INOVAÇÕES E PERSPECTIVAS ATUAIS NA CIRURGIA DE COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR EM PEDIATRIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA EXPLORANDO ESTRATÉGIAS CIRÚRGICAS, TECNOLOGIAS EMERGENTES E IMPACTOS NOS DESFECHOS CLÍNICOS

INNOVATIONS AND CURRENT PERSPECTIVES IN VENTRICULAR SEPTAL DEFECT SURGERY IN PEDIATRICS: A SYSTEMATIC REVIEW EXPLORING SURGICAL STRATEGIES, EMERGING TECHNOLOGIES, AND IMPACTS ON CLINICAL OUTCOMES.

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10575663


Lívia Soares Amaral1
Eliab Batista Barros2
Iasmim Ianne Sousa Tavares3
José Antônio Storti Lopes Magnabosco4
Giovanna Severino da Silva Jaime5
Islenne martins Almeida Guimarães6
Athirson de Sousa Soares Silva7
Paulo Victor Moura Rodrigues8
Amanda Cristina Brasilio Rodrigues9
Amanda de Souza Maia10
Guilherme Coelho11


Resumo

A cirurgia de comunicação interventricular (CIV) em pediatria é uma área em constante evolução, impulsionada por inovações e perspectivas que buscam otimizar os resultados clínicos. Nesta revisão sistemática, exploraremos estratégias cirúrgicas, tecnologias emergentes e os impactos dessas intervenções nos desfechos clínicos, proporcionando uma visão abrangente das tendências atuais. A metodologia adotada para a elaboração da revisão sistemática sobre inovações e perspectivas atuais na cirurgia de comunicação interventricular em pediatria baseou-se em uma busca abrangente na base de dados PUBMED. Foram utilizados descritores MESH específicos, incluindo “Surgical Procedures, Operative” e “Heart Septal Defects, Ventricular Innovation”. Um total de 26 artigos foi identificado na pesquisa inicial. A estratégia de derivação ventrículo direito-artéria pulmonar (VD-AP) demonstrou eficácia no tratamento da comunicação interventricular e atresia pulmonar (CIV/AP) na adolescência, resultando em melhorias nos índices cardíacos e boa função cardíaca a médio prazo. Esses resultados reforçam a importância de abordagens cirúrgicas inovadoras para otimizar o tratamento de cardiopatias congênitas complexas, como a CIV/AP, proporcionando melhores perspectivas para os pacientes afetados.

Palavras-chave: Procedimentos cirúrgicos operatórios. Comunicação interventricular. Inovação.

1 INTRODUÇÃO

A cirurgia de comunicação interventricular (CIV) em pediatria é uma área em constante evolução, impulsionada por inovações e perspectivas que buscam otimizar os resultados clínicos. Nesta revisão sistemática, exploraremos estratégias cirúrgicas, tecnologias emergentes e os impactos dessas intervenções nos desfechos clínicos, proporcionando uma visão abrangente das tendências atuais (RÊGO et al., 2023).

A abordagem cirúrgica da CIV, uma condição caracterizada por uma abertura entre os ventrículos do coração, tem evoluído consideravelmente ao longo do tempo. Estratégias inovadoras, como técnicas minimamente invasivas, têm sido exploradas para reduzir o impacto da cirurgia e acelerar a recuperação. A busca por intervenções mais precisas e eficazes é uma constante, visando aprimorar a qualidade de vida dos pacientes pediátricos submetidos a esse procedimento (RÊGO et al., 2023).

Tecnologias emergentes desempenham um papel fundamental nesse cenário. Avanços em imagens médicas, como a ultrassonografia intraoperatória, permitem uma visualização mais precisa da anatomia cardíaca durante a cirurgia, contribuindo para decisões mais informadas. Além disso, a incorporação de técnicas de realidade virtual e impressão 3D oferece oportunidades inovadoras para o planejamento pré-operatório personalizado e a simulação de procedimentos complexos (BARROS et al., 2023).

Os impactos nos desfechos clínicos são de suma importância na avaliação da eficácia das intervenções cirúrgicas. A redução da morbidade, complicações pós-operatórias e a melhoria na sobrevida são métricas cruciais. A revisão sistemática analisará estudos que investigam desfechos a curto e longo prazo, fornecendo uma compreensão abrangente do sucesso e dos desafios associados às estratégias cirúrgicas em vigor (BARROS et al., 2023)

Esta revisão sistemática visa não apenas compilar dados existentes, mas também destacar lacunas de conhecimento e áreas que necessitam de pesquisas futuras. A compreensão abrangente das inovações e perspectivas atuais na cirurgia de CIV pediátrica é essencial para orientar profissionais de saúde, pesquisadores e tomadores de decisão na busca pela excelência no cuidado a crianças com essa condição cardíaca complexa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

A comunicação interventricular é uma condição cardíaca congênita caracterizada pela presença de uma abertura entre os ventrículos esquerdo e direito do coração. Esta anomalia ocorre durante o desenvolvimento fetal, quando o septo interventricular, a estrutura que separa os ventrículos, não se forma adequadamente, resultando em uma comunicação direta entre essas câmaras cardíacas (BARROS et al., 2023).

A prevalência da CIV varia em todo o mundo, sendo uma das malformações cardíacas mais comuns em recém-nascidos. Estudos indicam uma incidência significativa, afetando aproximadamente 2 a 6 bebês a cada 1.000 nascidos vivos. Esses números destacam a importância da compreensão da CIV, dada sua relevância clínica e impacto na saúde pediátrica (RÊGO et al., 2023).

O perfil do paciente com CIV abrange uma ampla faixa etária, pois essa condição pode ser identificada ainda durante o período gestacional ou manifestar-se nos primeiros meses de vida. No entanto, a CIV é frequentemente diagnosticada em crianças, especialmente durante os primeiros anos de vida. O acompanhamento pediátrico é crucial, permitindo a identificação precoce e o gerenciamento adequado da condição (RÊGO et al., 2023)

O quadro clínico associado à CIV pode variar em gravidade, dependendo do tamanho e localização da abertura no septo interventricular. Em casos menos severos, os sintomas podem ser mínimos ou ausentes, com alguns pacientes permanecendo assintomáticos por longos períodos. Em contrastante, CIVs maiores podem resultar em sintomas mais pronunciados, como dificuldade respiratória, fadiga, ganho insuficiente de peso e sudorese durante a alimentação (RÊGO et al., 2023)

Complicações relacionadas à CIV podem incluir aumento do risco de infecções respiratórias, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar. A avaliação clínica e diagnóstico precoces são cruciais para iniciar intervenções terapêuticas apropriadas e mitigar potenciais complicações (FERREIRA et al., 2023).

O diagnóstico da CIV muitas vezes é realizado através de exames de imagem, como ecocardiografia, que permite uma visualização detalhada da anatomia cardíaca. Além disso, em alguns casos, a CIV pode ser identificada durante o exame pré-natal, possibilitando o planejamento antecipado do tratamento (FERREIRA et al., 2023).

O tratamento da CIV pode variar de acordo com a gravidade da condição. Enquanto algumas CIVs podem fechar espontaneamente durante o crescimento da criança, casos mais complexos podem exigir intervenção cirúrgica. As inovações e perspectivas atuais na cirurgia de CIV pediátrica, objeto desta revisão sistemática, refletem os avanços contínuos na abordagem dessa condição, visando resultados clínicos mais eficazes e melhoria na qualidade de vida dos pacientes (FERREIRA et al., 2023).

Em resumo, a CIV é uma malformação cardíaca congênita prevalente em todo o mundo, com um perfil de pacientes que abrange desde o período neonatal até a infância. O quadro clínico pode variar em intensidade, destacando a necessidade de diagnóstico precoce e acompanhamento cuidadoso para garantir a gestão adequada da condição. A compreensão abrangente da CIV, incluindo seus aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos, é crucial para oferecer uma visão holística dessa condição cardíaca complexa (FERREIRA et al., 2023).

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para a elaboração da revisão sistemática sobre inovações e perspectivas atuais na cirurgia de comunicação interventricular em pediatria baseou-se em uma busca abrangente na base de dados PUBMED. Foram utilizados descritores MESH específicos, incluindo “Surgical Procedures, Operative” e “Heart Septal Defects, Ventricular Innovation”. Um total de 26 artigos foi identificado na pesquisa inicial.

Após a análise dos títulos, 10 artigos foram selecionados, enquanto 10 foram excluídos por não se alinharem com a temática proposta. Posteriormente, a leitura dos resumos levou à exclusão de mais 6 artigos, mantendo-se apenas os 10 artigos mais pertinentes para a revisão.

A busca adicional foi realizada no Google Acadêmico, onde foram identificados e utilizados 3 artigos adicionais que forneceram fundamentação adicional ao trabalho. A escolha desses artigos foi baseada em sua relevância para o tema, qualidade metodológica e contribuição para as inovações e perspectivas na cirurgia de comunicação interventricular em pediatria.

Destaca-se que o filtro temporal considerou apenas artigos publicados nos últimos 10 anos, garantindo a inclusão de informações atualizadas. A combinação de ambas as fontes de pesquisa fortaleceu a abordagem abrangente da revisão bibliográfica, proporcionando uma análise crítica e aprofundada das estratégias cirúrgicas, tecnologias emergentes e impactos nos desfechos clínicos nesta área específica da pediatria cardíaca.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A correção da ruptura no septo ventricular possui uma taxa elevada de mortalidade durante a operação. Pacientes que recebem suporte de balão intra-aórtico antes ou durante a operação, apresentam disfunção na parte direita do ventrículo no momento da intervenção, possuem defeitos na região posterior ou passam por correção de emergência do VSR têm maior risco de mortalidade durante a operação (MATTEUCCI et al., 2020).

Três pacientes, com idades entre 2 meses e 13 anos, foram submetidos a uma operação para corrigir múltiplos defeitos septais ventriculares trabeculares musculares apicais (conhecidos como “queijo suíço”) (PEREZ-NEGUERUELA et al., 2017).

A técnica utilizada excluiu o ápice do ventrículo direito. Os defeitos foram abordados por meio de atriotomia direita. O novo método de fechamento de grandes defeitos do septo ventricular apical, usando a abordagem transatrial direita com sutura em bolsa de polipropileno 5-0 ou um procedimento de dois remendos, demonstrou ser eficaz, sem defeitos residuais persistentes e sem as desvantagens associadas à ventriculotomia (PEREZ-NEGUERUELA et al., 2017).

A minitoracotomia transversal axilar direita, embora não convencional para reparo de comunicação interventricular, foi otimizada por uma nova manobra cirúrgica. Essa técnica, aplicada em 21 pacientes com idade mediana de 5 meses, proporcionou exposição adequada da CIV perimembranosa sem a necessidade de descolamento do folheto da válvula tricúspide. A exposição alcançada foi comparável à esternotomia mediana, permitindo o reparo seguro das CIV perimembranosas utilizando suturas convencionais através da minitoracotomia transversa axilar direita, a partir dos 2 meses de idade (BABLIAK et al., 2022).

Avaliou-se a utilidade de um modelo tridimensional impresso (modelo 3D) no planejamento cirúrgico para um caso complexo de comunicação interventricular múltipla, conhecido como septo de queijo suíço. Uma paciente de 3 meses, diagnosticada com múltiplas CIV apicais no septo trabecular, CIV perimembranosa e comunicação interatrial, foi encaminhada para intervenção cirúrgica devido a insuficiência cardíaca congestiva (MENDEZ et al., 2018).

O modelo 3D, criado a partir de imagens de tomografia computadorizada, facilitou a identificação do número, origens e saídas das CIV apicais, além de orientar as decisões sobre a resseção septal e o tamanho do remendo. A abordagem cirúrgica foi replicada com sucesso, resultando em boa função do ventrículo direito e ausência de CIVs residuais, conforme avaliação por ecocardiografia transesofágica. A utilização do modelo 3D permitiu uma avaliação direta da anatomia, otimizando a abordagem cirúrgica e reduzindo complicações e defeitos residuais (MENDEZ et al., 2018).

A utilização de prototipagem rápida para criar modelos anatômicos específicos do paciente demonstrou ser valiosa no planejamento cirúrgico e intervencionista em doenças cardíacas congênitas. Seis pacientes com anatomia complexa foram incluídos no estudo, e modelos 3D foram gerados a partir de dados de tomografia computadorizada ou ressonância magnética (BHATLA et al., 2017).

Os modelos auxiliaram na orientação de decisões de manejo, sendo cruciais em casos de comunicação interventricular muscular complexa (CMVSD) e dupla via de saída do ventrículo direito (DORV). O uso desses modelos resultou em fechamento bem-sucedido de CMVSD com dispositivo endovascular, correção cirúrgica de CMVSD e otimização do plano cirúrgico para casos de DORV. Os modelos 3D específicos do paciente mostraram-se promissores na definição precisa da anatomia intracardíaca, oferecendo informações cruciais para o manejo intervencionista e o planejamento cirúrgico em doenças cardíacas congênitas complexas (BHATLA et al., 2017).

Quadro 1 – Síntese da primeira metade dos artigos analisados

Nome do artigoTipo de estudoDesfecho
1. Reparo Cirúrgico de Ruptura do Septo Ventricular Pós-infarto: Revisão Sistemática e MetanáliseRevisão sistemática e metanáliseA correção da ruptura no septo ventricular apresenta alta mortalidade operatória, especialmente em pacientes com suporte de balão intra-aórtico pré ou perioperatório, disfunção ventricular direita na apresentação, defeitos posteriores ou correção emergencial do da ruptura do septo ventricular.
 
2.Fechamento cirúrgico de múltiplos defeitos septais ventriculares apicais grandes: como fazemosRelato de experiênciaTrês pacientes, com idades entre 2 meses e 13 anos, foram operados para corrigir múltiplos defeitos septais ventriculares apicais (“queijo suíço”). A técnica utilizada excluiu o ápice do ventrículo direito, abordando os defeitos por atriotomia direita. O novo método de fechamento de grandes defeitos do septo ventricular apical, usando a abordagem transatrial direita, demonstrou eficácia sem defeitos residuais persistentes e sem as desvantagens da ventriculotomia.
   
3. Manobra cirúrgica para exposição de defeito do septo ventricular durante cirurgia cardíaca congênita por meio de minitoracotomia transversa axilar direitaInovaçãoNova técnica de minitoracotomia transversal axilar direita otimiza o reparo de CIV em 21 pacientes (idade média: 5 meses). Sem descolamento do folheto da válvula tricúspide, a exposição eficaz da CIV perimembranosa foi comparável à esternotomia mediana. Reparos seguros, usando suturas convencionais, foram realizados a partir dos 2 meses de idade.
   
4. Defeitos septais ventriculares musculares apicais: estratégia cirúrgica usando modelo impresso tridimensionalRelatos de casosUm modelo 3D impresso foi utilizado para planejar a cirurgia em uma paciente de 3 meses com múltiplas CIV. Baseado em imagens de tomografia computadorizada, o modelo 3D facilitou a identificação e abordagem cirúrgica das CIV. A cirurgia, replicada com sucesso, resultou em boa função ventricular direita e ausência de CIV residual. O uso do modelo 3D otimizou o procedimento, reduzindo complicações e defeitos residuais.
   
5. Utilidade e escopo da prototipagem rápida em pacientes com defeitos septais ventriculares musculares complexos ou ventrículo direito com saída dupla: isso altera as decisões de manejo?Artigo originalA prototipagem rápida de modelos 3D específicos do paciente foi valiosa no planejamento cirúrgico para doenças cardíacas congênitas complexas. Em seis casos, os modelos guiaram decisões cruciais para CIV muscular complexa  e dupla via de saída do ventrículo direito, resultando em procedimentos bem-sucedidos. Essa abordagem mostra promessa para melhorar a compreensão e orientar intervenções cirúrgicas em casos complexos de doenças cardíacas congênitas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Descobertas recentes revelam avanços significativos nas intervenções híbridas em doenças cardíacas congênitas. As primeiras experiências incluíram o implante intraoperatório de stent em artérias pulmonares e o fechamento de defeitos do septo ventricular com dispositivos perventriculares (BEARL et al., 2017).

Atualmente, as intervenções híbridas concentram-se em abordagens para bebês com síndrome do coração esquerdo hipoplásico no estágio 1, assim como em abordagens para a substituição transcateter da válvula pulmonar em pacientes de todas as idades (BEARL et al., 2017).

Essas abordagens, menos invasivas, têm se mostrado cruciais no tratamento de doenças cardíacas congênitas complexas. A pesquisa futura provavelmente se concentrará no desenvolvimento de novos procedimentos híbridos para aprimorar ainda mais os cuidados nesse campo (BEARL et al., 2017).

Oclusão percutânea de comunicações interventriculares perimembranosas usando dispositivos perventriculares, sem circulação extracorpórea, demonstra segurança e eficácia tanto com oclusores simétricos quanto assimétricos (OU-YANG et al., 2017).

Contudo, a presença persistente de shunt e uma maior incidência de bloqueio de ramo associadas aos oclusores assimétricos sugerem que uma abordagem mais proativa para o reparo cirúrgico imediato pode ser favorecida quando há shunt residual intraoperatório (OU-YANG et al., 2017).

A atresia pulmonar com comunicação interventricular e grandes artérias colaterais aortopulmonares (PA/VSD/MAPCAs) é uma rara e complexa lesão cardíaca congênita com histórico de prognóstico desfavorável. Apesar dos avanços no manejo cirúrgico, a população afetada ainda enfrenta desafios devido à complexidade anatomofisiológica associada ao PA/VSD/MAPCA (PRESNELL et al., 2015).

Este resumo, apresentado durante uma sessão de enfermagem no Encontro de 2014 da Pediatric Cardiac Intensive Care Society, oferece uma visão geral para profissionais em unidades de terapia intensiva cardíaca que têm menos experiência com essa lesão. Abordamos anatomia, fisiologia, cirurgia, estratégias pós-operatórias e opções de intervenção com cateter cardíaco para PA/VSD/MAPCAs. Também discutimos inovações recentes que podem contribuir para melhorias contínuas nos resultados para essa desafiadora população de pacientes (PRESNELL et al., 2015).

A simulação computacional com um modelo tridimensional cardíaco pode aprimorar o tratamento de doenças cardíacas congênitas complexas por meio de avaliações pré-operatórias detalhadas. Foi desenvolvido um modelo para uma cardiopatia específica, utilizando imagens de tomografia computadorizada pré-operatórias. Duas simulações cirúrgicas in silico foram realizadas, mostrando concordância com registros clínicos. Este modelo in silico integra modelos moleculares de função cardíaca, reproduzindo com sucesso a fisiopatologia observada. Simulações pós-operatórias podem orientar decisões clínicas (KARIYA et al., 2020).

A estratégia de manejo para pacientes com comunicação interventricular e atresia pulmonar (CIV/AP) e artérias pulmonares hipoplásicas na adolescência é uma área controversa. Uma experiência envolvendo 25 pacientes submetidos à derivação ventrículo direito-artéria pulmonar (VD-AP) sem válvula foi realizada entre janeiro de 2014 e abril de 2018. O shunt VD-AP foi dimensionado como metade do diâmetro esperado da artéria pulmonar principal (PATEL et al., 2019).

A média de idade foi 12,25 ± 3,18 anos, com uma mortalidade precoce e uma mortalidade interestágio. Os resultados mostraram aumento significativo nos índices de Nakata e McGoon no acompanhamento interestágio. Não houve complicações graves, como insuficiência renal aguda, disfunção ventricular ou arritmias. A resistência vascular pulmonar pré-reparo e a relação entre as pressões dos ventrículos direito e esquerdo pós-reparo também foram avaliadas (PATEL et al., 2019). 

O acompanhamento de médio prazo indicou resultados favoráveis, com a maioria dos pacientes em classe funcional NYHA I. A abordagem do shunt VD-AP de tamanho adequado mostrou-se eficaz para promover o crescimento equilibrado da artéria pulmonar em casos de CIV/AP com artérias pulmonares hipoplásicas na adolescência, sem complicações significativas (PATEL et al., 2019).

Quadro 2 – Síntese da metade final dos artigos analisados

NOME DO ARTIGON%
Nome do artigoTipo de estudoDesfecho
1.Utilizando técnicas híbridas para maximizar os resultados clínicos em doenças cardíacas congênitasArtigo de análise
Avanços recentes nas intervenções híbridas para doenças cardíacas congênitas destacam abordagens menos invasivas, como stents e fechamento de defeitos do septo ventricular. Focos atuais incluem síndrome do coração esquerdo hipoplásico e substituição transcateter da válvula pulmonar em todas as idades. Essas alternativas indicam um campo em evolução para tratamento de doenças cardíacas congênitas.
 
2. Fechamento com dispositivo perventricular de comunicação interventricular perimembranosa: eficácia de oclusores simétricos e assimétricosArtigo originalFechamento percutâneo seguro e eficaz de comunicações interventriculares perimembranosas com dispositivos perventriculares, sem circulação extracorpórea. Oclusores simétricos e assimétricos são utilizados, mas a persistência do shunt e maior incidência de bloqueio de ramo com oclusores assimétricos indicam preferência por reparo cirúrgico imediato nessas situações.


   
3. Uma Visão Geral da Atresia Pulmonar e das Principais Artérias Colaterais AortopulmonaresArtigo de análiseAtresia pulmonar com comunicação interventricular e grandes artérias colaterais aortopulmonares  é uma rara e complexa lesão cardíaca congênita. Apesar do histórico desfavorável, avanços cirúrgicos têm melhorado os resultados
   
4. Simulação cardíaca perioperatória personalizada multiescala e multifísica do ventrículo direito de saída duplaArtigo original
A simulação computacional com um modelo cardíaco tridimensional ajuda no tratamento de doenças cardíacas congênitas complexas, possibilitando avaliações pré-operatórias detalhadas. Desenvolvemos um modelo específico para uma cardiopatia, utilizando imagens de tomografia computadorizada. Simulações cirúrgicas in silico foram concordantes com registros clínicos, integrando modelos moleculares e reproduzindo a fisiopatologia observada. Essa abordagem pode guiar decisões clínicas pós-operatórias.
   
5. Resultado de médio prazo do shunt do ventrículo direito para a artéria pulmonar para crianças mais velhas e adultos jovens com defeito do septo ventricular, atresia pulmonar e artérias pulmonares hipoplásicasArtigo originalA estratégia de derivação ventrículo direito-artéria pulmonar (VD-AP) para pacientes com comunicação interventricular e atresia pulmonar (CIV/AP) na adolescência foi eficaz em 25 casos. O uso de shunt VD-AP adequado resultou em aumento nos índices de Nakata e McGoon a médio prazo, sem complicações graves. A maioria dos pacientes manteve boa função cardíaca (NYHA I) ao longo do tempo, destacando a eficácia dessa abordagem para promover o crescimento equilibrado da artéria pulmonar.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estratégia de derivação ventrículo direito-artéria pulmonar (VD-AP) demonstrou eficácia no tratamento da comunicação interventricular e atresia pulmonar (CIV/AP) na adolescência, resultando em melhorias nos índices cardíacos e boa função cardíaca a médio prazo. Esses resultados reforçam a importância de abordagens cirúrgicas inovadoras para otimizar o tratamento de cardiopatias congênitas complexas, como a CIV/AP, proporcionando melhores perspectivas para os pacientes afetados.

REFERÊNCIAS

Babliak, O., Demianenko, V., Babliak, D., & Marchenko, A. (2022). Surgical Maneuver for Ventricular Septal Defect Exposure During Congenital Heart Surgery Through the Right Axillary Transverse Minithoracotomy. Innovations (Philadelphia), 17(5), 438-441. DOI: 10.1177/15569845221129347. Disponível em: PubMed

BARROS, Eliab Batista et al. Perfil epidemiológico de nascidos vivos com cardiopatia congênita nas regiões brasileiras. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 5, p. 2316-2328, 2023. Disponível: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/792.

Bearl, D. W., & Fleming, G. A. (2017). Utilizing Hybrid Techniques to Maximize Clinical Outcomes in Congenital Heart Disease. Current Cardiology Reports, 19(8), 72. DOI: 10.1007/s11886-017-0878-2. Disponível em: PubMed

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FERREIRA, Luana Melo et al. Nascidos vivos com comunicação interventricular: estudo epidemiológico. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 5, p. 4106-4115, 2023. Disponível: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/967.

Kariya, T., Washio, T., Okada, J. I., Nakagawa, M., Watanabe, M., Kadooka, Y., … & Hisada, T. (2020). Personalized Perioperative Multi-scale, Multi-physics Heart Simulation of Double Outlet Right Ventricle. Annals of Biomedical Engineering, 48(6), 1740-1750. DOI: 10.1007/s10439-020-02488-y. Disponível em: PubMed

Matteucci M, Ronco D, Corazzari C, Fina D, Jiritano F, Meani P, Kowalewski M, Beghi C, Lorusso R. Surgical Repair of Postinfarction Ventricular Septal Rupture: Systematic Review and Meta-Analysis. Ann Thorac Surg. 2021 Jul;112(1):326-337. doi: 10.1016/j.athoracsur.2020.08.050. Epub 2020 Nov 4. PMID: 33157063. Disponível: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33157063/.

Mendez, A., Gomez-Ciriza, G., Raboisson, M. J., Rivas, J., Ordoñez, A., Poirier, N., & Valverde, I. (2018). Apical Muscular Ventricular Septal Defects: Surgical Strategy Using Three-Dimensional Printed Model. Seminars in Thoracic and Cardiovascular Surgery, 30(4), 450-453. DOI: 10.1053/j.semtcvs.2018.07.002. Disponível em: PubMed

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Patel, K., Rajan, S. K., Garg, P., Gajjar, T., Mishra, A., Kumar, R., … & Patel, S. (2019). Mid-Term Outcome of Right Ventricle to Pulmonary Artery Shunt for Older Children and Young Adults With Ventricular Septal Defect, Pulmonary Atresia, and Hypoplastic Pulmonary Arteries. Seminars in Thoracic and Cardiovascular Surgery, 31(4), 837-844. DOI: 10.1053/j.semtcvs.2019.05.014. Disponível em: PubMed

Perez-Negueruela, C., Carretero, J., Mayol, J., & Caffarena, J. M. (2017). Surgical closure of multiple large apical ventricular septal defects: how we do it. Cardiology in the Young, 27(3), 588-591. DOI: 10.1017/S1047951116001517. Disponível em: PubMed

Presnell, L. B., Blankenship, A., Cheatham, S. L., Owens, G. E., & Staveski, S. L. (2015). An Overview of Pulmonary Atresia and Major Aortopulmonary Collateral Arteries. World Journal for Pediatric and Congenital Heart Surgery, 6(4), 630-639. DOI: 10.1177/2150135115598559. Disponível em: PubMed

RÊGO, Hosana Maria Araújo et al. Tetralogia de Fallot no Brasil: compreendendo a existência. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 5, p. 4325-4333, 2023. Disponível: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/961.


1Acadêmica de Medicina pela Faculdades Pequeno Príncipe
https://orcid.org/0000-0001-6743-8582

2Acadêmico de Medicina pela Universidade Federal de Alagoas
https://orcid.org/0000-0001-6842-9653

3Acadêmica de Medicina pela Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR
https://orcid.org/0000-0003-2350-874X

4Acadêmico de Medicina pela Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR

5Acadêmica de Medicina pela Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR
https://orcid.org/0000-0001-7847-9515

6Acadêmico de Medicina pela Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR
https://orcid.org/0000-0001-8234-0217

7Acadêmico de Medicina pela Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR
https://orcid.org/0000-0002-4772-1054

8Acadêmico de Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande
https://orcid.org/0009-0004-9631-8052

9Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Nove de Julho – Uninove

10 Médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
https://orcid.org/0009-0002-6732-562X

11 Médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul