INTEGRATING PRIMARY HEALTH CARE AND MENTAL HEALTH: CHALLENGES AND STRATEGIES FOR COMPREHENSIVE CARE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202503111148
Caio Ferrante Pasquini1
Ana Vitória Ianovali Pera2
Letícia Namie Kishi3
Matheus Yoiti Silvestre Yori4
Lucas Moura Gonçalves5
Diogo Vinicius Sardinha Cruz6
Maria Eduarda Pereira de Sousa7
Daniel Souza do Nascimento8
Victória Caroline Ramires Pagani9
Lara Franco Izzo10
RESUMO:
Este estudo aborda a integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Saúde Mental no contexto das políticas públicas brasileiras, destacando os desafios e estratégias para promover um atendimento integrado e eficaz. A APS emerge como uma estratégia essencial para a saúde mental preventiva e acessível, mas enfrenta obstáculos, como a capacitação insuficiente de profissionais, o estigma em torno dos transtornos mentais, a fragmentação dos serviços e a escassez de recursos. A metodologia adotada foi uma revisão sistemática da literatura, com base em artigos publicados entre 2020 e 2025 na PubMed, visando identificar práticas e modelos eficazes para essa integração. Os principais desafios incluem a falta de formação específica, preconceito contra pacientes com transtornos mentais e a sobrecarga de trabalho dos profissionais. Entre as estratégias para superar esses desafios, destacam-se a capacitação contínua dos profissionais da APS, a inclusão de especialistas em saúde mental nas equipes, a implementação de protocolos de cuidado integrado, programas de sensibilização para redução do estigma e o uso de tecnologias digitais, como a telemedicina. A conclusão aponta que, apesar das dificuldades, a integração da APS e saúde mental pode ser viabilizada por meio dessas ações coordenadas, mas que a superação da escassez de recursos e a mudança nas políticas de saúde são fundamentais para garantir um sistema mais equitativo e eficaz.
Palavras-chave: APS. Saúde Coletiva. Saúde Mental. Medicina de Família.
INTRODUÇÃO:
A integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Saúde Mental tem ganhado crescente relevância no contexto das políticas públicas brasileiras.² Com a adoção de modelos de cuidado que priorizam a continuidade e a universalidade do atendimento, a APS surge como uma estratégia essencial para promover a saúde mental de forma preventiva, acessível e integral. No entanto, os desafios para efetivar essa integração são diversos, envolvendo desde a capacitação de profissionais até a superação de barreiras culturais e estruturais.¹ Além disso, as questões relacionadas à estigmatização, à escassez de recursos e à falta de uma abordagem multidisciplinar eficaz, muitas vezes, dificultam o atendimento adequado e a inclusão das pessoas com transtornos mentais no sistema de saúde. Este artigo visa analisar os desafios e as possíveis estratégias para promover uma integração eficiente entre essas duas áreas do cuidado, refletindo sobre a importância de um modelo holístico que considere as especificidades de cada indivíduo e contexto. Ao explorar experiências exitosas e apontar caminhos para aprimorar o atendimento, busca-se contribuir para a construção de uma rede de saúde mais justa e eficaz, capaz de responder às necessidades de saúde mental da população.¹¹
OBJETIVOS:
Apresentar, por meio de estudos científicos, a importância do manejo assertivo da Saúde Mental na APS, com enfoque no cuidado integral.
METODOLOGIA:
Este estudo adotará uma revisão sistemática da literatura para analisar os desafios e estratégias na integração entre Atenção Primária à Saúde (APS) e Saúde Mental, com base em artigos publicados entre 2020 e 2025 na base de dados PubMed. O objetivo é identificar práticas e modelos eficazes para promover cuidados integrados. Os Critérios de inclusão e exclusão: serão incluídos artigos originais, revisões sistemáticas e estudos sobre a integração de APS e saúde mental, publicados entre 2020 e 2025, em inglês, português ou espanhol. Serão excluídos artigos não revisados por pares, como resumos e relatórios não científicos, e estudos com amostras pequenas ou irrelevantes para o tema. A busca será realizada na PubMed usando palavras-chave como “Primary Health Care”, “Mental Health”, “Integration”, “Challenges” e “Strategies”, com filtros para artigos completos, entre 2020 e 2025, e nos idiomas selecionados.
DISCUSSÃO E RESULTADOS:
A análise dos estudos selecionados revelou uma série de desafios e estratégias comuns para a integração da Atenção Primária à Saúde (APS) com a saúde mental, que podem ser agrupados em algumas áreas chave. Um dos principais desafios identificados foi a capacitação profissional insuficiente.¹²
Muitos profissionais da APS enfrentam a falta de formação específica em saúde mental, o que compromete a identificação precoce de transtornos mentais e a implementação de intervenções adequadas. Essa lacuna na formação contínua é um obstáculo persistente para a integração, uma vez que a abordagem da saúde mental requer competências e conhecimentos específicos que muitos profissionais da APS não possuem. Outro desafio significativo destacado foi o estigma e preconceito relacionado à saúde mental. Pacientes com transtornos mentais frequentemente enfrentam discriminação dentro do sistema de saúde, o que prejudica o acesso ao tratamento adequado. O estigma associado a essas condições também é refletido em muitos profissionais da saúde, que, por vezes, consideram as condições mentais menos prioritárias do que as questões de saúde física.⁹ Isso impede a criação de um ambiente acolhedor e pode levar a um tratamento inadequado ou à evasão dos pacientes do cuidado oferecido. Além disso, a fragmentação dos serviços de saúde é uma barreira crucial. A falta de coordenação entre os serviços de APS e os especializados em saúde mental dificulta a comunicação entre os profissionais e prejudica a continuidade do cuidado.¹⁰ Essa separação nos serviços resulta em atendimentos ineficientes, quando não leva ao abandono do tratamento pelos pacientes, já que muitos deles acabam sendo encaminhados sem o devido acompanhamento. Além disso, outro desafio identificado foi a escassez de recursos humanos e financeiros.¹⁰ Em muitos sistemas de saúde, os profissionais de APS estão sobrecarregados e não têm tempo suficiente para lidar com questões de saúde mental de maneira eficaz. A sobrecarga de trabalho, somada à limitação de recursos, compromete a qualidade do atendimento integral, fazendo com que a saúde mental muitas vezes seja negligenciada em favor de outras demandas de saúde física. Essas barreiras não são apenas teóricas, mas refletem problemas reais enfrentados na implementação de um modelo de cuidados integrado.⁷ Por outro lado, as estratégias para superar esses desafios foram variadas e indicaram que a integração entre APS e saúde mental pode ser viabilizada através de uma série de ações coordenadas.⁵ A capacitação profissional contínua foi apontada como uma estratégia fundamental. Programas de treinamento focados em saúde mental, tanto presenciais quanto online, têm sido eficazes em capacitar os profissionais da APS para diagnosticar e tratar transtornos mentais em estágios iniciais. Essa formação permite que os profissionais identifiquem mais rapidamente os sinais de problemas emocionais e psicológicos, o que leva a uma intervenção mais precoce e aumenta as chances de um tratamento bem-sucedido.⁵ A inclusão de profissionais de saúde mental nas equipes de APS também foi identificada como uma estratégia eficaz. Psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, quando integrados nas equipes de APS, têm a capacidade de oferecer apoio direto aos pacientes com problemas de saúde mental, garantindo uma abordagem mais holística e acessível. Essa estratégia reduz a sobrecarga dos serviços especializados e permite um atendimento contínuo e integrado, promovendo melhores resultados para os pacientes. Além disso, a implementação de protocolos de cuidado integrado, que padronizem as abordagens para tratar a saúde mental dentro da APS, tem mostrado resultados positivos. Esses protocolos garantem que todos os membros da equipe de saúde sigam um roteiro comum e coordenado, o que facilita a comunicação e a continuidade do cuidado. Uma outra estratégia que se mostrou promissora foi a redução do estigma através de programas de sensibilização. A educação dos profissionais de saúde e da população sobre a importância da saúde mental tem sido eficaz na diminuição do preconceito, criando um ambiente mais acolhedor e inclusivo para os pacientes. Isso não só melhora a qualidade do atendimento, mas também incentiva os pacientes a buscar ajuda sem receio de discriminação. Por fim, o uso de tecnologias digitais como a telemedicina foi identificado como uma ferramenta importante para expandir o acesso aos cuidados de saúde mental. A utilização dessas tecnologias permite que os pacientes em áreas remotas ou com dificuldades de deslocamento recebam acompanhamento remoto, tornando o atendimento mais acessível. Além disso, as plataformas digitais também oferecem oportunidades de educação e apoio psicológico à distância, ajudando a alcançar mais pessoas e reduzindo as barreiras ao cuidado.
CONCLUSÃO:
Portanto, os dados deste estudo demonstram que, embora a integração da APS com a saúde mental seja um desafio complexo, existem várias estratégias que podem ser adotadas para superá-lo. A capacitação profissional, a inclusão de especialistas em saúde mental nas equipes da APS, a implementação de protocolos de cuidado integrados, a redução do estigma e o uso de tecnologias são algumas das ações que podem garantir uma integração mais eficaz e acessível.³ No entanto, é importante destacar que a escassez de recursos e a necessidade de uma mudança estrutural nas políticas de saúde são fatores críticos que precisam ser abordados para que a integração seja verdadeiramente bem-sucedida. Ademais, a fragmentação dos serviços de saúde e a falta de coordenação entre as diferentes esferas de atenção continuam sendo barreiras significativas, exigindo mais investimentos e esforços para garantir que os cuidados com a saúde mental se tornem parte integrante do sistema de APS.⁴ A implementação dessas estratégias pode, sem dúvida, melhorar a qualidade do atendimento e promover uma abordagem mais holística e inclusiva, beneficiando principalmente os pacientes que, por diversas razões, têm dificuldades em acessar os cuidados especializados. A integração entre APS e saúde mental é, portanto, um passo essencial para garantir um sistema de saúde mais equitativo, eficaz e acessível a todos.
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1Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
2Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
3Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
4Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
5Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
6Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
7Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
8Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
9Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.
10Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE Campus São Paulo – SP.