INTERFACE DO PERFIL VACINAL CONTRA O HPV NO BRASIL-NORDESTE-SERGIPE

INTERFACE OF THE VACCINE PROFILE AGAINST HPV IN BRAZIL-NORTHEAST-SERGIPE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7872024


Ayla Gabriella Silva Ribeiro1
Rafael da Silva Lemos1
Delza Correia Lima1
Mariana Dantas Mota1
Ana Carolina Matiotti Mendonça1
Thaina Ferreira Santos1
Milena Yanne Santos de Melo2
Isadora Vieira Carozo1
Lais Teles Lima Machado1
Marina de Pádua Nogueira1


RESUMO 

Avaliar o perfil vacinal contra o HPV e realizar uma interface entre Brasil, Nordeste e Sergipe, comparando cobertura vacinal completa, parcial e por sexo. Consiste em um estudo epidemiológico descritivo quantitativo realizado a partir do DATASUS entre 2014 e 2023. No Brasil, houve 45.955.824 vacinas aplicadas no período analisado, sendo que 18.126.445 foram primeira dose realizada no sexo feminino, dessas 73,8% prosseguiram para a segunda dose. No Nordeste, nota-se uma similaridade no padrão, em que 9.240.278 vacinas foram realizadas no sexo feminino, dessas 70,8% tomaram duas doses. No que diz respeito ao sexo masculino, o número de doses aplicadas foi inferior à metade do observado no feminino. Já em Sergipe, foram vacinados 365.124 indivíduos do sexo feminino e 167.305 do masculino. O perfil vacinal contra HPV traçado nesse estudo serve de alerta para incentivo a intervenções precoces, de modo que seja possível incentivar a maior adesão à vacina.

Palavras-chave: Papilomavírus Humano, Vacina, Prevenção Primária.

ABSTRACT

To evaluate the vaccine profile against HPV and perform an interface between Brazil, the Northeast and Sergipe, comparing complete, partial and gender vaccine coverage. It consists of a quantitative descriptive epidemiological study carried out from DATASUS between 2014 and 2023. In Brazil, there were 45,955,824 vaccines administered in the analyzed period, with 18,126,445 being the first dose administered to females, of which 73 8% proceeded to the second dose. In the Northeast, there is a similarity in the pattern, in which 9,240,278 vaccines were given to females, of which 70.8% took two doses. With regard to males, the number of doses applied was less than half that observed in females. In Sergipe, 365,124 females and 167,305 males were vaccinated. The vaccine profile against HPV traced in this study serves as a warning to encourage early interventions, so that it is possible to encourage greater adherence to the vaccine.

Key words: Human Papillomavirus Viruses, Vaccines, Primary Prevention.

INTRODUÇÃO 

O papiloma vírus humano (HPV) é o agente etiológico da infecção sexualmente transmissível (IST) mais prevalente globalmente. Há mais de 200 subtipos de HPVs, subdividido em cutâneos e mucosos de acordo com seu tropismo. Sabe-se que sua infecção desencadeia específicas formas de lesão no organismo, e, em alguns casos, podem se associar com a manifestação do câncer de colo de útero. A infecção pelo HPV é um importante desafio de saúde pública dada a sua incidência na população feminina e a história natural evitável da doença (ALMEIDA et al., 2020; PALEFSKY, 2023).

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, uma em cada dez pessoas estão infectadas pelo HPV sendo detectados 500 mil novos casos de câncer cervical por ano. Aproximadamente 70% destes novos casos são observados em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, sendo que cerca de 231 mil mulheres acabaram evoluindo para morte em decorrência de câncer cervical invasivo. Mulheres acima de 50 anos apresentam grandes chances de portar o vírus e, dessa forma, possibilitar o desenvolvimento de uma neoplasia relacionada ao HPV. Somado a isso, dados mostram que após os 56 anos, as mulheres apresentam maior predisposição para desenvolver lesões de alto risco, neoplasia intraepitelial cervical (NIC) grau 3, quando comparadas às mais jovens (ZARDO et al., 2014; LAIA et al., 2015).

A vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano Quadrivalente sorotipo 6, 12, 16 e 18) foi disponibilizada pelo Sistema Público de Saúde em março de 2014. Como estratégia de implantação, a vacina foi inicialmente destinada a meninas de 11 a 13 anos, com 3 doses distribuídas em 0, 1 mês após a primeira dose e 6 meses após a segunda dose.  Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem como público-alvo meninos de 9 a 14 anos, além de estenderem a idade das meninas para de 9 a 26 anos com preferência entre 9 a 14 anos pela maior eficácia devido a menor possibilidade de exposição prévia ao HPV (SBIM, 2022; MS, 2022; COELHO et al., 2023).

Também estão incluídos indivíduos com condições especiais como os que convivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e oncológicos entre 9 e 45 anos. Além disso, apenas duas doses são preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) com intervalo de 6 meses entre elas. Vários estudos mostraram eficácia da vacina em proteger contra verrugas genitais e câncer de colo de útero, além de ter sido comprovado que a produção de anticorpos após a segunda dose era comparável nos indivíduos que fizeram o esquema de 3 doses (ROITMAN, 2015; SANTOS e DIAS, 2018; SBIM, 2022; MS, 2022).

O objetivo do PNI é atingir cobertura vacinal da primeira e da segunda dose em pelo menos 80%. Em 2014, 87% dos municípios brasileiros atingiram a meta preconizada na primeira dose, porém apenas 32% deles atingiram a meta na segunda dose. As explicações elencadas para a baixa cobertura foram dificuldade de acesso, falhas nos registros de doses de vacinas aplicadas, erros de digitação e imprecisões dos dados demográficos utilizados na estimação do número de indivíduos na faixa etária alvo (MOURA et al., 2021). 

Este estudo tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico vacinal contra o HPV e realizar uma interface entre Brasil, Nordeste e Sergipe, comparando cobertura vacinal completa, parcial e por sexo.

MÉTODOS 

O desenvolvimento deste trabalho foi fundamentado pela realização de um estudo epidemiológico descritivo a partir dos dados disponíveis nos subsistemas do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). O corte cronológico abrange janeiro de 2014 a março de 2023, pois somente no ano de 2014 a vacina quadrivalente contra o HPV foi disponibilizada pelo Sistema Público de Saúde. 

Foram utilizados os dados dos seguintes subsistemas: Assistência à saúde e Imunizações desde 1994, com recorte temporal e análise de doses aplicadas em meninos e meninas em Sergipe, Nordeste e Brasil. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva, apresentando-se os resultados encontrados e discutindo-se a pertinência desses.

Foram analisadas o número de doses aplicadas de acordo com o sexo (masculino, feminino), a região (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste) e a idade (9 anos a > 27 anos). Os dados foram organizados no programa Microsoft Office Excel® para armazenamento e tabulação, de modo que fosse calculado a frequência absoluta e relativa para sua apresentação nesse estudo.

RESULTADOS 

No período estudado, houve 45.955.824 vacinas aplicadas no Brasil contra o HPV, sendo que 31.768.345 (69%) das doses foram aplicadas no sexo feminino, 18.126.445 com uma dose e, dessas 73,8% realizaram a segunda dose. Já no sexo masculino, houveram 14.187.479 (31%) vacinas aplicadas, com 8.671.443 vacinados com uma dose e, desses apenas 62% concluíram o esquema com duas doses (Tabela 1).

Tabela 1. Doses aplicadas de HPV quadrivalente entre 2014 e 2023 no Brasil. Aracaju- SE, 2023.

Sexo1ª dose2ª dose3ª doseTotal
Masculino8.671.4435.413.145102.89114.187.479
Feminino18.126.44513.369.325272.57531.768.345
Total    26.797.88818.782.470375.46645.955.824

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

Na região Nordeste, foram aplicadas 12.946.349 vacinas, correspondendo a cerca de 28% das doses aplicadas no Brasil. No sexo feminino, 9.240.071 (71%) vacinas foram aplicadas, sendo 5.390.007 (58,3%) com uma dose, dessas 71% fizeram esquema completo, enquanto que no masculino houve 3.706.071 (29%) doses aplicadas, 2.318.615 (62%) com uma dose e, desses, 1.373.404 com duas doses (Tabela 2).

Tabela 2. Doses aplicadas de HPV quadrivalente entre 2014 e 2023 no Nordeste.

Sexo1ª dose2ª dose3ª doseTotal
Masculino2.318.6151.373.40414.0523.706.071
Feminino5.390.0073.860.43929.8329.240.278
Total7.708.6225.193.84343.88412.946.349

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

Em cenário estadual, foi identificada a aplicação de uma dose em 365.124 indivíduos do sexo feminino e 167.305 do sexo masculino, totalizando 532.429 doses. Sendo que foram aplicadas duas doses em 69,4% dos indivíduos do sexo feminino que receberam uma dose e 61% dos indivíduos do sexo masculino (Tabela 3).

Tabela 3. Doses aplicadas de HPV quadrivalente entre 2014 e 2023 em Sergipe.

Sexo1ª dose2ª dose3ª doseTotal
Masculino103.39263.271642167.305
Feminino215.098149.324702365.124
Total318.490212.5951.344532.429

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

Nota-se que o maior número de vacinas aplicadas foi na faixa etária de 9 a 14 anos para o sexo masculino, correspondendo a 95% das realizadas no total, enquanto que no feminino foi entre 9 e 14 anos. No total, 96,4% das doses foram aplicadas na faixa etária (9 a 14 anos) mais adequada de acordo com o MS (Tabela 4). 

Tabela 4. Doses aplicadas por região de acordo com a faixa etária.

Faixa etáriaNorteNordesteSudesteSulCentro-OesteTotal
Masculino
9 a 14 anos1.273.4593.569.7735.399.1432.220.2481.025.27313.487.896
15 a 19 anos33.03491.379218.79898.62531.183473.019
20 a 26 anos7.45022.42960.08223.36910.790124.120
> 27 anos5.63522.49043.66919.79210.858102.444
Total1.319.5783.706.0715.721.6922.362.0341.078.10414.187.479
Feminino
9 a 14 anos2.949.2079.067.01212.279.8374.226.5622.314.65130.837.269
15 a 19 anos23.47473.623178.25567.85528.413371.620
20 a 26 anos14.04551.854156.12762.10023.8243.079.50
> 27 anos11.05847.789116.35144.18932.119251.506
Total2.997.7849.240.27812.833.4614.400.7062.399.00731.768.345

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

Observa-se que a região com maior número de vacinação foi a Sudeste, com aproximadamente 40% das doses, seguida pela Nordeste com cerca de 28% e a Sul com 14,7% (Tabela 4).

Gráfico 1. Doses aplicadas por região de acordo com a faixa etária e região.

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

A partir do Gráfico 2, observa-se uma queda na adesão da vacinação contra o HPV, principalmente, em 2016, quando houve o menor registro de doses aplicadas dos anos avaliados, com apenas 2.400.703 indivíduos vacinados. Nota-se que em 2014, foram aplicadas 8.511.025 doses, e ao comparar com o ano de 2022, houve uma queda de 50,5%, totalizando 4.301.690 doses no último ano completo avaliado. Além disso, apenas entre os biênios de 2016-2017 e 2021-2022 houve um aumento do número de doses aplicadas. 

Gráfico 2. Doses aplicadas de acordo com ano.

Fonte: Ribeiro AGS, et al., 2023; dados extraídos do DATASUS.

DISCUSSÃO 

No período analisado, houveram 45.955.824 vacinas aplicadas no Brasil contra o HPV, sendo que a região Sudeste foi responsável por 40% das doses, seguida pela Nordeste com 28%.  Similar a esses valores, Araujo et al. (2021) e Avelino et al (2021) concluíram que a região Sudeste representou 41,1% da cobertura vacinal no país, entre 2017 e 2020, já o Nordeste foi a segunda região do país que mais vacinou contra o HPV com 27,9% das vacinações, o estado que mais vacinou contra o HPV foi a Bahia com 21,3% das vacinas.

Houve uma queda de adesão ao esquema vacinal contra o HPV no Brasil, observando-se uma redução maior que 50% entre 2022 e 2014. Salienta-se que o MS considera uma cobertura vacinal ideal quando atinge 95% do público-alvo. Segundo Sousa et al. (2018) são fatores que contribuem para queda o temor dos efeitos adversos, a falta de confiança em uma nova vacina, a falta de informação a respeito da vacina e informações insuficientes de responsáveis da área da saúde. Por se tratar de uma vacina nova, sabe-se dos paradigmas em que a sociedade cobra transparência de dados e melhores estudos experimentais empíricos para conferir credibilidade (THEIS et al., 2020; CARVALHO et al., 2019).

Verificou-se uma redução no número de vacinas aplicadas com o decorrer dos anos analisados, sendo que 2014 foi o ano com maior número de doses aplicadas. O estudo de Moura et al (2021) constatou que, em 2014, 87% dos municípios no Brasil atingiram a meta preconizada de vacinação para primeira dose, mas apenas 32% atingiram a segunda. Sabe-se que, de uma forma geral, a idade mais jovem é um preditor positivo para adesão vacinal, por isso a primeira dose tende a ter mais aplicações (ROSENTHAL et al., 2011; TIRO et al., 2012). Contudo, há pensamentos hesitosos a respeito da relação entre o câncer de colo uterino e a infecção pelo HPV por muitos jovens, o que dificulta a vacinação nessa faixa etária, por isso o baixo nível de escolaridade está associado à sua menor adesão (KWAN et al., 2008; RESTIVO et al., 2018; FARIA et al., 2021). 

Fonseca et al. (2017) previam que a recomendação para imunização de jovens com idade, teoricamente, anterior ao início da vida sexual iria causar uma reprovação por alguns responsáveis, principalmente, os mais conservadores. Similar a isso, Notejane et al. (2018) concluíram em seu estudo que o motivo mais frequente para não vacinação foi o desconhecimento da vacina (71,6%) seguido pela rejeição/negativa do adolescente ou do adulto responsável (19,4%). Em um estudo realizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), com 493 adolescentes de escolas públicas e 317 de privadas de Aracaju, as alunas informaram não tomaram a vacina por desconhecimento, sendo que nenhuma estudante de escola pública que participou da pesquisa recebeu a vacina (FONTES, 2013).

Nota-se um padrão similar entre a vacinação contra o HPV no Brasil, no Nordeste e em Sergipe. Menos de 74% dos indivíduos que realizaram a primeira dose no Brasil-Nordeste-Sergipe concluíram o esquema com duas doses como preconizado atualmente pelo MS. Além disso, houve uma adesão à vacina superior no sexo feminino de aproximadamente 40% em relação ao masculino. Sabe-se que a vacina contra o HPV tem benefício direto no sexo feminino, visto que protege contra cânceres resultantes da infecção persistente contra o vírus, esse efeito preventivo é mais evidente no câncer cervical dado sua alta prevalência nas mulheres. A vacina também previne verrugas anogenitais causadas pelo vírus, que apesar de não serem malignas acarretam morbidade psicológica e física, e câncer de orofaringe (COX, 2023; GOLDIE et al., 2004; RODRIGUES et al., 2021). 

No estudo de Silva et al. (2016), realizado em Paracatu (Minas Gerais), foi constatado que os adolescentes, sobretudo do sexo masculino, apresentavam déficit de conhecimento acerca da vacinação do HPV, sendo a escola um ambiente fundamental para esclarecer dúvidas sobre tais assuntos, buscando desmitificar as informações errôneas e programar estratégias de enfrentamento a baixa adesão junto com as secretarias de saúde nos diferentes níveis governamentais. De forma geral, é sabido que indivíduos do sexo masculino buscam menos os serviços de saúde, na pesquisa de Pinheiro et al. (2002) é abordado os números comparativos em relação a diferença no perfil do público masculino e feminino, em que o sexo feminino busca mais serviços de saúde para a realização de exames de rotina e prevenção com o percentual de 40,3% em comparação com 28,4% do sexo masculino, isso ocorre pelo maior medo de descobrir algo errado, sendo uma forma de evitar um diagnóstico desanimador. 

O sexo feminino detém mais conhecimento sobre a vacinação contra o HPV e sua importância, além disso por frequentarem mais o ambiente da saúde recebem recomendação médica, o que causa uma influência positiva na vacinação (DONADIKI et al., 2012; SOUZA et al., 2020; TEIXERA 2016). Um estudo realizado em 2012, com 208 estudantes do sexo feminino do curso de Medicina da UFS a maioria das alunas tinham conhecimento sobre a vacina do HPV, principalmente, através dos professores universitários, mas a maioria não fora vacinada (SILVA 2013). Ademais, o elevado custo foi referido como a principal causa de não vacinação, apesar de não haver significância estatística entre uso da vacina e renda familiar, ao que parece, parcela significativa de sergipanos perdem o período de vacinação do HPV pelo SUS (SANTOS e DIAS, 2018). 

No estudo de Jeyarajah et al, (2015) foi avaliado a imunização entre 2008 e 2013 nos Estados Unidos, sendo observado também uma menor adesão do sexo masculino em relação ao feminino. A cobertura vacinal estimada entre 13 e 17 anos para sexo feminino foi 63% e de 50% para o masculino, sendo que apenas 42% e 28%, respectivamente, completaram o esquema vacinal (durante a pesquisa era de três doses) demonstrando que, assim como nesse estudo, houve uma maior adesão feminina à vacinação. 

Apesar do Brasil ser o primeiro país da América Latina e o sétimo do mundo a adotar a vacinação para meninos no PNI, tendo a meta de cobertura vacinal de pelo menos 80%, nesse estudo apenas 31% das doses aplicadas no período analisada foi destinada ao sexo masculino. Sabe-se que essa implementação, em geral, não é custo-efetiva ao comparar com a vacinação feminina, entretanto, em cenários com baixa cobertura vacinal feminina, há um aumento do custo-efetividade, visto que ocorre proteção do rebanho (COX, 2023; ROITMAN, 2015). Referente ao custo da vacinação, o estudo de Taira et al. (2004) constatou que a vacina contra HPV no sexo feminino aos 12 anos reduziria o número de câncer de colo uterino em cerca de 61,8%, acarretando em uma relação custo-efetividade de 14,583 dólares por ano de vida. Para isso, é necessário que 70% da população feminina esteja vacinada com esquema completo, um custo de 300 dólares por indivíduos vacinado, ressalta-se que 73,8% das que tomaram a primeira dose no estudo concluíram o esquema. No Brasil, estima-se que haja um custo de 25 reais para cada dose de vacina contra o HPV (BRATS, 2011).

CONCLUSÃO 

Conclui-se que a vacina do HPV é aplicada em todo o Brasil para homens e mulheres, em todas as faixas etárias programadas, com baixa adesão para ambos os sexos e com alta taxa de abandono do esquema vacinal completo. Apesar da implementação da vacina HPV no PNI, o panorama brasileiro, nordestino e sergipano enfrenta obstáculos para alcançar a meta de cobertura vacinal.

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1Universidade Tiradentes, Aracaju-SE
2Universidade do Oeste Paulista, Guarujá – SP