INTERCURRENCES AND COMPLICATIONS IN THIRD MOLAR REMOVAL SURGERY – LITERATURE REVIEW
INTERCURRENCIAS Y COMPLICACIONES EN LA CIRUGÍA DE EXTRACCIÓN DE TERCEROS MOLARES – REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10241009090930
João Cossatis¹
Karen da Silva Cardozo²
Camily Machado Brum³
Rafael Meira Pimentel⁴
Resumo
A extração do terceiro molar é uma prática frequente no consultório odontológico. A motivação para a exodontia desse elemento é multifatorial. Podendo ser realizada por profissionais cirurgiões-dentistas ou ainda especialistas em cirurgia bucomaxilofacial. Intercorrências e complicações na cirurgia de remoção dos terceiros molares, podem estar presentes quando não se segue um correto planejamento e durante a execução da cirurgia, há fuga da técnica correta já pré-estabelecida na literatura. Esta revisão literária foi alimentada com fontes da Biblioteca Eletrônica Científica Online (SCIELO) e revistas especializadas em odontologia. Esta revisão procurou buscar junto às publicações científicas elucidar as principais causas de complicações e intercorrências na remoção dos elementos conhecidos como terceiros molares (sisos), analisando os parâmetros, verificando a prevalência dos casos e identificando os principais fatores de risco para ocasionar esta problemática. Além de elucidar as medidas de segurança para prevenir as ocorrências, protocolos para resolução das adversidades ocasionadas pelas intercorrências e complicações resultantes da extração dos terceiros molares. Levando-se em conta a sistêmica de cada caso, biossegurança durante os procedimentos conhecimento anatômico, técnica cirúrgica, anestésica, princípios de utilização dos instrumentais, domínio dos tempos cirúrgicos (diérese, hemostasia, exérese e síntese), conhecimento farmacológico entre outros. Essa pesquisa foi realizada com o intuito de enriquecer o conhecimento e o senso crítico e solucionador dos alunos de graduação e profissionais que atuam na área de cirurgia bucomaxilofacial. Para que os profissionais e futuros dentistas possam estar aptos a identificar os sinais e possuam clareza dos possíveis riscos pré e pós-operatórios, além dos protocolos para lidar com as intercorrências e complicações comumente associadas às extrações de terceiros molares.
Palavras-chaves : Extração, terceiro molar, complicações e intercorrências.
Abstract
Third molar extraction is a common practice in dental practices. The motivation for the extraction of this element is multifactorial. It can be performed by dental surgeons or specialists in oral and maxillofacial surgery. Intercurrences and complications in third molar removal surgery may occur when proper planning is not followed and during the execution of the surgery, there is a deviation from the correct technique already established in the literature. This literature review was fed with sources from the Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and specialized dentistry journals. This review sought to elucidate, together with scientific publications, the main causes of complications and intercurrences in the removal of elements known as third molars (wisdom teeth), analyzing the parameters, verifying the prevalence of cases and identifying the main risk factors for causing this problem. In addition to elucidating the safety measures to prevent occurrences, protocols for resolving adversities caused by intercurrences and complications resulting from third molar extraction. Taking into account the systemic nature of each case, biosafety during procedures, anatomical knowledge, surgical technique, anesthesia, principles of instrument use, mastery of surgical times (dieresis, hemostasis, excision and synthesis), pharmacological knowledge, among others. This research was carried out with the aim of enriching the knowledge and critical and problem-solving sense of undergraduate students and professionals working in the area of oral and maxillofacial surgery. So that professionals and future dentists can be able to identify the signs and have clarity on the possible pre- and postoperative risks, in addition to the protocols for dealing with the intercurrences and complications commonly associated with third molar extractions.
Key-words : Extraction, third molar and complications.
Resumen
La extracción del tercer molar es una práctica común en el consultorio dental. La motivación para la exodoncia de este elemento es multifactorial. Puede ser realizado por dentistas profesionales o especialistas en cirugía oral y maxilofacial. Las intercurrencias y complicaciones en la cirugía de extracción de terceros molares pueden presentarse cuando no se sigue una correcta planificación y durante la ejecución de la cirugía se sale de la técnica correcta ya preestablecida en la literatura. Esta reseña literaria se alimentó de fuentes de la Biblioteca Electrónica Científica en Línea (SCIELO) y revistas especializadas en odontología. Esta revisión buscó buscar publicaciones científicas para dilucidar las principales causas de complicaciones y complicaciones en la extracción de los elementos conocidos como terceros molares (muelas del juicio), analizando los parámetros, verificando la prevalencia de los casos e identificando los principales factores de riesgo para provocar este problema. Además de dilucidar medidas de seguridad para prevenir ocurrencias, protocolos para la resolución de adversidades provocadas por complicaciones y complicaciones derivadas de la extracción de terceros molares. Teniendo en cuenta la naturaleza sistémica de cada caso, bioseguridad durante los procedimientos, conocimientos anatómicos, técnica quirúrgica y anestésica, principios de uso de instrumentos, dominio de los tiempos quirúrgicos (diéresis, hemostasia, exéresis y síntesis), conocimientos farmacológicos, entre otros. Esta investigación se realizó con el objetivo de enriquecer el conocimiento y el sentido crítico y resolutivo de estudiantes de pregrado y profesionales que trabajan en el área de la cirugía oral y maxilofacial. Para que los profesionales y futuros odontólogos puedan identificar los signos y tener claro los posibles riesgos pre y postoperatorios, además de los protocolos para afrontar las complicaciones y complicaciones comúnmente asociadas a las extracciones de terceros molares.
Palabras clave
Extracción, tercer molar, complicaciones y intercurrencia.
Introdução
Os elementos dentários que ocupam a última posição da arcada, localizados nos quatro quadrantes com a denominação de “sisos”, são os últimos dentes a surgirem em boca, também definidos como terceiros molares . E possuem características peculiares. Estes dentes finalizam sua formação e aparição por volta dos 15-25 anos, variando de acordo com características individuais¹.
A extração do terceiro molar é uma prática frequente no consultório odontológico³, e é indicada em casos de: doenças gengivais (pericoronarite); dor idiopática; mal posicionamento dentário; acometimento de cárie que justifique extração; exodontia indicada (ortodôntica e prevenção de fraturas); reabsorção patológica; associação à cistos odontogênicos; entre outros³. No geral é um procedimento cirúrgico habitual, porém de extrema importância, no qual os mínimos detalhes são relevantes pois poderão evitar, prever ou ainda controlar as intercorrências e complicações decorrentes do procedimento de remoção cirúrgica do elemento dentário¹.
Um ato pré-operatório importante é conversar e explicar ao paciente acerca das complicações que possam ocorrer e que situações não planejadas durante a exodontia terceiro molar, serão tratadas de forma eficaz e profissional. Além disso, o cirurgião-dentista deve produzir o roteiro do procedimento, executar uma boa anamnese, solicitar os exames préoperatórios necessários e instruir quanto ao pré e pós operatório em que objetiva-se prevenir as ocorrências trans-operatórias inesperadas². Sendo um procedimento simples e eficiente o cirurgião-dentista generalista capacitado, poderá realizá-lo, no entanto, em alguns casos específicos será necessário o manejo do profissional especialista em cirurgia bucomaxilofacial¹.
Durante o procedimento cirúrgico, os cuidados quanto à biossegurança, que envolve desde a assepsia e antissepsia extra e intraoral ,assim como controle de microrganismo no ambiente cirúrgico e nos instrumentais utilizados; utilização de material estéril; necessidade de profilaxia antibiótica pré-operatória quando necessário; planejamento do tratamento; sobre a necessidade retalhos; exigência de osteotomia e / ou odontosecção; instrumentos utilizados e sua qualidade; técnica anestésica; tipo de anestesia utilizada; verificação dos parâmetros clínicos de saúde e controle da ansiedade do paciente culminaram em um procedimento efetivo e um bom prognóstico².
As técnicas de exodontia são variadas e escolhidas de acordo com a posição, a classificação em relação a angulação do dente e o seu grau de impactação, se houver. Em alguns casos, não é possível realizar essas remoções dentárias e faz-se a opção pela odontosecção coronal e sepultamento radicular devido à proximidade em relação ao nervo alveolar inferior ou dos seios maxilares³.
Para melhor entendimento, segmentamos esse estudo. Intercorrências, ou seja, que estão relacionadas às questões transoperatórias: questões sistêmicas que podem interferir durante o procedimento (hipertensão, hipoglicemia, ansiedade entre outros); hemorragia; fratura coronária ou radicular; fratura do tecido ósseo mandibular ou maxilar; injúrias aos dentes vizinhos; comunicações oroantrais (deslocamento de dentes para regiões anatômicas nobres como por exemplo no seio maxilar), entre outras. E complicações, ou seja, relacionadas às questões pós-operatórias, sendo elas: trismo; dor; edema; sangramento; alveolite; parestesia do nervo alveolar inferior temporária ou permanente; infecções; fraturas de mandíbula; abscesso retrofaríngeo; enfisema subcutâneo; osteomielite entre outras decorrências.
Com isso, objetiva-se realizar uma revisão de literatura baseada em artigos científicos a partir do ano de 2010, sobre o tema: Intercorrências e complicações na cirurgia de remoção dos terceiros molares. Para que se possa verificar a prevalência de variações nas cirurgias de extração de terceiros molares e além disso, identificar os principais fatores de risco às intercorrências e complicações nas cirurgias de exodontia de terceiros molares.
Objetivo
Essa revisão se propôs diante da literatura, verificar a prevalência de intercorrências e principais fatores de risco nas cirurgias de extração de terceiros molares .
Método
Foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema intercorrências e complicações na cirurgia de remoção dos terceiros molares, utilizando como fonte de pesquisa as bases de dados como Scielo, Google e Google Acadêmico, as palavras chaves extração, terceiro molar e intercorrências e
complicações, publicados no período de 2010 a 2024. Serão incluídos artigos disponíveis para download gratuito no idioma inglês e português.
Desenvolvimento – Revisão da literatura
A avaliação pré-operatória para a remoção de terceiros molares, especialmente em relação à saúde sistêmica do paciente, é crucial para minimizar riscos e complicações durante o procedimento. Caso existam alterações que possam influenciar o procedimento cirúrgico, será necessário solicitar um risco cirúrgico. Os principais critérios a serem considerados nesta etapa são: Avaliação do histórico médico do paciente: averiguação de doenças crônicas – diabetes, hipertensão, problemas renais, hepáticos, disfunções cardíacas e problemas de cicatrização – que possam influenciar no procedimento. Verificação de alergias existentes, principalmente à medicamentos. Medicamentos em uso que possam afetar a coagulação ou resposta inflamatória. Além disso, o histórico de cirurgias realizadas anteriormente para apuração de reações e complicações. Avaliação cardiovascular: pesquisa de pressão arterial, risco de doenças cardíacas e necessidade de profilaxia antibiótica para possibilidade de endocardite bacteriana. Avaliação metabólica: conferência de diabetes mellitus e distúrbios endócrinos que possam afetar a resposta cirúrgica e aumentar o risco de infecção. Função renal e hepática: avaliação das funções que possam aumentar o risco da toxicidade dos anestésicos ou medicamentos pós-operatórios. Função hematológica: investigação de distúrbios de coagulação. Anemia ou outras condições hematológicas que poderiam aumentar o risco de sangramento trans ou pós-operatório. Avaliação respiratória: doenças respiratórias como asma ou outras condições pulmonares que podem ser agravadas pelo uso dos anestésicos. Avaliação neurológica e psicológica: transtornos neurológicos e psiquiátricos como epilepsia, ansiedade e síndrome do pânico devem ser informados previamente pois podem impactar na experiência cirúrgica do paciente afetando o atendimento. Condições imunológicas: identificação de pacientes imunossuprimidos, seja por medicamentos ou condições como HIV, que podem ter maior risco de infecção. Avaliação imagiológica: radiografias e, por vezes, tomografias computadorizadas são utilizadas para um melhor planejamento, para avaliar a posição do dente, a proximidade com estruturas anatômicas importantes, e a dificuldade do procedimento. Necessidade de profilaxia antibiótica: consideração de profilaxia antibiótica para pacientes com alto risco de infecção. E por fim, observar possíveis alterações na ATM: as condições de acesso, bem como o grau de abertura bucal devem ser analisadas, alterações na ATM (articulação temporo-mandibular) podem representar um grande empecilho caso a cirurgia se prolongue. Importantes estruturas anatômicas circundam estes dentes, o que exigirá total atenção por parte do cirurgião-dentista. Estas avaliações completas ajudam a antecipar e gerenciar possíveis complicações, garantindo uma cirurgia mais segura e eficaz diminuindo os índices de intercorrências para o paciente e equipe envolvida. Complicações durante os procedimentos ou intercorrências podem também estar presentes na cirurgia de terceiros molares. A fratura coronária, segundo Miloro M. et al¹⁷, é a fratura do tecido
ósseo mandibular ou maxilar. E, conforme Ishii FT⁵, lesão a dentes adjacentes podem ocorrer devido à aplicação incorreta de força ou ao uso inadequado de instrumentos. Em concordância com Puricelli E et al.¹⁹, a comunicação oroantral – comunicação entre a cavidade oral e o seio maxilar -, ocorrendo geralmente durante a extração de dentes superiores. Conforme
Mattos A e Correa K⁷, além disso, complicações pós-operatórias podem surgir, como o trismo que é visto com a limitação ou a incapacidade da abertura bucal devido a contração dos músculos da mandíbula. Ele pode ser resultado de um processo inflamatório e na maioria das vezes não é grave e nem impede o paciente de executar suas atividades normais. Segundo Junior VS⁹, dor, edema e sangramento são efeitos normais após a extração do terceiro molar, pois quando o dente é removido ocorre um trauma na gengiva, tecido mole e osso e as células do corpo acaba reagindo como mecanismo de defesa, ocorrendo um processo inflamatório. A alveolite é uma complicação pós-operatória onde ocorre pouca formação ou a não formação do coágulo sanguíneo no alvéolo, deixando as terminações nervosas expostas e é caracterizada por dor em torno da ferida pós-cirúrgica, podendo acontecer desde o primeiro dia após a exodontia, conforme Filho,
CWDF et al.¹⁰. A parestesia é uma lesão causada no nervo que acarreta na perda da sensibilidade do mesmo e ocasiona ao paciente desconforto passageiro ou contínuo. A parestesia pode se dar por motivos mecânicos, como trauma, compressão ou estiramento do nervo e ruptura das suas fibras de forma parcial ou total, segundo Silva AS, et al.¹¹. Os abcessos são cavidades tecidulares ocupadas por tecido necrótico, bactérias e leucócitos e com a característica típica (na maioria dos casos) de flutuação. As celulites são infecções do tecido celular adiposo situado nos espaços aponeuróticos, afetando estruturas musculares, vasculo-nervosas e viscerais. As celulites manifestam-se clinicamente como tumefacções difusas, dolorosas, endurecidas e eritematosas. Os abcessos e celulites pós-extração dentária estão geralmente associados a focos crônicos de infecção que reativam devido a curetagem insuficiente , conforme Pereira ARH¹². Fraturas mandibulares são complicações graves e podem ocorrer no pré-operatório, transoperatório ou pós-operatório, geralmente nas primeiras semanas após a cirurgia, devido ao inadequado gerenciamento de instrumentos cirúrgicos, aplicação de força excessiva e técnica cirúrgica incorreta, segundo Moraes EL et al.¹³. Ainda, o abscesso retrofaríngeo é causado por uma infecção bacteriana e se forma quando linfonodos na parte posterior da garganta são infectados, se deterioram e formam pus , assim como disserta Cheng AG¹⁴. Não tão comum, o enfisema subcutâneo é um acidente em que ocorre a passagem forçada de ar e/ou outros gases para o interior dos tecidos moles, está associado à extração dentária como resultado, também, do uso de caneta de alta rotação, que permite que o ar penetre através do retalho e invada os tecidos adjacentes ao dente. Os sinais e sintomas mais comuns são o aumento de volume difuso, geralmente envolvendo a região cervicofacial ou mesmo torácica, dor e desconforto nas regiões afetadas e, sobretudo, a crepitação à palpação, conforme Santos AJF et al.¹⁵. Assim como, a osteomielite, que é um processo inflamatório podendo ser classificado em agudo ou crônico, na qual é iniciada com uma infecção bacteriana dos espaços medulares, que, posteriormente, compromete o sistema circulatório e eventualmente abrange a cortical e o periósteo. Sua etiologia não está totalmente elucidada, mas a lesão parece ser originada por meio de um foco contínuo de infecção, merecendo destaque a infecção odontogênica, seguida de traumatismo, de acordo com Silva AF et al¹⁶.
Discussão
Condições sistêmicas podem influenciar diretamente no resultado da cirurgia, no caso dos pacientes diabéticos devem estar controlados e a realização do procedimento preferencialmente pela manhã para facilitar o manejo glicêmico, em conformidade com Miloro M et al.¹⁷. Considerar o uso de antibióticos profiláticos para reduzir o risco de infecção, devido à cicatrização comprometida. Adiar o procedimento caso o paciente esteja com glicemia extremamente elevada ou sinais de descompensação, considerar o adiamento da cirurgia até que a condição seja estabilizada.
Assim como, os pacientes hipertensos, consoante Hupp JR et al.¹⁸. Encaminhamento prévio ao cardiologista caso a hipertensão esteja mal controlada , monitoramento da pressão arterial, uso de vasoconstritores em baixa concentração, controle de estresse e dor, posicionamento do paciente que possa comprometer a circulação, estar preparado para tratar crises hipertensivas, que possam ocorrer durante o procedimento. Manter medicamentos de emergência disponíveis. Adiar o procedimento caso a pressão arterial esteja significativamente elevada (acima de 140/90 mmHg). Complicações como hemorragias podem surgir durante e após o ato cirúrgico ,essas complicações de acordo com o autor Hupp JR et al.¹⁸. Identificar condições que possam predispor a sangramentos, como distúrbios de coagulação, doenças hepáticas, e o uso de anticoagulantes ou antiplaquetários além do conhecimento anatômico, podem prevenir a hemorragia durante ou após o procedimento. De acordo com Puricelli E et al.¹⁹, em caso de hematoma, o mesmo deve ser drenado para que infecções sejam evitadas. Enquanto nos casos de hemorragia no manejo intraoperatório, o cirurgião-dentista deve realizar o controle imediato e tentar identificar o local do sangramento para promover hemostasia com sutura, ou seja verificar a cavidade oral para identificar fontes específicas de sangramento, como artérias lesadas ou osso alveolar exposto, e realizar a cauterização, se necessário, gaze, coagulantes à base de fibrina, colágeno, celulose e cera para osso. Considerar o uso de agentes hemostáticos locais ou sistêmicos profiláticos para pacientes de alto risco. E utilizar anestésicos locais contendo vasoconstritores (como epinefrina 1:100.000) para ajudar a reduzir o fluxo sanguíneo na área cirúrgica. Intercorrências ou complicações como já citado anteriormente durante ou após a cirurgia podem surgir . Fraturas radiculares são mais comuns de acontecer quando forças excessivas são utilizadas na abordagem cirúrgica, de acordo com Hupp JR et al.¹⁸. Realizar uma radiografia pós-operatória para confirmar que não há fragmentos remanescentes no alvéolo é indicado nessas situações, conforme Puricelli E et al.¹⁹. Esse mesmo grupo sugere ainda que uma vez evidenciada restos radiculares utilizar uma cureta ou instrumental fino para desalojar e remover o fragmento. E em casos de fragmentos pequenos ou em localização próxima a estruturas críticas – exemplo: canal mandibular- , considerar deixar o fragmento radicular em posição – sepultamento de raiz – caso não exista possibilidade de infecção ou risco de complicações futuras. Se a raiz estiver profundamente impactada ou próxima a estruturas vitais, um retalho cirúrgico pode ser necessário para melhorar a visualização e facilitar a remoção. Confirmar a remoção completa dos fragmentos radiculares com o auxílio de radiografia. Considerar a prescrição de antibióticos profiláticos para prevenir infecções em casos de fratura radicular complicada. Ainda se tratando de fraturas indesejáveis no ato da cirurgia, autor Moraes EL et al.¹³, descreveram em seus estudos que ocorrendo fratura do tecido ósseo mandibular ou maxilar, o manejo imediato, interromper a extração imediatamente se uma fratura óssea for suspeitada. Caso a fratura seja identificada, estabilizar a área utilizando técnicas de contenção e encaminhar o paciente a um cirurgião bucomaxilofacial para avaliação e manejo adequado, especialmente em fraturas complexas.
Segundo o autor Hupp JR et al.¹⁸ ,descreveram que nos casos de injúrias em dentes adjacentes como luxação, fratura de coroas, ou trauma excessivo não podem ser ignorados e sim tomada as devidas resoluções com acompanhamento de radiografias e encaminhamento às clínicas de suporte como dentística e endodontia se necessário for. Na comunicação oroantral de acordo com Hupp JR et al.¹⁸ e Puricelli E et al.¹⁹, confirmar a presença de comunicação oroantral com técnicas como a manobra de Valsalva, com cautela. Caso a comunicação seja pequena, considerar o uso de sutura em
“X” sobre o alvéolo para promover o fechamento. Para comunicações maiores, realizar um retalho de reposicionamento, como o retalho de bichat ou retalho vestibular, para cobrir a abertura. Prescrever antibióticos de amplo espectro e descongestionantes nasais para prevenir sinusite. Orientar o paciente a evitar assoar o nariz, espirrar com a boca fechada, e criar qualquer tipo de pressão nas cavidades nasais. Já na presença de Trismo pós cirúrgico podemos observar que é uma condição passageira, mas precisa ser tratada o quanto antes. O trismo afeta de forma negativa a qualidade de vida do paciente, suas atividades diárias, como mastigação, fonação e respiração, podem ser comprometidas, segundo Miloro M et al.¹⁷. Quando necessário é indicado para o tratamento do trismo o uso de antiinflamatório, relaxantes musculares e terapias físicas através do uso de calor. A presença de dor e edema é comum devido ao trauma cirúrgico logo após o procedimento, e de acordo com o autor Junior VS⁹, recomenda-se utilizar compressa com gelo, comer alimentos frios, líquidos e macios, ter uma boa higienização e caso precise utilizar algum medicamento será recomendado pelo cirurgião-dentista para a melhora dos sintomas. Segundo
Filho CWDF et. al.¹⁰, alveolite é a complicação pós-operatória mais recorrente após a extração. Não existe consenso sobre um único fator etiológico dessa complicação cirúrgica, e sim um grupo de fatores capazes de predispô-la, como higienização precária, falta de cuidados pósoperatórios, fumo, trauma cirúrgico, falha na cadeia asséptica, ação dos anestésicos locais, pouco suprimento sanguíneo local, fibrinólise, remoção do coágulo pelo paciente e uso de contraceptivos orais, tipo de anestesia e sutura. Em relação ao tratamento, a irrigação e curetagem do alvéolo vem sendo mais utilizadas, podendo empregar também o uso de analgésicos. A parestesia, outra complicação pós cirúrgica, de acordo com Silva AS et al¹¹, o paciente pode relatar alterações como formigamento, dormência, sensibilidade ao calor ou frio, edema, dor na região da língua e coceira. A radiografia é obrigatória e fundamental para realizar exodontia de terceiros molares, pois assim pode-se fazer um bom diagnóstico e evitar tal complicação. Além disso, pode-se realizar a tomografia computadorizada, tendo uma visão tridimensional do elemento. A parestesia do nervo alveolar inferior pode ser revertida espontaneamente e quando isso não acontece são utilizadas técnicas terapêuticas como laserterapia de baixa potência, acupuntura, crioterapia, tratamento farmacêutico e cirúrgico. Abscessos e edemas pós-cirúrgicos também podem surgir, de acordo com Pereira ARH¹², e o diagnóstico de ambas as afecções é feito com base na anamnese, exame clínico e exame de imagens. O tratamento inclui terapia farmacológica, incisão e drenagem e cuidados médicos complementares. Em alguns casos os abcessos e celulites podem levar a complicações como infecções orbitárias (podendo levar a cegueira), fascite necrosante, abscesso cerebral e mediastinite. Não tão comum de acontecer quando os princípios cirúrgicos são seguidos e respeitados, mas a fratura de mandíbula durante o procedimento cirúrgico pode surgir e o tratamento pode deixar de ser conservador necessitando de ambiente cirúrgico e uma nova intervenção cirúrgica para fixação da fratura mandíbula utilizando placas e parafusos e ainda enxertos com biomateriais de acordo com Moraes EL et. al.¹³. Abscessos retrofaríngeos e enfisemas subcutâneos, de acordo com Cheng AG e Santos AJF et al.¹⁴ , o abscesso é drenado cirurgicamente e são administrados antibióticos para eliminar a infecção e enfisema subcutâneos o ar subcutâneo se resolverá com o tempo, porém, incisão, drenagem e tratamento de suporte agressivo como dreno torácico, são necessários nos casos mais severos. Acerca da osteomielite, Segundo Silva AF et. al.¹⁶, ela possui tratamento variado e ainda controverso, mas o mais eficaz consiste na remoção da causa da infecção associada à antibioticoterapia.
Conclusão
A cirurgia de extração de terceiros molares faz parte da rotina em consultórios odontológicos e ou ambiente cirúrgico hospitalar, porém não pode ser tratado como um procedimento simples, pois necessita de uma boa avaliação clínica, exames complementares de imagens, avaliação prévia das condições sistêmicas do paciente, uma curva de aprendizagem suficiente para tornar o profissional cirurgião dentista à estar apto a realizar o procedimento de forma correta e segura, pois assim como todo procedimento cirúrgico podem ocorrer intercorrências e suscetibilidade à complicações. Contudo, se houver um correto planejamento, conhecimento por parte do cirurgião dentista e um pós operatório seguido à risca pelo paciente é possível evitar ou manejar de forma correta possíveis complicações ou evitá- las.
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¹ Professor Titular Unigranrio Afya, Doutor em Doenças Infecciosas Fiocruz, Mestre em Odontologia UERJ. Rio de Janeiro, Brasil.
E-mail: Joao.cossatis@unigranrio.edu.br
² Discente do curso de odontologia da Unigranrio Afya, Duque de Caxias,
Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0000-3791-3848
E-mail: cardozokaren27@gmail.com
³ Discente do curso de odontologia da Unigranrio Afya, Duque de Caxias,
Rio de Janeiro, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-6098-2383
E-mail: camilybrum2@gmail.com
⁴ Coordenador curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial Universidade de Vassouras , Doutor e Mestre em Odontologia
E-mail: dr.rafaelmeira@gmail.com
Autor correspondente: Karen da Silva Cardozo
Instituição de autor correspondente: Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy – Unigranrio Afya – Polo Duque de Caxias
Endereço de correspondência: Magé, Rio de Janeiro – Brasil – 25.931-886 E-mail de correspondência: cardozokaren27@gmail.com