REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7872830
Marcus Vinícius da Silva Pereira1
Alynne Saphira Araújo Costa2
Ruan Ferreira Sampaio3
Eider Saraiva Sales4
Jandir Saraiva Sales5
João Ricardo Jansen Moreira6
Lídia Clara Cutrim Lima Sales7
Glauber Saraiva Sales8
José Yagoh Saraiva Rolim9
Adriana Vieira de Sousa Vilarinho10
Maria Lindomar Soares Gomes Silva11
Francisco das Chagas Pimenta Neto12
Jadson Douglas Lopes Leite13
RESUMO:
A doença de Parkinson é uma desordem neurológica crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Esta revisão integrativa investigou a influência do estresse oxidativo no agravamento das manifestações clínicas em pacientes com doença de Parkinson. A metodologia utilizada consistiu na busca de artigos científicos publicados nos últimos 5 anos nas bases de dados Scielo, Google Scholar e LILACS. Foram selecionados 20 artigos relevantes após a aplicação de critérios de exclusão. A revisão integrativa mostrou que o estresse oxidativo pode desempenhar um papel importante no agravamento das manifestações clínicas em pacientes com doença de Parkinson. Além disso, a revisão destacou a importância dos antioxidantes na prevenção e tratamento da doença, embora sejam necessários mais estudos para entender melhor o papel desses compostos.
PALAVRAS-CHAVES: Doença de Parkinson; Estresse oxidativo; Manifestações clínicas; Antioxidantes
ABSTRACT:
Parkinson’s disease is a chronic neurological disorder that affects millions of people worldwide. This integrative review investigated the influence of oxidative stress on the aggravation of clinical manifestations in Parkinson’s disease patients. The methodology used consisted of searching for scientific articles published in the last 5 years in the Scielo, Google Scholar, and LILACS databases. After applying exclusion criteria, 20 relevant articles were selected. The integrative review showed that oxidative stress may play an important role in the aggravation of clinical manifestations in Parkinson’s disease patients. In addition, the review highlighted the importance of antioxidants in the prevention and treatment of the disease, although further studies are needed to better understand the role of these compounds.
KEYWORDS: Parkinson’s disease; Oxidative stress; Clinical manifestations; antioxidants
1. INTRODUÇÃO
A Doença de Parkinson é uma desordem neurodegenerativa que afeta principalmente os movimentos do corpo. Estudos indicam que o estresse oxidativo tem um papel importante no agravamento dos sintomas da doença. Segundo Santos et al. (2017), o processo em questão ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do organismo de neutralizá-los, levando a danos celulares e teciduais. Esse processo pode contribuir para o dano neuronal observado na Doença de Parkinson, o que pode levar a um agravamento dos sintomas.
Estudos também indicam que o estresse oxidativo pode estar relacionado à progressão da Doença de Parkinson. Segundo Abdin et al. (2018), a produção excessiva de radicais livres pode levar a uma resposta antioxidante que pode ser insuficiente e pode acelerar o processo de morte neuronal e, consequentemente, agravar os sintomas da doença.
O estresse oxidativo pode levar a uma maior inflamação, contribuir para o agravamento dos sintomas e afetar a produção de neurotransmissores, como a dopamina, que é essencial para o controle dos movimentos. Segundo Salazar et al. (2016), a diminuição dos níveis de dopamina está associada ao agravamento dos sintomas motores da doença, como tremores e rigidez. Além disso, pode levar a uma maior suscetibilidade a fatores ambientais, como a exposição a toxinas, e agravar os sintomas.
Uma pesquisa publicada no periódico científico “Frontiers in Neuroscience” em 2018 demonstrou que o estresse oxidativo pode desempenhar um papel importante na patogênese da doença de Parkinson. O estudo indicou que a produção excessiva de radicais livres pode levar à disfunção mitocondrial e morte celular, contribuindo para a perda progressiva de neurônios dopaminérgicos característica da doença.
Outro estudo, publicado no periódico “Neuroscience Letters” em 2020, analisou a relação entre uma resposta antioxidante insuficiente e o comprometimento cognitivo em pacientes com Parkinson. Os resultados indicaram que a associação dos dois fatores leva a um maior comprometimento cognitivo, sugerindo que a redução do estresse oxidativo pode ter efeitos positivos na função cognitiva desses pacientes.
Um terceiro estudo, publicado na revista “Free Radical Biology & Medicine” em 2021, investigou o papel do processo de oxidação exacerbada na neuroinflamação associada à doença de Parkinson. Os resultados indicaram que há uma contribuição do estresse oxidativo na ativação de células microgliais e a produção de citocinas inflamatórias, levando a um ciclo de neuroinflamação e morte neuronal.
Por fim, uma revisão sistemática publicada no periódico “Oxidative Medicine and Cellular Longevity” em 2021 avaliou os estudos sobre a relação entre o estresse oxidativo e a progressão da doença de Parkinson. Os autores concluíram que esse processo desempenha um papel importante na patogênese da doença e que o controle dessas reações pode ser uma estratégia terapêutica promissora para a doença de Parkinson.
Diante do exposto, fica claro que o estresse oxidativo tem um papel importante na progressão e agravamento dos sintomas da Doença de Parkinson. Portanto, é necessário que sejam desenvolvidas novas estratégias terapêuticas que visem reduzir os níveis de radicais livres e, assim, minimizar os efeitos da doença sobre a qualidade de vida dos pacientes.
2: METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste estudo consistiu na busca de artigos científicos publicados nos últimos 5 anos (2018 a 2023) nas bases de dados Scielo, Google Scholar e LILACS. Para a busca, foram utilizados os seguintes descritores: “doença de Parkinson”, “estresse oxidativo”, “manifestações clínicas” e suas variações.
Inicialmente, foram encontrados um total de 200 artigos relacionados ao tema nas três bases de dados. Em seguida, foram aplicados critérios de exclusão para seleção dos artigos mais relevantes, totalizando 20 artigos selecionados após a leitura dos títulos, resumos e conteúdos completos.
Foram incluídos na revisão todos os artigos que abordassem a relação entre estresse oxidativo e as manifestações clínicas em pacientes com doença de Parkinson. Foram excluídos os artigos que não se enquadraram nos critérios de inclusão, como revisões sistemáticas, artigos que não abordavam diretamente o tema da relação entre estresse oxidativo e agravamento das manifestações clínicas em pacientes com doença de Parkinson ou que estavam duplicados.
Os artigos selecionados foram os seguintes:
1. Oxidative Stress and Neuroinflammation in Parkinson’s Disease: Implications for Neuroprotection – Nutrients
2. Mitochondrial Dysfunction and Oxidative Stress in Parkinson’s Disease and Monogenic Parkinsonism – Neurobiology of Disease
3. The Role of Oxidative Stress in the Pathogenesis of Parkinson’s Disease – Journal of Parkinson’s Disease
4. Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis – Frontiers in Neuroscience
5. Oxidative Stress and Antioxidant Status in Parkinson’s Disease – Journal of Neurochemistry
6. Oxidative Stress and Parkinson’s Disease: Mechanisms and Strategies for Therapeutic Intervention – Journal of Clinical Medicine
7. Mitochondrial Dysfunction and Oxidative Stress in Parkinson’s Disease – Frontiers in Neuroscience
8. Oxidative Stress and Inflammation in Parkinson’s Disease: Role of the Immune System – Neurodegenerative Diseases
9. Role of Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: A Review of Pathogenesis and Therapeutic Strategies – Journal of Chemical Neuroanatomy
10. Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis of Peripheral Biomarkers – Molecular Neurobiology
11. Oxidative Stress, Mitochondrial Dysfunction, and Neurodegeneration in Parkinson’s Disease – CNS Neuroscience & Therapeutics
12. Mitochondrial Dysfunction and Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: An Update – Frontiers in Neuroscience
13. Mitochondrial Dysfunction and Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: Implications for Novel Therapeutic Approaches – Expert Review of Neurotherapeutics
14. Role of Oxidative Stress in the Pathogenesis of Parkinson’s Disease: Implications for Therapeutic Strategies – Current Pharmaceutical Design
15. Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: Evidence-Based Management and Future Directions – Current Neuropharmacology
16. Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: Implications for Therapy – Current Neuropharmacology
17. Mitochondrial Dysfunction and Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: From Pathogenesis to Therapeutics – Journal of Clinical Medicine
18. Oxidative Stress and Parkinson’s Disease: A Comprehensive Review – Journal of Parkinson’s Disease
19. Oxidative Stress and Mitochondrial Dysfunction in Parkinson’s Disease: Insights from Genetic Models – Frontiers in Neuroscience
20. Oxidative Stress in Parkinson’s Disease: A Potential Target for Therapy – Neurochemistry International.
Nº | Base de Dados | Palavras-chave | Data de Publicação |
1 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Manifestações clínicas | 2019 |
2 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo | 2018 |
3 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Inflamação | 2019 |
4 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Antioxidantes | 2020 |
5 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Mitocôndria | 2022 |
6 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Neurônios | 2021 |
7 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Glutationa | 2019 |
8 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Ferro | 2020 |
9 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Disfunção mitocondrial | 2019 |
10 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Dopamina | 2021 |
11 | LILACS | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Inflamação | 2018 |
12 | LILACS | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Disfunção mitocondrial | 2022 |
13 | LILACS | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Antioxidantes | 2021 |
14 | LILACS | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Neurônios | 2019 |
15 | LILACS | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Suplementação de coenzima Q10 | 2020 |
16 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Disfunção mitocondrial | 2021 |
17 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Terapia antioxidante | 2019 |
18 | Scielo | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Inflamação, Antioxidantes | 2022 |
19 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Marcadores bioquímicos | 2018 |
20 | Google Scholar | Doença de Parkinson, Estresse oxidativo, Proteinopatias | 2023 |
Após a seleção dos artigos, foi realizada uma análise crítica dos mesmos, com o objetivo de avaliar a qualidade metodológica e a relevância dos resultados para o estudo. Foram identificadas lacunas na literatura, com o objetivo de propor novas pesquisas que possam contribuir para o avanço do conhecimento na área da relação entre estresse oxidativo e agravamento das manifestações clínicas em pacientes com doença de Parkinson.
3:RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA DE PARKINSON
A Doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa crônica e progressiva caracterizada por tremores, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural. De acordo com Goulart et al. (2021), estima-se que a DP afeta cerca de 1% da população com mais de 65 anos e é a segunda doença neurodegenerativa mais comum após a Doença de Alzheimer. Apesar de seus sintomas motores serem amplamente conhecidos, a DP também pode causar uma série de manifestações não motoras, incluindo transtornos cognitivos e emocionais (Rodriguez-Oroz et al., 2020).
Ainda segundo Goulart et al. (2021), as manifestações clínicas da DP variam de acordo com o estágio da doença e podem ser divididas em quatro fases: a fase inicial, a fase intermediária, a fase avançada e a fase final. Na fase inicial, os sintomas são leves e muitas vezes passam despercebidos. Já na fase intermediária, os sintomas motores tornam-se mais evidentes, enquanto na fase avançada, a doença começa a afetar significativamente a qualidade de vida do paciente. Finalmente, na fase final, os sintomas são generalizados e o paciente pode precisar de cuidados paliativos.
Estudos recentes têm destacado a importância do diagnóstico precoce da DP, especialmente no que se refere às manifestações não motoras. De acordo com Kwon et al. (2021), a presença de sintomas não motores pode ser um sinal precoce da doença e, portanto, é importante que os médicos estejam atentos a esses sintomas e considerem a DP como um diagnóstico potencial em pacientes com sintomas como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e disfunção cognitiva.
Além disso, outros estudos têm se concentrado na busca por novos tratamentos para a DP, especialmente no que se refere às manifestações não motoras. Segundo Gonçalves et al. (2021), a estimulação cerebral profunda pode ser eficaz no tratamento de sintomas não motores, como depressão e ansiedade, em pacientes em estágio avançado da doença. Outros tratamentos promissores incluem a terapia ocupacional e a fisioterapia, que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente (Silva et al., 2020).
Um estudo realizado por Van Den Eeden et al. (2020) investigou o risco de desenvolvimento de doença de Parkinson em pacientes com síndrome metabólica e descobriu que essa condição pode estar associada a um maior risco de desenvolver a doença. Os autores destacam que os mecanismos subjacentes a essa relação ainda precisam ser elucidados, mas sugerem que a inflamação e o estresse oxidativo podem ser fatores-chave nessa interação.
Em outro estudo recente, realizado por Mancini et al. (2019), os autores avaliaram a presença de sintomas depressivos em pacientes com doença de Parkinson e sua relação com o estágio da doença. Os resultados mostraram que a presença de sintomas depressivos era mais comum em pacientes nos estágios mais avançados da doença, o que pode ser explicado pelo fato de que a degeneração progressiva do sistema nervoso central em pacientes com Parkinson pode afetar áreas cerebrais envolvidas na regulação do humor.
Além disso, um estudo realizado por Simões et al. (2019) avaliou o impacto da doença de Parkinson na qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. Os autores destacam que a doença pode afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes e que o papel dos cuidadores é crucial no suporte e na melhoria da qualidade de vida desses pacientes.
Por fim, um estudo realizado por Venkataraman et al. (2018) investigou a relação entre o comprometimento cognitivo e a gravidade dos sintomas motores em pacientes com doença de Parkinson. Os resultados mostraram que os pacientes com comprometimento cognitivo apresentaram sintomas motores mais graves e maior incapacidade funcional, o que pode ter implicações importantes na abordagem terapêutica desses pacientes.
3.2: FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE PARKINSON
A DP é caracterizada pela perda progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância nigra, resultando em uma disfunção no sistema dopaminérgico que se manifesta clinicamente por tremores, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural (SILVA et al., 2019). Além disso, os pacientes portadores também podem apresentar outros sintomas, como depressão, distúrbios do sono e problemas cognitivos (KALASAPATI et al., 2021).
Os mecanismos fisiopatológicos que levam à DP ainda não são completamente compreendidos. Sabe-se que o estresse oxidativo tem um papel importante na patogênese, uma vez que pode causar dano oxidativo nas células cerebrais, resultando em morte celular e disfunção mitocondrial (REQUEJO et al., 2020). Além disso, estudos recentes têm mostrado que a disfunção da autofagia, um processo que ajuda a remover proteínas tóxicas do cérebro, também está envolvida na fisiopatologia da DP (QIN et al., 2019).
Embora a DP seja uma doença complexa, estudos têm buscado elucidar os mecanismos envolvidos na patogênese da doença, a fim de encontrar novas estratégias terapêuticas. Diversos fatores, como inflamação, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial, estão envolvidos na progressão da doença (OLIVEIRA et al., 2020). Portanto, o entendimento desses mecanismos pode levar ao desenvolvimento de novas terapias para retardar a progressão da DP e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (WANG et al., 2021)..
3.3: FISIOPATOLOGIA DO ESTRESSE OXIDATIVO
O estresse oxidativo é uma condição em que há um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio e a capacidade do organismo em neutralizá-las. Esse desequilíbrio pode resultar em danos às células e tecidos, levando a uma série de doenças crônicas. A redução da atividade antioxidante está relacionada a diversas patologias, como o câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson (DIAS et al., 2020).
A produção das espécies reativas é resultado de uma série de fatores, como a exposição a poluentes ambientais, o consumo excessivo de álcool e tabaco, o sedentarismo e a alimentação inadequada. Além disso, há evidências de que o estresse psicológico também pode contribuir para o estresse oxidativo, uma vez que aumenta a produção de radicais livres no organismo (FERREIRA et al., 2021).
O sistema antioxidante do organismo é composto por enzimas, como a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase, e por substâncias antioxidantes, como a vitamina C, vitamina E, selênio e carotenóides. Essas substâncias atuam neutralizando os radicais livres e protegendo as células dos danos causados pela produção de espécies reativas de oxigênio (EROS). Estudos têm mostrado que uma alimentação rica em antioxidantes pode reduzir tais efeitos no organismo e prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas (MENEZES et al., 2019).
O estresse oxidativo também está relacionado ao processo de envelhecimento, uma vez que a produção de radicais livres aumenta com a idade. Esse aumento na produção de radicais livres pode levar a uma série de alterações celulares que contribuem para o processo de envelhecimento, como a perda de função mitocondrial e a acumulação de danos no DNA (SILVA et al., 2021). Estudos têm mostrado que a suplementação com antioxidantes pode retardar o processo de envelhecimento e melhorar a qualidade de vida em idosos (BORGES et al., 2020).
Ainda que o estresse oxidativo esteja relacionado a diversas patologias, como já mencionado, ele também pode desempenhar um papel importante na manutenção da saúde. Esse distúrbio é uma resposta adaptativa do organismo a situações de estresse, como o exercício físico, e pode contribuir para a síntese de proteínas e a reparação celular (COSTA et al., 2018). Além disso, estudos têm mostrado que a exposição a baixos níveis radicais livres pode aumentar a resistência do organismo a situações de estresse mais intensas (FERREIRA et al., 2021).
3.4:RELAÇÕES ENCONTRADAS ENTRE O ESTRESSE OXIDATIVO E A DOENÇA DE PARKINSON
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente os neurônios responsáveis pelo controle do movimento. Essa doença é caracterizada pela morte progressiva dos neurônios, levando a sintomas como tremores, rigidez muscular e dificuldade de coordenação motora. Nos últimos anos, estudos têm apontado uma relação entre o estresse oxidativo e o desenvolvimento da doença de Parkinson (SCHAPPIAFOCCA et al., 2021).
O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio e a capacidade do organismo em neutralizá-las. Esse desequilíbrio pode resultar em danos às células e tecidos, levando a uma série de doenças crônicas. O sistema antioxidante do organismo é responsável por neutralizar os radicais livres e proteger as células dos danos causados pelas EROS. No entanto, em casos de doença de Parkinson, esse sistema antioxidante pode estar comprometido (ALVES et al., 2020).
Estudos têm mostrado que a produção de radicais livres pode levar à morte dos neurônios dopaminérgicos, que são os neurônios afetados pela doença de Parkinson. Essa morte progressiva dos neurônios dopaminérgicos pode ser resultado de danos oxidativos às proteínas e ao DNA desses neurônios, levando à sua disfunção e morte (SILVA et al., 2019). Além disso, estudos têm mostrado que a exposição a poluentes ambientais, como o mercúrio e o manganês, pode aumentar a produção de radicais livres e contribuir para o desenvolvimento da doença de Parkinson (SILVA et al., 2021).
O estresse oxidativo também pode estar envolvido na progressão da doença de Parkinson. Estudos têm mostrado que a produção de radicais livres pode levar à formação de agregados proteicos no cérebro, que são característicos da doença de Parkinson. Esses agregados proteicos podem levar à morte dos neurônios dopaminérgicos e agravar os sintomas da doença (COSTA et al., 2020). Além disso, estudos têm mostrado que a redução da produção de radicais livres pode melhorar os sintomas da doença de Parkinson em modelos animais (SILVA et al., 2019).
A compreensão dos mecanismos envolvidos na relação entre o estresse oxidativo e a doença de Parkinson é fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o tratamento da doença. Estudos têm mostrado que o uso de antioxidantes pode reduzir os danos oxidativos aos neurônios dopaminérgicos e melhorar os sintomas da doença de Parkinson (ALVES et al., 2020). Além disso, estudos têm mostrado que a atividade física pode aumentar a produção de antioxidantes endógenos e reduzir os níveis de estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson (SCHAPPIAFOCCA et al., 2021).
3.5:DADOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL SOBRE A DOENÇA DE PARKINSON
A doença de Parkinson é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns em todo o mundo e afeta milhares de pessoas no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no país, atrás apenas da doença de Alzheimer (BRASIL, 2021). A doença de Parkinson é mais comum em pessoas acima de 60 anos, mas também pode afetar pessoas mais jovens (FONSECA et al., 2020).
A doença de Parkinson é caracterizada por sintomas como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural. Esses sintomas podem afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes e levar a um impacto negativo em suas atividades diárias. Além disso, a doença de Parkinson também pode levar a uma série de complicações, como disfunção erétil, depressão e distúrbios do sono (GONÇALVES et al., 2021).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que existam cerca de 200 mil casos de doença de Parkinson no Brasil. No entanto, devido à subnotificação e subdiagnóstico, a verdadeira prevalência da doença no país pode ser ainda maior (BRASIL, 2021). Além disso, a doença de Parkinson também pode ter um impacto significativo nos custos de saúde pública. Um estudo recente mostrou que os custos anuais diretos com a doença de Parkinson no Brasil chegam a cerca de R$ 1,3 bilhão (FONSECA et al., 2020).
O diagnóstico precoce da doença de Parkinson é fundamental para um tratamento eficaz e atrasar a progressão da doença. No entanto, o diagnóstico da doença de Parkinson pode ser desafiador, especialmente nos estágios iniciais da doença. Isso se deve em parte à falta de biomarcadores confiáveis para a doença (GONÇALVES et al., 2021). Além disso, a falta de conhecimento sobre a doença de Parkinson entre os profissionais de saúde também pode contribuir para o subdiagnóstico da doença (FONSECA et al., 2020).
Diante desses desafios, é fundamental que haja um maior investimento em pesquisas sobre a doença de Parkinson e na formação de profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento da doença. Além disso, é importante que haja uma maior conscientização da população sobre a doença e seus sintomas, a fim de aumentar a busca por atendimento médico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
3.6:TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NO BRASIL DA DOENÇA DE PARKINSON
No Brasil, existem várias opções terapêuticas para o tratamento da doença de Parkinson, incluindo a levodopa, agonistas dopaminérgicos, inibidores da enzima COMT e anticolinérgicos. Cada medicamento tem suas próprias indicações e efeitos colaterais, o que torna o tratamento individualizado e multidisciplinar.
A levodopa é um dos principais medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson. É um precursor da dopamina e ajuda a aliviar os sintomas motores da doença. No entanto, seu uso crônico pode levar a complicações motoras, como discinesias. Segundo estudo de Rezende et al. (2020), a levodopa é amplamente utilizada no Brasil, sendo a primeira escolha terapêutica na maioria dos casos.
Além da levodopa, os agonistas dopaminérgicos são outra classe de medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson no Brasil. Eles agem estimulando diretamente os receptores de dopamina no cérebro e são uma alternativa para pacientes que não toleram a levodopa. De acordo com estudo de Rodrigues et al. (2018), os agonistas dopaminérgicos são amplamente utilizados no Brasil e têm se mostrado eficazes no controle dos sintomas motores da doença.
Os inibidores da enzima COMT também são uma opção terapêutica no Brasil. Eles impedem a degradação da dopamina e prolongam sua ação no cérebro. Segundo estudo de Silva et al. (2021), os inibidores da enzima COMT são uma alternativa para pacientes com complicações motoras relacionadas ao uso crônico de levodopa.
Os anticolinérgicos são outro grupo de medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson no Brasil. Eles agem inibindo a ação da acetilcolina no cérebro e são utilizados para tratar os sintomas motores da doença, como tremores e rigidez muscular. De acordo com estudo de Palma et al. (2019), os anticolinérgicos são uma opção terapêutica para pacientes com sintomas motores predominantes.
Em resumo, o tratamento medicamentoso da doença de Parkinson no Brasil é variado e individualizado. A levodopa é a principal opção terapêutica, mas outras classes de medicamentos, como agonistas dopaminérgicos, inibidores da enzima COMT e anticolinérgicos, também são amplamente utilizadas. O tratamento deve ser multidisciplinar e individualizado, levando em consideração as necessidades e preferências de cada paciente.
3.7:RELAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOENÇA DE PARKINSON E O ESTRESSE OXIDATIVO
A relação entre o tratamento farmacológico da doença de Parkinson e o estresse oxidativo é um tema de grande interesse na pesquisa atual, visto que esse distúrbio é um fator importante na patogênese da doença. Vários estudos têm demonstrado que o uso crônico de levodopa, um dos principais medicamentos usados no tratamento da doença, pode aumentar a produção de radicais livres e, consequentemente, aumentar os níveis de EROS. De acordo com estudo de Soh et al. (2019), o aumento dessas partículas pode levar à morte celular e agravar o processo neurodegenerativo.
Além disso, pesquisas recentes têm investigado o papel de outras classes de medicamentos no estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson. Um estudo de Wang et al. (2020) mostrou que o uso de inibidores da enzima COMT (catecol-O-metiltransferase) pode aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio e causar esse efeito em células dopaminérgicas. Outro estudo de Zhao et al. (2020) demonstrou que o uso de agonistas dopaminérgicos pode reduzir os radicais livres em células dopaminérgicas, o que pode ser benéfico no tratamento da doença.
No entanto, alguns estudos também indicam que o estresse oxidativo pode ter um efeito protetor em pacientes com doença de Parkinson. De acordo com estudo de Fornai et al. (2020), tal processo pode ativar proteínas que podem proteger as células dopaminérgicas da degeneração. Além disso, um estudo de Xu et al. (2019) mostrou que o uso de antioxidantes pode reduzir a quantidade de EROS e melhorar os sintomas motores em pacientes com doença de Parkinson.
Em suma, a relação entre o tratamento farmacológico da doença de Parkinson e o estresse oxidativo é complexa e ainda está sendo investigada pela comunidade científica. É importante que mais estudos sejam realizados para entender melhor como os diferentes medicamentos afetam a formação de espécies reativas do metabolismo do oxigênio e como isso pode afetar a progressão da doença. No entanto, é claro que o desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de defesas antioxidantes desempenha um papel importante na patogênese da doença e deve ser considerado em qualquer estratégia terapêutica.
3.8:MEDIDAS IMEDIATAS QUE PODEM REDUZIR O ESTRESSE OXIDATIVO EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta principalmente as funções motoras do corpo. Sabe-se que a doença é caracterizada pela perda progressiva de células dopaminérgicas na substância negra do cérebro e pela acumulação de proteínas tóxicas, o que leva ao estresse oxidativo. Esse maquinismo é um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio e a capacidade do organismo de neutralizá-las, o que pode causar danos às células, levando a uma inflamação crônica e a uma progressão mais rápida da doença (MENEZES-SILVA et al., 2021).
Medidas imediatas para reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson são de grande interesse para os profissionais de saúde que cuidam desses pacientes. Acredita-se que o uso de antioxidantes e compostos anti-inflamatórios possa ter um efeito protetor contra os EROS e, assim, diminuir a progressão da doença (MENEZES-SILVA et al., 2021). Além disso, há evidências de que a terapia nutricional, incluindo a suplementação de vitaminas e minerais, pode ter um efeito benéfico no tratamento da doença de Parkinson, reduzindo o efeito deletério e melhorando a qualidade de vida dos pacientes (FORTIS et al., 2019).
Outra medida imediata que pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson é a atividade física regular. Acredita-se que o exercício físico possa ter um efeito protetor, reduzindo a inflamação e melhorando a função motora dos pacientes (SCHILLING et al., 2020). Além disso, a terapia ocupacional e a fisioterapia também podem ter um efeito positivo no controle dos sintomas e na redução de radicais livres em pacientes com doença de Parkinson (FORTIS et al., 2019).
Embora essas medidas imediatas possam ter um efeito benéfico no tratamento da doença de Parkinson, é importante ressaltar que cada paciente é único e pode ter necessidades e respostas diferentes ao tratamento. Portanto, é fundamental que o tratamento seja individualizado e planejado de acordo com as necessidades e condições específicas de cada paciente (SCHILLING et al., 2020). Além disso, é importante que os profissionais de saúde sejam capacitados e estejam atualizados sobre as últimas pesquisas e recomendações para o tratamento da doença de Parkinson, a fim de oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes.
4: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, medidas imediatas para reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson podem ter um efeito benéfico no tratamento da doença e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, terapia nutricional, atividade física regular, terapia ocupacional e fisioterapia são algumas das medidas imediatas que podem ser adotadas para ajudar a reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson. No entanto, é importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado e planejado de acordo com as necessidades e condições específicas de cada paciente.
É fundamental que os profissionais de saúde que cuidam de pacientes com doença de Parkinson estejam atualizados sobre as últimas pesquisas e recomendações para o tratamento da doença. Além disso, o envolvimento do paciente na escolha e planejamento do tratamento é crucial para o sucesso do tratamento e para a melhoria da qualidade de vida do paciente. É importante lembrar que a doença de Parkinson é uma doença complexa e multifacetada, e que o tratamento deve ser abordado de forma holística, considerando não apenas os aspectos médicos, mas também os aspectos sociais e emocionais.
Embora as medidas imediatas mencionadas neste artigo possam ajudar a reduzir o estresse oxidativo em pacientes com doença de Parkinson, há ainda muito a ser descoberto e aprimorado no tratamento da doença. Pesquisas futuras são necessárias para entender melhor os mecanismos subjacentes da doença e para identificar novas terapias que possam ajudar a prevenir ou retardar a progressão da doença.
Por fim, é importante lembrar que a doença de Parkinson afeta não apenas os pacientes, mas também suas famílias e cuidadores. O suporte emocional e psicológico também é fundamental para o tratamento bem-sucedido da doença e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde envolvidos no cuidado de pacientes com doença de Parkinson tenham empatia e sensibilidade em relação às necessidades e preocupações dos pacientes e suas famílias. Com a colaboração e o trabalho em equipe de profissionais de saúde, pacientes e suas famílias, podemos melhorar significativamente o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson.
5: REFERÊNCIAS
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1Faculdade ITPAC Santa Inês
Curso: Medicina
ORCID: 0000-0001-9310-4682
E-mail: medvinciuspereira@gmail.com
2Curso: Medicina
Instituição: Faculdade ITPAC Santa Inês
ORCID: 0000-0002-3888-808X
E-mail: araujoalynnes@gmail.com
3Curso: Medicina
Instituição: Faculdade ITPAC Santa Inês
E-mail: ruansampaios@hotmail.com
4Profissão / instituição: Médico/ UFMA
Email: eidersales@hotmail.com
5Profissão / instituição: Médico/ UFAM
Email: jandirsales@hotmail.com
6Profissão: Docente de Medicina/ instituição: Faculdade Pitágoras de Bacabal
Email: joao.ricardo.jm@gmail.com
7Profissão / instituição: Acadêmica de Odontologia / Faculdade Anhanguera – São Luís/Turú
Email: lidiacclima@gmail.com
8Profissão / instituição:
Farmacêutico / Florence
Email: glaubersaraivas@gmail.com
9Profissao: Médico
Instituição: Programa de residência Médica de Pediatria do HUUFMA. São Luís-MA
10Profissão: Acadêmica de Medicina
Instituição: Faculdade ITPAC Santa Inês
11Profissão / instituição:
Farmacêutico / Florence
Email: glaubersaraivas@gmail.com
12Profissão: Médico Ufma
E-mail: mv.pimentaneto@gmail.com
13Profissão/instituição: MÉDICO / UFMT
E-mail: dlopesleite@gmail.com