COMPLICATIONS IN THE AESTHETIC USE OF BOTULINUM TOXIN: MANAGEMENT AND PREVENTION APPROACHES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202508042331
Laryssa Lima Santana1, Mauricio de Sousa Carvalho Reis2, Giselly Maria Alvarenga Fernandes3, Priscila Sousa de Mota Santos4, Itana Silva Carvalho5, Telma Vieira Lima6, Maria Tereza Batista da Rocha Viana7, Fábio Araújo Praeiro8
RESUMO
Introdução – A Toxina Botulínica, originada da Bactéria Clostridium Botulinum, revolucionou os procedimentos estéticos faciais ao permitir a paralisação temporária dos músculos responsáveis por causar rugas e marcas de expressão. Utilizada amplamente no combate às rugas dinâmicas, sua aplicação proporciona rejuvenescimento da face e melhora autoconfiança. Apesar de seus benefícios, o uso da substância envolve certos riscos, especialmente quando executado sem avaliação detalhada ou por profissionais sem a devida qualificação técnica, ressaltando a relevância da formação especializada e do atendimento criterioso. Objetivo – Este trabalho tem como propósito examinar os efeitos adversos associados à utilização estética da toxina botulínica, assim como discutir estratégias preventivas e de manejo para assegurar a eficácia e segurança do procedimento. Métodos – A pesquisa baseia-se em uma revisão integrativa da literatura, de natureza básica e descritiva, com abordagem qualitativa e objetivo exploratório, com levantamento de dados nas plataformas PUBMED, BVS e MEDLINE, abrangendo publicações de 2019 a 2024. Resultados – Entre as complicações mais comuns estão ptose palpebral, assimetrias faciais, hematomas, dores, cefaleias e reações alérgicas. A ptose pode ser atenuada com colírios; as assimetrias, corrigidas com reaplicações. Hematomas são minimizados com agulhas finas e compressas frias. Analgésicos e técnicas menos invasivas ajudam no controle da dor e da cefaleia. Casos mais complexos podem se beneficiar de fisioterapia ou radiofrequência. Conclusões – Dessa forma, o conhecimento sobre as possíveis intercorrências e a habilidade para manejá-las adequadamente são fundamentais para garantir o sucesso do tratamento com toxina botulínica. A qualificação contínua dos profissionais e a adoção de boas práticas clínicas são indispensáveis para aprimorar a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes.
Palavras-chave: Toxinas Botulínicas Tipo A. Complicações. Técnicas Cosméticas.
1 INTRODUÇÃO
A busca pela estética consolidou-se como um dos pilares da saúde estética contemporânea, impulsionada pela valorização da aparência e pelo desejo crescente de bem-estar e autoestima. Neste cenário, a toxina botulínica (TB) tem se destacado como um dos recursos terapêuticos mais utilizados, especialmente nos procedimentos de rejuvenescimento facial, por sua capacidade de atuar sobre as rugas dinâmicas e estáticas, prevenindo ou suavizando sua formação. Sua aplicação estética é amplamente reconhecida por proporcionar resultados naturais, contribuindo para uma aparência facial mais jovial, harmônica e, consequentemente, para a melhoria da autopercepção e da autoestima dos pacientes (Fujita e Hurtado, 2021).
A TB é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, um microrganismo anaeróbico e gram-positivo. Essa substância possui sete sorotipos distintos, identificados pelas letras de A a G, todos com potencial de bloquear a liberação de acetilcolina nas terminações nervosas, ocasionando paralisia muscular temporária. Dentre esses, o tipo A, conhecido como toxina botulínica tipo A (TBA), é o mais empregado na prática estética, especialmente para o tratamento de rugas de expressão nas regiões frontal, glabelar e periocular (De Faria; Suguihara e Muknicka, 2023).
Nos últimos anos, o uso de neurotoxinas tem ganhado notoriedade por oferecer um tratamento minimamente invasivo, de aplicação rápida e com recuperação geralmente breve, o que o torna atrativo tanto para os profissionais quanto para os pacientes. Essa abordagem tem se destacado por proporcionar resultados eficazes com alto grau de previsibilidade, promovendo melhorias visíveis na aparência facial sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos mais complexos. A praticidade da aplicação, aliada ao conforto do paciente durante e após o procedimento, contribui para a popularização crescente dessa técnica no campo da estética (Borba; Matayoshi e Rodrigue, 2022)
Nesse contexto, destaca-se ainda que os efeitos da toxina botulínica são graduais e naturais, preservando as expressões faciais e respeitando as características individuais, o que reforça sua aceitação e preferência. Ademais, a versatilidade da substância permite sua aplicação em diversas áreas da face, ampliando as possibilidades terapêuticas e estéticas com segurança e eficácia. Tais aspectos, em conjunto, consolidam as neurotoxinas como uma ferramenta moderna, eficiente e amplamente valorizada no contexto da saúde estética contemporânea (Aguiar et al., 2023).
No entanto, apesar dos benefícios amplamente documentados e da crescente aceitação da toxina botulínica na prática estética, é fundamental reconhecer que sua aplicação não está isenta de riscos. Assim como em qualquer outro procedimento estético, o uso da TBA exige uma abordagem criteriosa, pautada na avaliação clínica individualizada, na observação de possíveis contraindicações e na vigilância quanto a potenciais efeitos adversos (Uhlick e Leite, 2024).
Por tanto, apesar da ampla aplicação da toxina botulínica na estética, ainda há desafios quanto ao preparo técnico e ético dos profissionais diante de intercorrências. A ausência de condutas adequadas pode comprometer a segurança do paciente, evidenciando a necessidade de discutir medidas de controle e prevenção eficiente. Diante disto, compreender suas causas, formas de manejo e prevenção é essencial para garantir a segurança do paciente e a eficácia do procedimento. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo, analisar as intercorrências no uso estético da toxina botulínica, propondo abordagens eficazes de manejo e prevenção.
2 METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo e questão norteadora
Este estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura, de natureza básica e descritiva, com abordagem qualitativa e objetivo exploratório, baseada na seguinte questão norteadora: Quais são as principais intercorrências associadas ao uso estético da toxina botulínica e de que forma a atuação preventiva e o manejo adequado contribuem para a segurança e eficácia do procedimento?
2.2 Local de busca e descritores A
A presente pesquisa foi realizada nas bases de dados de referências bibliográficas, como: National Library of Medicine (PUBMED), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Logo, foram empregados os seguintes descritores, através do Medical Subject Headings (MESH): “Botulinum toxin type A”, “Postoperative Complications” e “Cosmetic Techniques ” empregados juntamente com o operador booleano “AND”.
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão
Ademais, foram incluídos artigos completos, publicados no idioma Português e inglês, entre os anos de 2019 a 2024, disponibilizados na íntegra, na versão online e que exploraram as intercorrências no uso estético da toxina botulínica ou apresentaram informações relevantes sobre o tema. Além disso, foram selecionados revisões sistemáticas, ensaios clínicos controlados e relatos de caso. Para descarte elegeu-se os resumos, monografias, dissertações, textos incompletos, e que não estavam dentro do período temporal estabelecido ou que não abordaram diretamente a temática proposta.
2.4 Triagem e elegibilidade dos artigos
A busca inicial resultou em 302 registros recuperados das bases de dados, sendo 187 provenientes da PubMed, 59 da BVS e 56 da MEDLINE. A organização dos dados foi realizada por meio da exportação dos registros em formatos compatíveis com os softwares utilizados, permitindo a padronização das informações e a identificação de duplicatas. Para esse processo, utilizou-se o software Rayyan, o qual auxiliou na triagem e na exclusão dos registros duplicados, proporcionando maior agilidade e rigor. Após essa etapa, permaneceram 95 artigos elegíveis. Desses, todos foram analisados quanto aos critérios de inclusão com base na leitura de títulos e resumos. Após essa filtragem, 30 artigos foram selecionados para leitura na íntegra, sendo que 15 foram excluídos por não atenderem à pergunta norteadora, ficando assim 15 artigos incluídos na revisão.
2.5 Extração e Análise dos Dados
Os 16 artigos selecionados foram submetidos a uma análise crítica utilizando o instrumento validado e adaptado de Ursi e Galvão (2006), que abrange os seguintes critérios: identificação do artigo, título, objetivo e tipo do estudo, além dos principais achados. O processo de seleção e triagem dos artigos está representado em um fluxograma PRISMA, demonstrando detalhadamente a inclusão e exclusão dos estudos ao longo das etapas (figura 1).
Figura 1. Fluxograma do processo de identificação de referências, conforme recomendação do PRISMA. Caxias, MA, Brasil, 2025.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a finalidade de evidenciar as informações presentes nos artigos, de forma clara e objetiva, foi elaborado um quadro em ordem crescente entre os anos de 2019 a 2024. O intuito é possibilitar uma comparação eficaz entre as diferentes pesquisas, além de auxiliar na identificação das informações mais relevantes. Em síntese, no Quadro 01, foram incluídas as seguintes categorias: título, autor/ano, objetivo, metodologia e principais achados. A construção do quadro foi baseado em Ursi e Galvão (2006), que orienta a organização sistemática de dados extraídos de estudos científicos para revisão integrativa.
TÍTULO | AUTOR/ANO | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | PRINCIPAIS ACHADOS |
Aspectos relevantes do uso da toxina botulínica no tratamento estético e seus diversos mecanismos de ação. | Fujita e Hurtado, 2021 | Analisar os principais mecanismos de ação da toxina botulínica tipo A e sua aplicação em tratamentos estéticos. | Revisão de literatura | A toxina botulínica tipo A é eficaz no tratamento de distonias faciais, atuando por meio do bloqueio da liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, resultando em paralisia muscular temporária. |
Uma Revisão das complicações devido ao uso da toxina botulínica A para indicações cosméticas. | Sethi et al., 2021 | Revisar as complicações decorrentes do uso da TBA para fins cosméticos, enfatizando a importância do conhecimento anatômico e da técnica adequada para minimizar riscos. | Revisão Sistemática | Complicações estéticas podem ocorrer, ptose, assimetrias a se temer; técnica e anatomia são fundamentais, para resultados seguros e ideais. |
Complicações da toxina botulínica A: Uma revisão atualizada. | Kroumpouzos et al., 2021 | Revisar as complicações associadas à aplicação da toxina botulínica tipo A, destacando os efeitos adversos conforme a Localização | Revisão Narrativa | Complicações variam com a região tratada, ptose, assimetrias, dor são relatadas; conhecimento anatômico é essencial, para evitar efeitos adversos no final. |
Como evitar complicações na parte superior da face: Tratamento com toxina botulínica. | Borba; Matayoshi e Rodrigues, 2022 | Descrever as principais complicações associadas ao uso de toxina botulínica na região superior da face e apresentar um guia prático, baseado em evidências atuais, para evitá-las. | Revisão Narrativa | Na face superior, a toxina é eficaz, mas sem cautela, o risco se faz. Ptose, assimetria e diplopia podem surgir, com técnica e anatomia, é possível prevenir. |
Toxina Botulínica tipo A e suas intercorrências no terço Superior da face . | De Albuquerque e tal., 2022 | Identificar intercorrências no terço superior da face. | Revisão Narrativa | O estudo destaca que as principais intercorrências da toxina botulínica tipo A no terço superior da face são leves e reversíveis, como ptose Palpebral, cefaleia e edema, geralmente causadas por técnica inadequada ou falha na higienização. |
Toxina botulínica Tipo A e as suas intercorrências no terço superior da face. | De Sousa Martins et al., 2022 | Analisar as intercorrências associadas à aplicação da toxina botulínica tipo A no terço | Revisão bibliográfica descritiva | O estudo destaca que complicações na aplicação da toxina botulínica tipo A na região superior da face podem ser reduzidas com a correta execução dos protocolos, atuação de profissionais experientes e conduta ética. Enfatiza ainda a importância de seguir os parâmetros de cada marca, garantir o armazenamento adequado e orientar os pacientes sobre os cuidados pós- procedimento. |
Principais intercorrências e efeitos adversos na aplicação de toxina botulínica na harmonização facial. | Aguiar et al., 2023. | Analisar as principais intercorrências e efeitos adversos associados à aplicação de toxina botulínica na harmonização facial. | Revisão bibliográfica | Identificou-se que, embora a toxina botulínica seja amplamente utilizada na harmonização facial, podem ocorrer efeitos adversos como ptose palpebral, assimetria facial e equimoses. Destaca-se a importância do conhecimento anatômico e da técnica adequada para minimizar riscos. |
Intercorrências ocasionadas pela toxina botulínica na estética. | Almeida et al., 2023 | Analisar as complicações causadas pela toxina botulínica tipo A em procedimentos estéticos. | Revisão integrativa da literatura | Complicações como visão dupla, paralisia do sexto nervo, infecções respiratórias, granulomas e ptose palpebral são raras, mas ressaltam a necessidade de profissionais qualificados, uso de guias seguros e doses apropriadas para minimizar riscos. |
Toxina botulínica: Intercorrências e complicações na aplicação. | De Faria et al., 2023 | Abordar as intercorrências e complicações associadas à aplicação da toxina botulínica. | Revisão de literatura | Apesar de ser considerada segura, a aplicação da toxina botulínica requer conhecimento anatômico detalhado e habilidades técnicas para evitar complicações. |
Ptose palpebral como complicação da toxina botulínica. | De Oliveira et al., 2023 | Discutir a ptose palpebral como uma complicação decorrente da aplicação de toxina botulínica. | Revisão de literatura | A ptose palpebral é uma complicação rara, mas possível, reforçando a necessidade de técnicas adequadas e conhecimento anatômico para sua prevenção. |
A toxina botulínica na harmonização orofacial. | Penna et al., 2023 | Explorar o uso da toxina botulínica na harmonização orofacial, destacando seus benefícios estéticos. | Revisão de literatura | A toxina botulínica é eficaz na harmonização orofacial, promovendo paralisia muscular flácida e transitória através da denervação química. O tipo A é o mais utilizado em procedimentos estéticos faciais. |
Intercorrências em toxina botulínica. | Pereira et al., 2023 | Analisar as intercorrências associadas ao uso da toxina botulínica em procedimentos estéticos. | Revisão bibliográfica | As principais complicações incluem ptose palpebral, assimetria facial e efeitos adversos relacionados à técnica de aplicação. A importância do conhecimento anatômico e da técnica adequada é enfatizada para minimizar riscos. |
Toxina Botulínica Tipo A e as complicações associadas ao uso na harmonização facial. | André et al., 2024 | Compreender as complicações associadas à aplicação da toxina botulínica tipo A na harmonização facial. | Revisão de literatura | Complicações como ptose, hematomas e edemas são geralmente leves e transitórias. A importância do conhecimento anatômico e da individualização do tratamento é enfatizada para evitar intercorrências. |
A importância do conhecimento anatômico muscular na aplicação da toxina botulínica. | Rocha et al., 2024 | Destacar a relevância do conhecimento anatômico muscular para a aplicação segura da toxina botulínica. | Artigo de revisão | O conhecimento detalhado da anatomia muscular facial é essencial para evitar complicações na aplicação da toxina botulínica, garantindo resultados estéticos satisfatórios e seguros. |
Toxina botulínica e a ptose palpebral: Uma revisão narrativa. | Soos, 2024 | Analisar os principais fatores associados ao desenvolvimento da ptose palpebral como efeito adverso da aplicação da toxina botulínica tipo A, discutindo suas causas, consequências clínicas e estratégias de prevenção. | Revisão narrativa | Apesar de ser transitória, a ptose pode comprometer a função visual e a estética facial, afetando a qualidade de vida dos pacientes. O artigo enfatiza a importância do domínio anatômico, da técnica correta e da capacitação profissional para prevenir esse efeito, além de destacar a necessidade de mais pesquisas sobre o tema. |
3.1 Toxina Botulínica e suas implicações
Toxina botulínica tipo A (TBA), popularmente conhecida como botox, é um recurso eficaz na estética facial quando utilizada de forma adequada por profissionais habilitados. Sua aplicação permite atenuar linhas de expressão e marcas faciais, proporcionando resultados visivelmente satisfatórios. Movimentos repetitivos da face, como sorrir, franzir a testa ou apertar os olhos, favorecem o aparecimento das chamadas rugas dinâmicas, que, com o tempo, tendem a se tornar permanentes, originando as rugas estáticas. (Pereira; Andrade; Braga et al., 2023).
A aplicação da TBA em músculos específicos, quando realizada na dose apropriada, promove o relaxamento da região tratada, contribuindo para a atenuação de rugas já formadas e prevenindo o surgimento de novas marcas. Apesar de seus efeitos estéticos positivos, a substância não está livre de possíveis reações adversas, podendo desencadear intercorrências, situações inesperadas que surgem durante ou após o procedimento, podendo interferir no curso planejado e impactar a saúde do paciente (Aguiar et al., 2023).
De acordo com Martins, Rodrigues e Alcântara (2022) e De Faria et al., (2023) o manejo dessas ocorrências exige reconhecimento precoce e intervenções adequadas, baseadas em protocolos clínicos e na experiência profissional. Já as ações preventivas devem envolver uma análise detalhada do paciente, uso de práticas seguras, preparo profissional contínuo e monitoramento eficaz, assegurando um tratamento confiável e com menores riscos.
As principais intercorrências associadas ao uso estético da toxina botulínica são amplamente documentadas na literatura, além de suas variações em gravidade, desde efeitos leves e transitórios até complicações mais graves. Entre as mais comuns, destacam-se a ptose palpebral, assimetrias, edema, hematomas, cefaleia e reações alérgicas. Essas intercorrências estão frequentemente relacionadas a erros técnicos, como aplicação em pontos inadequados, dose excessiva ou técnica de injeção incorreta (Rocha; Pinheiro e Faria, 2024 e Fujita e Hurtado, 2021).
3.1.1 Ptose Palpebral
A ptose palpebral é uma das complicações mais comuns da TBA, caracterizada pela queda da pálpebra superior entre 1 e 2 mm devido à difusão do 18 produto para o músculo elevador da pálpebra, causando fraqueza local (Oliveira et al., 2023). Apesar de temporária, essa condição pode afetar a estética e a visão por algumas semanas. A prevenção inclui aplicação cuidadosa longe da região orbital, uso da dose correta e orientação ao paciente para evitar contato com a área tratada nas primeiras horas (Aguiar et al., 2023).
Colírios apraclonidina ou lopidina, técnicas de radiofrequência, microcorrentes e massagens que estimulam a contração muscular têm se mostrado eficazes no tratamento da ptose palpebral (Uhlick e Leite, 2024). A apraclonidina, por exemplo, atua como agente simpaticomimético ao estimular os receptores alfa2 adrenérgicos, promovendo a elevação da pálpebra de forma temporária. Embora seu efeito passageiro, é uma opção viável para o controle desse efeito adverso da toxina botulínica. A administração deve ser feita com acompanhamento profissional, considerando a gravidade do caso e a resposta do paciente (De Oliveira et al., 2023).
Para auxiliar no manejo da ptose, torna-se indispensável o uso do Claril, colírio que age na lubrificação e proteção da mucosa ocular, frequentemente comprometida pela dificuldade de fechamento das pálpebras. Sua aplicação regular ajuda a prevenir sintomas como ressecamento e irritação, promovendo alívio e preservando a saúde ocular até a recuperação da função palpebral. O emprego contínuo do Claril pode oferecer alívio significativo, contribuindo para a preservação da saúde da superfície dos olhos até que a pálpebra recupere sua função habitual (Soos, 2024).
3.1.2 Ptose de lábio superior
O uso estético da TB pode ocasionar outras alterações indesejadas, como a queda do lábio superior. Efeito como esse ocorre quando o produto se espalha para os músculos responsáveis pela elevação do lábio e da asa nasal, reduzindo o tônus muscular e comprometendo tanto a aparência quanto funções, como o sorriso e a articulação da fala. Embora reversível, essa condição pode gerar incômodo estético e impacto emocional. A prevenção depende da aplicação correta da toxina em áreas específicas, com doses apropriadas e atenção à anatomia do paciente (Sethi et al., 2021).
3.1.3 Ptose de sobrancelha
A ptose da sobrancelha é outra intercorrência frequente, resultante da dispersão da toxina para os músculos da testa ou ao redor dos olhos, responsáveis por sua elevação. Essa alteração pode provocar assimetria e um aspecto facial cansado, afetando a expressividade e, em alguns casos, a comunicação facial essencial, especialmente em profissionais que dependem da mímica facial. A correta aplicação da toxina, respeitando os pontos anatômicos e dosagens adequadas, é essencial para evitar tais complicações (Sethi et al., 2021).
Embora seja temporária, assim que identificada a ptose, deve-se imediatamente elaborar planos de tratamento com a finalidade de reestabelecer a tonicidade muscular, e a radiofrequência que tem se mostrado uma opção terapêutica eficaz, pois estimula a circulação sanguínea na região, eleva a temperatura dos tecidos, desnaturando a proteína da toxina, contribuindo para a melhora do tônus muscular. Esse método pode ser associado a protocolos de reabilitação, acelerando a retomada da função, além de orientações específicas da equipe de fisioterapia sobre o estímulo da região afetada, com o objetivo de obter a reativação muscular e alivio do desconforto (Pereira; De Andrade e Braga, 2023).
A radiofrequência promove o aquecicimento controlado dos tecidos, estimulando a circulação e auxiliando na recuperação neuromuscular, além de acelerar a eliminação da toxina. O tratamento costuma ser feito em 5 a 10 sessões semanais, com duração de 15 a 30 minutos, variando conforme a resposta do paciente. Para melhores resultados, pode ser combinada a outras terapias, como o uso de antioxidantes, antiinflamatórios e estímulos neuromusculares, sempre com acompanhamento profissional (André; Almeida e Da Fonseca, 2024).
A associação anti-inflamatória de alta potência também pode ser utilizada para diminuir o processo inflamatório local, acelerando o intervalo dos sintomas e minimizando a persistência da ptose. Esses medicamentos devem ser aplicados com cautela e sob supervisão profissional, considerando possíveis interações e contraindicações. Anti-inflamatórios como cetoprofeno e corticosteroides como a prednisona são úteis no tratamento de efeitos adversos da TB (Pereira; De Andrade e Braga, 2023).
O cetoprofeno ajuda a aliviar dor e inflamação, mas exige cautela em pessoas com problemas gástricos ou renais. A prednisona é eficaz em quadros mais intensos, reduzindo inchaço e desconforto. Ambos devem ser usados com 20 supervisão médica, geralmente por cinco dias, conforme a necessidade clínica. (André; Almeida e Da Fonseca, 2024).
O uso do laser infravermelho tem se mostrado eficaz na reabilitação de casos de ptose palpebral induzida por toxina botulínica. Essa tecnologia estimula a regeneração dos tecidos e melhora a circulação local, contribuindo para a recuperação da força muscular e acelerando o processo de melhora. A combinação com outras terapias pode otimizar os resultados estéticos e funcionais, promovendo alívio ao paciente. É uma técnica terapêutica não invasiva amplamente empregada na estimulação da regeneração celular e cicatrização dos tecidos (Pereira; De Andrade e Braga, 2023).
3.1.4 Assimetrias faciais
As assimetrias faciais podem ocorrer como resultado de respostas musculares individuais ou da aplicação localizada da TB. Diferenças visíveis, como elevação desigual das sobrancelhas, sorriso irregular ou desarmonia em outras regiões da face, podem comprometer o resultado estético, exigindo intervenções corretivas. Em muitos casos, ajustes com novas aplicações em áreas estratégicas, respeitando o equilíbrio da musculatura, são suficientes para restaurar a simetria (Aguiar et al., 2023).
No entanto, Kroumpouzos et al., (2021) relatam que em situações mais leves, a correção pode acontecer naturalmente à medida que os efeitos da substância se dissipam. Tais assimetrias também podem ser causadas por erros no planejamento e/ou durante à técnica de aplicação, como doses inadequadas ou injeções em locais incorretos, gerando relaxamento desigual dos músculos ou difusão da toxina para regiões não intencionadas, afetando áreas vizinhas e comprometendo não apenas a estética, mas em certos casos, também a funcionalidade facial.
Outro aspecto que pode influenciar o surgimento de assimetrias faciais é a resposta particular de cada musculatura, já que a força dos músculos pode variar entre os indivíduos, resultando em desequilíbrios entre os lados da face. Diferenças anatômicas pré-existentes, como assimetrias naturais nas sobrancelhas, também podem ser acentuadas após a aplicação da toxina. Além disso, a aplicação em excesso pode levar a uma fraqueza muscular mais acentuada em um dos lados, comprometendo a harmonia estética. Apesar de serem reversíveis, uma vez que os 21 efeitos da toxina costumam durar de 3 a 6 meses, é essencial que a aplicação siga uma técnica precisa para minimizar essas ocorrências (De Faria et al., 2023).
3.1.5 Sensibilidade dolorosa
A queixa de dor no local da aplicação é frequente, geralmente associada à penetração da agulha, inserção da agulha ou difusão da toxina nos tecidos. Apesar de curta duração e de intensidade leve, esse incômodo pode ser atenuado com o uso de agulhas mais finas, técnica adequada, anestésicos tópicos ou compressas frias aplicadas previamente. Além disso, orientar o paciente de forma clara e objetiva contribui para diminuir a tensão emocional, o que pode influenciar diretamente na percepção da dor (De Oliveira et al., 2023).
A dor de cabeça é um efeito adverso mencionado por alguns pacientes nas primeiras horas da aplicação de TBA, podendo estar associada à contração muscular, estresse ou reação inflamatória local após a aplicação da toxina. Embora autolimitada, pode causar incômodo. É recomendável orientar o paciente a repousar e, se preciso, fazer uso de analgésicos leves, como o paracetamol, para aliviar os sintomas. Além disso, o uso de técnicas de aplicação menos traumáticas contribui para reduzir esse efeito adverso (Aguiar et al., 2023; Oliveira et al., 2023).
4 CONCLUSÃO
A toxina Botulínica consolidou-se como um dos principais recursos da estética facial contemporânea, oferecendo resultados eficazes e minimamente invasivos no uso estético. Entretanto, o presente estudo evidenciou-se que, apesar de sua ampla aceitação e segurança geral, a aplicação da sua substância não está isenta de intercorrências, que podem variar de leves a mais severas, comprometendo tanto o resultado estético quanto a saúde do paciente.
Desse modo, compreender as dificuldades e identificar estratégias eficazes para lidar com eventuais complicações torna-se essencial para uma atuação clínica ética e segura. A valorização da formação contínua, da uniformização dos procedimentos e da capacitação técnica atualizada, contribui significativamente tanto para a proteção do paciente quanto para a consolidação da toxina botulínica como uma ferramenta estética confiável. Nesta etapa deve-se deixar claro se os objetivos foram ou não atingidos e se as hipóteses ou as suposições foram confirmadas ou rejeitadas, além de enunciar as principais contribuições teóricas e práticas do trabalho realizado.
A adoção de práticas baseadas em evidências, aliada à prevenção e ao manejo adequado das intercorrências, promove um padrão elevado de atendimento, proporcionando resultados satisfatórios e compatíveis com as expectativas dos indivíduos que recorrem ao tratamento. Futuros estudos em estética facial devem aprofundar o uso da toxina botulínica e avaliar melhor as complicações, visando tornar sua aplicação mais segura e eficaz na prática clínica.
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URSI, Elizabeth Silva; GALVÃO, Cristina Maria. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 1, p. 124–131, 2006.
1Discente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão, Campus Caxias- MA e-mail: laryssa.limals1234@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão, Campus Caxias- MA. e-mail: mauriciodentista@outlook.com.br
3 Discente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão, Campus Caxias- MA e-mail: gisellyalvarenga18@gmail.com
4Especialista em Harmonização Orofacial pela Associação Brasileira de Odontologia do Piauí, Campus Teresina-PI e-mail: correio25@hotmail.com
5Especialista em Harmonização Orofacial pela Associação Brasileira de Odontologia do Piauí, Campus Teresina-PI e-mail: itanacarvalho1@gmail.com
6Discente do programa de Mestrado profissional em Saúde da Família- UFPI, Campus Teresina-PI e-mail: telmalimafms.hu@gmail.com
7 Discente da especialização em harmonização Orofacial pela Associação Brasileira de Odontologia do Piauí, Campus Teresina-PI e-mail: mariatbrv@gmail.com
8 Discente da especialização em harmonização Orofacial pelo Instituto Orofacial das Américas, Campus Teresina-PI e-mail: fabiopraeiro87@gmail.com