elasticidade arterial e o acúmulo de placas ateroscleróticas, o que aumenta a suscetibilidade a eventos isquêmicos. Essa realidade é refletida nos dados deste estudo, em que a faixa etária de 80 anos ou mais apresentou o maior número de internações (2.297 casos), seguida pelas faixas entre 70 e 79 anos.

Medidas como o controle rigoroso da pressão arterial, incentivo à prática de atividade física e alimentação saudável, além do acompanhamento regular de condições crônicas, são fundamentais para a redução da incidência de AVC (Oliveira et al., 2018; Brasil, 2022).

Por outro lado, observa-se uma baixa ocorrência de internações em faixas etárias mais jovens. Crianças menores de 10 anos, por exemplo, somaram apenas 29 internações no período analisado. Esse dado está de acordo com Carvalho e Lima (2017), que apontam que o AVC pediátrico é raro, geralmente associado a fatores como doenças cardíacas congênitas, infecções, traumatismos cranianos e distúrbios hematológicos.

Sendo assim, os achados deste estudo reforçam a necessidade de intensificar estratégias de prevenção, especialmente voltadas ao público idoso. É fundamental que os serviços de atenção primária à saúde estejam capacitados para identificar precocemente os fatores de risco e garantir o acompanhamento contínuo da população idosa, conforme preconizado pelas diretrizes de cuidado do Ministério da Saúde (Brasil, 2022).

Na Tabela 2, mostra que entre 2021 e 2023, a média de permanência hospitalar por acidente vascular cerebral (AVC) na Paraíba foi de aproximadamente 7,2 dias para ambos os sexos, refletindo um padrão geral consistente. 

No entanto, em faixas etárias extremas, observou-se uma variação significativa: crianças de 1 a 4 anos do sexo masculino apresentaram a maior média de permanência, com 19,3 dias, enquanto meninas menores de 1 ano registraram uma média de 18,6 dias. 

Por outro lado, em pacientes com 80 anos ou mais, a média de permanência estabilizou-se em 7 dias para ambos os sexos, possivelmente indicando internações mais rápidas devido à gravidade dos casos ou limitações terapêuticas na população idosa.

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS)

As permanências mais longas foram observadas em faixas etárias extremas, como em crianças de 1 a 4 anos (19,3 dias para o sexo masculino) e menores de 1 ano (18,6 dias para o sexo feminino). Essas médias elevadas podem estar associadas à maior complexidade clínica dos casos pediátricos, conforme apontado por Carvalho e Lima (2017), que destacam que o AVC em crianças frequentemente exige maior tempo de investigação diagnóstica, cuidados intensivos e suporte multidisciplinar.

Por outro lado, a faixa etária de 80 anos ou mais apresentou uma média de permanência de 7 dias para ambos os sexos, indicando internações mais curtas. Essa situação pode estar relacionada a fatores como o agravamento rápido do quadro clínico, óbito precoce ou transferência para cuidados paliativos. De acordo com Lotufo (2011), em idosos muito avançados, o AVC pode evoluir de forma mais agressiva, com menor tempo de resposta terapêutica, o que reduz o tempo de internação hospitalar.

Além disso, a literatura aponta que a média de permanência hospitalar está diretamente relacionada à gravidade do evento isquêmico ou hemorrágico, à existência de comorbidades e à capacidade de resposta do sistema hospitalar (Gomes et al., 2021). Internações mais longas podem representar tanto maior complexidade clínica quanto limitações na estrutura de suporte para reabilitação.

Portanto, os dados apresentados reforçam a importância de políticas públicas que contemplem desde o diagnóstico precoce até a reabilitação pós-AVC, especialmente em grupos vulneráveis como crianças e idosos. A articulação entre os níveis de atenção à saúde é essencial para garantir um atendimento mais resolutivo e eficaz, conforme orienta o Ministério da Saúde (Brasil, 2022)

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS)

Na Tabela 3, evidencia que entre 2021 e 2023, os custos totais das internações hospitalares por acidente vascular cerebral (AVC) na Paraíba evidenciaram um impacto econômico significativo, especialmente entre os idosos. A faixa etária de 80 anos ou mais concentrou o maior gasto, totalizando R$ 4.338.908,14, o que reflete a alta frequência de casos e a complexidade do cuidado nessa população. Em contraste, crianças de 5 a 9 anos geraram o menor custo, com apenas R$ 2.112,36, indicando baixa incidência e menor demanda por recursos hospitalares. 

Em relação ao sexo, os homens representaram o maior volume de despesas, com R$ 11.093.493,20, enquanto as mulheres somaram R$ 10.740.500,70. Destaca-se que, em algumas faixas etárias, como em menores de 1 ano, o custo feminino foi consideravelmente superior ao masculino (R$ 39.455,37 contra R$ 7.866,26), possivelmente devido à maior complexidade clínica ou tempo de internação. 

Verifica-se que a maior parte dos gastos se concentrou em pacientes com 80 anos ou mais, totalizando R$ 4.338.908,14, o que representa um impacto econômico considerável sobre o sistema de saúde. Esse achado está em consonância com estudos como o de Martins et al. (2019), que demonstram que os custos hospitalares por AVC são significativamente mais elevados em pacientes idosos, em virtude da maior complexidade clínica, tempo de internação e necessidade de cuidados intensivos. 

A literatura evidencia que o envelhecimento populacional tem acarretado aumento nas despesas com doenças crônicas e degenerativas, como o AVC, demandando estratégias específicas para o planejamento e a alocação eficiente de recursos no Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2022; Oliveira et al., 2018). Ainda segundo Silva et al. (2020), pacientes mais idosos tendem a apresentar múltiplas comorbidades, o que contribui para maiores custos hospitalares e complicações durante o tratamento.

Por outro lado, os menores custos foram observados na faixa etária de 5 a 9 anos, totalizando R$ 2.112,36, resultado esperado, visto a baixa incidência de AVC em crianças e a menor complexidade de manejo clínico nesses casos (Carvalho; Lima, 2017).

No que diz respeito à distribuição dos custos por sexo, observa-se que o sexo masculino apresentou maior gasto total (R$ 11.093.493,20) em comparação ao sexo feminino (R$ 10.740.500,70). Essa diferença pode estar relacionada ao maior número de internações masculinas nas faixas etárias de risco, conforme descrito por Lotufo (2011), que destaca a predominância do AVC em homens, especialmente entre os 50 e 70 anos, devido à maior exposição a fatores de risco como tabagismo, consumo excessivo de álcool e hipertensão não controlada.

Um dado que chama atenção é o custo significativamente superior das internações femininas em crianças menores de um ano (R$ 39.455,37 contra R$ 7.866,26 para o sexo masculino). Segundo Gomes et al. (2021), disparidades desse tipo podem decorrer de casos isolados de maior gravidade clínica, que exigem internações prolongadas, uso de terapia intensiva e exames de alta complexidade.

De modo geral, os dados reforçam que o AVC representa uma importante carga econômica para o sistema de saúde pública, especialmente em pacientes idosos. Isso reforça a necessidade de investimentos em políticas públicas de prevenção, como o controle dos fatores de risco e a promoção da saúde, que podem reduzir a ocorrência de eventos cerebrovasculares e, consequentemente, os custos associados (Cabral et al., 2019; Brasil, 2022).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa demonstrou-se de grande relevância para a literatura científica, uma vez que conseguiu alcançar os objetivos propostos e contribuir para a compreensão da morbidade hospitalar por Acidente Vascular Cerebral (AVC) no estado da Paraíba. A análise evidenciou que o tema é de extrema importância, considerando a crescente incidência dessa condição em diferentes faixas etárias, desde os mais jovens até os idosos

Através dos dados obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), foram analisadas as seguintes variáveis: número de internações hospitalares, média de permanência hospitalar e o valor total dos custos com internações.

Os resultados indicaram que o sexo masculino apresentou maior número de internações, enquanto o sexo feminino predominou nas variáveis relacionadas à média de permanência, taxas de mortalidade e custos hospitalares. Em relação à faixa etária, observou-se maior incidência de internações em indivíduos com 80 anos ou mais.

Dessa forma, este estudo reforça a necessidade de ações preventivas e de conscientização voltadas para todas as faixas etárias, destacando os riscos de mortalidade e as possíveis sequelas associadas ao AVC.

REFERÊNCIAS

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