INTERFERENCE OF SMARTPHONE USE ON THE BALANCE OF PEOPLE WITH LOWER LIMB AMPUTATION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412181046
Isabela Corrêa de Paula1
Maria Fernanda Mendes Felismino2
Patrícia de Morais Ferreira Brandão3
Resumo
A amputação de membro inferior promove alterações na biomecânica da pessoa e está diretamente relacionada à qualidade de vida e à autoestima. Após a protetização, o indivíduo irá aumentar suas expectativas em relação ao retorno da normalidade e ao alcançar esse objetivo, a pessoa amputada irá enfrentar as dificuldades práticas de envolver o andar e o equilíbrio associados a outras atividades cotidianas. Para o uso de smartphones no dia-a-dia, é necessária uma boa coordenação motora, sobretudo quando realiza tarefas concomitantes. Pessoas com amputação de membro inferior têm alterações de equilíbrio, o que dificulta a execução de duplas-tarefas. Neste artigo objetiva-se avaliar o equilíbrio estático de pessoas com amputação de membro inferior em situações com e sem uso de smartphone. Trata-se de um estudo transversal com uma amostra de 45 participantes, sendo 15 participantes com amputação transfemural, 15 participantes com amputação transtibial e como grupo controle, 15 participantes sem amputação. O equilíbrio estático foi verificado na plataforma de força Kforce Pro. Em adição, todos os sujeitos realizaram um teste cognitivo (Mini-Exame de Estado Mental) e um teste funcional (Índice de Pfeffer) para investigar com mais detalhes o impacto de tais variáveis sobre os achados. Para a análise estatística foi utilizado o programa IBM ® SPSS Statistics – Statistical for Social Science. A análise dos dados envolveu a estatística descritiva e inferencial. Concluiu-se que pessoas com amputação transtibial ou transfemural têm pior equilíbrio em situações de tarefas simples ou dupla-tarefas quando comparados a pessoas sem amputação.
Palavras-chave: Amputados. Equilíbrio Postural. Smartphone
1. INTRODUÇÃO
A amputação é a retirada total ou parcial de um membro realizada por meio de cirurgia ou acidente acarretando em diversas alterações na biomecânica (BRASIL, 2013). Somado a isso, também há comprometimentos biopsicossociais da pessoa amputada, o que implica diretamente na qualidade de vida e faz com que haja necessidade de um olhar multiprofissional para promover uma favorável reabilitação e melhor qualidade de vida para esse público (SAVERZANI; AZAM, 2013).
A amputação pode ocorrer em razão de duas situações diferentes – traumáticas e não traumáticas. A primeira está relacionada aos acidentes de trânsito e de trabalho e a segunda está relacionada com as doenças vasculares, tumores e malformações. Estudos mostram que grande parte das causas de amputação são principalmente decorrentes das situações não traumáticas, como Diabetes Mellitus e em seguida de situações traumáticas como os acidentes de trânsito (REIS; CASA JÚNIOR; CAMPOS, 2012).
No Brasil, a taxa desse procedimento em membros inferiores entre os anos de 2010 a 2020 foi de 24,4 amputações por 100.000 habitantes (SILVA et al., 2021). Somado a isso, supõe-se que ocorram mais de 40.000 amputações por ano, sendo suas principais causas a Diabetes Mellitus e outras doenças vasculares, como também os acidentes de trânsito e de trabalho (CAIAFA; CANONGIA, 2003).
Em relação à amputação de membro inferior, é possível observar que a marcha e o equilíbrio são as principais funções afetadas, visto que são atividades motoras complexas e podem surgir perturbações internas e externas. Estudos revelaram que a amputação de membros inferiores tem como consequência o desequilíbrio na biomecânica e biostática de todo o corpo em geral, mas especialmente na extremidade amputada (BATTEN et al., 2019).
Um déficit motor nos grupos musculares é causado diante da falta de um membro aumentando assim o prejuízo das capacidades funcionais devido a padrões de marcha errôneos (BEISHEIM et al., 2020). Somado a isso e comprometendo ainda mais o equilíbrio, ao retirar um membro o feedback proprioceptivo é perdido, isso reduz a representação no córtex motor primário e somatossensorial (CUNHA et al., 2017).
O avanço da tecnologia hoje nos permite realizar funções que antigamente somente eram realizadas saindo de casa, o smartphone nos trouxe acessibilidade e praticidade. Durante o uso do smartphone é possível notar uma diminuição do movimento do braço e da mobilidade da cabeça, diminuição da atenção visual em relação ao ambiente e aumento da distração cognitiva, diante disso, se faz necessária uma boa coordenação motora, sobretudo quando são realizadas tarefas concomitantes (KAO et al., 2015).
Para a utilização dessas tecnologias muitas vezes é necessária a realização de atividades de dupla tarefa. Uma dupla tarefa exige que o indivíduo execute duas tarefas ao mesmo tempo, onde uma é o foco principal da atenção e a outra, chamada de secundária, é executada simultaneamente (FATORI et al., 2020).
Como o uso do celular nos traz praticidade e facilita a comunicação é comum que o indivíduo manuseie durante alguma outra atividade, como falar ao telefone enquanto aguarda em uma fila, assistir televisão enquanto digita uma mensagem entre outras atividades de dupla tarefa.
O uso dessa tecnologia também foi estudado como dupla-tarefa em indivíduos adultos jovens e teve como resultado final uma maior instabilidade motora durante a realização das tarefas, tanto na posição de ortostatismo (em pé) quanto durante a caminhada. Assim, com o resultado desses fatores se torna importante alertar a população em relação aos riscos de realizar duplas-tarefas usando o celular (SOBRINHO JUNIOR et al., 2021).
Tendo em vista esses fatores e a escassez de estudos que abordam a temática o objetivo deste trabalho foi investigar a interferência do uso do smartphone no equilíbrio estático de pessoas com amputação de membro inferior, pois os autores acreditam que com os possíveis resultados os profissionais da saúde podem focar suas condutas durante a reabilitação com o objetivo de prevenir quedas e proporcionar uma melhor qualidade de vida, trazendo de volta a independência da pessoa amputada.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, realizado no Laboratório de Análise do Movimento do Centro Especializado em Reabilitação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (CER/APAE) de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A quantidade de voluntários envolvidos nesta pesquisa foi de 45 participantes, sendo 15 participantes com amputação transfemural unilateral, 15 participantes com amputação transtibial unilateral e como grupo controle, 15 participantes sem amputação.
Após serem informados sobre os objetivos e procedimento do estudo, além de explicado todos os preceitos éticos e garantias individuais asseguradas pela Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 (aprovada pelo Plenário do Conselho Nacional de Saúde), as pessoas que aceitaram participar desta pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) que avalia o estado cognitivo de indivíduos, o Índice de Pfeffer (IP) que avalia as atividades instrumentais de vida diária e para a avaliação do equilíbrio foi utilizada a plataforma de força Kforce Pro.
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) foi criado em 1975 com o intuito de avaliar o estado mental de indivíduos. É um teste composto por duas partes. A primeira parte envolve atenção, memória e orientação, podendo ser pontuado até 21 pontos. Já a segunda parte trata-se de habilidades mais específicas, como ler, compreender e nomear, com pontuação máxima de 9 pontos. Seu escore máximo é de 30 pontos, sendo que, quanto maior for o escore, melhor é a função cognitiva (FOLSTEIN; FOLSTEIN; McHUGH, 2020).
O Índice de Pfeffer é utilizado para avaliação das atividades instrumentais de vida diária. Envolve dez atividades diárias. A pontuação final varia de 0 a 30, sendo que quanto maior for o escore final, menor é sua independência e autonomia. (PFEFFER et al., 2020).
A plataforma de força Kforce Pro é um equipamento desenvolvido para aquisição de curva de força de reação vertical contra o solo. Em geral, consiste em uma placa sob a qual quatro sensores de força do tipo célula de carga ou piezoelétrico estão arranjados para medir os três componentes da força anteroposterior, médio-lateral e vertical, e os três componentes do momento de força (ou torque), Mx, My e Mz, agindo sobre a plataforma. Por medir seis grandezas físicas, essas plataformas são geralmente referidas como plataformas de seis componentes. (DUARTE; FREITAS, 2010).
As pessoas avaliadas permaneceram em posição ortostática sobre o centro da plataforma, com os pés descalços, juntos, braços relaxados ao lado do tronco e cabeça em posição neutra. Os participantes foram avaliados em situações com e sem uso de smartphones. Durante o uso de smartphones os participantes realizaram 2 atividades: 1º) Atender uma ligação telefônica realizada pelos pesquisadores, estando o telefone do participante em seu bolso dianteiro; 2º) Digitar a seguinte mensagem em seu smartphone “Bom dia, estou no trabalho e vou chegar atrasado para nosso compromisso”.
Os critérios de inclusão neste estudo são: Ter idade entre 18 e 59 anos e 11 meses; compreender comandos verbais; permanecer em posição ortostática por mais de 3 minutos sem dispositivo auxiliar de marcha; fazer uso de smartphone; fazer uso de prótese transtibial ou transfemural; participantes sem amputação.
Os critérios de exclusão são: participantes com idade acima de 59 anos e 11 meses; participantes com declínio cognitivo; pessoas que nunca tiveram ou usaram smartphone; pessoas com amputação de membros inferiores bilateral; uso de dispositivo auxiliar de marcha.
Para a análise dos dados, foi utilizado o programa IBM® SPSS Statistics – Statistical for Social Science. A análise dos dados envolveu a estatística descritiva e inferencial. A estatística descritiva foi detalhada em mediana, intervalo interquartil e prevalência. A análise inferencial envolveu testes não-paramétricos, tendo em vista que a distribuição Gaussiana não ter identificado os dados.
A comparação das variáveis envolveu o teste de Kruskall-Wallis, para comparar os grupos controle (sem amputação), amputação transfemoral e amputação transtibial. Caso a análise dos três grupos tenha identificado diferença significativa, o pós-teste de Tukey foi aplicado para observar entre quais grupos a diferença ocorreu. Quando a comparação envolveu só dois grupos, foi aplicado o teste U-Mann Whitney. Para todas as análises, significância foi admitida em 5%.
3. RESULTADOS
Esse estudo foi composto por 45 participantes com idade média de 40,0 (21,0) anos, amplitude de 23 e 57 anos, peso corporal de 75,0 (17,0) Kg, altura de 1,67 (0,1) m e índice de massa corpórea de 27,5 (4,4) Kg/m2. Todos os participantes eram brasileiros e naturais do Estado de Mato Grosso do Sul. A tabela 1 detalha as características gerais dos participantes segundo os grupos. Os grupos foram semelhantes para tamanho amostral, sexo, peso e índice de massa corpórea.
Os grupos foram diferentes para idade e altura. O grupo sem amputação teve menor idade que o grupo com amputação transfemoral e com amputação transtibial. O grupo controle teve altura menor que o grupo de participantes com amputação transtibial. Demais comparações entre grupos não foram diferentes.
Tabela 1. Características gerais dos participantes
Teste de Kruskall-Wallis com pós-teste de Tukey na comparação de três grupos, e teste U-Mann Whitney na comparação aos pares. Letras iguais representam diferenças nas comparações pareadas
Os grupos com amputação transfemoral e transtibial são semelhantes em relação à causa da amputação (traumática ou não-traumática, p = 0,067). As pessoas com amputação traumática apresentaram uma idade média de 43,4 (11,9) anos. As pessoas com amputação não-traumática apresentaram uma idade média de 44,3 (8,3) anos. A idade média dos participantes com amputação traumática e não-traumática foi estatisticamente semelhante (p=0,917).
Das pessoas com amputação traumática, 5 eram mulheres e 8 homens. Das pessoas com amputação não-traumática, 7 eram mulheres e 10 homens. A proporção de homens e mulheres segundo o tipo de causa de amputação não foi diferente do ponto de vista significativo (p =0,880).
A tabela 2 demonstra os grupos quanto ao perfil do uso do celular, riscos de quedas, cognição e independência funcional. Todos os grupos foram semelhantes quanto ao tempo de uso celular, em anos. O grupo controle usa mais horas diárias o celular que os grupos com amputação transfemoral e transtibial. As quedas são mais prevalentes nos grupos com amputação transfemoral e transtibial, quando comparado com o grupo controle. O grupo controle tem melhor independência funcional que o grupo de pessoas com amputação transfemoral e que o grupo de pessoas com amputação transtibial (p = 0,004). Não houve diferença da independência funcional dos grupos com amputação transtibial e transfemoral (p = 0,469).
Tabela 2. Perfil dos participantes quanto ao uso do celular, quedas cognição e funcionalidade.
Teste de Kruskall-Wallis com pós-teste de Tukey na comparação de três grupos para variáveis dependentes e teste de qui-quadrado para variáveis nominais. Letras iguais representam diferenças nas comparações pareadas.
A tabela 3 detalha o equilíbrio dos participantes e a descarga de peso na situação sem uso do celular. Os grupos com amputações têm pior equilíbrio que o grupo controle para as variáveis área e velocidade. Essa diferença se deu tanto na comparação do grupo com amputação transfemoral com o grupo controle (para área e velocidade) quanto no grupo com amputação transtibial com o grupo controle (para área e para velocidade). Não houve diferença nessas variáveis para grupo amputação transfemoral e transtibial (p = 0,912 para área e p = 0,306 para velocidade). Demais variáveis não apresentaram diferença entre grupos.
Tabela 3. Equilíbrio dos participantes sem o uso do celular.
Teste de Kruskall-Wallis com pós-teste de Tukey na comparação de três grupos. Letras iguais representam diferenças nas comparações pareadas.
A tabela 4 detalha o equilíbrio dos participantes e a descarga de peso na situação de digitar mensagens pelo celular. As mesmas diferenças observadas na situação sem o celular foram constatadas ao digitar mensagens. Ao digitar mensagens, os grupos com amputações apresentaram pior equilíbrio que o grupo controle para as variáveis área e velocidade (assim como na análise anterior).
Essa diferença se deu tanto na comparação do grupo com amputação transfemoral com o grupo controle (p = 0,001 para área e p = 0,001 para velocidade) quanto no grupo com amputação transtibial com o grupo controle (p = 0,001 para área e p = 0,001 para velocidade). Não houve diferença nessas variáveis para grupo amputação transfemoral e transtibial (p = 0,826 para área e p = 0,713 para velocidade). Demais variáveis não apresentaram diferença entre grupos.
Tabela 4. Equilíbrio dos participantes ao digitar mensagens no celular.
A tabela 5 detalha que a situação de falar ao celular comprometeu mais o equilíbrio dos participantes do que na situação sem o celular ou digitando mensagens. Nessa nova análise, todas as variáveis apresentam diferenças entre os grupos. Essa diferença se deu tanto na comparação do grupo com amputação transfemoral com o grupo controle (para amplitude AP, amplitude ML, área, velocidade, descarga de peso em hemicorpo direito e esquerdo) quanto no grupo com amputação transtibial com o grupo controle (amplitude AP, amplitude ML, área, velocidade e descarga de peso em hemicorpo direito). Quando comparados os grupos com amputação transfemoral e transtibial, a diferença ocorreu na descarga de peso em hemicorpo direito e esquerdo.
Tabela 5. Equilíbrio dos participantes ao conversar ao celular.
4. DISCUSSÃO
Este estudo verificou a influência das duplas tarefas diárias com o celular no equilíbrio de pessoas com amputação de membros inferiores. Os resultados sugerem que os pacientes com amputações apresentam pior equilíbrio do que os pares de controle. Em ambos os grupos (transtibial e transfemoral), falar ao telefone apresentou ser a tarefa mais desafiadora ao analisar o equilíbrio. Apresentamos aqui a discussão dos achados, que podem ser de grande importância para pacientes, familiares e profissionais de saúde.
No presente estudo, o sexo masculino demonstra prevalência nos casos de amputações transfemurais e transtibiais, semelhante ao encontrado por Utuyama et al. (2019) e Scholler et al. (2013). Este último relaciona o gênero masculino com a menor busca destes aos serviços de saúde, bem como a uma maior exposição a fatores de risco agravantes da saúde como tabagismo, etilismo, estresse e obesidade.
Diante da amostra de participantes amputados, 17 pessoas sofreram amputações por causas não-traumáticas, ou seja, por doenças vasculares. Rodrigues et al. (2022) demonstram em seu estudo que é possível verificar a associação entre a etiologia e a comorbidade, pois na pesquisa citada a Diabetes Melittus é a principal causa de amputação de membro inferior atingindo 48,6% dos casos, seguida da infecção com 27,1% dos casos.
O grupo controle apresentou menor idade que os demais grupos, e em razão disso utiliza o smartphone por mais horas durante o dia, isso provavelmente aconteceu porque os adultos mais jovens são o segmento da sociedade que mais se apropriou da tecnologia em suas vidas (VICENTE; LOPES, 2016).
Os grupos que têm amputação apresentaram pior equilíbrio quando realizaram a dupla-tarefa quando comparados ao grupo controle, tanto digitando mensagem de texto quanto falando ao celular. Morgan, Hafner e Kelly citam em seu estudo que a execução de uma dupla-tarefa em pessoas que utilizam prótese de membro inferior afeta direta e negativamente o equilíbrio (MORGAN; HAFNER; KELLY, 2016). Hunter e colaboradores mostrou que como resultado das diversas modificações físicas e psicoemocionais que a pessoa amputada deve enfrentar no seu dia a dia, a adaptação do corpo em relação ao equilíbrio é necessária, fazendo com que esse público tenha maior risco de queda do que aquele que não tenha sofrido a perda de algum membro (HUNTER et al., 2016).
Com isso, pessoas que sofreram amputação de membros inferiores devem tomar estratégias que compensam alterações funcionais para manter a estabilidade a fim de evitar quedas (RODRIGUES et al., 2021).
Apesar de estudos citarem que aqueles que sofreram amputação transfemural apresentam maior desequilíbrio e têm maior necessidade de utilizar dispositivos auxiliares de marcha quando comparados com aqueles que sofreram a amputação transtibial (ENGENHEIRO et al., 2020), nesta pesquisa, ao comparar o equilíbrio estático, não houve diferença significativa entre os grupos de amputações.
Porém, é importante reiterar que o grupo que apresenta amputação transfemural apresenta maior tempo de protetização. Seth e colaboradores comprovam em seu estudo que o tempo de protetização tem relevância significativa em relação a funcionalidade, já que a tendência é de que quanto maior for o tempo de protetização melhor seja a mobilidade da pessoa (SETH et al., 2022).
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que pessoas que apresentam amputação, seja ela a nível transtibial ou transfemural, apresentam pior equilíbrio em tarefas simples e dupla-tarefas quando comparadas a pessoas que não têm amputações. Os achados corroboram com estudos que comprovam que este público apresenta maior risco de queda, fazendo com que haja uma necessidade de acompanhamento multiprofissional durante o processo de reabilitação.
Os autores acreditam que os resultados apresentados neste estudo podem orientar os profissionais de saúde durante o tratamento de pacientes amputados. Os achados, além disso, devem ser de grande importância para pacientes e familiares, pois mostram os riscos de realizar uma tarefa motora secundária durante o uso do celular.
REFERÊNCIAS
BATTEN, H. R.; McPHAIL, S. M.; MANDRUSIAK, A. M.; VARGHESE, P. N.; KUYS, S. S. Gait speed as an indicator of prosthetic walking potential following lower limb amputation. Prosthetics and Orthotics International, [France], v. 43, n. 2, p. 196–203, Apr. 2019. DOI: 10.1177/0309364618792723. Disponível em: file:///C:/Users/55119/Downloads/0309364618792723.pdf. Acesso em 21 abr. 2023.
BEISHEIM, E. H.; ARCH, E. S.; HORNE, J. R.; SIONS, J. M. Performance-based outcome measures are associated with cadence variability during community ambulation among individuals with a transtibial amputation. Prosthetics and Orthotics International, [France], v. 44, n. 4, p. 215–224, Aug. 2020. DOI: doi:10.1177/0309364620927608. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7392798/pdf/nihms-1588278.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção a pessoa amputada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_amputada.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.
CAIAFA, J. S.; CANONGIA, P. M. Atenção integral ao paciente com pé diabético: um modelo descentralizado de atuação no Rio de Janeiro. Jornal Vascular Brasileiro, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 75-78, 2003. Disponível em: https://www.jvascbras.org/article/5e220d5c0e88252b046d0102/pdf/jvb-2-1-75.pdf. Acesso em 21 abr. 2023.
CUNHA, R. G.; SILVA, P. J. G. da; PAZ, C. C. S. C.; FERREIRA, A. C. S.; TIERRA-CRIOLLO, C.J. Influence of functional task-oriented mental practice on the gait of transtibial amputees: a randomized, clinical trial. Journal of NeuroEngineering and Rehabilitation, [England], v. 14, n. 1, p. 28, Apr. 2017. DOI: 10.1186/s12984-017-0238-x. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5387354/pdf/12984_2017_Article_238.pdf. Acesso em 21 abr. 2023.
DUARTE, M.; FREITAS, S. M. S. F. Revisão sobre posturografia baseada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 14, n. 3, p. 183-192, maio/jun. 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-35552010000300003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbfis/a/hFQTppgw4q3jGBCDKV9fdCH/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 abr. 2023.
ENGENHEIRO, G.; PINHEIRO, J.; COSTA, J. S.; CORDEIRO, A.; RAMOS, S.; PEREIRA, P. Falls in unilateral lower limb amputees living in the community: A Portuguese Study. Acta Medica Portuguesa, [Portugal], v. 33, n. 10, p. 675-679, Oct. 2020. DOI: 10.20344/amp.12615. Disponível em: https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/12615/6145. Acesso em: 10 maio 2023.
FATORI, C. O.; LEITE, C. F.; SOUZA, L. A. P. S.; PATRIZZI, L. J. Dupla tarefa e mobilidade funcional de idosos ativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, [Rio de Janeiro], v. 18, n. 1, p. 29-37, jan./mar. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-9823.2015.13180. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/LNcLwv5GV4Qz6zjDqjLwD9h/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 abr. 2023.
FOLSTEIN, M. F.; FOLSTEIN, S. E.; McHUGH, P. R. “Mini estado mental”: um método prático para classificar o estado cognitivo dos pacientes para o clínico. Journal of Psychiatric Research, [United States], v. 12, p.189-198, nov. 1975. DOI: https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/sdfe/pdf/download/eid/1-s2.0-0022395675900266/first-page-pdf. Acesso em: 25 abr. 2023.
HUNTER, S. W.; BATCHELOR, F.; HILL, K. D.; HILL, A. M.; MACKINTOSH, S.; PAYNE, M. Risk Factors for Falls in People With a Lower Limb Amputation: A Systematic Review. PM & R : the journal of injury, function, and rehabilitation, [s. l.], v. 9, n. 2, p.170-180, Feb. 2017. DOI: 10.1016/j.pmrj.2016.07.531. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1016/j.pmrj.2016.07.531. Acesso em: 24 abr. 2023.
KAO, P. C.; HIGGINSON, C. I.; SEYMOUR, K.; KAMERDZE, M.; HIGGINSON, J. S. Walking stability during cell phone use in healthy adults. Gait Posture, [England], v. 41, n. 4, p. 947-953, May 2015. DOI: 10.1016/j.gaitpost.2015.03.347. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4414910/pdf/nihms-679001.pdf. Acesso em: 24 abr. 2023.
MORGAN, S. J.; HAFNER, B. J.; KELLY, V. E. The effects of a concurrent task on walking in persons with transfemoral amputation compared to persons without limb loss. Prosthetics and Orthotics International, [France], v. 40, n. 4, p. 490-496, Aug. 2016. DOI: 10.1177/0309364615596066. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/epub/10.1177/0309364615596066. Acesso em: 24 abr. 2023
PFEFFER, R. I.; KUROSAKI, T. T.; HARRAH JR, C. H.; CHANCE, J. M.; FILOS, S. Measurement of Functional Activities in Older Adults in the Community. Journal of Gerontology, [United States], v.37, n. 3, p. 323-329, May 1982. DOI: 10.1093/geronj/37.3.323. Disponível em: https://academic.oup.com/geronj/article-abstract/37/3/323/611005?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 25 abr. 2023.
REIS, G.; CASA JÚNIOR, A. J.; CAMPOS, R. S. Perfil epidemiológico de amputados de membros superiores e inferiores atendidos em um centro de referência. Revista Eletrônica Saúde e Ciência, [s. l.], v. 2, n. 2, p. 52-62, 2012. Disponível em: https://rescceafi.com.br/vol2/ n2/Gleycykely-dos-Reis-52-62.pdf). Acesso em: 20 abr. 2023.
RODRIGUES, A. S. A.; SILVA, A. P. da; CARDOSO, A. R.; ARAUJO FILHO, A. C. A. de; ARRAIS, K. R.; SILVA, J. V. da; SILVA, M. S. G. da; MAGALHÃES, R. L. B. Perfil clínico e epidemiológico de pacientes submetidos à amputação de membros inferiores. ESTIMA, Brazilian Journal of Enterostomal Therapy, [ s. l.], v. 20, n. 1, p. e1222, Jan./Dec. 2022. DOI: https://doi.org/10.30886/estima.v20.1212_PT). Disponível em: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/1212/541. Acesso em: 21 abr. 2023.
RODRIGUES, F. B.; SOUZA, G. S. S. e; MESQUITA, E. M.; GOMIDE, R. S.; BAPTISTA, R. R.; PEREIRA, A. A.; ANDRADE, A. O.; VIEIRA, M. F. Margins of stability of persons with transtibial or transfemoral amputations walking on sloped surfaces. Journal of Biomechanics, [United States], v. 123, 110453, Jun. 2021. DOI: 10.1016/j.jbiomech.2021.110453. Disponível em: file:///C:/Users/55119/Downloads/1-s2.0-S0021929021002335-main%20(2).pdf. Acesso em 24 abr. 2023.
SARVESTANI, A. S.; AZAM, A. T. Amputation: a ten-year survey. Trauma Monthly, [Iran], v. 18, n. 3, p.126-129, Oct. 2013. DOI: 10.5812/traumamon.11693. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3864397/pdf/traumamon-18-126.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.
SCHOLLER, S. D.; SILVA, D. M. G. V.; VARGAS, M. A., O.; BORGES, A. M. F.; PIRES, D. E. P.; BONETTI, A. Características das pessoas amputadas atendidas em um centro de reabilitação. Revista de Enfermagem, Santa Catarina, v. 7, n. 2, p. 445-451, fev. 2013. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-33105. Acesso em: 12 maio 2022.
SILVA, A. A. S. da; CASTRO, A. A.; BOMFIM, L. G. de; PITTA, G. B. B. Amputação de membro inferior por Diabetes Mellitus nos estados e regiões do Brasil. Research, Society and Development, São Paulo, v. 10, n. 4, e11910413837, 2021. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13837. Disponível em: file:///C:/Users/55119/Downloads/13837-Article-181425-1-10-20210402%20(2).pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.
SETH, M.; BEISHEIM, E. H.; POHLIG, R. T.; HORNE, J. R.; SARLO, F. B.; SIONS, J. M. Time Since Lower-Limb Amputation: An Important Consideration in Mobility Outcomes. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, [United States], v. 101, n. 1, p. 32-39, Jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.1097/PHM.0000000000001736. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8678402/pdf/nihms-1675109.pdf. Acesso em: 26 abr. 2023.
SOBRINHO JUNIOR, S. A.; TESSARI, G. M. F.; LINO, T. B.; PEGORARE, A. B. G. S.; CHRISTOFOLETTI, G. Influência do uso do smartphone sobre equilíbrio de jovens durante a realização de dupla-tarefa. Revista Brasileira De Ciências Da Saúde, [João Pessoa, PB], v. 25, n. 1, p. 147-154, mar. 2021. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2021v25n1.52462. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs/article/view/52462/33119. Acesso em: 10 maio 2023.
UTUYAMA, D. M. O.; SANTOS, H. M.; DEL PAPA, L. G.; SILVA, N. M.; SALES, V. C.; AYRES, D. V. M.; BATTISTELLA, L. R.; ALFIERI, F. M. Características do perfil de amputados atendidos em um instituto de reabilitação. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 14-18, jul. 2019. DOI: 10.11606/issn.2317-0190.v26i1a163005. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/163005/159111. Acesso em: 24 maio 2022.
VICENTE, P.; LOPES, I. Attitudes of older mobile phone users toward mobile phones. Communications, v. 41, n. 1, p. 71-86, 2016. DOI: 10.1515/commun-2015-0026. Disponível em: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/commun-2015-0026/html?lang=en. Acesso em: 28 maio 2023.