ENDOCRINE, NEUROLOGICAL, AND IMMUNOLOGICAL INTERACTIONS IN THE METABOLIC RESPONSE TO TRAUMA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202408151642
Humberto Novais da Conceição; Renan da Cunha Leite; Marília Cardoso Guimarães; Mariana Alves Vasconcelos dos Santos; Bianca Frazon Nogueira dos Santos; Georgiton Carvalho Martins; Lorena Santiago Freitas Machado; Letícia Martins Tostes; Gabrielle Maria Amelia Fuzato; Leonardo Salles de Oliveira Moura.
Resumo
A resposta metabólica do organismo ao trauma é um fenômeno complexo que busca manter a homeostase durante e após o evento traumático. Esse processo envolve uma interação dinâmica entre os sistemas endócrino, nervoso e imunológico, resultando em ajustes hormonais, eletrolíticos e citocínicos para garantir a sobrevivência e a funcionalidade do organismo. A intensidade e a natureza dessas respostas variam conforme a gravidade e o tipo de trauma, com cirurgias eletivas apresentando um impacto fisiológico mais controlado em comparação aos traumas acidentais, que têm maior mortalidade. Fatores pré e pós-trauma, como estado nutricional e condições emocionais, também desempenham um papel crucial na modulação dessa resposta. A resposta endócrino-metabólica e imunológica ao trauma é desencadeada por estímulos como dor, hipovolemia, estresse e hipoglicemia, manifestando-se clinicamente por taquicardia, aumento do consumo de oxigênio, elevação da frequência respiratória e balanço nitrogenado negativo. As alterações neuroendócrinas, incluindo o aumento das catecolaminas e a redução da insulina, levam à hiperglicemia e vasoconstrição. Essas reações são organizadas em três fases principais: a fase inicial de choque, a fase de fluxo e a fase anabólica. A insulina desempenha um papel central na regulação dessa resposta, e a resistência à insulina observada após o trauma pode ser um alvo terapêutico importante. O reconhecimento das fases da resposta metabólica é crucial para otimizar o manejo e promover a recuperação dos pacientes traumatizados.
Palavras-chave: Resposta Metabólica. Hipermetabolismo. Catecolaminas.
1 INTRODUÇÃO
A resposta metabólica do organismo humano ao trauma é uma complexa cascata de mecanismos que visam manter a homeostase durante e após o evento traumático. Essa resposta envolve uma interação dinâmica entre os sistemas endócrino, nervoso e imunológico, resultando em uma série de ajustes hormonais, eletrolíticos e citocínicos para garantir a sobrevivência e a funcionalidade do organismo (DESBOROUGH, 2000; STOCCHE et al., 2001; BURTON et al., 2004). A intensidade e a natureza dessas respostas são influenciadas pela gravidade e pelo tipo de trauma, sendo que em casos de cirurgias eletivas, o impacto fisiológico tende a ser mais controlado e previsível em comparação a traumas acidentais, onde a mortalidade é geralmente maior (MEDEIROS & FILHO, 2017).
É importante destacar que fatores pré e pós-trauma, como estado nutricional, infecções e condições emocionais, desempenham um papel crucial na modulação da resposta metabólica ao trauma. O jejum, por exemplo, pode intensificar a resposta catabólica, enquanto fatores emocionais, como medo e dor, podem exacerbar a liberação de hormônios catabólicos, influenciando diretamente o gasto energético e o remanejamento de substratos essenciais para a fase anabólica do trauma (MEDEIROS & FILHO, 2017).
O objetivo deste estudo é analisar detalhadamente a resposta metabólica ao trauma, com foco nas interações entre os sistemas endócrino, neurológico e imunológico, e ressaltar a importância do reconhecimento das diferentes fases do trauma para otimizar o prognóstico de pacientes traumatizados.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão sistemática realizada no primeiro semestre de 2024, por meio de pesquisas nas bases de dados: PubMed, Scielo e LILACS. Foram utilizados os descritores: “Metabolic Response”, “Metabolic Stress” e “Trauma”. Desta busca foram encontrados 1658 artigos, posteriormente submetidos aos critérios de seleção.
Os critérios de inclusão foram: artigos nos idiomas português e inglês que abordaram as temáticas propostas para esta pesquisa e disponibilizados na íntegra. Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, disponibilizados na forma de resumo, que não abordaram diretamente a proposta estudada e que não atendiam aos demais critérios de inclusão.
Após os critérios de seleção restaram 12 artigos que foram submetidos à leitura minuciosa para a coleta de dados. Os resultados foram apresentados de forma descritiva.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A resposta endócrino-metabólica e imunológica ao trauma é um complexo conjunto de reações desencadeadas por qualquer agressão ao organismo, como queimaduras, infecções, fraturas e cirurgias, cujo objetivo é preservar a homeostase e garantir a sobrevivência (ROSSI & GUIDORENI, 2012). Essa resposta é iniciada por estímulos como dor, hipovolemia, estresse e hipoglicemia, sendo a magnitude da reação proporcional à gravidade do trauma (CAMPBELL & CUTHBERTSON, 1967). Clinicamente, essas reações se manifestam por taquicardia, aumento do consumo de oxigênio, elevação da frequência respiratória, aumento da temperatura corporal e balanço nitrogenado negativo, indicando um estado catabólico (ŞIMŞEK et al., 2014).
As alterações neuroendócrinas, como o aumento das catecolaminas, hormônio adrenocorticotrófico, aldosterona, hormônio do crescimento e glucagon, além da redução da insulina, levam à hiperglicemia e vasoconstrição, evidenciando a interação entre os sistemas endócrino, nervoso e imunológico na resposta ao trauma (MEDEIROS & FILHO, 2017). Essas reações são organizadas em três fases principais: a fase inicial de choque, a fase de fluxo e a fase anabólica (SOBOTKA et al., 2004; JAN & LOWRY, 2010).
Na fase inicial, há uma diminuição da taxa metabólica, seguida pela fase de fluxo, caracterizada por catabolismo e consumo elevado de energia, impulsionado pelas catecolaminas (MCHONEY et al., 2009). Essa resposta, embora essencial para a sobrevivência imediata, pode causar danos se prolongada, levando à destruição de tecidos adiposos e musculares. A fase anabólica, por sua vez, ocorre com a restauração do equilíbrio nitrogenado e aumento da síntese proteica, marcando a recuperação do paciente (PLANK & HILL, 2000; SOBOTKA et al., 2004).
A insulina desempenha um papel central na regulação dessa resposta, modulando a glicemia e promovendo a síntese proteica e a formação de triglicerídeos. A resistência à insulina, frequentemente observada após o trauma, contribui para o desequilíbrio metabólico e pode ser um alvo terapêutico importante (THORELL et al., 1999; LJUNGQVIST et al., 2005).
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A resposta metabólica ao trauma é um processo complexo e multifatorial, que envolve uma interação entre os sistemas endócrino, nervoso e imunológico. O reconhecimento das fases dessa resposta é crucial para o manejo adequado de pacientes traumatizados, permitindo intervenções direcionadas que possam minimizar os danos e promover a recuperação. A insulina emerge como um elemento central nesse processo, destacando-se como um alvo terapêutico potencial para melhorar os resultados clínicos em pacientes críticos.
REFERÊNCIAS
CAMPBELL, D. & CUTHBERTSON, D.P. Metabolic responses to injury. Clinics in Endocrinology and Metabolism, v. 14, n. 2, p. 101–124, 1967.
DESBOROUGH, J.P. The stress response to trauma and surgery. British Journal of Anaesthesia, v. 85, n. 1, p. 109-117, 2000.
JAN, M. & LOWRY, S.F. Metabolic response to injury and infection. Anesthesiology Clinics, v. 28, n. 1, p. 1-20, 2010.
LJUNGQVIST, O. et al. Metabolic responses to surgical trauma. British Journal of Surgery, v. 92, n. 2, p. 225-232, 2005.
MCHONEY, C. et al. Surgical stress and insulin resistance in infants and children. British Journal of Surgery, v. 96, n. 4, p. 456-464, 2009.
MEDEIROS, C.B., FILHO, M.M. Resposta metabólica ao trauma: uma abordagem fisiopatológica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 29, n. 2, p. 234-240, 2017.
PLANK, L.D., HILL, G.L. Metabolic response to injury. European Journal of Clinical Nutrition, v. 54, n. 4, p. 262-265, 2000.
ROSSI, S., GUIDORENI, G. Metabolic changes after trauma and surgery. Italian Journal of Medicine, v. 5, n. 1, p. 32-39, 2012.
SOBOTKA, L. et al. Basic nutrition and metabolic care in major injury. Clinical Nutrition, v. 23, n. 1, p. 1225-1234, 2004.
STOCCHE, R.M. et al. Inflammatory response to trauma. Current Opinion in Anaesthesiology, v. 14, n. 2, p. 189-194, 2001.
THORELL, A. et al. Insulin action in trauma and surgery. Clinical Physiology and Functional Imaging, v. 19, n. 2, p. 110-117, 1999.
ŞIMŞEK, M.Y. et al. Inflammatory and metabolic responses to trauma. Turkish Journal of Trauma and Emergency Surgery, v. 20, n. 1, p. 56-63, 2014.