REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248121952
Aldo De Moura Fonseca
José Igor Da Silva
Maria Cristina de Andrade Santana
Kaynan Sávio De Oliveira Silva
RESUMO
Introdução: Entende-se como integração ensino-serviço “o trabalho coletivo, pactuado e integrado de estudantes e professores dos cursos de formação na área da saúde com trabalhadores que compõem as equipes dos serviços de saúde” (Albuquerque,2008). Tal modalidade de ensino-aprendizagem permite ao aluno uma vivência fiel a realidade enfrentada no cotidiano de sua profissão, fomentando o conhecimento no que tange sua importância na participação em equipes multidisciplinar, numa perspectiva de humanização e resolutividade frente às demandas, necessidades e particularidades no atendimento odontológico à pessoa com deficiência na atenção terciária. Objetivos: Relatar a experiência vivenciada por discentes do curso de odontologia da Uninassau – Caruaru no Projeto de Extensão Acadêmica Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais no Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA). Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, embasado cientificamente por artigos científicos, consultados nas bases de dados SciElo, LILACs, PubMed e a ferramenta Google Scholar (Google Acadêmico), sendo selecionados 18 artigos, publicados inicialmente no período de 2013 a 2023, em língua portuguesa e inglesa. Ainda, foram selecionados alguns artigos que perpassam o tempo estabelecido por apresentar relevância cientifica significativa. Resultados: Os discentes durante o desenvolvimento das atividades são estimulados a prática odontológica em ambiente hospitalar, sendo-os apresentado um ambiente diferente do que estão habituados atuar, possibilitando a expansão do conhecimento com relação ao atendimento odontológico a pessoa com deficiência e os fazendo entender a sua importância na composição de uma equipe multidisciplinar na atenção terciária. Conclusão: A integração ensino-serviço mostrou-se como um valoroso espaço que contribui de forma significativa para a ampliação do cuidado e resolutividade do atendimento odontológico a pessoa com deficiência na atenção terciária, contribuindo de forma significativa para formação humana do cirurgião-dentista.
Palavras-chave: Pessoa com Deficiência; Atenção Terciária à Saúde; Integração ensino-serviço; Equipe Interdisciplinar de Saúde; Odontologia para Pessoas com Deficiência.
ABSTRACT
Introduction: Teaching-service integration is understood as “the collective, agreed and integrated work of students and teachers of training courses in the health area with workers who make up the health services teams” (Albuquerque,2008). This teaching-learning modality allows the student to experience faithfully the reality faced in the daily life of their profession, fostering knowledge regarding its importance in participating in multidisciplinary teams, from a perspective of humanization and resolution in the face of demands, needs and particularities in care. dental care for people with disabilities in tertiary care. Objectives: To report the experience lived by students of the dentistry course at Uninassau – Caruaru in the Academic Extension Project Dental Care Service for Special Patients at the Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA). Materials and Methods: This is a descriptive study, an experience report type, scientifically based on scientific articles, consulted in the databases SciElo, LILACs, PubMed and the Google Scholar tool (Google Scholar), with 18 articles selected, initially published from 2013 to 2023, in Portuguese and English. Furthermore, some articles were selected that exceed the established time as they present significant scientific relevance. Results: During the development of activities, students are encouraged to practice dentistry in a hospital environment, being presented with an environment different from that in which they are used to working, enabling the expansion of knowledge regarding dental care for people with disabilities and making them understand the its importance in the composition of a multidisciplinary team in tertiary care. Conclusion: Teaching-service integration proved to be a valuable space that contributes significantly to the expansion of care and resoluteness of dental care for people with disabilities in tertiary care, contributing significantly to the human training of the dental surgeon.
Keywords: Disabled Persons; Tertiary Healthcare; Teaching-service integration; Dental Care for Disabled.
RESUMEN
Introducción: La integración enseñanza-servicio se entiende como “el trabajo colectivo, concertado e integrado de estudiantes y docentes de cursos de formación en el área de la salud con los trabajadores que integran los equipos de los servicios de salud” (Albuquerque,2008). Esta modalidad de enseñanza-aprendizaje permite al estudiante experimentar fielmente la realidad que enfrenta en el día a día de su profesión, fomentando el conocimiento sobre su importancia al participar en equipos multidisciplinarios, desde una perspectiva de humanización y resolución ante las demandas, necesidades y particularidades de atención odontológica para personas con discapacidad en atención terciaria. Objetivos: Relatar la experiencia vivida por estudiantes de la carrera de odontología de la Uninassau – Caruaru en el Proyecto de Extensión Académica del Servicio de Atención Odontológica a Pacientes Especiales del Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA). Materiales y Métodos: Se trata de un estudio descriptivo, tipo relato de experiencia, fundamentado científicamente en artículos científicos, consultados en las bases de datos SciElo, LILACs, PubMed y la herramienta Google Scholar (Google Scholar), con 18 artículos seleccionados, publicados inicialmente del año 2013 al 2023, en portugués e inglés. Además, se seleccionaron algunos artículos que exceden el tiempo establecido por presentar relevancia científica significativa. Resultados: Durante el desarrollo de las actividades se incentiva a los estudiantes a practicar la odontología en un ambiente hospitalario, presentándose un ambiente diferente al que están acostumbrados a trabajar, posibilitando la ampliación de conocimientos sobre la atención odontológica a personas con discapacidad y haciéndolos comprender su importancia en la composición de un equipo multidisciplinario en atención terciaria. Conclusión: La integración enseñanza-servicio demostró ser un espacio valioso que contribuye significativamente para la ampliación de la atención y resolutividad de la atención odontológica a personas con discapacidad en el tercer nivel de atención, contribuyendo significativamente para la formación humana del cirujano dentista.
Palabras-clave: Persona con Discapacidad; Atención Terciaria de Salud; Integración enseñanza-servicio; Equipo Interdisciplinario de Salud; Odontología para Personas con Discapacidad.
1. Introdução
A formação dos profissionais de saúde tem sido pautada no uso de metodologias tradicionais, fragmentando o conhecimento em campos especializados (Capra, 1986) configurando “um dos maiores desafios atuais do Ensino Superior na área da Saúde, referindo-se ao compromisso com a formação de profissionais capacitados por meio de propostas inovadoras de formação” (Fiorin et al. 2014), sob o viés da articulação dos saberes entre as atividades teóricas e práticas.
Como descrito por Albuquerque (2008), entende-se como integração ensino-serviço “o trabalho coletivo, pactuado e integrado de estudantes e professores dos cursos de formação na área da saúde com trabalhadores que compõem as equipes dos serviços de saúde”. Tal modalidade de ensino-aprendizagem permite ao aluno uma vivência fiel a realidade enfrentada no cotidiano de sua profissão.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Odontologia no Brasil, vigentes desde 2002, a formação do cirurgião-dentista deve capacitá-lo a atuar em todos os níveis de atenção à saúde e, para isso, têm de haver uma formação generalista (Ditterich; Portero; Schmidt, 2007). No entanto, a Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (OPNE), não é citada como conteúdo essencial a ser abordado na odontologia, pela resolução 03 da Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação (CNE) no seu artigo 6º, criando uma lacuna entre a necessidade de conhecimento especifico para o atendimento odontológico a esse grupo de pessoas, e a demanda de pacientes que necessitam desse atendimento.
Atualmente, cerca de 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, possuem algum tipo de deficiência no Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, 2023). Tais indivíduos apresentam restrições físicas ou sensoriais por causas relacionadas a alterações congênitas ou hereditárias; problemas assistenciais perinatais; doenças transmissíveis; transtornos psiquiátricos, entre outros (Brasil, 2010). Em contrapartida, no território nacional apenas 920 cirurgiões-dentistas são especialistas no atendimento odontológico ao paciente com necessidades especiais (Conselho Federal de Odontologia – CFO, 2023), evidenciando assim, uma relação destoante entre a quantidade pacientes e de profissionais especializados.
Ao longo da Constituição Federal de 1988, estão assegurados os direitos das pessoas com deficiência nos mais diferentes campos e aspectos. Dentre eles, o acesso ao tratamento odontológico em todos os níveis de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2010).
As pessoas com deficiência que apresentam dificuldade em receber seu cuidado na atenção primária e secundária, devido às suas necessidades mais complexas e/ou à impossibilidade de manejo comportamental, precisam de assistência em âmbito hospitalar caracterizado como atenção terciária. Estas condições específicas exigem abordagem odontológica sob anestesia geral ou sedação para permitir ao cirurgião-dentista a resolução do problema bucal com segurança (Castro et al., 2010).
Diante desse cenário, a pesquisa apresenta como objetivo fomentar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas e acadêmicos do curso de odontologia no que tange sua importância na participação em equipes multidisciplinares, numa perspectiva de integração ensino-serviço de forma humanizada e resolutiva frente às demandas, necessidades e particularidades no atendimento odontológico à pessoa com deficiência à nível hospitalar sob anestesia geral, baseado em evidências científicas.
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Relatar a experiência vivenciada no Projeto de Extensão Acadêmica Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais no Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA), numa integração ensino-serviço atuando dentro de uma perspectiva de humanização e resolutividade para o atendimento odontológico à pessoa com deficiência na atenção terciária.
2.2 Objetivos específicos
- Conhecer o impacto da integração ensino-serviço na formação do cirurgião-dentista (CD);
- Relatar a experiência a partir da vivência discente nas atividades desenvolvidas junto à equipe multidisciplinar;
- Compreender como a integração ensino-serviço pode contribuir para a ampliação do cuidado e resolutividade do atendimento odontológico de toda rede de atenção à saúde;
- Identificar como a integração ensino-serviço pode contribuir para o processo de humanização no atendimento odontológico à pessoa com deficiência;
3. Justificativa
Dada a relevância da integração ensino – serviço na formação de profissionais de saúde da atenção terciária, o presente estudo propõe realizar um relato de experiência, afim de identificar contribuições e limitações da integração ensino-serviço e conhecer a avaliação do processo com base na percepção dos indivíduos envolvidos: gestão, universidade, profissionais do serviço a partir da vivência nos projetos de extensão acadêmica.
É imprescindível entender o papel dos setores envolvidos neste processo – docente, discentes, instituições, comunidades, instâncias reguladoras, para que as transformações, de fato, contribuam para formação de profissionais qualificados e para otimização da atenção terciária a pessoa com deficiência. Sem um pacto de cooperação entre esses diversos atores, corre-se o risco de que a presença dos discentes no serviço assemelhe-se a de um estranho dentro do espaço alheio e, desse modo, não exista corresponsabilidade entre o serviço e a formação em saúde. É de fundamental importância que unidade hospitalar não ocupe somente o lugar de receber os discentes, mas seja local de ações destinadas a fortalecer a educação permanente e a construir objetivos comuns entre os setores envolvidos.
Diante dessa complexidade, conhecer a percepção do discente, docente, usuários, gestores e equipes multidisciplinares, envolvida sobre a parceria ensino-serviço, oferecerá novos aportes para interpretação dessa relação e demonstrará o que os aproxima, e os distancia nesse processo, os desafios a serem superados, e apontará os avanços necessários e os possíveis caminhos para fortalecer essa relação.
4. Metodologia
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo, tipo relato de experiência, a partir do serviço vivenciado por discentes e docente participante do Projeto de Extensão Acadêmica Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais no Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA), que ocorre de forma articulada entre universidade, docente, serviço de saúde e discentes do Curso de Odontologia do Centro Universitário Mauricio de Nassau – UNINASSAU Caruaru em vigor desde o ano de 2014. De acordo com O’Brian (2014), o propósito deste tipo de estudo é compreender as experiências e perspectivas, bem como o contexto em que estas perspectivas se situam. A descrição da experiência referenciada neste trabalho é corroborada por Casarin (2021), apresentando as características exploratórias da população objetivando trazer não apenas contribuições para o ensino, mas discorrer sobre a educação em saúde no contexto apresentado como método para resolução ou minimização dos problemas evidenciados na prática (Cortes, Padoin, Berbel 2018).
Para embasamento científico, foram consultadas as bases de dados SciElo, LILACs, PubMed e a ferramenta Google Scholar (Google Acadêmico) para busca de artigos científicos, utilizando os descritores: “Pessoa com Deficiência; Atenção Terciária à Saúde; Integração Ensino-serviço; Equipe Interdisciplinar de Saúde; Odontologia para Pessoas com Deficiência”. Foram selecionados 18 artigos, publicados inicialmente no período de 2013 a 2023, em língua portuguesa e inglesa. Após a análise, foram selecionados alguns artigos que perpassam o tempo estabelecido por apresentar relevância científica significativa. Como critério de exclusão, foram eliminados: artigos incompletos, publicações em outros idiomas, e trabalhos não disponíveis nas bases de dados selecionadas.
5. Referencial Teórico
5.1 Formação acadêmica em odontologia no Brasil
A formação acadêmica odontológica é uma preocupação constante, pela necessidade de incorporar à sua prática elementos políticos, sociais e pedagógicos, de modo a superar o modelo instrumental e tecnicista comum no contexto brasileiro (Baltazar, 2017).
Como caminhos para quebra desse modelo hegemônico, destaca-se movimentos para a consolidação da Reforma Sanitária, que culminaram para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) na área da saúde (Brasil,1996).
“As DCN para o Ensino de Graduação em Odontologia definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de Cirurgiões Dentistas”. Ao longo de todo o documento, são reiterados o compromisso para a formação do Cirurgião-Dentista, através de “metodologias de ensino/aprendizagem, que permitam a participação ativa dos alunos neste processo e a integração dos conhecimentos das ciências básicas com os das ciências clínicas” (Brasil, 2002).
De acordo com as DCNs para os cursos de Odontologia no Brasil, vigentes desde 2002, a formação do cirurgião-dentista deve capacitá-lo a atuar em todos os níveis de atenção à saúde e, para isso, têm de haver uma formação generalista (Ditterich; Portero; Schmidt, 2007). No entanto, a Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (OPNE), não é citada como conteúdo essencial a ser abordado pela resolução 03 da Câmara de Educação Superior (CES), do Conselho Nacional de Educação (CNE), no seu artigo 6º. (Brasil,1996)
5.2 A pessoa com deficiência nas narrativas da história
O entendimento e o tratamento em relação à deficiência se deu de diferentes maneiras em civilizações antigas. Na Grécia antiga, se algum atributo físico era considerado deformidade ou anormalidade, o bebê era sacrificado (Brasil, 2008). “Entre os gregos, o corpo era fundamental, pela importância dada à estética, aos ideais atléticos e às práticas belicistas, o que transformava qualquer diferença funcional em condição humilhante, indesejável, cuja eliminação era necessária” (Pereira, 2009).
Ainda na Grécia, a população possuía vasto conhecimento sobre recursos visuais, o que os levou a criação da palavra “estigma” para se referir a “sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau, sobre o status moral de quem os apresentava” (Goffman, 1988).
Segundo Gugel (2015), no Egito antigo, as questões referentes à deficiência, especialmente físicas, não eram vistas como motivos de exclusão e discriminação por parte da sociedade. Ao analisar a pessoa com deficiência, Maria Aparecida Gugel (2015), expõe que
Evidencias arqueológicas nos fazem concluir que no Egito antigo, há mais de 5.000 a.C (cinco mil anos, antes de cristo), a pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes hierarquias e classes sociais (faraós, nobres, altos funcionários, artesãos, agricultores,e escravos).
Na Palestina, como afirma Pereira (2009), a concepção de deficiência foi influenciada por aspectos místicos e religiosos, e a presença de alguma diferença no corpo ganhou conotação semelhante ao estigma na Grécia, por ser considerada marca imposta ao corpo por alguma divindade, como punição por pecado cometido”.
Essa concepção influenciou fortemente o ocidente, e perdurou até a Idade Contemporânea, quando se manifesta inicialmente a noção de inclusão na sociedade.
Com isso, foi na década de 1970 que a discussão relacionada aos direitos das Pessoas com Deficiência (PCD), realmente ganhou relevância. O documento que marca a primeira conquista na história dos direitos das pessoas com deficiência é a Declaração dos Direitos de Pessoas Com Deficiência Mental, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1971.
Anos mais tarde, em 1975, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência. Esse documento já era um pouco mais abrangente, englobando todas as deficiências, e apela à ação nacional e internacional para assegurar que a mesma, seja utilizada como base comum e enquadramento de referência para a proteção dos direitos da PCD (Organização Das Nações Unidas, 1975).
Até o referido momento, apenas atribuía-se à causa da deficiência puro preconceito, discriminação, misticismo e crenças que somente fomentava a exclusão ou pior, extermínio das PCD como se não fossem seres humanos tão importantes quanto todos os demais. Infelizmente, conceitos capacitistas perduraram por longos anos, séculos, gerações, resistindo ao tempo, contexto histórico, religioso, e social.
5.3 Definição de pessoa com deficiência
Entende-se que a quebra das barreiras à acessibilidade vai muito além dos obstáculos físicos à garantia de inclusão, a exemplo do tratamento dado às pessoas com deficiência no que tange ao aspecto da linguagem (Matos, 2022).
Em 1975, como proclama a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, “pessoa deficiente designa qualquer pessoa incapaz de satisfazer por si própria, no todo ou em parte, as necessidades de uma vida normal individual e/ou social, em resultado de deficiência, congênita ou não, nas suas faculdades físicas ou mentais”.
Ainda, até a década de 80, segundos estudos de Sassaki (2015), outros termos eram utilizados para se dirigir a esse grupo de pessoas, como “defeituosos” para pacientes com deformidade física, e “excepcionais” para indivíduos com deficiência intelectual. O termo sofreu readaptações devido a pressão das organizações de pessoas com deficiência, assim sendo atribuído o substantivo “pessoa” antes da palavra “deficiente”, resultando na terminologia “pessoa deficiente”.
No período de 1988 a 1993 a termologia sofreu uma nova alteração, onde adicionaram o termo “Portador”, que passou a ser implementada em todos as leis e políticas públicas vigentes a partir dessa data (Queiroz, 2017).
Seguindo a linha do tempo, nos anos 90, Sassaki (2014) descreve que
Pessoas com necessidades especiais” surgiu, a priori, para substituir “deficiência”. Também apareceram expressões como “crianças especiais”, “alunos especiais”, “pacientes especiais”, em uma tentativa de amenizar a contundência da palavra “deficientes”. De início, “pessoas com necessidades especiais” representava apenas um novo termo. Depois, com a vigência da Resolução CNE/CEB nº 2, “necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com deficiência quanto a outras pessoas.
Atualmente como expresso no art. 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, define-se atualmente que “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. Sancionado com equivalência de emenda constitucional no Brasil através do Decreto Legislativo nº 186 e promulgado por meio do Decreto nº 6.949, em 2009.
5.3.1 Definição de PCD em odontologia
Na Odontologia o termo mais utilizado é paciente com necessidades especiais, designando “todo usuário que apresente uma ou mais limitações, temporárias ou permanentes, de ordem mental, física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica, que o impeça de ser submetido a uma situação odontológica convencional” (Brasil, 2006).
Quando falamos em tratamento odontológico para pacientes com necessidades especiais é importante que se conheça quem são esses pacientes para a odontologia, assim eles são classificados da seguinte maneira: 1. Desvios de inteligência (deficiência intelectual, superdotados); 2. Desvios sociais; 3. Distúrbios comportamentais (autismo, déficit de atenção); 4. Distúrbios de comunicação (deficiência visual, auditiva e fala); 5. Distúrbios psiquiátricos (esquizofrenia, distúrbios alimentares); 6. Estados fisiológicos especiais (gravidez); 7. Distúrbios endócrinos e metabólicos; 8. Distúrbios congênitos e 9. Distúrbios ambientais (asma, bronquite) (Borsato et al., 2021).
Ainda citado por Borsato et al. (2021), a abordagem odontológica de pacientes com necessidades especiais deve estar embasada em uma anamnese detalhada, com todos os dados do indivíduo e da deficiência que irão auxiliar no planejamento, diagnóstico e prognóstico do tratamento. O manejo do paciente vai depender de uma série de adaptações de acordo com o tipo de deficiência, a idade e a necessidade odontológica..
5.4 Lei brasileira de inclusão (LBI)
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Brasil, 2015) é destinada a “assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais, visando à sua inclusão social e cidadania”. No capítulo III o Art. 18 descreve a “atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário”. No que tange aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilitação, o parágrafo terceiro assegura a garantia à capacitação inicial e continuada. Ainda assim, as ações e os serviços de saúde públicos destinados à pessoa com deficiência devem assegurar:
I – Diagnóstico e intervenção precoce, realizados por equipe multidisciplinar;
II – Serviços de habilitação e de reabilitação sempre que necessários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manutenção da melhor condição de saúde e qualidade de vida;
III – Atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambulatorial e internação;
A LBI ainda garante a pessoa com deficiência, a oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde, que fundamenta alguns princípios do serviço de atendimento ao paciente com necessidades especiais. O artigo 22 deixa claro que “ a pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral”.
5.5 Atendimento odontológico a nível hospitalar
A decisão por realizar o atendimento odontológico sob anestesia geral, possibilita inúmeras vantagens. As principais são: sessão única com resolutividade das demandas existentes, podendo ser realizada através do sistema particular e SUS, utilizando as Autorizações de Internações Hospitalares (Santos et al; 2015). Previamente à internação do paciente, o profissional necessita adquirir a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) documento este o qual permite o atendimento do paciente dentro do ambiente hospitalar e da internação do mesmo, através de um laudo, o qual deve ser preenchido em 2 vias pelo CD. Contém informações sobre o paciente, anamnese, exame físico e complementar, justificativo para a internação e o diagnóstico, deixando anotado também o CRO com o código do procedimento solicitado (Brasil, 2010).
Preferencialmente, os procedimentos não-invasivos são os primeiros a serem realizados, visando evitar a presença de sangramento e contaminação para o tratamento restaurador. No entanto, na maioria das vezes, estes procedimentos requerem manipulação de materiais não-estéreis (materiais restauradores) que devem ser manipulados por equipe auxiliar circulante, evitando, assim, a contaminação do campo cirúrgico.
Entre os procedimentos que poderão ser realizados, de acordo com o planejamento, estão: radiografias periapicais (quando o serviço dispõe do equipamento), profilaxia, aplicação de selantes, aplicação tópica de flúor, remoção de cálculo dentário, restaurações, polimento coronário, cirurgias periodontais, tratamento endodôntico e extrações (Sabbagh-haddad; Maretti, 2007).
O envolvimento dos usuários e/ou responsáveis legais na aprovação do plano de tratamento é de suma importância. Os procedimentos devem ser discutidos e o usuário (ou responsável, quando necessário) deve assinar a autorização para realização dos procedimentos no termo de consentimento informado (Conselho Federal de Odontologia, 2012), que visa decisões que determinarão a saúde da pessoa com deficiência. O cirurgião-dentista deve realizar um planejamento criterioso, visando sempre procedimentos seguros, e evitar intercorrências.
O médico anestesiologista deve consultar a ficha de evolução clínica e a anamnese criteriosa, seguido dos exames complementares (exames hematológicos, bioquímicos e radiológicos), para se determinar o risco anestésico e se há a necessidade de pré-medicações, bem como fornece orientações no pré e pós-operatório (Silva, 1990; Manica 1997). Deve ser dada maior atenção à avaliação médica de pessoas que apresentem doenças de ordem genética quando da indicação da anestesia geral, haja vista que, nestes casos, há maior probabilidade de desenvolvimento de reações adversas, como arritmia cardíaca, hipertemia maligna, hiper ou hipotermia, hipercalcemia, depressão respiratória, rigidez muscular e das articulações e insuficiência renal aguda (Campos; Romano, 2007; Tanaka; Ribeiro, 2009).
Procedimentos sob anestesia geral têm a função primordial de promover segurança para o usuário e os profissionais (Mckelvey; Morgaine; Thomson, 2014). Quanto as indicações de tratamento odontológico sob anestesia geral estão: Pessoas com lesões neurológicas, síndromes e transtorno comportamental, cujo gerenciamento do comportamento não obteve sucesso para atendimento em ambulatório, pessoas com alterações sistêmicas que apresentem alto risco no atendimento odontológico em ambiente ambulatorial, inviabilidade de realização dos procedimentos odontológicos por difícil gerenciamento do comportamento e por apresentar muitas necessidades de tratamentos acumuladas; cujo deslocamento para o tratamento seja muito difícil e dispendioso; cirurgias complexas (exodontias complexas de dentes retidos, cirurgias ortognáticas); atendimentos cirúrgicos de urgência drenagem de abscesso, trauma (Nathan, 2001).
6. Relato de experiência da integração ensino-serviço no atendimento odontológico a pessoa com deficiência na atenção terciária
Para o processo continuado de educação em saúde, é necessária a compreensão de que ambos são conceitos articulados, necessários para o desenvolvimento da sociedade e que permeiam os diferentes níveis de atenção, sendo este um processo que objetiva centralizar o indivíduo de forma autônoma no exercício do seu próprio bem-estar (Quental et al., 2017). Nesse sentido, para que as ações de educação em saúde sejam bem-sucedidas, é necessário levar em consideração o contexto social e cultural dos sujeitos envolvidos, tornando-os protagonistas desse processo, visando possibilitar o desenvolvimento de estratégias educativas condizentes com a realidade da comunidade envolvida (Santos et al., 2022). Baseado nessa premissa, a atividade de integração ensino-serviço no Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais do Hospital Regional do Agreste (SAOPE-HRA) visa integrar numa perspectiva de humanização, inclusão e resolutividade o atendimento odontológico à pessoa com deficiência do agreste ao sertão de Pernambuco.
Figura 1. Logomarca do SAOPE.
Fonte: Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais – (SAOPE)
O Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais – SAOPE do Hospital Regional do Agreste Dr Waldemiro Ferreira – HRA em Caruaru –PE foi implementado no ano de 2014. Atualmente, o SAOPE atende à população da macrorregional Caruaru, que abrange cerca de 87 municípios de saúde de Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.
A chegada dos pacientes ao SAOPE é organizada através do fluxograma (Figura 2) próprio do serviço, que foi articulado através da Rede de Cuidados à Pessoas com Deficiências no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, instituída através da Portaria Nº 793, de 24 de abril de 2012. Os encaminhamentos para o atendimento no SAOPE podem ser referenciados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou ainda em conjunto UBS e Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Além disso, o serviço também recebe pacientes por demanda espontânea, que através das redes sociais ou por conhecimento de outros pacientes, acabam chegando ao ambulatório.
Figura 2. Fluxograma para atendimento no SAOPE.
Fonte: Serviço de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais – (SAOPE)
Como forma de viabilizar a continuidade e longitudinalidade do serviço, a coordenadora do serviço Prof. Dra. Maria Cristina de Andrade Santana, utiliza como canal de comunicação direta o telefone celular com acesso ao WhatsApp, onde é possível manter contato com o cirurgião-dentista que realiza o encaminhamento, evitando gastos para o município com o translado do paciente, assim como evita exposição e risco de acidentes durante o percurso, evitando estresses traumáticos para o paciente e responsável, assim garantindo agilidade e resolutividade do atendimento.
O protocolo de atenção odontológica a nível terciário do Ministério da Saúde, informa que para que a pessoa com deficiência seja encaminhada ao atendimento a nível hospitalar sob anestesia geral, deve se tentar realizar no mínimo o atendimento ambulatorial por duas vezes, tendo conhecimento da necessidade do atendimento, a urgência e o grau de dificuldade do comportamento desse paciente é recomendado que o mesmo siga diretamente para atendimento a nível hospitalar.
Com relação ao funcionamento do serviço, este é realizado em quatro etapas: atendimento ambulatorial, em bloco cirúrgico sob sedação ou sob anestesia geral, acompanhamento pós-operatório com internação hospitalar de no mínimo 24 horas, e ainda acompanhamento posterior no ambulatório de egressos.
No atendimento ambulatorial inicial é realizada a consulta cuidadosa, onde é colhida toda a anamnese do paciente, história médica, diagnóstico clínico, e as queixas odontológicas. Após conhecer as demandas, também é solicitado, nesse momento, os exames necessários para realização dos procedimentos odontológicos. De maneira geral, são solicitados exames hematológicos (Hemograma, Coagulograma e Glicemia em jejum), para os pacientes com mais de 40 anos são solicitados exames mais específicos, como avaliação da função hepática (TGO e TGP), e função renal (ureia e creatinina). Pacientes com relato de diabetes, é solicitado exame de hemoglobina glicada, sempre sendo adaptado aos cuidados necessários a partir da condição sistêmica do paciente.
Nesse momento, também é solicitado exames para avaliação cardiológica como Eletrocardiograma (ECG), com solicitação de consulta para avaliação do cardiologista, estabelecendo o risco ao qual o paciente pode apresentar para o procedimento a ser realizado em bloco cirúrgico.
Figura 3. Acolhimento em ambulatório do SAOPE-HRA.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
Em casos de impossibilidade de coleta e realização dos exames solicitados de maneira convencional, esses pacientes são agendados e preparados para sedação em bloco cirúrgico, viabilizando a realização dos exames necessários para a garantia de segurança durante o atendimento. O hospital disponibiliza laboratório de análises clínicas, para coleta e realização dos exames hematológicos. Assim como, dispõe de médico cardiologista para avaliação do paciente, e emissão do parecer de risco cirúrgico dos pacientes assistidos pelo SAOPE.
Figura 4 e 5. Acolhimento de paciente e acompanhante em bloco cirúrgico para coleta de sob sedação.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
Após realização dos exames e avaliação dos resultados obtidos, o paciente torna-se apto a entrar na agenda de procedimentos cirúrgico-restaurador sob anestesia geral.
O atendimento cirúrgico-restaurador leva em consideração a promoção da saúde periodontal, reabilitação e cirurgias, configurando-se um atendimento integral que abrange todas áreas odontológicas em um único momento. Assim como, a humanização e acolhimento se faz presente em todas as etapas, permitindo ao acompanhante se manter presente, junto ao paciente, em todas as etapas desde o internamento até o pré-anestésico em bloco cirúrgico.
Para esse atendimento, o paciente e responsáveis recebem através de um documento as orientações pré-operatórias (Anexo A) e/ou (Anexo B), onde consta todos os detalhes e cuidados a serem tomados no período que antecede o procedimento sob anestesia geral. Assim como, é assinado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo C) e/ou (Anexo D) onde consta todos os riscos e benefícios inerentes ao procedimento proposto, e as possíveis complicações, permitindo a equipe atuar tendo o respaldo legal necessário.
Segundo dados fornecidos pela coordenação do serviço, o SAOPE apenas no primeiro semestre de 2023 realizou em média 72 atendimentos, sendo uma média de 12 atendimentos mensais, com número médio de 500 procedimentos realizados, dentre eles: raspagens supragengival e subgengival, profilaxia dentária, restauração em resina composta, reabilitação estético-funcional, selamentos, terapias endodônticas, cirurgias ressectivas periodontais como gengivectomia, gengivoplastia e aumento de coroa clínica, biópsias, exodontias de restos residuais, exodontias simples, exodontias de dentes inclusos, semi-inclusos e impactados e ressecção de tumores odontogênicos.
Figura 6. Aspecto imediato pós gengivectomia.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
Figura 7. Trans-operatório de terapia endodôntica em incisivos superiores.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
Figura 8. Enucleação de odontoma composto em região anterior de maxila.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
Após o procedimento em bloco cirúrgico o paciente é encaminhado ao centro de recuperação anestésica, onde um acompanhante permanece junto ao paciente até o despertar total da anestesia, juntamente com a equipe de enfermagem e anestesiologia. Posteriormente, o paciente é encaminhado a unidade de internação permanecendo sob o acolhimento de dois membros familiares, e caso não apresente intercorrências, recebe alta hospitalar no dia seguinte, já com o agendamento do ambulatório de egressos com retorno programado para 15 dias após (Anexo E). Em caso de pacientes que morem em cidades muito distantes, são contra referenciados para cirurgião-dentista da UBS mais próxima de sua residência, que avalia a evolução do caso e repassa as informações ao serviço para inclusão no sistema geral de agendamento hospitalar. Assim, a equipe de saúde bucal da UBS ficar responsável por fazer o gerenciamento e acompanhamento do mesmo.
Figura 9, 10, 11 e 12. Docente e discentes realizando procedimento cirúrgico-restaurador sob anestesia geral.
Fonte: Equipe de marketing SAOPE
O SAOPE tem como objetivo fomentar nos acadêmicos a participação em uma equipe multidisciplinar de forma humanizada, baseado em evidências científicas; estimular a participação nas tomadas de decisões da equipe do serviço; demonstrar e vivenciar a dinâmica de um trabalho institucional, reconhecendo-se como agente desse processo, integrando-se em atividades para manutenção, prevenção, proteção e recuperação da saúde em ambiente hospitalar. Os discentes durante o desenvolvimento das atividades são estimulados a prática odontológica em ambiente hospitalar, sendo apresentado a um ambiente diferente do que estão habituados, possibilitando a expansão do conhecimento e entendendo a sua importância na integração em uma equipe multidisciplinar.
Pode ser observado através dos 09 anos de implementação desse serviço SAOPE – HRA, a garantia de atendimento a pessoa com deficiência de forma contínua, humanizada e resolutiva. Procurando junto aos serviços de níveis diferentes de complexidade manter um canal de comunicação aberto e efetivo, visando garantir a pessoa com deficiência e seus familiares atenção centrada nas necessidades do paciente.
7. Considerações Finais
A experiência vivenciada durante o período de participação dos discentes no projeto de extensão acadêmica SAOPE, relatado por este trabalho, possibilitou identificar, por meio de uma análise crítico-reflexiva, a importância do exercício da prática odontológica voltada a pessoas com deficiência na atenção terciária em saúde, sob a perspectiva da integração ensino-serviço na qualificação de futuros cirurgiões-dentistas.
O contexto de integração ensino-serviço mostrou-se fundamental à formação discente, em especial quando se consideram os princípios do SUS e a necessidade de processos de ensino-aprendizagem que sejam capazes de qualificar e promover a formação mais completa ao perfil profissional almejado do cirurgião-dentista.
As experiências aqui relatadas, desenvolvidas no SAOPE, fundamentadas nessa integração ensino-serviço e nos princípios do SUS, mostraram-se como um valoroso espaço que contribui de forma significativa para a ampliação do cuidado e resolutividade do atendimento odontológico de toda rede de atenção à saúde, viabilizando o atendimento odontológico da pessoa com deficiência em âmbito hospitalar.
Serviços como o SAOPE, permitem assegurar a garantia de atendimento a pessoa com deficiência de forma contínua, humanizada e resolutiva. Procurando junto aos serviços de níveis diferentes de complexidade manter um canal de comunicação aberto e efetivo, visando garantir a pessoa com deficiência e seus familiares atenção centrada nas necessidades do paciente, funcionando como via de garantir diferentes níveis de proteção aos direitos humanos, de modo a impactar a forma como a sociedade enxerga o valor da pessoa com deficiência.
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