INTERCURRENCE IN BICHECTOMY: CASE REPORT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7791839
Ana Paula Sluzarczuk1
Diane Kelly de Lima Cardoso2
Flavio Martins da Silva3
Leopoldo Luiz Rocha Fujii4
Pedro Ivo Santos Silva5
Bruno Coelho Mendes6
Chimene Kuhn Nobre7
RESUMO
A Bichectomia é um procedimento cirúrgico que possui finalidade estética-funcional, consiste na retirada de uma estrutura gordurosa localizada nas bochechas, conhecida como Bola de Bichat. Esse procedimento tem se tornado cada dia mais popular na área da odontologia. O presente trabalho tem por objetivo descrever o relato de caso de intervenção cirúrgica utilizado na intercorrência de bichectomia, observando as características clínicas do pré-operatório, transoperatório e pós-operatório. O procedimento metodológico adotado foi o relato de caso, com embasamento teórico pautado em artigos. Foi realizada a identificação do paciente com abcesso ocasionado após a bichectomia e verificou-se a necessidade de tratamento. Conclui-se, portanto que o procedimento é considerado simples, mas, podem ocorrer complicações, e essas costumam ocorrer no transoperatório e pós-operatório; podendo ser graves e de resolução complexa, até mesmo para profissionais capacitados.
Palavras chaves: Cirurgia bucal. Estética. Complicações pós-operatórias.
ABSTRACT
Bichectomy is a surgical procedure that has an aesthetic-functional purpose, it consists of the removal of a fatty structure located in the cheeks, known as Bichat Ball. This procedure has become increasingly popular in dentistry. The present work aims to describe the case report of surgical intervention used in the intercurrence of bichectomy, observing the clinical characteristics of the preoperative, intraoperative and postoperative periods. The methodological procedure adopted was the case report, with a theoretical basis based on articles. The identification of the patient with an abscess caused after the bichectomy was performed and the need for treatment was verified. It is concluded, therefore, that the procedure is considered simple, but complications can occur, and these usually occur in the intraoperative and postoperative periods; can be serious and complex to resolve, even for trained professionals.
Keywords: Oral surgery. Aesthetics. Postoperative complications.
1 INTRODUÇÃO
Bichectomia é um procedimento cirúrgico que possui finalidade estética funcional, consiste na retirada de uma estrutura gordurosa localizada nas bochechas, conhecida como Bola de Bichat, Gordura de Bichat ou Corpo Adiposo da Bochecha. Sua remoção melhora a harmonia da face, e tem como objetivo funcional a redução de traumatismos crônicos mastigatórios nas mucosas jugais, devido ao volume avantajado dessas estruturas (ALMEIDA, ALVARY, 2018).
Também conhecido como coxim adiposo bucal, possui forma arredondada e é limitada por uma cápsula. Localiza-se no terço médio da bochecha e sua composição se dá em três lobos, lobo anterior encontra-se na frente da borda do músculo masseter. O intermediário está entre masseter e bucinador, e o posterior entre o mastigatório e o temporal (YOUSUF et al., 2010). A sua volta encontra-se importantes estruturas anatômicas como: Ducto parotídeo, nervo facial (ramo bucal e zigomático) artéria facial, artéria facial transversa, a veia facial, os nervos e vasos infraorbital e bucal (ZHANG et al., 2002).
Com a finalidade de alcançar o padrão de beleza ideal, a busca por este tipo de procedimento, torna-se cada vez mais frequente. Contudo, essa procura desenfreada tem ocasionado o aumento de complicações, pois, nem sempre a remoção dessa estrutura possui indicação adequada e é realizada por profissionais não capacitados.
De acordo com Porto, Nazer e Piazza (2020) este procedimento pode causar várias complicações, sendo algumas delas: Paralisia facial temporário ou permanente, hematomas, trismo, lesão em órgãos importantes e abcessos por contaminação.
O procedimento é relativamente de fácil execução, no entanto, é de suma importância que o profissional tenha conhecimento da técnica cirúrgica e anatomia da região. Podendo assim, evitar acidentes e complicações operatórias. Porém, é importante que o paciente seja orientado de forma correta quanto ao pós-operatório, respeitando a terapêutica medicamentosa, higiene do local operado, e repouso, indicado pelo cirurgião dentista (CRUZ; BREDA, 2021).
É fundamental um planejamento adequado da incisão intraoral para uma abordagem direta e precisa da bola de Bichat, no qual deve permitir uma abordagem segura e previsível até a gordura bucal, com visualização e exposição adequadas, preservando os ramos bucais do nervo facial, o ducto parotídeo e diminuindo a chance de sangramentos decorrentes da veia facial transversa (ALVAREZ; SIQUEIRA, 2018).
Este procedimento tem indicação para pessoas com alteração no terço médio da face, em realce aquelas com maior largura transversalmente, trazendo aspectos faciais arredondados, com peso e aparência desarmônica (MENDES; TOMAZ; LADEIA, 2021). Segundo Almeida e Alvary (2018) pacientes com volume de bochechas aumentado, que como consequência acabam mordendo e lesionando a área com frequência, gerando hiperplasias, aftas e sangramentos. Suas contraindicações, como qualquer cirurgia eletiva são pacientes que apresentam comorbidades ou estão realizando tratamentos sistêmicos complexos. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo relatar a intervenção cirúrgica utilizada na intercorrência de bichectomia.
Descrever o relato de caso de intervenção cirúrgica utilizado na intercorrência de bichectomia, observando as características clínicas do pré-operatório, transoperatório e pós-operatório.
Expor intercorrências que acontecem no procedimento de remoção da bola de bichat, fornecendo aos cirurgiões dentistas conhecimentos referentes a anatomia, e do procedimento por meio do relato de caso.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Bichectomia
A busca por um padrão e uma face mais harmoniosa, que mantém um relacionamento direto com o mundo, e que se dá o primeiro contato interpessoal, causa uma maior notoriedade e atribuição no âmbito da estética (TAKACS; VALDRIGHI; ASSENCIO-FERREIRA, 2002). No entanto, o que causa mais procura e preocupação básica no mundo da estética é a simetria (SILVA; SILVA FILHO, 2017). A cirurgia para retirada da estrutura adiposa, denominada Bola de bichat, ou coxim adiposo tem ganhado recente popularidade. Para o alcance de uma face com aspecto e contorno mais fino, algumas técnicas foram criadas com a intenção de alcance desses objetivos (GOODSTEIN, 1996).
A excisão cirúrgica do corpo adiposo da bochecha foi descrita pela primeira vez em 1732, nesta época acreditava-se que esta gordura era uma estrutura glandular, conhecida como glândula malar (HASSANI: SHAHMIRZADI; SAADAT, 2016). Mas foi em 1802 que a anatomista francesa, Marie-François Xavier Bichat, muito respeitada na época, descreveu o aspecto gorduroso do coxim gorduroso bucal (MOHAMMADALI et al., 2008).
Este procedimento, mais conhecido como bichectomia, consiste na remoção cirúrgica dessa peça gordurosa, distribuída bilateralmente na região das bochechas, como maneira de reduzir o tamanho, deixando o rosto mais fino contribuindo com a harmonia da face (ALMEIDA; ALVARY, 2018). De acordo com Moura et al., (2018) Bichectomia está relacionado ao conceito de “inversão do triângulo da juventude”. Para Bispo (2020) este procedimento e o domínio da técnica, também poderá ser utilizado para outras finalidades, como fechamento de fístulas; comunicações buco sinusais pós exodontias; Reabilitação de pacientes fissurados labiopalatais; reparo de defeitos causados por ressecção de tumores, entre outros.
2.2 Anatomia
Bola de bichat é a estrutura de um corpo adiposo, biconvexo, arredondado e limitado por uma fina capsula localizada no terço médio da bochecha. Está relacionada com os músculos da mastigação e posicionada entre a região anterior do músculo masseter e bucinador, onde acomoda-se o espaço de atrição, chamado Sissarcose, fisiologicamente necessário durante o período de amamentação. É bem desenvolvida nos primeiros anos de vida (YOUSUF et al., 2010). Além disso, o volume total do coxim adiposo bucal é de, aproximadamente, 9,6ml, devendo sua retirada ser limitada a 2/3 desse volume. O componente gorduroso que forma essa estrutura permanece relativamente estável em volume ao longo da vida, pois, histologicamente, o coxim adiposo bucal é composto pelo mesmo tipo de gordura que as demais partes do corpo. No entanto, não é consumido pela perda de peso, processo que ocorre com a gordura de outras partes do corpo (SANGALETTE et al., 2019).
De acordo com Rizzolo e Madeira (2009) é uma formação anatômica alongada, com a semelhança ao cone de sorvete, em crianças é bem mais desenvolvido, e além de separar o músculo masseter do bucinador à frente do ramo da mandíbula ele estende-se a fossa infratemporal, direcionando-os aos músculos pterigoideos, preenchendo grande espaço.
2.3 Indicação e contraindicação
Para Silva e Silva Filho (2017) quanto aos acidentes e complicações não há contraindicações na bichectomia. É orientado apenas que o paciente seja maior idade, com boas condições de saúde e não seja fumante, respeitando todo o pós-operatório. É de obrigatoriedade do profissional esclarecer sobre as alterações morfológicas que vão incidir sobre a face, observar os aspectos psicológicos para que o paciente estabeleça uma relação de compreensão, cooperação e satisfação. Já para Almeida e Alvary (2018) pacientes submetidos á radioterapia ou quimioterapia, com infecções locais, cardiopatias, ou como, de qualquer cirurgia eletiva não possuem indicações para este procedimento.
É importante que seja realizada uma avaliação minuciosa para mensurar a distância entre os ângulos da mandíbula, porque se essa distância for maior que a entre os malares é possível que somente a bichectomia não supra as expectativas do paciente. Outros aspectos devem ser avaliados, como: hipertrofia do musculo masseter, causando volume na parte posterior da bochecha gerando desarmonia facial, podendo evidenciar ainda mais o ângulo da mandíbula, por conta da depressão causada no espaço bucal (MATARASSO, 2006).
2.4 Intercorrências
O procedimento é considerado simples, mas, podem ocorrer complicações, e essas costumam ocorrer no transoperatório e pós-operatório; podendo ser graves e de resolução complexa, até mesmo para profissionais capacitados (MOREIRA JÚNIOR et al., 2018). Segundo Klüppel et. al. (2018) geralmente as complicações maiores ocorrem devido ao acúmulo de saliva no local operado ocasionando um edema da região. Do mesmo modo, abcessos podem ocorrer devido a contaminação da área entre o segundo e terceiro dia da cirurgia (ALCÂNTARA; RIBEIRO; ABREU, 2021).
Os ductos parotídeos possuem intima relação com as áreas próximas a bola de bichat. Deste modo, o ducto pode ser facilmente rompido durante o procedimento. O erro na incisão pode comprometer pode comprometer o ducto de modo irreversível. O tronco da artéria facial também possui íntima relação com a região e durante o procedimento ela pode ser seccionada causando hemorragia local (MATARASSO, 2006).
Outra intercorrência pode ser a parestesia caso um ramo terminal do nervo facial seja lesionado. Porém, pode ocorrer uma espécie de fraqueza e não uma paralisia completa do musculo. Vale lembrar que o nervo facial pode ser regenerado (MADEIRA, 2010). A paralisia do nervo facial e seus ramos bucais e zigomático, em caso de secção dos mesmos, é a sequela mais grave. O resultado de uma indevida incisão pode ocasionar um estreitamento do ducto protídeo. O dano pode ser maior ou menor dependendo da quantidade e ramos que são lesados (KLÜPPEL et al., 2018).
O atrito muscular excessivo também pode acontecer com a remoção da bola de bichat, pois essa retirada pode causar aderência entre os músculos bucinador e masseter (CRUZ; BREDA, 2021).
2.5 Infecções odontogênicas associadas a bichectomia
Infecções odontogênicas são originadas dos tecidos dentais de suporte, podendo se disseminar para espaços faciais subjacentes, provocando complicações graves, como a Angina de Ludwig. Seu diagnóstico precoce e uma avaliação precisa das complicações são extremamente importantes para o sucesso do tratamento. Pacientes que apresentam esses quadros, requerem cuidados hospitalares para medidas rápidas de tratamentos, para prevenir ou minimizar o aumento de complicações mais severas, obstrução das vias aéreas, mediastinite ou septicemia (AKINBAMI; AKADIRI; GBUJIE, 2010).
Segundo Costain (2011) a Angina de Ludwig (AL) é um processo infecto inflamatório, com rápida evolução e que acomete os espaços submandibulares, sublinguais e submentoniano, associado a condições odontogênicas ou multifatoriais, que podem estar atribuídas presença de corpos estranhos na cavidade oral, laceração na mucosa oral, fraturas de mandíbula, cirurgias contaminadas, traumas penetrantes no assoalho bucal, amigdalites e causas idiopáticas. À medida que o processo evolui pode atingir áreas cervicais e a glote, e chegar ao mediastino, causando a mediastinite aguda (DUGAN; LAZOW; BERGER, 1998). O diagnóstico da Angina de Ludwig é basicamente clínico e nele está incluso a necessidade de uma criteriosa anamnese e exame físico. Além desta fase é necessário a solicitação de exames complementares que são métodos significativos para definir a gravidade da infecção (FREITAS et. al., 2013).
O tratamento preliminar se dá por terapia medicamentosa com antibióticos de amplo espectro, além de drenagem cirúrgica, quando necessário. A drenagem cirúrgica possibilita a penetração do antimicrobiano (EDETANLEN; SAHEEB, 2018).
Já a mediastinite, que é uma evolução da (AL) é a disseminação da infecção por espaços retro faríngeos e latero-faríngeos, infratemporal ou submandibular, e podem descer até o tórax (TOPAZIAN; GOLDBERG; HUPP, 2006). Seus sintomas clínicos são dor torácica, dispneia e febre. Apresentando complicações como septicemia progressiva, abcesso mediastinal, empiema, até o óbito do paciente. O tratamento é realizado por drenagem trans cervical e mediastinal e antibioticoterapia venosa. Em casos graves, faz-se a necessidade de drenagem por toracotomia (CORTEZZI, 1995; TOPAZIAN; GOLDBERG; HUPP, 2006).
2.6 Técnica cirúrgica
Segundo Moura et al., (2018) existem dois métodos para realizar a remoção da bola de bichat, por meio de abordagem intraoral ou por abordagem facial durante o procedimento de lifting. Segundo Hwang (2005) a via intraoral é a mais utilizada e estudada. A incisão é realizada logo abaixo do ducto de Stenon e ligeiramente posterior a este, com aproximadamente 1,5 cm na sua maior extensão, interessando apenas a mucosa oral. A dissecção dos planos anatômicos é executada com parcimônia por meio de instrumentos atraumáticos (duas pinças de Kelly), divulsionando as fibras do músculo bucinador, em direção ao côndilo da mandíbula. Uma pinça de apreensão de tecidos moles é utilizada para deslocar o corpo adiposo e inicialmente, a cápsula fibrosa, que o envolve é delicadamente incisada. Em seguida movimentos circulares são realizados, e assim grande parte da bola de Bichat é removida, preservando, em média um terço do volume total. A síntese é realizada com fio de catgut 5-0 por pontos separados. O volume removido pode ser mensurado com o auxílio de seringa Luer (FARIA et al., 2018).
Não há indicações formais, para enviar as amostras para exames histopatológicos, a menos que apresente qualquer aspecto diferente, da estrutura microscopicamente observada, no que diz respeito a cor e/ou calibre dos vasos sanguíneos. Deve-se prescrever antibiótico por 5 a 7 dias, anti-inflamatórios e analgésicos para o controle da dor, é aconselhado colocar gelo durante os três primeiros dias na região da cirurgia e orientar o paciente sobre o pós-operatório (STEVAO, 2015).
3 MATERIAL E MÉTODOS
O procedimento metodológico adotado foi o relato de caso, com embasamento teórico pautado em artigos científicos.
A pesquisa envolve durante todas as suas fases: definir o problema, delimitar a pesquisa, coletar dados, analisar os dados e a formulação e apresentação dos resultados.
A partir do referencial teórico disponível abrangendo o tema, seus conceitos e princípios, de acordo com os objetivos da pesquisa, foi descrito as características gerais de intercorrências da bichectomia relacionando-as com possíveis implicações sistêmicas.
Após análise do caso clínico foi realizado um fichamento do referencial teórico, destacando: conceito, etiologia, diagnostico, tratamento, características que devem ser observadas pelo profissional, antes, durante e após os tratamentos.
A partir do cruzamento dos dados obtidos sobre o referencial teórico e o estudo de caso, será apresentado um resultado, analisando se o tratamento cirúrgico foi realizado seguindo as principais diretrizes para esse tipo de paciente.
4 CASO CLÍNICO
Paciente J.R.S, 43 anos do sexo masculino, brasileiro, sem comorbidades, chegou ao pronto atendimento do hospital Samar com grande edema na região da hemi-face, com dificuldades para falar e deglutir, com queixa de dor intensa. (VER Figuras 1 e 2)
Figura 1 Foto inicial (Antes da entrada ao hospital)
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 2 Dia da chegada, e internação.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Ao realizar anamnese, foi relatado que o mesmo fez um procedimento estético cirúrgico de bichectomia, há aproximadamente 2 meses, e que no lado lesionado não foi realizada a sutura. Dois dias após a cirurgia durante as drenagens o paciente notou que pela incisão cirúrgica de um dos lados saía conteúdo purulento, não estava fazendo uso de antibiótico, e o edema continuava aumentando, apresentava melhoras rápidas e havia recidiva do inchaço de um dos lados, até chegar ao quadro extremo de dor e dificuldades na fala.
Após receber indicações de vários profissionais, e não haver resultados esperados, o paciente procurou o Hospital Samar onde foi atendido pelo Dr. Flávio Martins, que de imediato entrou com antibioticoterapia (Amoxicilina + Metronidazol) por 7 dias.
Porém, no quinto dia de medicação paciente retornou e foi internado com quadro de piora, dificuldades para respirar, e com indicação para cirurgia de emergência para corrigir possíveis danos causados pela bichectomia. Foi administrado medicação antibiótica intravenoso, Rocefin (Ceftriaxona). Paciente foi preparado para cirurgia, e ao chegar ao centro cirúrgico em decorrência da gravidade do caso foi realizada anestesia geral e intubação. (ver Figuras 3 à 6)
Figura 3 Tomografia inicial
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 4 Entrada do paciente ao centro cirúrgico para anestesia geral e intubação
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 5 Paciente já sedado e intubado
D
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 6 Visualização do Edema
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Foi feita a antissepsia do paciente e logo em seguida deu início ao procedimento cirúrgico. Antes do procedimento cirúrgico foi feita 3 punções com seringas de 20ml para drenar o líquido. Com auxílio de afastador bucal obteve-se o acesso para a área de incisão, onde foi utilizado o mesmo local de incisão da bichectomia, na mucosa jugal, para continuação da drenagem do abcesso, onde utilizou-se da manobra de ordenha para remoção de todo o líquido. (VER Figuras 7 à 14)
Figura 7 – Afastamento para início da punção.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 8 – Punção com seringas de 20ml.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 9 – Material retirado da cavidade oral
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 10 Incisão.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 11 Momento da cirurgia
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022
Figura 12 Incisão.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 13 Dreno
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 14 – Dreno já inserido
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Prontamente constatou-se que não havia ocorrido danos em nervos faciais e ductos de glândulas salivares. Foi colocado um dreno na região operada, onde o dreno utilizado foi o de Penrose, o mesmo foi retirado após o quinto dia; e feito a síntese. Rapidamente notou-se a diminuição do edema. Paciente foi levado ao quarto. Para o pós-operatório foi prescrito antibioticoterapia e acompanhamento. (ver Figuras 15 à 19)
Figura 15 – Pós Cirúrgico Imediato.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022
Figura 16 – Pós Cirúrgico Imediato.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 17 – Diminuição do edema, pós Cirúrgico.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 18 – 7 Dias pós Operatório
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
Figura 19 – 1 ano Pós Operatório.
Fonte: Flávio Martins da Silva, 2022.
5 DISCUSSÃO
Para Cruz; Breda (2021) A bichectomia é um procedimento que tem sido muito realizado e procurado, nos dias de hoje, para fins estéticos e/ou funcionais, por mais que seja uma cirurgia simples, requer atenção, prática e conhecimento do profissional, além das indicações e contraindicações precisas para a realização desse procedimento.
Com base no relato de caso descrito acima, obtivemos um prognóstico de sucesso no tratamento cirúrgico. Pois a complicação após o procedimento de bichectomia pode ser devido a vários fatores, no entanto, neste caso, após o procedimento de emergência e a possibilidade de avaliação clínica, podemos considerar que o lado em que o profissional não utilizou a conduta correta, que seria a sutura da incisão, facilitando assim, a entrada de resíduos e bactérias, causando a infecção local por contaminação. Tal complicação se não tratada com a intervenção correta de cirurgia e drenagem associada a terapia medicamentosa, aumentaria os riscos de quadros mais severos, como exemplo, podemos citar a angina de Ludwig (AL) e a Mediastinite.
De acordo com Peterson (2000) a Angina de Ludwig que possui a etiologia mais frequentemente odontogênica, porém, outras causas são descritas na literatura como abscessos amigdalianos, fraturas mandibulares infectadas e lacerações do pavimento bucal. Esta infecção se não tratada da forma precisa poderia então evoluir para a mediastinite, que é um processo inflamatório ou infeccioso do tecido conjuntivo do mediastino, podendo ser de origem odontogênica nos casos de complicações de angina de Ludwig. Para Faria et al. (2018) devido suas rápidas evoluções através da aproximação anatômica entre os espaços faciais, o conhecimento da anatomia da região de cabeça e pescoço é essencial para se entender a forma de apresentação clínica e as possíveis complicações dessa infecção. De igual importância, é a correta interpretação dos exames de imagem para que se possa instituir o tratamento mais efetivo.
Analisando as características das complicações dos parágrafos anteriores, podemos incluir o caso do paciente como de risco para evolução até angina de Ludwig e consequentemente a mediastinite, pois o mesmo, não obteve o tratamento correto de imediato. O profissional deve respeitar as características clínicas de todo o procedimento, como também do pós cirúrgico, que é uma fase de cuidado e atenção aos sinais clínicos de alguma complicação. No caso mencionado acima, se houvesse a conduta da realização da sutura do lado lesionado, as chances de riscos de contaminação seriam baixas. Aincisão realizada para o procedimento de bichectomia, apesar de ser simples, requer o fechamento da mesma com a síntese. Foi de suma importância a intervenção cirúrgica de emergência abordada no caso, pois o paciente já havia chegado a condições precárias, relatando até dificuldades para respirar.
O paciente, optou pelo procedimento estético, para a melhoria da assimetria facial, buscando um padrão de beleza, onde jamais imaginaria vivenciar essa experiência. No entanto, a infecção não causou danos maiores, após o período de recuperação, a face do paciente voltou para o aspecto de normalidade, proporcionando alívio e satisfação ao paciente.
Quanto a este procedimento, algumas considerações e informações sobre a etapa cirúrgica, a indicação e os resultados cirúrgicos devem ser levados em conta antes de executá-lo. De acordo com Chain, Rodrigues e Andriani et al. (2000) o profissional deve esclarecer ao paciente sobre as alterações morfológicas que irão incidir sobre a face, se atente aos aspectos psicológicos que permeiam as alterações estéticas e estabeleça com o paciente uma relação de cooperação, compreensão e satisfação, pois a bola de Bichat que é uma estrutura anatômica bem definida tem grande relevância no contorno facial. Após sua retirada adequada em rostos redondos ou ovais produz mudanças surpreendentes na simetria facial, reduzindo a plenitude das bochechas. O profissional deve saber quando indicar tal procedimento e avaliar com cautela cada caso individualmente, assim, evitando possíveis danos futuros.
Devemos enfatizar que as indicações possuem boa relevância quanto a este procedimento, uma anamnese detalhada, conhecimento e experiência clínica do profissional, principalmente, frente a estes casos de intercorrências, o suporte e atenção mediante essas situações contribuem para um resultado positivo, sem consequências definitivas. Já as suas contraindicações são por fatores de conhecimento e prática do profissional, que se não houver um conhecimento anatômico do local, pode resultar em problemas como lesão do ducto parotídeo e lesão dos ramos bucais do nervo facial. Além dos pacientes que apresentarem problemas tais como: trismo, infecções locais ou sistêmicas, cardiopatias severas, paciente sistemicamente não compensado, deficiência de fatores de coagulação, problemas hepáticos, dificuldade de alcançar o que o paciente deseja, menores de idade e grávidas, não deverão se submeter a esse tipo de procedimento.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Múltiplas intercorrências acontecem nesse procedimento, uma delas, que foi ressaltada no relato de caso clínico, é a infecção por resíduos e bactérias, causando abcesso, e que se não tratadas, geram grandes danos ao paciente.
É de suma importância que o profissional que venha a realizar a retirada do coxim adiposo, tenha ciência em orientar o paciente sobre os riscos e benefícios, e que faça a indicação correta, para que se elimine o máximo de chance de erros.
Sendo assim, obteve-se o sucesso na solução da intercorrência, onde todos os cuidados das etapas cirúrgicas foram tomados, com um prognóstico de excelência.
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1, 2Acadêmica de Odontologia. Artigo apresentado a FIMCA, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia. Porto Velho/RO, 2022.
3, 4, 5, 6, 7Professores Orientadores. Professores do curso de Odontologia.