INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SAÚDE DA FAMÍLIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408141711


Janaína Monteles Aguiar1; Kenia Laruse de Carvalho Lima Vitorino2; Thaís Natália Araújo Botentuit Neves3; Ana Heloysa Barros dos Reis4; Eliana Bortolotte5; Jose Irlailson Alves Oliveira6; Giovana de Godoy Moreira7; Kauane Vitoria Chagas Rodrigues Lima8; Carlos Henrique Alexandre Parente9; Antonia Juciele Ferreira Barros10; Victória Farias do Nascimento11


RESUMO 

A inteligência artificial (IA) na saúde da família tem se mostrado uma ferramenta  promissora para melhorar a qualidade do atendimento e a eficiência dos serviços de saúde.  A IA pode ser utilizada para prever surtos de doenças, personalizar tratamentos, e  monitorar pacientes de forma contínua e remota. Além disso, auxilia na análise de grandes  volumes de dados, facilitando a identificação de padrões e a tomada de decisões clínicas  mais precisas. No contexto da saúde da família, a IA pode apoiar os profissionais de saúde  na gestão de casos, no agendamento de consultas, e na triagem de pacientes, otimizando  o tempo e os recursos disponíveis. Também pode fornecer suporte no diagnóstico precoce  de doenças e na recomendação de intervenções preventivas, contribuindo para a  promoção da saúde e a prevenção de enfermidades. Embora apresente grandes vantagens,  a implementação da IA na saúde da família enfrenta desafios, como a necessidade de  infraestrutura adequada, treinamento dos profissionais e garantia da privacidade e  segurança dos dados dos pacientes. No entanto, com a devida atenção a esses aspectos, a  IA tem o potencial de transformar positivamente a saúde da família, tornando o  atendimento mais eficiente e personalizado. 

Palavras- chave: Inteligência artificial; Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde. 

INTRODUÇÃO 

A gestão em saúde requer a tomada de decisões baseadas na melhor combinação  dos recursos disponíveis, visando aprimorar o funcionamento das organizações e  estimular ações eficientes, eficazes e efetivas. No Brasil, as crises econômicas e sociais,  juntamente com as transições demográficas, tecnológicas e epidemiológicas, criam uma pressão para formas mais versáteis de gestão. No Sistema Único de Saúde (SUS), isso se  traduz na necessidade de implantar políticas de saúde inovadoras. A temática deste  trabalho é a análise das intervenções e modificações que podem ocorrer com a chegada e  utilização da Inteligência Artificial (IA) no setor da saúde, especialmente nos hospitais,  abordando tanto diagnósticos quanto adaptações em espaços físicos conforme as novas  funções e usos. A IA representa uma revolução na personalização da saúde e aproximação  com os pacientes, sendo vital para a sustentação e crescimento dos negócios em saúde  (BAJARI et al., 2019). 

Atualmente, a IA é capaz de identificar patologias com maior exatidão que a  média humana, determinar pontuações de risco e reorganizar a fila de pacientes para  priorizar urgências. Se houver divergência entre o diagnóstico médico e a previsão da IA,  a plataforma encaminha o exame original para outros médicos, eliminando erros  humanos. A IA é aplicada principalmente em três áreas: diagnóstico (imagiologia,  genômica e medicina preditiva), terapias (biotechs, próteses e robôs) e gestão de sistemas  de saúde (BAO, 2018). 

O avanço na capacidade de armazenamento e processamento de dados criou o  conceito de big data, com a IA processando esses dados por meio de algoritmos que se  aperfeiçoam automaticamente (self-learning), propondo hipóteses diagnósticas mais  precisas. Sistemas computadorizados de apoio à decisão clínica, que processam dados de  pacientes, têm indicado diagnósticos com elevado nível de cura, reduzindo exames  desnecessários, erros diagnósticos e desfechos adversos  (BÓSIO, 2017). 

Exemplos de sucesso incluem o supercomputador Watson da IBM, que armazena  vastas informações em saúde e é utilizado em oncologia e genética, e o Deep Mind da  Google, que analisa dados de pacientes do NHS, gerando alertas sobre evolução clínica e  evitando medicações conflitantes. Deep Mind, ao avaliar imagens dermatológicas para  pesquisa de melanoma, superou especialistas em desempenho (BAJARI et al., 2019). 

Estima-se que até 2025, a aplicação dessa tecnologia na saúde movimente mais de  34 bilhões de dólares, impulsionada pela automação de tarefas-chave e geração de  insights, especialmente no gerenciamento de cuidados com a saúde. De acordo com dados  da IDC, até 2021, cerca de 20% das organizações de saúde terão alcançado ganhos de  produtividade de 15 a 20% com a adoção da IA. Pesquisa da MIT Technology Review Insights mostra que 93% dos médicos relatam maior velocidade e precisão nos dados dos  pacientes, e 78% identificam melhor fluxo de trabalho. A IA pode orientar processos e  organização de trabalhos para reduzir tempo de espera, antecipar necessidades de leitos e  melhorar o desempenho global dos serviços de saúde (GANDHI, 2019). 

Inserindo-se nesta temática o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma  análise das principais tecnologias empregadas na área da saúde sob o ponto de vista dos  três grandes eixos da obtenção do conhecimento.  

MÉTODO 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, segundo o proposto por Ganong  (1987), visto que ela contribui no processo de sistematização e análise dos resultados  visando à compreensão de um determinado tema a partir de outros estudos independentes  para identificação de produções sobre planejamento estratégico em enfermagem e saúde. 

As referências foram levantadas a partir das bases de dados da Literatura  Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), da Literatura Latino-Americano e do  Caribe Ciências da Saúde (LILACS) e da Scientific Electronic Library Online (SciELO)  publicados entre 2018 a 2024. Os descritores utilizados foram: inovações; “tecnologias”;  “saúde”; “perspectivas”; “inteligência artificial”; 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A inteligência artificial (IA) está transformando drasticamente o setor de saúde,  principalmente através do uso de dados. Os profissionais de saúde não serão deixados de  lado, mas terão que adaptar suas maneiras de trabalhar, aprendendo a interpretar  estatísticas para compreender as reais possibilidades de diagnósticos. A IA oferece  imediatismo e confiabilidade, permitindo que os pacientes busquem diagnósticos mais  precisos. Para os médicos, a IA torna plausível a consulta de toda a literatura médica para  obter respostas sobre um caso, fornecendo probabilidades de diagnóstico mais factíveis  para decisões de tratamento (BAO, 2018). 

Essa mudança de paradigma amplia as possibilidades de trabalho para os  profissionais de saúde, incluindo a necessidade de especialistas em análise de dados. A  integração de múltiplas ferramentas e dispositivos vestíveis também é uma tendência  crescente. As Health Techs, startups de tecnologia na área de saúde, estão em destaque.  Em 2017, segundo o site PitchBook, foram investidos mais de US$ 4,5 bilhões nesse  setor, um crescimento de 200% desde 2012. Vários hospitais e consultórios já adotam tecnologias como impressão 3D em massa, pílulas digitais, Big Data, IA, algoritmos  preventivos e nanorrobótica para trazer novidades aos pacientes. Essas soluções  prometem tornar tudo mais acessível devido ao baixo custo de uso das ferramentas  desenvolvidas (ARTEAGA, 2010). 

A inteligência artificial (IA) tem o potencial de proporcionar mudanças drásticas  no setor de saúde. A tecnologia está cada vez mais presente em diversos setores da  economia, trazendo inovações que aprimoram o modo de vida das pessoas. Na saúde, isso  se traduz em processos mais eficientes, redução de custos e melhora na operação de  clínicas, hospitais e consultórios. A IA busca facilitar os processos cotidianos, otimizando  desde procedimentos técnicos e logísticos até o desenvolvimento de novas tecnologias  (ÇAKIRBAY et al., 2019). 

Aplicações da Inteligência Artificial na Saúde 

Com o avanço da tecnologia, os softwares desenvolvidos para o setor de saúde  tornaram-se mais eficazes. Eles facilitam a descoberta de doenças e o desenvolvimento  de planos de tratamento. Um dos principais benefícios é a capacidade dos computadores  auxiliarem no tratamento de doenças, proporcionando um histórico do paciente de  maneira rápida e segura, por meio de prontuários eletrônicos (PEP). A IA pode ajudar  segmentos da medicina a armazenar e recuperar dados através da nuvem, oferecendo  maior segurança e organização no trabalho dos profissionais de saúde. 

Processos Administrativos 

A IA dá suporte a tarefas administrativas ao extrair grandes volumes de dados,  ajudando os médicos a oferecerem um atendimento mais personalizado. Sistemas como  o Watson, da IBM, analisam milhares de artigos de medicina para informar os médicos  sobre planos de tratamento. Empresas de planos de saúde já utilizam essa tecnologia para  autorizar exames, otimizando o atendimento ao paciente (BOTTOU et al., 2018). 

Otimização do Atendimento 

A agilidade promovida pelo agenciamento eletrônico de dados contribui para um  atendimento mais eficaz e humanizado. Programas de gestão de clínicas e hospitais  permitem marcações de consultas e exames com grande grau de personalização,  melhorando o fluxo de trabalho e a comunicação entre pacientes e profissionais de saúde  (CHAR, 2018).

Precisão no Resultado de Exames 

Pesquisadores desenvolveram algoritmos que utilizam bancos de imagens  radiológicas para identificar doenças com maior precisão. Ferramentas como essas  aprendem a identificar características importantes nas imagens para obter diagnósticos  mais precisos. Isso diminui o custo dos exames e elimina a necessidade de múltiplas  consultas para um diagnóstico definitivo. A IA também é usada para associar sintomas e  obter diagnósticos precisos. Ferramentas como o TensorFlow, desenvolvida pelo Google,  identifica complicações a partir da semelhança de imagens, como no caso da retinopatia  diabética. A tecnologia pode notificar instantaneamente mudanças no estado de saúde do  paciente. 

Alertas sobre o Quadro do Paciente 

Programas conectados a monitores de computador podem enviar alertas em tempo  real ao médico sobre mudanças no quadro do paciente, analisando resultados de exames  laboratoriais e prescrições de medicamentos. 

Cirurgias Assistidas por IA 

A IA proporciona maior precisão em cirurgias, reduzindo os períodos de  internação. Robôs podem usar dados de cirurgias anteriores para informar o médico sobre  novas técnicas cirúrgicas, resultando em menos complicações e recuperação mais rápida  para os pacientes. Enfermeiros virtuais podem monitorar pacientes e responder  rapidamente sem intervalos de descanso, diminuindo a carga de trabalho das equipes de  enfermagem e a necessidade de reinternações. 

Maior Precisão Diagnóstica 

Algoritmos de IA podem analisar tons de voz e ruídos de fundo para detectar  paradas cardíacas com alta precisão. Sistemas de reconhecimento de padrões visuais  também podem realizar leituras de imagem com maior acuidade, melhorando a precisão  dos diagnósticos. 

Cirurgias com Uso de Robôs e Assistentes Virtuais 

Alguns procedimentos médicos já utilizam robôs desenvolvidos para trazer maior  segurança e precisão. Algoritmos de Aprendizado de Máquina processam grandes quantidades de dados de imagem, permitindo a identificação rápida e precisa de  problemas médicos. 

Aumento das Chances de Recuperação 

A IA desenvolve métodos de tratamento baseados em dados ricos, aumentando as  chances de recuperação dos pacientes. No tratamento do câncer, por exemplo, a IA é  usada para produzir medicamentos personalizados com base em informações genômicas,  aumentando a eficácia dos tratamentos. A IA representa uma revolução na personalização  da saúde, tornando os processos mais eficientes e precisos, e melhorando a qualidade de  vida dos pacientes. Sua aplicação na medicina está transformando diagnósticos,  tratamentos e a gestão de sistemas de saúde, impulsionando o setor para um futuro mais  avançado e acessível. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A inteligência artificial (IA) está transformando radicalmente o setor de saúde,  impactando o papel dos médicos e a estrutura física e administrativa de hospitais, clínicas  e consultórios. Profissionais que se limitaram a interpretar exames perderão espaço. A IA  possibilitará a existência de “ambulâncias inteligentes” que, em caso de emergência,  monitoram os dados vitais dos pacientes e facilitarão o percurso até o hospital,  acompanhadas por médicos virtuais. 

A IA está projetada para trazer ganhos significativos para a economia, pacientes,  médicos e empreendimentos do setor, permitindo uma medicina mais preventiva.  Pacientes poderão usar ferramentas de IA para monitorar sua saúde, mudando o foco do  tratamento de doenças para a prevenção. 

REFERÊNCIAS 

ARTEAGA, S.M., KUDEKI, M., WOODWORTH, A., 2010. Mobile system to  motivateteenagers’ physical activity. In: Proceedings of the 9th international conference  on interaction design and children, IDC ’10. ACM Press, Barcelona. 

BAJARI, P. et al. The impact of big data on firm performance: An empirical  investigation. InAEA Papers and Proceedings,Vol. 109, pp. 33-37, 2019.  BAO, Yuequan et al. Computer vision and deep learning–based data anomaly detection  method for structural health monitoring.Structural Health Monitoring, v. 18, n. 2, p.  401-421, 2019.

BEAM, Andrew L.; KOHANE, Isaac S. Big data and machine learning in health  care.Jama, v. 319, n. 13, p. 1317-1318, 2018 

BÓSIO, José A. et al. Odontologia digital contemporânea-scanners intraorais  digitais.Orthodontic Science and Practice, v. 10, n. 39, p. 355-362, 2017. 

BOTTOU, Léon; CURTIS, Frank E.; NOCEDAL, Jorge. Optimization methods  for large-scale machine learning.Siam Review, v. 60, n. 2, p. 223-311, 2018. 

ÇAKIRBAY, M. Tanış; KILIÇARSLAN, M. A.; BELLAZ, İ. B. In Vitro Evaluation of  Bond Strength between Zirconia Core and CAD/CAM-Produced Veneers.Journal  of prosthodontics: official journal of the American College of Prosthodontists, 2019. 

CHAR, Danton S.; SHAH, Nigam H.; MAGNUS, David. Implementing machine  learning in health care—addressing ethical challenges.The New England journal of  medicine, v. 378, n. 11, p. 981, 2018. GANDHI, Priyanka; TANDON, Neelam. Application of Web Data Mining Techniques  in CRM for Its Support to Health Industry.Available at SSRN 3446619, 2019.


1Enfermeira pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA Cidade e Estado: São Luís – MA. janamonteles@gmail.com 
2Bacharel em Enfermagem – Universidade Estadual do Piauí-UESPI Teresina-PI. kenyalarusse@hotmail.com 
3Enfermeira da EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH lotada no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão. São Luís-MA thais.botentuit@ebserh.gov.br 
4Graduanda em enfermagem Universidade da Amazônia, UNAMA Belém, PA heloysabreis@hotmail.com 
5Uniasselvi Graduanda Enfermagem. elianabortolotte2@gmail.com 
6Enfermeiro – Formado Centro Universitário Fametro – Unifametro  Fortaleza Ceará E-mail: j.irlailson@gmail.com 
7Formada em Enfermagem Centro Universitário São Camilo. São Paulo/SP gigodoymoreira@outlook.com 
8Graduanda em enfermagem pela UFPE. Email: kauanevic08@hotmail.com 
9Graduando em enfermagem UNINASSAU Sobral/ Ceará  carllos_kk@hotmail.com 
10Graduando em Enfermagem – Uninassau, Sobral, CE. jucieleferreira21@gmail.com
11Graduanda no curso de enfermagem- Universidade  Federal de Pernambuco, Surubim- PE